sábado, 21 de setembro de 2024

MALEDICÊNCIA

Huberto Rohden
No livro “A essência da amizade”, encontramos um precioso texto de autoria de Huberto Rohden, que trata da velha questão da maledicência. 
Com o título de Não Fales Mal de Ninguém, o referido autor tece os seguintes comentários: 
“Toda pessoa não suficientemente realizada em si mesma tem a instintiva tendência de falar mal dos outros. Qual a razão última dessa mania de maledicência? É um complexo de inferioridade unido a um desejo de superioridade. Diminuir o valor dos outros dá-nos a grata ilusão de aumentar o nosso valor próprio. A imensa maioria dos homens não está em condições de medir o seu valor por si mesma. Necessita medir o seu próprio valor pelo desvalor dos outros. Esses homens julgam necessário apagar luzes alheias a fim de fazerem brilhar mais intensamente a sua própria luz. São como vaga-lumes que não podem luzir senão por entre as trevas da noite, porque a luz das suas lanternas fosfóreas é muito fraca. Quem tem bastante luz própria não necessita apagar ou diminuir as luzes dos outros para poder brilhar. Quem tem valor real em si mesmo não necessita medir o seu valor pelo desvalor dos outros. Quem tem vigorosa saúde espiritual não necessita chamar doentes os outros para gozar a consciência da saúde própria.” 
“As nossas reuniões sociais, os nossos bate-papos são, em geral, academias de maledicência. Falar mal das misérias alheias é um prazer tão sutil e sedutor – algo parecido com whisky, gin ou cocaína – que uma pessoa de saúde moral precária facilmente sucumbe a essa epidemia.” 
A palavra é instrumento valioso para o intercâmbio entre os homens. 
Ela, porém, nem sempre tem sido utilizada devidamente.
Poucos são os homens que se valem desse precioso recurso para construir esperanças, balsamizar dores e traçar rotas seguras. 
Fala-se muito por falar, para “matar tempo”. 
A palavra, não poucas vezes, converte-se em estilete da impiedade, em lâmina da maledicência e em bisturi da revolta.
Semelhantes a gotas de luz, as boas palavras dirigem conflitos e resolvem dificuldades. 
Falando, espíritos missionários reformularam os alicerces do pensamento humano. 
Falando, não há muito, Hitler hipnotizou multidões, enceguecidas que se atiraram sobre outras nações, transformando-as em ruínas. 
Guerras e planos de paz sofrem a poderosa influência da palavra. 
Há quem pronuncie palavras doces, com lábios encharcados pelo fel. 
Há aqueles que falam meigamente, cheios de ira e ódio. 
São enfermos em demorado processo de reajuste.
Portanto, cabe às pessoas lúcidas e de bom senso, não dar ensejo para que o veneno da maledicência se alastre, infelicitando e destruindo vidas. 
Pense nisso! 
Desculpemos a fragilidade alheia, lembrando-nos das nossas próprias fraquezas. 
Evitemos a censura. 
A maledicência começa na palavra do reproche inoportuno.
Se desejamos educar, reparar erros, não os abordemos estando o responsável ausente. 
Toda a palavra torpe, como qualquer censura contumaz, faz-se hábito negativo que culmina por envilecer o caráter de quem com isso se compraz. 
Enriqueçamos o coração de amor e banhemos a mente com as luzes da misericórdia divina. 
Porque, de acordo com o Evangelho de Lucas, “a boca fala do que está cheio o coração”. 
Pensemos nisso. 
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro A essência da amizade, Editora Martin Claret, pp. 21-24, ed. 2001 e no capítulo 35 do livro Convites da vida, de Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

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