segunda-feira, 31 de julho de 2023

A LEI CUIDA DE TODOS

Em uma apreciação rasa das ocorrências do mundo, talvez pareça que as injustiças imperam. 
Entretanto, a ordem cósmica é perfeita e ninguém consegue burlar seus imperativos. 
Não há como negar que os homens erram, em sua imperfeição. 
Às vezes utilizam a liberdade de modo infeliz e causam dores na vida do próximo. 
Mas absolutamente ninguém se furta de assumir as consequências de todos os seus atos. 
Ações dignas se convertem em bênçãos e luzes. 
Desafios vencidos, com coragem e dignidade, abrem portas para fases mais ricas da existência imortal. 
O mesmo se dá com relação aos equívocos, apenas com outra conotação.
Tudo o que se faz, diz e pensa, tem consequências.
A influência que se exerce no mundo vincula o porvir. 
Quem incentiva o vício, semeia a dor ou dilapida os tesouros da vida, prepara dias de angústia para si próprio. 
Contrariamente ao que por vezes se pensa, o propósito da Lei Divina não é punir. 
Ela objetiva educar, corrigir e levar o faltoso à reparação. 
A dor, como resultado do equívoco, é apanágio de quem se nega a retificar o que fez. 
Isso não implica que o ato de reparar, embora não tenha necessariamente uma conotação dolorosa, seja fácil. 
Tudo depende da gravidade dos desdobramentos do ato praticado.
Imagine-se que um homem induz outro a desenvolver determinado vício ou a adotar certa conduta leviana. 
O primeiro vincula-se aos reflexos de seu agir inconsequente. 
O segundo pode ter estrutura moral mais frágil e se complicar de modo grave. 
Talvez ponha a perder o equilíbrio de sua família e a própria saúde. 
Quem o induziu ao despenhadeiro terá de auxiliá-lo na caminhada de retorno. 
Assim, convém prestar muita atenção na influência que se exerce sobre o semelhante. 
Nunca se sabe o quanto os próprios atos, exemplos e palavras podem ser impactantes. 
Quem se faz instrumento do mal lança algo em direção ao futuro. 
O único modo de impedir o retorno, na forma de aflições, é se dispor rapidamente à reparação. 
Uma vez consciente do equívoco, impõe-se assumir corajosamente as consequências. 
Providências nobres, voltadas à reconstrução da harmonia, constituem o amor que cobre a multidão de pecados, no dizer evangélico. 
Tendo em mente a perfeição da ordem cósmica, não há razão para se angustiar com as aparentes injustiças do mundo. 
Certamente convém agir para que elas sejam minoradas e o mal gradualmente se extinga. 
Contudo, tal pode se dar em regime de tranquilidade e confiança em Deus.
Afinal, se cada um é livre para fazer o que deseja, a lei cuida de todos.
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 19.1.2019.

domingo, 30 de julho de 2023

LEGALIZAÇÃO DO ABORTAMENTO

Lemos, certa feita, no jornal, a notícia de que autoridade da área da saúde se posicionava contrariamente à proposta que autoriza a rede pública de saúde a realizar abortamentos, em casos de estupro. 
Declarou a autoridade que era contra o abortamento devido à sua formação religiosa, moral e ética, e afirmou que a prática é um assassinato. 
As considerações da nobre figura pública causaram a insatisfação dos defensores desse tipo de infanticídio cruel. 
Os argumentos das pessoas favoráveis ao abortamento são baldos de bom-senso, uma vez que defendem o direito da mulher sobre o seu corpo, e se esquecem do direito que a criança tem sobre o seu corpinho, ainda em formação. 
Defendem também o direito da mulher extirpar do ventre o bebê gerado pela violência do estupro. 
Todavia, temos que considerar que o violentador seria, nesse caso, mais humano que a mãe, pois ele a violentou e a deixou viver, e ela, arrancando das entranhas a vida que ali ficou, seria assassina perante as Leis Divinas.
Ora, se todas as religiões e todas as filosofias elevadas defendem a vida e condenam o assassínio, não podemos crer que algumas pessoas inescrupulosas estejam com a razão. 
É lamentável que as pessoas que defendem o infanticídio se intitulem religiosas, pois se esquecem do mandamento: 
Não matarás, vigente no meio religioso desde os tempos de Moisés, o grande revelador da justiça. 
Ademais, o fato de tornar legal um crime, não o torna moral, por mais que se tente. 
Ao Estado cabe defender os cidadãos e não matá-los. 
Mesmo que as pessoas não se digam religiosas, devem levar em conta a ética profissional. 
E a ética prescreve que o médico, que jura salvar vidas, não tem o direito de matar, de manchar as mãos com o sangue de seres indefesos. 
Se assim age não é digno de confiança, pois se é capaz de trucidar uma criança no ventre da mãe, também pode fazê-lo com outro paciente qualquer. 
Os benfeitores da Humanidade responderam a Kardec, em O livro dos Espíritos, que o único abortamento que não é considerado ilegal perante as Leis Divinas, é o terapêutico, prescrito por médicos, no caso em que se tem que optar entre a vida da mãe e a do bebê.
Nesse caso, é preferível que se sacrifique uma existência que está apenas começando, a sacrificar a mãe que no momento poderá ser mais útil, inclusive se já tiver outros filhos para criar. 
Quanto ao Espírito que foi impedido de renascer, poderá voltar mais tarde através da mesma mãe, se for da vontade de Deus. 
* * * 
O abortamento provoca dores profundas no Espírito reencarnante. 
Um médico que já havia realizado inúmeros abortamentos resolveu filmar o comportamento do feto no momento do processo abortivo e percebeu que, no instante em que o catéter tentou alcançar o corpinho em formação, a boca do bebê se abriu num grito silencioso que comoveu o próprio médico e o fez mudar seu comportamento. 
De abortista passou a lutar contra o abortamento, exibindo o filme que intitulou O grito silencioso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 20.03.2008.

