quarta-feira, 10 de julho de 2024

MÁGOA SEM RAZÃO

O rapaz ia muito mal na escola. 
Suas notas e seu comportamento eram uma decepção para os pais, que sonhavam vê-lo adentrar a universidade. 
Buscando uma estratégia, o pai propôs que se ele mudasse seu comportamento, se dedicasse aos estudos e entrasse para a faculdade, lhe daria um carro de presente. 
O rapaz desejava muito um carro e, por causa disso, começou a estudar como nunca. 
Também mudou seu comportamento para melhor. 
Uma única preocupação tinha o pai, agora. 
Ele sabia que a mudança do rapaz não era fruto de uma conversão sincera, mas apenas pelo interesse em obter o automóvel. 
Para ele, um homem íntegro, era algo ruim. 
Porém, ele propusera o acordo e o rapaz o estava seguindo à risca.
Finalmente, ele foi aprovado no vestibular e entrou para o curso que escolhera: Medicina. 
Foi preparada uma festa para comemorar, junto aos familiares e amigos. 
E, o momento mais aguardado pelo jovem era receber as chaves do carro. 
No auge da festa, o pai pediu a atenção de todos, elogiou o resultado obtido pelo filho e lhe passou às mãos uma caixa, muito bem embrulhada. 
Acreditando que ali estavam as chaves do automóvel, o rapaz abriu, emocionado, o pacote. 
Para sua surpresa, era uma bíblia. 
Visivelmente decepcionado, nada disse. 
Retirou-se dali, de imediato. 
E, a partir desse dia, o silêncio e a distância separaram pai e filho. 
O jovem se sentia traído. 
Lutou para se tornar independente. 
Abandonou a casa dos pais. 
Raramente mandava notícias para a família. 
O tempo passou, ele se formou, conseguiu emprego em um hospital e se esqueceu completamente do pai. 
Todas as tentativas do pai para reatar os laços afetivos foram em vão.
Os anos rolaram. 
Então, um dia, o velho, muito triste com a situação, adoeceu, não resistiu e morreu. 
No enterro, a mãe entregou ao filho indiferente, a bíblia, que tinha sido o último presente do pai e que havia sido deixada para trás. 
De volta à sua casa o rapaz, que nunca perdoara o gesto paterno, ao jogar o livro sobre a mesa, verificou que um envelope apareceu, dentre as páginas. 
Curioso, abriu-o. 
Havia uma carta e um cheque. 
A carta dizia: 
"Meu querido filho, sei o quanto você deseja ter um carro. Prometi e aqui está o cheque para que você escolha o carro que mais lhe agradar. No entanto, fiz questão de lhe dar um presente ainda melhor: a bíblia, pois nela aprenderá o amor de Deus pelas Suas criaturas e a fazer o bem, não pelo prazer da recompensa, mas pela gratidão e pelo dever de consciência."
Corroído de remorso, o filho caiu em profundo pranto... 
* * * 
Atitudes precipitadas quase sempre têm como consequência ações que causam dor. 
Por vezes, bastaria termos um pouco de paciência para ouvir tudo o que o outro tem a dizer. 
Ou, como no caso em pauta, teria sido suficiente abrir a bíblia, para encontrar o presente. 
Ou então, indagar, por que receber um livro se o prometido fora um carro. 
Uma pergunta, menos precipitação e tudo seria explicado. 
Quantas vezes não teremos criado situações desagradáveis, por não esperarmos um pouco, por não pedirmos uma explicação, por não ouvirmos o outro. 
Pensemos a respeito. 
Redação do Momento Espírita com base em narrativa de autoria desconhecida. 
Em 17.01.2022.

Nenhum comentário:

Postar um comentário