Era o noivado de sua filha.
Mal colocou os pés no amplo salão, uma grande surpresa a deixou parada à porta.
Ali estavam familiares, parentes distantes, amigos de anos de convivência.
Todos de pé, aplaudindo-a e entoando o Parabéns a você.
Ela somente disse:
-Mas a festa é da minha filha!
Somente ela não sabia porque a filha assim desejava homenagear sua mãe, ao mesmo tempo que selava um compromisso de amor assumido há dois anos.
Como aquele coração de setenta anos conseguiu segurar as lágrimas, abraçar as pessoas, falar de suas experiências, enquanto, de forma concomitante, participou das alegrias da filha, foi inacreditável.
Emoções se sucediam a cada passo.
Abraços saudosos, reencontros com companheiras de trabalho de longo tempo, amigas do ontem.
E houve muitas declarações de amor.
Quando se pensa que a magia abandonou os palcos do mundo, que o romantismo se foi, embrulhado num manto de saudade, sucederam-se os brindes da doçura desse nobre sentimento.
Um sentimento surgido num momento profissional, alimentado no tempo, fortalecido na convivência, no conhecimento do outro.
Frases de pura admiração, de bem-querer brotaram dos lábios jovens.
Declarações de amor dos que estabeleciam ali, na troca de alianças, o selar de algo que se solidificara na sequência dos meses.
Gratidão de uma filha apaixonada pela mãe, louvando-lhe as qualidades.
Palavras apaixonadas de um marido, afirmando da alegria pelos mais de cinquenta anos vividos ao lado de sua amada.
Uma moça pela qual se apaixonou, no primeiro olhar, enquanto transitava pela rua da cidade.
Uma jovem que ele precisou descobrir onde morava.
E para poder namorá-la, foi preciso conquistar primeiramente o futuro sogro.
Sim, porque embora ela correspondesse de imediato àquele olhar, como num verdadeiro reencontro, ela lhe dissera:
-Quero namorar com você, mas se meu pai não gostar de você...
E ele fez o que pôde para conquistar o coração daquele homem forte, de bigodes fartos e um vozeirão que quase assustava.
Tudo porque queria aquela jovem ao seu lado para o resto dos seus dias.
Queria compartilhar sua vida, suas conquistas, amá-la, crescer com ela e ao lado dela.
Tão grande foi esse amor que, encerrando sua fala de emoção, a pediu em casamento para a próxima reencarnação.
E adivinhem...
Ela aceitou.
Entre palmas, sorrisos e expressões de contentamento dos convidados, o casal dançou abraçado, apaixonado.
***
Como é maravilhoso o amor.
Nunca para de surpreender, de encantar e seduzir, com sua sinfonia familiares, amigos, que se harmonizam aos seus compassos.
Como é bom saber que existem casais que se amam, que estabelecem laços profundos de respeito, de carinho, no rolar dos anos.
Porque amor de verdade é assim.
Não acaba nunca.
Somente se fortalece, somente muda suas expressões, indo da ternura ao devotamento, das renúncias ao contentamento, de pequenas rusgas para um abraço de reconciliação.
Amor.
O sentimento que bem nos retrata como filhos do Pai Celeste.
Redação do Momento Espírita, baseado em
fatos envolvendo a família de Carlos e Wilma Arcari.
Em 26.8.2024.
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