sábado, 29 de julho de 2023

LEGADO PATERNO

Easy Eddie e seu filho
Easy Eddie
foi um ótimo advogado, que manteve o criminoso Al Capone fora da prisão por muito tempo. 
Para isso, ganhava bem. 
Morava com a família numa mansão, sem preocupação com as atrocidades que ocorriam à sua volta. 
Para o seu único filho ele providenciava o melhor: roupas, carros e uma excelente educação. 
Apesar do seu envolvimento com o crime organizado, Eddie tentou lhe ensinar o que era certo e o que era errado. 
Queria que se tornasse um homem melhor do que ele mesmo. 
Deu-se conta, afinal, que mesmo com toda a sua riqueza e influência, havia duas coisas que ele não podia dar ao filho: um bom nome e um bom exemplo. 
Por isso, tomou uma decisão. 
Testemunhou contando a verdade sobre Al Capone. 
Oferecia, dessa forma, um lampejo de integridade ao filho, embora soubesse que o preço seria muito alto. 
Realmente foi. 
Um ano depois, Easy Eddie foi morto em uma rua de Chicago. 
Deixava para o filho o maior legado que poderia oferecer pelo preço mais alto que poderia pagar. 
Entre os achados em seus bolsos, a polícia encontrou um texto, recortado de uma revista: 
"O relógio da vida recebe corda apenas uma vez e nenhum homem tem o poder de decidir quando os ponteiros pararão, se mais cedo ou mais tarde. Agora é o único tempo que você possui. Viva, ame e trabalhe com vontade. Não ponha nenhuma esperança no tempo, pois o relógio pode parar a qualquer momento."
* * * 
A Segunda Guerra Mundial produziu muitos heróis. 
Edward Henry
Butch O’Hare
Um deles foi o Tenente-Comandante Edward Henry Butch O’Hare, um piloto de caça, operando no porta-aviões Lexington, no pacífico. 
Em 20 de fevereiro de 1942, seu esquadrão estava em missão quando ele notou que estava ficando sem combustível e precisaria regressar ao navio.
Nesse retorno, viu que um esquadrão de bombardeiros japoneses voava em direção à frota americana, indefesa, por estarem distantes, em missão, os seus caças. 
Não pensando em si, mas em quantas vidas poderiam ser destroçadas, ele mergulhou sobre os aviões japoneses, disparando as suas metralhadoras, até sua munição acabar e o esquadrão japonês partir em outra direção. 
Depois, ele voltou ao porta-aviões. 
O filme da câmera montada no seu avião registrou o fato com detalhes.
Mostrou a extensão da ousadia do piloto ao atacar o esquadrão inimigo para proteger a frota. 
Por essa batalha, ele se tornou o primeiro Ás da Marinha na Segunda Guerra Mundial. 
Foi o primeiro aviador naval a receber a Medalha de Honra do Congresso.
No ano seguinte, Butch morreu em combate aéreo. 
inha apenas vinte e nove anos de idade. 
Sua cidade natal, Chicago, o homenageou, dando seu nome ao principal aeroporto: Aeroporto O’Hare. 
A questão extraordinária é que esse piloto herói era o filho do advogado Easy Eddie. Seu pai morrera por amor à verdade, à integridade. 
Deixara-lhe um legado. 
Por esse exemplo, Butch deixou de pensar em si, na sua própria vida, para, de forma heroica, salvaguardar as vidas dos seus companheiros.
Extraordinário legado o do exemplo. 
Como já disse alguém: 
-As palavras convencem, os exemplos arrastam. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base em dados biográficos de Edward Henry Butch O´Hare. 
Em 24.8.2018.

sexta-feira, 28 de julho de 2023

ESTAMOS A CAMINHO

Nosso planeta viaja aceleradamente pelo espaço. 
Mais do que a nave espacial de Jornada nas estrelas, estamos audaciosamente indo a rumos nunca dantes visitados. 
Nada tememos porque sabemos que há uma Inteligência Suprema que tudo governa, tudo preside. 
Enquanto navegamos pelo espaço, prosseguimos com nossa vida cotidiana, nossas atividades costumeiras. 
E, mais de uma vez, afirmamos que estamos vivendo a rotina de todos os dias. Ingenuidade de nossa parte. 
Não estamos mais onde estivemos ontem. 
Quantos quilômetros viajamos, pelo espaço, nem conseguimos calcular.
Ao mesmo tempo, em nosso entorno, milhões de detalhes se modificaram. O botão de ontem desabrochou. 
A flor aberta há dois dias dispensou todas suas pétalas. 
O arvoredo jogou folhas ao chão, os passarinhos que nos visitam perderam algumas penas, e os voos que realizam hoje, pelo ar, tecem arabescos diferentes do ontem. 
Bem assinala certa emissora, nas suas chamadas para o noticiário: 
Em um minuto tudo pode mudar. 
Pura verdade. 
Em um minuto estamos vibrando de alegria pela vitória do piloto de nossa preferência. 
No minuto seguinte, nos chega a notícia de um ídolo que se foi, no rumo do Grande Além. 
A notícia de que alguém ganhou uma imensa fortuna, que a emissora de nossa preferência está perdendo pontos no Ibope. 
E, enquanto tudo isso acontece, caminhamos para o mundo de regeneração. 
Um mundo que nos propõe que sejamos mais solidários, mais companheiros, mais amigos e irmãos uns dos outros.
Um mundo que nos acena com perfeita igualdade nas relações sociais, onde todos reconhecem Deus e tentam caminhar para Ele, cumprindo-lhe as leis. 
Não é a felicidade total. 
É a aurora da felicidade. 
Nesse mundo estaremos menos absorvidos pelas coisas materiais e mais voltados para as coisas da alma. 
Estamos vivendo esse período de transição. 
Estamos migrando para uma nova faixa evolutiva. 
Na mesma medida em que, como seres humanos nos tornamos mais moralizados e, verdadeiramente, mais humanos, solidários e preocupados com o nosso semelhante, materialmente progride o planeta a fim de que alcancemos aquelas condições de trabalharmos mais as coisas da alma.
Ao contemplarmos o avanço tecnológico, podemos verificar que estamos caminhando para o tempo em que as máquinas realizarão muitas das nossas tarefas, nos possibilitando preocuparmo-nos mais conosco mesmo, ser imortal. 
Ser imortal que acionará mais suas potencialidades, para criar no campo das artes, da beleza, do bem. 
Quantos benefícios poderemos criar a fim de que o mundo novo seja um lar de refazimento para o Espírito. 
Um lar verdadeiro em que nos sintamos irmãos. 
Com certeza, não será um paraíso pleno. 
Apenas, a antevisão de um lugar melhor para se viver. 
Poderemos nos dedicar em nos tornarmos menos egoístas, menos vaidosos, em oferecer à Humanidade o que nossa mente tenha de melhor.
E à noite, na hora do repouso, poderemos contemplar a imensa abóbada com suas estrelas, e sóis, e planetas e indagar: 
-Deus, para que mundo iremos, depois daqui? O que nos reservas, Senhor, para além do que veem os nossos limitados olhos? 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. III, item 18, de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 28.7.2023.

quinta-feira, 27 de julho de 2023

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E AUTOCONHECIMENTO

Estamos testemunhando o avanço rápido da tecnologia. 
A Inteligência Artificial tem se destacado como uma poderosa ferramenta, capaz de simular a capacidade humana de pensar e aprender. 
Alguns, apressadamente, devotos das notícias que mais aterrorizam do que informam, questionam: 
-Será que chegou o momento da máquina substituir o homem? 
Ou ainda: 
-Será que a máquina irá se igualar e suplantar o ser humano? 
Em primeiro lugar, podemos dizer que falta conhecimento da ciência a quem propõe tais questionamentos. 
Em segundo lugar, certamente falta autoconhecimento ao ser que acha que poderá ser substituído por uma Inteligência Artificial. 
Ou que ela possa sequer chegar próximo às potências sublimes de que dispomos. 
Concluir que possamos ser substituídos por um sistema complexo de associação de conhecimentos pré-adquiridos; por máquinas que podem simular a Inteligência Humana, é, no mínimo, nos menosprezarmos. 
É a falta de autoconhecimento que nos traz para armadilhas como essa. Somos muito mais que meras inteligências superdesenvolvidas. 
Esta é uma visão puramente materialista. 
Somos Espíritos, e o Espírito possui muitas outras características e potências além das do intelecto. 
Pensemos, por exemplo, na capacidade de imaginar, de trazer do mundo das ideias algo que não exista ainda, algo que podemos conceber. 
Esse nosso lado criador não o utilizamos na totalidade, no momento atual.
Contudo, chegará o tempo em que a criatividade humana será devidamente estudada e estimulada nos lares e nas escolas. 
O ser humano é criador. 
É capaz de intuir, de trazer de um outro plano, na forma de sentimento ou ideia, algo que não poderia ser construído pela lógica, por uma mera associação de princípios. 
A consciência, o livre-arbítrio, a inspiração, a bondade, a empatia. 
Quantas possibilidades humanas que as Inteligências Artificiais jamais entenderão. 
Juntemos a isso tudo a potência do amor e todas as suas belas nuances.
Podemos acreditar que alguma Inteligência Artificial será capaz de chegar perto do amor algum dia? 
Se for alimentada de forma adequada, terá bons modos, será bem educada no trato, mas nunca alcançará a esfera dos sentimentos. 
Dessa forma, não fiquemos atemorizados. 
Aproveitemos a oportunidade para nos servirmos desse instrumento para crescer, para evoluir. 
Podemos, inclusive, deixar um pensamento provocativo: 
Que trabalho fazíamos que seria das máquinas e que agora elas tomam o seu devido lugar, deixando-nos cuidar das coisas da alma?
Quantos de nós nos desenvolvemos intensamente na esfera do intelecto, e nos tornamos grandes inteligências. 
E só. 
Somos muito mais do que isso. 
* * * 
Reflitamos: 
-Homem! Conhece a ti mesmo! És uma força da natureza. Busca dentro de ti todo esse potencial e finalmente alça voos mais altos. Sente, cria, imagina e te compadece. Tuas criações jamais irão te superar. Age com prudência e bondade. Estuda, mas antes de tudo ama. A maior inteligência que esteve na face da Terra foi aquela que mais falou e viveu o amor.
Redação do Momento Espírita 
Em 26.07.2023.

