Não cansam de lembrar os problemas vividos e remoerem as dores sofridas.
Outras se servem justamente de um grande trauma como força motriz para seu melhor desempenho na vida.
Uma dessas pessoas se chama Stephanie Shirley e, aos noventa anos, glorifica a vida em toda sua plenitude.
Ela nasceu de pai judeu, juiz em Dortmund, Alemanha.
Ele perdeu seu posto para o regime nazista.
Aos seis anos de idade, com sua irmã de nove anos, ela chegou à Grã-Bretanha como uma refugiada, reconhecendo como tinha sorte em ter sua vida salva.
Por isso, ela a transformou em um mar de bênçãos.
Com uma visão inovadora, desafiou o preconceito e trabalhou para que fosse abraçada a sua ideia: vender programas para computadores.
O mercado era dos homens, as máquinas eram consideradas importantes e os programas sem valor.
Shirley tinha quase tudo contra si: era mulher, não tinha um escritório além da sala de sua casa e somente dez dólares.
Para ser ouvida, precisou se apresentar, nas centenas de cartas que escreveu, com nome masculino: Steve Shirley.
E tudo foi revolucionário.
Ela fundou uma empresa em que só empregava mulheres.
Dos seus trezentos funcionários, três eram do sexo masculino.
Dava prioridade às mães com filhos, considerando que tinham mais dificuldades para encontrar trabalho.
E, em plenos anos 1960, inovou criando o trabalho remoto.
Permitiu que suas funcionárias trabalhassem em casa para se adaptarem à rotina com a criança.
Em 1986, a Fundação Shirley, criada por ela, no Reino Unido, com uma doação substancial, estabeleceu um fundo fiduciário de caridade.
Seu objetivo era facilitar e apoiar projetos pioneiros com impacto estratégico na área das perturbações do espectro do autismo, com particular ênfase na investigação médica.
Mãe de um autista, ela o viu morrer aos trinta e cinco anos, depois de um ataque epilético.
Outra dor que a fez se esmerar para auxiliar seu próximo.
Ao longo de sua vida, Shirley recebeu inúmeras homenagens e títulos pelos serviços prestados à indústria, à tecnologia da informação e à filantropia.
Em 2003, recebeu um prêmio por sua contribuição à pesquisa do autismo e por seu trabalho pioneiro no aproveitamento da tecnologia da informação para o bem público.
Próximo aos seus oitenta anos, doou toda sua coleção de arte para duas instituições beneficentes.
Em suas memórias, escreveu:
"Faço isso por causa
da minha história pessoal.
Preciso justificar o fato
de que minha vida foi salva."
* * *
Que expressão de gratidão.
Uma grande lição a cada um de nós que tivemos a oportunidade de nascer, viver, trabalhar e nos expressarmos neste mundo.
É de nos perguntarmos:
-Que fazemos em gratidão ao mundo?
Diremos que nada temos a oferecer porque somos somente uma alma em resgate e provação.
Que não temos patrimônio, nem ideias revolucionárias, nem criatividade suficiente para algo inédito e apaixonante.
Vivamos então, cada dia, sorrindo e amando, transformando nossa vida em um hino de bênçãos a todos que nos encontrem, pelas veredas do mundo.
Redação do Momento Espírita, com base
em dados biográficos de Stephanie Shirley.
Em 11.9.2024
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