Mil forças à minha volta, um furacão,
E eu logrei sustentar o meu lugar.
Senti-me como um pilar que escolhe, calmo,
Onde fixa suas bases, seus fundamentos, sua fundação.
A folha solta rodopiava à minha volta,
Pobre escrava do vento.
E assoviava, inconsciente, em movimento: como sou livre!
Enquanto eu ousei atar-me ao mastro do que creio
Em meio à voz das sereias que cantam, encantadoramente.
* * *
Alguns podem dizer que ser livre é não estar atado, é não estar preso a nada.
Ser livre é fazer o que se quer, a hora que se quer.
Em verdade, alguns dos nossos conceitos, assim como nós mesmos, precisam amadurecer.
Imannuel Kant, um dos principais pensadores do Iluminismo, trata a liberdade de uma forma mais profunda.
Resumidamente, a conclusão a que ele chega é de que a pessoa só é livre quando faz o que não quer.
Parece-nos estranho, pois nos soa justamente como o contrário do que entendemos por liberdade.
No entanto, o que ele quer dizer é que, quando fazemos apenas aquilo que queremos, somos, na maioria das vezes, escravos do desejo, das convenções.
E estamos afastados do dever.
O dever nos leva àquilo que precisamos fazer.
Para esse pensador, liberdade é agir segundo as leis.
Se levarmos esse conceito para a esfera das leis universais, para as leis divinas, perceberemos que ele é perfeito.
Somente mediante a responsabilidade, o homem se liberta, sem se tornar indecente ou insensato.
A sociedade, que fala em nome das pessoas de sucesso, estabelece que a liberdade é o direito de fazer o que cada qual quer, sem dar-se conta de que essa liberação da vontade termina por interditar o direito dos outros.
Se cada indivíduo agir conforme achar melhor, considerando-se liberado, essa atitude trabalha em favor da anarquia, responsável por desmandos sem limites.
Dessa forma, entendemos que a verdadeira liberdade tem muito mais a ver com nossa própria autonomia, com nossa autoconquista, do que simplesmente com o fazer o que queremos.
Examinando essa problemática, Jesus sintetizou os meios de conseguir a autêntica liberdade, na busca da verdade, única opção para tornar o homem realmente livre.
Conhecereis a verdade e ela vos libertará.
A verdade que é de Deus.
Não a verdade conveniente de cada um, que é a forma doentia de projetar a própria sombra, de impor a nossa imagem, de submeter a vontade alheia à nossa.
Deus está dentro de nós.
Necessário imergir na sua busca diariamente.
Conhecer a verdade, conhecer as leis maiores da vida e ganhar uma liberdade jamais antes sonhada.
Esse é o nosso mastro, onde nos ataremos com segurança, enfrentando os obstáculos, enfrentando a liquidez e as incertezas do mundo material.
Essa busca pela liberdade autêntica nos levará a uma vida mais plena e significativa.
Sentiremos que somos, verdadeiramente, senhores de nossas ações, permitindo-nos escolher o que é certo, justo, sem considerar desejos passageiros ou pressões de terceiros.
Conquistemos nossa ampla liberdade.
Redação do Momento Espírita, com base em trecho
do poema Liberdade, de Lúcia Helena Galvão, do livro
Instantes de um tempo interior, ed. Literare Books e na pt. 1,
item Liberdade, do livro O homem integral, pelo Espírito
Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco,
ed. LEAL.
Em 30.8.2024
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