quarta-feira, 26 de julho de 2023

O LEGADO DE JESUS

A História da Humanidade é composta pelas ações de homens e mulheres que, ao longo do tempo, deixaram marcas indeléveis da sua passagem pela Terra. 
No entanto, entre todos eles, destaca-se a figura de Jesus, que permanece incomparável, até os dias de hoje. 
Alguns desses homens e mulheres deixaram o legado de uma era, ou a História lhes dedicou um período ou um século com seus nomes, para lhes marcar a lembrança. 
Porém, somente Jesus separou a História entre antes e depois de Sua passagem. 
Houve quem expressasse sua visão de mundo, escrevendo tratados, compêndios ou extensas obras propondo profundas reflexões filosóficas.
Mas, Jesus, ao apresentar a Sua proposta aos homens, o fez da forma mais singela e marcante, vivenciando-a, em todos os momentos da Sua vida. 
Muitos foram aqueles que expuseram análises a respeito da Divindade e da nossa relação para com Ela. 
Contudo, somente Jesus nos trouxe a preciosa informação de que Deus é o Pai de todos nós, independente de raça, credo ou posses. 
Ele é o Provedor de todas nossas reais necessidades. 
Variadas se fazem as doutrinas e muitos são os pensadores a nos oferecer parâmetros para nossa conduta nesta existência. 
Porém, é com Jesus que temos o amor eleito como ferramenta incondicional e indispensável para bem conduzirmos nossos passos na Terra. 
Tantos foram os que se isolaram em processos reflexivos, a fim de trazer ao mundo suas doutrinas e ideias. 
Jesus, o Incomparável Mestre, através da convivência com a multidão sofrida e sedenta de justiça e paz, exemplificou o amor de maneira indistinta. 
Não importa o tempo ou a época, a moda ou os costumes, Jesus permanece inigualável referência para a Humanidade. 
Sem preconceito de ordem alguma, juntava-se aos estropiados, doentes, marginalizados da sociedade de qualquer tipo, para amá-los. 
Discutia as mais profundas questões das Leis de Deus com pensadores e religiosos, ofertando-lhes aprendizado nobre. 
Dirigia-se ao povo simples, servindo-se das imagens por todos conhecidas, acerca das questões que lhes eram próprias, a fim de melhor ilustrar o Seu ensino. 
O Ser mais perfeito que a Terra já recebeu, sabia falar às gentes sobre um tesouro encontrado no campo, uma moeda perdida e encontrada, uma semente minúscula que se transformava em frondosa árvore. 
Ciente das dores que teríamos a enfrentar, Ele se ofereceu como Aquele a quem podemos recorrer: 
-Vinde a mim, vós que estais aflitos e sobrecarregados e eu vos aliviarei.
Por isso, Jesus foi e será sempre referencial de vida para as nossas vidas.
Também será o amparo nos momentos de dor e provações desafiadoras, considerando que se declarou o Pastor que cuida de todas as Suas ovelhas. 
Ele está conosco, nos dias de conquistas e felicidades. Igualmente, nas horas de angústia e crises morais. 
Não O esqueçamos. 
Ele é o Irmão mais experiente, Aquele que alcançou a pureza, que comunga com o Pai e nos oferece a Sua mão, a fim de que O sigamos.
Tenhamos Jesus presente em nossa intimidade, em nossas preces, em nossos dias. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 12.2.2021.

terça-feira, 25 de julho de 2023

LECIONANDO HUMILDADE

Eram os dias derradeiros dEle, sobre a face da Terra.
E Ele o sabia. 
Anunciado Seu nascimento por mensageiros celestes, aguardado pelos séculos afora, Ele afinal chegou. 
Viveu com os homens por pouco mais de três décadas. 
Iniciou o Seu messianato numa festa de alegrias, em Caná, comemorando as bodas de um parente de Sua mãe. 
E, na noite daquela quinta-feira ele encerra o Seu messianato, na Terra, comemorando a páscoa judaica, conforme a tradição de Israel. 
Após a ceia, Ele despe a túnica, coloca uma toalha sobre os rins, toma de um jarro com água, uma bacia e começa a lavar os pés dos apóstolos.
Surpreendem-se eles. 
Aquela é uma tarefa exclusiva dos escravos. 
Nenhum patriarca em Israel, nenhum pai de família israelita a realizava.
Recebia-se o convidado à porta com um beijo de boas-vindas. 
De imediato, um escravo desatava as sandálias do nobre conviva e lhe lavava os pés, diminuindo o desconforto gerado pelo uso das sandálias abertas, naquelas terras poeirentas. 
Pedro procura se esquivar. 
-O Mestre é muito especial para se humilhar tanto! 
Contudo, como Jesus lhe diz que se ele não se permitir lavar os pés, não terá parte com Ele, em Seu reino, Pedro aceita o gesto. 
Concluída a tarefa, o excelente professor da Humanidade toma assento novamente entre os que privam da ceia, e aduz: 
-Compreendeis o que vos fiz? Vós chamai-me mestre e senhor, e dizeis bem, porque o sou. Se eu, pois, senhor e mestre, vos lavei os pés, deveis lavar-vos os pés uns aos outros. Porque eu dei-vos o exemplo, para que, como eu vos fiz, assim façais vós também. 
Quanta grandeza no enunciado!
Primeiro, Ele ensina que nenhum de nós deve se esquivar ao autoconhecimento. 
Autoconhecer-se é imprescindível para se alcançar a felicidade. 
Dessa forma, Jesus enfatiza que Ele é Mestre e Senhor. 
Diz-nos, assim, que cada um de nós deve ter consciência das virtudes adquiridas. 
Cada qual deve saber o que já conquistou, o seu valor. 
Nada de equivocado, portanto, que, numa autoavaliação, nos qualifiquemos como quem já detém uma ou outra virtude, embora não em sua totalidade. 
Jesus nos exemplifica. 
A segunda lição é a de que, por maiores sejamos, por nossa condição intelecto-moral, por cargos que ocupemos, por responsabilidades que tenhamos, de forma alguma nos devemos aclimatar ao orgulho. 
Afinal, que são alguns anos sobre a Terra face à eternidade que nos aguarda? 
Além do que, de que nos vamos orgulhar? 
De uma determinada conquista, de um posto hierarquicamente superior, da avantajada intelectualidade? 
Que representa isso, face ao Universo e a Eternidade? 
Somos habitantes de um minúsculo planeta em um sistema planetário que tem a sustentá-lo um sol de quinta grandeza! 
Pensemos nisso, recordando o ensino crístico e sejamos mais humildes, aprendendo a servir e servir sempre. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. XIII, versículos 12 a 15 do Evangelho de João. Disponível no livro Momento Espírita, v. 7, ed. FEP.
Em 31.01.2017.

segunda-feira, 24 de julho de 2023

UM PEQUENO PASSO

Um pequeno passo. 
Tudo começa com um pequeno passo. 
Da libertação do ódio à conquista do espaço, tudo nasce de uma primeira iniciativa, de um esforço inicial, de uma pequena manifestação da vontade na direção de um objetivo maior. 
Vontade e não desejo pois, muitas vezes, nosso Eu gostaria ou Tenho vontade não passam de desejo passageiro, um querer adiado, que nos invade num momento e logo desaparece, timidamente. 
Observamos as pessoas virtuosas e dizemos: 
-Gostaria de ser como ele! 
Admiramos os Expoentes, contemplamos as boas almas e, num misto de lamento e inveja, expressamos: 
-Quem sabe um dia... 
Todo virtuose começou com um primeiro passo. 
Todo gênio foi um dia alguém que brigou com sua incompetência e, insatisfeito, continuou tentando até conseguir os primeiros resultados. 
A famosa frase proferida pelo astronauta Neil Armstrong, ao pisar na superfície da lua, ganhou um toque especial, quando, décadas depois, foi reanalisada. 
Pesquisadores, tornando a ouvir os áudios originais com programas de última geração, encontraram o artigo a antes da palavra man. 
Assim, o dizer original tornar-se-ia: 
-Um pequeno passo para um homem, um grande passo para a Humanidade. 
Armstrong fala de seu passo, que simbolizava também o de muitos que haviam trabalhado para que ele estivesse ali. 
Porém, destacava a importância daquela pegada. 
Vejamos o quanto cada passo pode significar, sem mesmo sabermos naquele exato instante. 
Podemos estar fazendo um movimento, neste momento, uma breve iniciativa, sem perceber, mas, que terá consequências importantíssimas em nosso futuro. 
Se pensarmos como Espíritos Imortais que somos, como seres que atravessam eras e eras vivenciando experiências educativas, cada pequeno passo é uma semeadura. 
Não pensemos em colher amanhã. 
Não pensemos, talvez, em colher nesta vida. 
Alguns resultados vêm mais tarde. 
No entanto, nada que for plantado no caminho do bem e do progresso se perde. 
Evitemos expressões como: Eu não consigo. Eu não posso. Eu não tenho condições.
Ou, É muito tarde para mim. 
São decretos perigosos que a mente aprende e que aceita. 
Muito trabalhoso o processo de libertação desses conteúdos paralisantes.
Substituamos por: Ainda não aprendi, mas vou aprender. Estou aprendendo. 
Ou, Devagar, aos poucos, eu vou conseguindo. 
O cérebro precisa entender que somos almas em aprimoramento, que somos Espíritos em evolução constante. 
Inércia é morte. 
Estagnação é doença. 
Coloquemos essa força poderosa da alma, que é a vontade, para dirigir nossa vida. 
Tenhamos iniciativas a todo instante, mesmo que aparentemente insignificantes. 
Perdoar alguém por algo que muito nos machucou pode começar com dizer: 
-Eu ainda não consigo. Sim, ainda, pois preciso trabalhar certos conteúdos em mim para conseguir. 
Trocamos o nunca pelo ainda. 
Um pequeno passo. 
Cada dia é um pequeno passo se nos propusermos a nos observar, a nos aprimorar, a não nos deixarmos levar pelo desânimo destruidor. 
Um pequeno passo que nos levará longe. 
Um pequeno passo. 
Redação do Momento Espírita 
Em 24.07.2023.

domingo, 23 de julho de 2023

QUE LIBERDADE É ESSA?

Você só é livre quando faz o que não quer. 
O pensamento é do filósofo alemão Immanuel Kant, um dos principais pensadores do Iluminismo. 
Ao reler a frase: Você só é livre quando faz o que não quer, podemos argumentar se não seria exatamente o oposto.
Liberdade não seria fazer o que se quer, quando se quer, do jeito que se deseja? 
Está aí uma grande diferença de entendimento e uma prova de nossa imaturidade moral. 
Para entender o ponto de vista do filósofo, lembremos a citação do Apóstolo Paulo:
SÃO PAULO
-Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém. Tudo me é permitido, mas não deixarei que nada me domine. 
Chegamos ao ponto fundamental trazido por Kant e por Paulo de Tarso: a liberdade está em ser dono de si mesmo e não escravo dos seus desejos, vícios ou qualquer outra influenciação externa. 
Fazer o que se quer é ser escravo do desejo. 
Por isso, não se poderia falar em liberdade nesse contexto. 
A liberdade verdadeira só pode ser trazida pela autonomia, pela inteligência, pelo uso correto da vontade, como essa força que nos permite avaliar a conveniência dos desejos. 
É justamente o que Paulo de Tarso alerta: 
-Nem tudo me convém. 
Assim, se a vontade, se o livre-arbítrio se sobrepuserem aos desejos para os avaliar, julgar, escolher melhor, então, seremos realmente livres. 
É o ser assumindo o controle de seus desejos e não mais sendo controlado por eles. 
Eis a liberdade conforme Kant. 
A visão do pensador faz muito sentido. 
Quando o homem passa a dominar seus instintos e os faz trabalhar em seu favor, pelo bom uso da inteligência, ele passa a ter maior domínio sobre si mesmo. 
Quando o homem consegue controlar suas paixões, domando esses corcéis poderosos e fazendo-os bons condutores de sua vontade, conquista o seu mundo íntimo. 
Assim, muitas vezes, fazer o que não se quer é fazer o que se deve. 
É estar apto a assumir o controle das situações com maturidade, sem se deixar levar ao sabor das emoções do momento. 
Educar-se. 
Educar seus instintos. 
Essa é uma das funções da encarnação em um planeta ainda inferior.
Nele, a vinculação com a matéria nos coloca em experiências educativas, que promovem justamente esse desafio. 
A alma imatura ainda sonha com a liberdade de fazer o que quer, sem responsabilidade, sem pensar em consequências, simplesmente atendendo aos impulsos passageiros. 
Parece belo. 
Parece liberdade. 
Parece viver. 
Mas, não é. 
Deixar-se guiar por instintos é voltar à condição primitiva. 
Já vivenciamos isso, já estamos mais adiante. 
Reflita com cuidado sobre essa ideia: 
-Você só será livre quando fizer o que não quer. 
O que ela representa? 
De que ciladas do caminho esse pensamento pode preservar você? 
Ao invés de pensar no imediato, no que dá mais prazer agora, que tal pensar mais no que é melhor para você? 
Nem sempre o que é melhor para você poderá lhe trazer prazer, num primeiro momento. 
Pense grande. 
Pense maior. 
Pense como alma imortal que você é, estagiando, outra vez, neste abençoado planeta chamado Terra. 
Nosso lar. 
Nossa escola. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Freedom: Will, autonomy, de P. Guyer e na Introdução do Key Concepts, de Immanuel Kant, Acumen Publishing e transcrição da 1ª Epístola aos Coríntios, cap. 6, vers. 12. 
Em 21.7.2023.
http://momento.com.br/pt/index.php

sábado, 22 de julho de 2023

ANTES QUE O MANTO DA SAUDADE NOS ENVOLVA

FILME: DOIS CORAÇÕES
Ele era o mais jovem dos três filhos. 
Parecia não ter muitos compromissos com a vida. 
Gostava de sair com os amigos, brincar. 
Estudava, mas não tanto, o que era motivo constante de conversas sérias com seu pai. 
Quando não conseguiu a classificação ideal para acompanhar o irmão para a Universidade mais conceituada do país, foi uma decepção para o pai. 
Para ele próprio também. 
Se tivesse se esforçado mais, teria conseguido. 
Foi o que ouviu do pai.
A mãe lhe disse que ele não deveria ficar tão triste consigo mesmo. 
Talvez, na Universidade que estava adentrando, algo muito especial lhe estivesse reservado. 
Afinal, somente Deus tem ciência do que está para vir. 
Ela também disse ao filho que a vida é um presente e pode ser um passeio lindo, incrível e fantástico. 
Naturalmente, nem sempre fácil. 
Foi na Universidade que ele conheceu uma garota incrível. 
Foi amor à primeira vista, ou talvez seja melhor dizer, à segunda vista, porque ele ficou admirado no primeiro esbarrão que deu nela.
E encantado quando aconteceu o segundo. 
Por causa dela, se tornou voluntário em uma patrulha na Universidade e até resolveu conquistar sua habilitação de motorista, para melhor auxiliar.
Foi depois de um animado final de semana com toda a família, que ele teve um desmaio, foi levado para a emergência hospitalar e nunca mais retornou à consciência. 
Ele partiu, vitimado por um aneurisma. 
Na despedida, ante o corpo inerte do filho, o pai, entre lágrimas, externalizou os seus sentimentos: 
-Chris, como eu gostaria que você não tivesse partido. Tão pouco tempo você esteve conosco. Somente dezenove anos. Olhando para esses anos, eu me pergunto porque não usufrui mais de sua companhia. Por que perdi tanto tempo reclamando das suas notas, que poderiam ser mais altas, da carteira de motorista que você poderia ter conseguido mais cedo, da sua falta de interesse por algumas matérias? Reclamei, e reclamei. Poderia ter me servido desse tempo para olhar mais para você, descobrir a vida que brilhava em seus olhos. Olhos que se fecharam e não verei mais. Poderia ter abraçado mais você para ouvir o seu coração batendo junto ao meu. Coração que nunca mais ouvirei. Eu poderia ter feito tantas coisas. E me pergunto de que valeram tantas reclamações quando eu poderia ter vivido muito mais intensamente a sua vida, meu filho. 
* * * 
A vida é curta. 
A vida é breve, é impermanente. 
Hoje estamos aqui e, logo mais, poderemos ser convidados a tomar da bagagem das nossas conquistas pessoais e partir para o Grande Além. 
De igual forma, os que amamos. 
Então, agora, se estamos ao lado de quem amamos, aproveitemos para dizer como essa pessoa é importante, como lhe queremos bem, como ela faz a grande diferença em nossa vida. 
Agora, enquanto é tempo e estamos lado a lado, digamos ao nosso cônjuge, ao nosso filho, ao nosso amigo, que o amamos. 
Repitamos isso amanhã, depois e depois. 
A cada manhã, a cada despertar, a cada aperto de mão, a cada abraço, a cada hora. 
Usufruamos o convívio enquanto estamos a caminho. Antes que somente a saudade seja o manto que nos envolva. 
Redação do Momento Espírita, inspirado no filme Dois corações. 
Em 22.7.2023.

sexta-feira, 21 de julho de 2023

O LEÃO IRRITADO

MALBA TAHAN
Certa manhã, o rei leão acordou irritado. 
Os animais, tomados de pânico, reuniram-se a fim de arranjar um modo de levar tranquilidade e calma ao soberano dos animais. 
Tenho uma ideia, disse o camelo, o rei leão gosta de ouvir lendas e histórias. 
Se um de nós for à sua presença e lhe relatar um caso original e interessante, estou certo de que ele se acalmará e a bondade voltará ao seu coração. 
Os animais acharam a ideia excelente, mas quem teria audácia suficiente para aproximar-se do rei? 
A raposa apresentou-se, dizendo, de modo orgulhoso: 
-Se a melhora do rei depende do relato de uma história, então tudo está resolvido. Conheço mais de trezentas histórias e fábulas interessantíssimas, que aprendi durante minhas longas viagens. Uma delas haverá de agradá-lo. 
Os animais aclamaram a raposa, certos de que a questão estava solucionada e dirigiram-se ao palácio. 
No meio do caminho, porém, a raposa parou repentinamente e, tremendo, disse aos companheiros: 
-Grande infortúnio acaba de atingir-me. Das trezentas histórias que eu tão bem sabia, esqueci-me de cem. 
Os animais a tranquilizaram, afirmando que duzentas histórias seriam mais do que suficientes. 
E o cortejo novamente pôs-se em marcha.
Momentos depois, quando já se ouviam os urros do leão, a raposa parou novamente e disse: 
-Amigos, das duzentas histórias que eu sabia na ponta da língua, de cem eu não me lembro mais. 
Desconfiados, os animais redarguiram que cem histórias bastariam para dissipar a agitação que tomara conta do soberano. 
E dizendo isso, puseram-se novamente a caminho. 
Quando o grupo chegava diante do palácio, a raposa teve um desmaio e rolou pelo chão. 
Reanimada, reabriu os olhos e confessou trêmula: 
-Não me lembro das cem últimas histórias de que ainda há pouco me recordava. 
Verdadeira desolação tomou conta dos animais. 
E agora? 
Quem seria capaz, naquela grave emergência, de substituir a raposa? 
O chacal, animal rude e inculto, disse conhecer uma única história muito original e que, por certo, agradaria o rei. 
Animado pelos outros animais, ele galgou resoluto as longas escadarias do palácio, sumindo por trás de pesada porta. 
Todos ficaram aguardando ansiosos o desfecho da arriscada tentativa.
Depois de longa espera, surgiu na larga varanda o leão, calmo e satisfeito.
Para espanto geral, atrás dele vinha o chacal, coberto de medalhas e com a cintura envolta pela faixa dourada de conselheiro do rei. 
Que história maravilhosa teria ele contado ao soberano para merecer tamanha recompensa? 
O camelo não resistiu à curiosidade e questionou o chacal que explicou, sorrindo: 
-Contei ao rei leão a peça que a vaidosa raposa nos pregara, e ele achou muita graça. É sempre assim, explicou, longe do risco todos se inspiram e apresentam ideias geniais. O verdadeiro talento e a verdadeira coragem, porém, só se revelam na ocasião exata e precisa, ao defrontarem o risco e a ameaça. 
* * * 
A verdadeira coragem consiste em enfrentar as dificuldades de modo honesto e franco, valendo-se de recursos lícitos e dignos para buscar superar os obstáculos que se apresentam. 
Redação do Momento Espírita, com base no livro Contos e lendas orientais, de Malba Tahan, ed. Nova Fronteira. 
Em 30.07.2015.

quinta-feira, 20 de julho de 2023

A LEALDADE IGNORADA

Uma das mais belas qualidades humanas é a lealdade. 
Quanta grandeza em saber reconhecer um benefício com gestos de fidelidade. 
Mas não é isso o que vemos sempre pelo mundo.
Muito pelo contrário. 
O mais frequente é encontrarmos por toda parte o desamor como pagamento àqueles que estendem a mão em auxílio ao próximo. 
Quantas vezes vemos amizades e famílias desfeitas, boas lembranças esquecidas. 
Tudo em nome da deslealdade, que nada mais é do que uma forma de ingratidão. 
Assim, vale a pena refletirmos sobre a natureza do que é desleal. 
Quem agiria assim? 
Quem seria capaz de pagar um benefício com uma traição? 
E por que razão faria isso? 
Vamos responder por partes. 
Desleal costuma ser a maior parte da Humanidade em algum momento da vida. 
Dificílimo é encontrar alguém que sempre age corretamente, que pauta seus atos pela extrema correção, em todas as ocasiões. 
Por outro lado, as razões que levam à deslealdade são sempre baseadas no egoísmo. 
O egoísta não se preocupa com o bem-estar do outro. 
Para ele, seus interesses vêm em primeiro lugar. 
Por isso, o egoísta não se envergonha em atraiçoar aquele que lhe estendeu mão amiga. 
Movido por interesses financeiros, por orgulho ou vaidade, não hesita em dar as costas para um amigo ou um ser querido. 
E o que é alvo de um gesto de deslealdade - o que deve fazer?
Antes de tudo cabe não julgar. 
O desleal é alguém doente. 
Não um doente do corpo, mas um doente da alma, a quem nos cabe perdoar. 
Perdoar? 
Sim, perdoar. 
Costumamos afastar de nosso dia a dia a prática do perdão. 
Falamos tanto em perdão e enaltecemos seu valor na hora da provação.
Mas, basta que alguém nos fira, para imediatamente esquecermos tudo o que costumamos falar sobre a necessidade de perdoar o próximo. 
É uma conveniência. 
Assim, diante da deslealdade, recordemos Jesus, que nos ensina a não resistir ao mal. 
É o Cristo que nos convida a pagar o mal com o bem, a oferecer a outra face, a perdoar constantemente. 
O valor do perdão é maior quanto mais grave é a deslealdade. 
Quando o desleal é uma alma querida, a quem sempre oferecemos o melhor em termos de amizade. 
Uma fórmula preciosa para esses instantes é recorrer à prece. 
A oração balsamiza a alma, acalma o coração, ilumina os dias. 
Se o coração do que é agredido está sereno, ele está liberto. 
E o outro? 
Ah, a questão não é mais entre um e outro. 
A questão é entre Deus e cada um de nós. 
O outro? 
A questão é entre ele e Deus. 
De nossa parte, devemos nos preocupar única e exclusivamente com a nossa consciência perante as Leis Divinas. 
Se estamos em paz, tudo está bem. 
Isso, acredite, é também um exercício de desapego. 
Não contabilizar benefícios faz parte da essência da verdadeira caridade.
Se fizermos um bem a alguém, devemos fazê-lo por amor a Deus, pelo prazer de ser bom, pela alegria de ver os outros felizes. 
Fazer o bem simplesmente, sem esperar recompensa, sem aguardar retribuição. 
Foi isso o que Jesus nos ensinou. 
Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita. 
Em 27.09.2013.

quarta-feira, 19 de julho de 2023

DEUS EM TUA INTIMIDADE!

Ainda criança, começaste a perceber o Divino em tua existência. 
Em certa noite, tua mãezinha, junto ao leito, uniu tuas mãos em prece e te deixou como herança a crença num Ser Superior.
Nunca mais perdeste contato com Ele. 
 Em tuas inquietações, O invocaste. 
Antes de sair de casa, pensavas nEle, de alguma forma, como Aquele que estaria sempre atento à tua jornada. 
Ao empreender uma viagem ou ao se lançar num negócio, O tinhas em pensamento, buscando proteção ou inspiração para as atitudes a serem adotadas. 
Mesmo quando a juventude te floriu os dias, a mocidade eclodiu qual fruto maduro e a madureza despontou, qual crepúsculo de tarde em declínio, nunca O pudeste esquecer, na tela sensível dos sentimentos. 
Verdade é que houve dias em que a tormenta pareceu te negar a existência dEle. 
A noite era tempestuosa e o dia sombrio, te fazendo parecer que Ele houvera esquecido tua trajetória no mundo. 
Amigos desertaram. 
Doenças e impedimentos te ceifaram os melhores sonhos. 
Páginas e páginas lidas não te asserenaram o campo das emoções.
Buscaste esse ou aquele templo religioso para um instante de oração, que pareceu sequer ultrapassar o teto do santuário, traduzindo tuas agonias íntimas. 
Houve dias nos quais as tuas lágrimas desceram dos olhos em abundância, sem que surgisse um lenço sequer para secá-las. 
Contudo, nem aí Deus te abandonou. 
Teus testemunhos te amadureceram. 
Tuas provas te fizeram mais forte. 
Tua solidão te privou de falsos amigos. 
Tuas desilusões te fizeram enxergar os trilhos da verdade, algumas vezes abandonados por teus pés para atendimento de caprichos e ilusões. 
És a matéria prima de Deus, a gema que Suas leis vêm lapidando para refulgir qual diamante de altíssimo valor. 
As lutas te fortalecem para os avanços inadiáveis. 
Teu olhar começa a sair da exclusiva contemplação da vida terrestre para os vaga-lumes que brilham acima de teus cabelos nevados pelo tempo. 
* * * 
Em teu movimento incessante de elevação, reserva o momento de Deus em tua intimidade. 
Silencia cada manhã por dez minutos e te permite flutuar acima das incertezas humanas. 
Atordoado pelo medo, confia nEle. 
Sedento em pleno deserto, marcha confiando na proteção incessante dEle. 
Tombando, reúne as poucas forças e prossegue, otimista. 
No silêncio, O ouvirás. 
Ele canta na chuva. 
Sorri no sol que ilumina tuas manhãs cinzentas.
Em vez da oração que pede ou exige, aceita a Divina Vontade. 
Em lugar do muito pedir, ouve o que Ele tem a te dizer. 
Elege hoje teu reencontro com Ele. 
Busca-O na flor que desabrocha em tua janela, no colibri que O exalta no voo gracioso. 
Em tendo certezas, Deus! 
Na dúvida, Deus!
Dormindo, Deus! 
Acordado, Deus! 
Podes até negar que Ele exista, mas jamais poderás arrancá-lO de tuas províncias íntimas. 
Qual semente minúscula, dormita o Divino em tuas terras interiores e, ao contato com qualquer orvalho de tua sensibilidade, brota do chão e faz primavera em tuas estações áridas. 
Avançar sem Deus, impossível! 
Redação do Momento Espírita, com base em mensagem do Espírito Marta, psicografia de Marcel Mariano, em Salvador/Bahia, em 23.5.2023.
Em 19.07.2023.

terça-feira, 18 de julho de 2023

LEALDADE FEMININA

As mulheres de Weinsberg
Durante a Idade Média, no ano de 1141, na Alemanha, Wolf, Duque da Bavária, estava cercado em seu castelo pelos exércitos de Frederick, Duque da Suábia, e de seu irmão Konrad. 
O cerco vinha de muito tempo e Wolf sabia que a rendição era inevitável.
Mensageiros iam e vinham, levando propostas de acordo, condições e decisões. 
Derrotados, Wolf e seus aliados estavam dispostos a entregar o castelo ao pior inimigo. 
Mas as mulheres desses homens não estavam nem um pouco preparadas para a derrota. 
Enviaram uma mensagem a Konrad, irmão do Duque inimigo, pedindo a promessa de salvo-conduto para todas as mulheres das cercanias do castelo e permissão para que elas levassem todos os bens que pudessem carregar. 
A permissão foi concedida e os portões do castelo se abriram. 
As mulheres foram saindo, levando consigo estranha carga.
Não traziam ouro ou joias.
Cada uma vinha curvada sob o peso do marido, na esperança de salvá-lo da vingança dos inimigos vitoriosos. 
Dizem que Konrad, bom e piedoso, comoveu-se até às lágrimas diante daquela atitude extraordinária. 
Apressou-se em garantir a liberdade às mulheres e segurança aos maridos. 
Convidou a todos para um grande banquete e fez um acordo de paz com o Duque da Bavária em termos mais favoráveis que o esperado. 
Desde então o monte, onde estava situado o castelo, passou a ser chamado de Lealdade feminina. 
* * * 
As mulheres, desconhecendo a força de que são portadoras, muitas vezes saem a campo para disputar forças com os homens. 
Desconhecem que, no dia em que quiserem, mudarão o mundo. 
À mulher cabe uma importante cota de contribuição com a obra de Deus,oferecendo a sua sensibilidade e a sua inteligência em favor da vida,uma vez que cabe a ela o conduzimento dos homens, dando-lhes as primeiras noções de vida. 
Assim, se as mulheres resolvessem mudar a sociedade, bastaria tomar as mãos do homem, ainda criança, e fazer dele um homem justo, um homem de bem. 
Mas, para que isso aconteça, é preciso que todos, homens e mulheres tomem consciência da sua missão na face da Terra, que está muito além da disputa de forças e de conquistas de bens materiais. 
Certo dia, almoçávamos com um casal de amigos e ambos discutiam sobre os problemas domésticos. 
Em determinado momento estavam disputando quem representava o cabeça do casal. 
Isso era quando ainda existia na legislação brasileira esse papel. 
Após alguns argumentos, a mulher falou com muita sabedoria: 
-De fato, você é o cabeça perante a lei,mas eu sou o pescoço e, se eu amanhecer com torcicolo você estará perdido,pois perderá totalmente os movimentos. 
Todos rimos e o assunto ficou encerrado. 
* * * 
Todos nós, homens e mulheres, somos filhos de Deus, criados para a perfeição. 
Se temos que disputar alguma posição, que seja a de mais servir ao Criador com coragem e disposição.  
Redação do Momento Espírita, com base no cap. As mulheres de Weinsberg, versão de Charlotte Yonge, de O livro das virtudes, v. II, de William J. Bennet, ed. Nova Fronteira e no cap 13 do livro Vereda familiar, pelo Espírito Thereza de Brito, psicografia de J.Raul Teixeira, ed. Fráter.
Em 07.06.2010.

segunda-feira, 17 de julho de 2023

LAZER

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Comenta-se, excessivamente, quanto à necessidade do lazer, como medida de repouso e de renovação de forças. 
Lazer, sim; ociosidade, não. 
O homem é, biologicamente, preparado e programado para a ação e não para o repouso. 
O dinamismo vitaliza-o, desenvolve-o, enquanto que a imobilidade enfraquece-o, atrofia-o. 
Lazer não significa falta de atividade, mas mudança física, emocional e intelectual de atitude, de trabalho. 
A ação motiva a vida; o repouso desestimula-a. 
O lazer é necessário para facilitar o relaxamento das tensões, para possibilitar a reflexão, a programação de novas atividades. 
Mas não é eficaz somente quando se realiza em estações balneárias, campos de desportos, praias, montanhas, viagens bem concorridas. 
Esses mecanismos de lazer obedecem a exigências de mercados que vendem emoções novas, produzindo outros estados de angústia, de ansiedade, de cansaço. 
O lar e a família, o refúgio num lugar solitário, a música, o silêncio e a prece, propiciam estados íntimos de lazer com excelentes resultados para a renovação pessoal. 
Há organizações especializadas em lazer, que desumanizam o indivíduo, que passa a ser manipulado por especialistas que lhe impõe o que lhes parece melhor e não aquilo que, de fato, cada homem quer e necessita.
Apoiando-se no lazer para evitar a neurose do trabalho, os que param de atuar quase sempre se tornam vítimas da neurose da falta do que fazer. 
E é por essa razão que muitos tiram férias e viajam, se refugiam em recantos naturais, praticam esportes dos mais variados, e voltam mais cansados e infelizes do que antes. 
Por que isso ocorre? 
É justamente porque o repouso significa a mudança de atividade. 
Mas de nada vale mudar de atividade e levar na mente as várias preocupações e neuroses do dia-a-dia. 
O ser humano não é como um aparelho eletrônico, que basta acionar um botão para desligar. 
Se fosse assim seria fácil e prático. 
A mente humana é esse mecanismo que leva em si mesma os elementos de calma e tranquilidade ou motivos de preocupações e ansiedades, para onde quer que vá. Por essa razão, a mudança de ambiente ou de cidade, por si só, não resolve o problema do estresse, nem oferece o descanso necessário. 
É preciso oferecer lazer e descanso também à mente. 
Além de mudar as atividades rotineiras, é preciso ter uma certa consciência tranquila. 
É cumprir com suas obrigações diárias; ter organização e disciplina no trabalho, não sobrecarregando os colegas com deveres que são seus. 
É estar bem com os afetos, com as responsabilidades assumidas, com as contas em dia. 
A não ser assim, você poderá fugir da cidade, do país, do planeta, mas quando apoiar a cabeça para o repouso tão desejado, perceberá que levou consigo os verdadeiros motivos do seu estresse e da sua ansiedade.
Buscar momento de lazer, sim. 
Mas, fugir de si mesmo é uma tentativa que não funciona. 
* * * 
O trabalho, longe de ser motivo de cansaço e estresse, é valioso tesouro que nos propicia viver com dignidade, dando utilidade às horas. 
Nesses momentos de mais lazer e ociosidade que trabalho, merece consideração o ensino de Jesus: 
-O Pai até hoje trabalha e eu também trabalho. 
Com isso, podemos concluir que o trabalho não é um castigo nem deve ser encarado como uma obrigação indesejável, mas como fator indispensável para o progresso e a evolução do ser. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 25, do livro Seara do Bem, por Espíritos diversos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. 
Em 27.8.2012.

domingo, 16 de julho de 2023

MAUS RICOS

No Evangelho de Lucas encontramos a seguinte parábola proposta por Jesus: 
Havia um homem rico, que vestia púrpura e linho e se tratava magnificamente todos os dias. Havia também um pobre, chamado Lázaro, deitado à sua porta, todo coberto de úlceras - que muito estimaria poder mitigar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico. Mas ninguém lhas dava e os cães lhe vinham lamber as chagas. Ora, aconteceu que esse pobre morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão. O rico também morreu e teve por sepulcro o inferno. Quando se achava nos tormentos, levantou os olhos e via de longe Abraão e Lázaro em seu seio - e, exclamando, disse estas palavras: -
Pai Abraão, tem piedade de mim e manda-me Lázaro, a fim de que molhe a ponta do dedo na água para me refrescar a língua, pois sofro horrível tormento nestas chamas. 
Mas Abraão lhe respondeu: 
-Meu filho, lembra-te de que recebeste em vida teus bens e de que Lázaro só teve males; por isso, ele agora está na consolação e tu nos tormentos.
Disse o rico: 
-Eu então te suplico, pai Abraão, que o mandes à casa de meu pai, onde tenho cinco irmãos, a dar-lhes testemunho destas coisas, a fim de que não venham também eles para este lugar de tormento. 
Abraão lhe retrucou: 
-Eles têm Moisés e os profetas; que os escutem. 
-Não, meu pai Abraão-disse o rico-se algum dos mortos for ter com eles, farão penitência. 
Respondeu-lhe Abraão: 
-Se eles não ouvem a Moisés, nem aos profetas, também não acreditarão, ainda mesmo que algum dos mortos ressuscite. 
* * * 
Jesus aponta, com rigidez, as consequências de uma vida egoísta. 
Não condena a riqueza, mas sim a atitude daqueles ricos do mundo que não sabem da responsabilidade que têm, no uso e administração de seus bens. 
Esse mau rico foi condenado aos tormentos de seu inferno íntimo - da consciência culpada que queima feito fogo. 
Esse rico, que se vestia de púrpura e que todos os dias se regalava esplendidamente, é o símbolo daqueles que querem tratar da vida do corpo e se esquecem da vida da alma. 
São os que buscam a felicidade no comer, no beber e no vestir. 
São os egoístas que vivem unicamente para si. 
E muitos Lázaros se arrastam ao seu redor... 
Não só clamando em seus portões por migalhas de suas mesas fartas, mas, por vezes, dentro de seus lares, na figura daqueles que carecem de atenção e de amor. 
Triste fim terão esses ricos do mundo, se não despertarem a tempo... 
* * *
A riqueza não constitui obstáculo absoluto à salvação dos que a possuem.
Certas palavras de Jesus, interpretadas segundo a letra e não segundo o espírito, podem trazer errôneo entendimento. 
Se assim fosse, Deus, que a concede, teria posto nas mãos de alguns um instrumento de perdição, sem apelação nenhuma, ideia que repugna à razão. 
Sem dúvida, pelos arrastamentos a que dá causa, pelas tentações que gera e pela fascinação que exerce, a riqueza constitui uma prova muito arriscada, mais perigosa do que a miséria. 
É o supremo excitante do orgulho, do egoísmo e da vida sensual. 
É o laço mais forte que prende o homem à Terra e lhe desvia do céu os pensamentos. 
 Mas, do fato de a riqueza tornar difícil a jornada, não se segue que a torne impossível e não possa vir a ser um meio de salvação para o que dela sabe servir-se, como certos venenos podem restituir a saúde, se empregados a propósito e com discernimento. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Parábola do rico e Lázaro, do livro Parábolas e ensinos de Jesus, de Cairbar Schutel, ed. O Clarim e no item 7, do cap. XVI, do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 14.7.2023.

sábado, 15 de julho de 2023

ENFRENTANDO A DEPRESSÃO

Considerada pelos especialistas como o Mal do Século XXI, a depressão já atinge cerca de 15% da população mundial. 
A depressão é um estado d’alma que tem como causa diversos fatores.
Mas o principal deles, e muitas vezes ignorado pelos especialistas, está radicado no cerne do Espírito imortal. 
O Espírito eterno é herdeiro de si mesmo. 
Pela Lei de Causa e Efeito ele traz, ao nascer, as experiências acumuladas ao longo dos milênios. 
O que geralmente ocorre é que o Espírito que se reconhece culpado cria, inconscientemente, um mecanismo de autopunição. Sabe que infringiu as Leis Divinas e por isso não se permite ser feliz. 
Assim, nos porões da consciência, ao que Freud chama ID, estão esses clichês mentais que, muitas vezes, são causadores de depressões graves.
Por essa razão, nem sempre é possível reverter esse mal sem uma ação profunda e efetiva, nas raízes do problema. 
O que acontece, muitas vezes, é que, sem se aperceber da gravidade da enfermidade, muitos pais fortalecem as bases da depressão nos primeiros anos de existência dos filhos, adotando um comportamento inadequado.
Quando a educação se baseia principalmente em questões materiais, visando uma projeção social e a abastança financeira do ser, geralmente está se criando fortes bases para que a depressão possa se instalar. 
Um exemplo simples está no fato de pais e educadores massificarem a ideia de que o sucesso é de quem consegue um lugar de destaque na sociedade. 
E que vencer na vida significa ter um cargo importante e dinheiro sobrando. 
Desde pequena a criança aprende a fazer cálculos, ouve falar em investimentos financeiros, juros, aprende a comparar seus brinquedos com os do amigo, o carro do pai com o carro do vizinho etc. 
É iniciada, desde cedo, num mundo de competições, de concorrências, de incentivo ao ter em detrimento do ser. 
Por tudo isso, quando essa criança se torna adulta e mergulha numa profissão, não está preparada para lidar com as emoções e fraquezas que trouxe consigo de outras eras. 
Saberá muito bem calcular o quanto seu colega ganha mais do que ele, mas não sabe subtrair uma simples ofensa do companheiro de trabalho.
Saberá lutar pela primeira posição na empresa, mas não sabe tolerar a mínima frustração de um afeto não correspondido. 
Conseguirá traçar metas brilhantes para elevar os lucros da empresa, mas não consegue vencer o abismo que o distancia dos entes queridos. 
Criará estratégias eficientes para elevar-se na hierarquia, galgando postos de relevância, mas não compartilha a mínima tarefa em equipe. 
E quando não consegue nenhuma dessas façanhas que julga importantes, frustra-se e acredita-se imprestável, impotente, inútil. 
E, no final de tudo, aparece a depressão. 
Esse mal que tem origem nas raízes do ser imortal e que é causa de muitas desgraças nos dias atuais. 
Outro ponto falho é deixar de passar às crianças a ideia de Deus como um Pai amoroso e justo, além de extremamente misericordioso. 
Se ele cresce com a certeza da existência de Deus e do Seu amor, saberá confiar e alimentar a esperança de dias melhores, mesmo tendo que enfrentar algumas noites sem estrelas. 
A criatura que crê em Deus jamais se desespera, mesmo sabendo-se devedora das leis que regem a vida, pois tem a certeza de que Deus não quer o castigo nem a morte daquele que dá um passo em falso. 
Sabe que Deus deseja, tão somente, que acertemos o passo no compasso das Suas soberanas leis. 
* * *
Se o seu coração lhe diz que você já tropeçou antes, e as feridas abertas em sua alma o impedem de ser feliz, é momento de parar um instante para refletir. 
É o momento de abrir a alma ao Criador, reconhecendo os atos insanos e rogar o Seu perdão em forma de oportunidades para refazer o caminho.
Certamente ouvirá a resposta do Pai amoroso a lhe dizer com suavidade:
-Filho, cada dia que amanhece é a renovação da Minha confiança na sua redenção, no seu aprendizado, no seu progresso, como filho da luz que é.
E enquanto houver dias amanhecendo, você saberá que o convite do Criador está se repetindo ao seu coração de filho bem-amado. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 6, ed. FEP. 
Em 15.07.2023.