quarta-feira, 30 de novembro de 2022

AS BÊNÇÃOS DO ALTRUÍSMO

Foi o filósofo francês Augusto Comte quem cunhou, em 1830, a palavra altruísmo, para significar comportamento oposto ao egoísmo.
Se desejável para todos os tempos, tal atitude torna-se de importância capital na atualidade. 
Nos momentos que atravessamos, após a pandemia que nos exigiu o isolamento social e deixou inúmeros corações de luto, é o altruísmo que nos deve despertar as emoções do amor e do perdão, da misericórdia e da caridade. 
Saber enxergar as necessidades alheias, atendendo-as com mãos veludosas que não constrangem, nem humilham – eis uma faceta do altruísmo. 
Alguns pessimistas afirmam que o altruísmo somente se encontra entre as pessoas da mesma cultura ou as que abraçam os mesmos ideais. 
No entanto, extraordinária demonstração de altruísmo encontramos na Parábola do Bom Samaritano. 
Ele não somente atende a vítima de ladrões impiedosos, que nem era da sua mesma crença, como também altera o seu próprio roteiro para deixá-lo em uma hospedaria. 
Sequer cogita que, se eventualmente, a situação fosse inversa, o outro nem se deteria para o socorrer. 
Simplesmente interrompe sua viagem e oferece os primeiros socorros com o que traz consigo. 
E, ao entregá-lo ao hospedeiro, adianta o pagamento do que calcula possam custar os dias em que o ferido precisará ali permanecer. 
Mais do que isso, se responsabiliza pelos gastos que poderão ocorrer, em acréscimo. 
O Evangelho não lhe registra o nome, embora lhe enalteça o gesto de verdadeiro altruísmo. 
Exatamente porque o sábio de Nazaré já instituíra que se deve fazer com uma das mãos sem que a outra tome conhecimento. 
Dola Jigme Kalsang
Conta-se que, no século XIX, um monge tibetano, de nome Dola Jigme Kalsang, viajava pelas diversas províncias da China. Chegando em uma delas, percebeu uma grande aglomeração na praça principal, o que lhe atraiu a atenção. O sábio se acercou e veio a saber que se tratava de um homem, acusado de roubo, que fora condenado a morrer de forma cruel: seria colocado no dorso de um cavalo feito de ferro, aquecido até ficar avermelhado. O condenado, aos gritos, protestava inocência.  O recém-chegado Dola abriu caminho entre a multidão e anunciou: 
-O ladrão sou eu. 
Fez-se um grande silêncio. O mandarim, que governava aquela parte do país, voltou-se impassível para o monge e perguntou: 
-Você está pronto para assumir as consequências do que acaba de dizer? 
Ante a afirmativa de Dola, o condenado foi solto e ele foi posto sobre o ferro em brasa, sucumbindo em poucos minutos no terrível suplício. 
O que motivou a atitude do monge tibetano, senão o altruísmo? 
Ele apenas chegara àquele lugar. 
Poderia ter seguido o seu caminho. 
Agiu a partir do altruísmo e de uma benevolência ímpar para com quem sequer teve chance de lhe agradecer o gesto de lhe salvar a vida. 
Mas o altruísmo é assim mesmo. 
Não aguarda reconhecimento, não espera aplausos, nem louvores.
Essa foi a atitude de Jesus que doou a sua vida para que todos tivéssemos vida em abundância. 
Ele nos ofereceu o mais sublime gesto de altruísmo de que a Humanidade tem notícia. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 25, do livro Atitudes renovadas, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 30.11.2022.

terça-feira, 29 de novembro de 2022

TRÊS LETRAS MAIORES QUE TODO O OCEANO

MARCEL MARIANO
Aos seus olhos, parece que o mundo virou uma imensa Babel.
Ninguém se entende. 
Por mais que surjam teorias pacifistas, a crise desponta sem controle, ameaçando tudo levar de roldão, numa enxurrada de loucura e insensatez. 
Em torno de seus passos, observa uma infância cercada de todas as possibilidades materiais, mas privada do carinho dos pais, porque eles estão nas lutas para a manutenção financeira da família ou, quando abastados, se furtam da convivência com filhos birrentos e chorões, terceirizando a sua educação. 
Você constata a juventude sem freios, mergulhada nas dissipações de toda ordem. 
Cultuam ídolos de barro, empregando as próprias forças na satisfação de prazeres corporais, dos quais muitos saem mutilados emocional e psicologicamente. 
Uma madureza sedenta de triunfo na ribalta dos negócios, como se a vida se resumisse a cifrões e bitcoins, apólices e itens de luxo.
Corpos esculpidos em academias sofisticadas ou em caríssimas cirurgias de natureza estética, onde se busca a perfeição na ponta do bisturi. 
Perfeição de fora e, dentro, graves transtornos do humor e da afetividade. 
Buscando sair um pouco da histeria coletiva das ruas, você liga a TV ou busca os canais da internet. 
Observa a quantidade de propagandas lhe martelando os dedos para adquirir esse ou aquele produto, tornando-o um consumidor voraz e compulsivo. 
Em qualquer ambiente buscado, o excesso de barulho lhe furta um minuto de silêncio. 
Sirenes gritam lá fora, exigindo ruas livres para a polícia, os bombeiros ou a ambulância, transportando alguém nas últimas. 
Sim, você desejaria que numa manhã tudo estivesse em silêncio.
Ruas vazias, permitindo que as pessoas se encontrassem para o cultivo do diálogo fraterno. 
Sente a falta de também falar de suas angústias, de suas buscas existenciais. 
Porém, quase todos o procuram para descarregar as próprias tensões.
Lá no fundo você percebe uma saudade não aplacada, um vazio não preenchido. 
Quem dera numa esquina dessas, Ele surgisse como outrora. 
Pés descalços, túnica impecável, cabelos soltos ao vento. 
Nenhuma mochila às costas. 
Nenhum smartphone nas mãos. 
Fones de ouvido? Nem pensar! 
Ele viria caminhando pela calçada, conversando com um e com outro, até que os olhos dEle se fixariam nos seus. 
Não lhe perguntaria o nome, não indagaria sua origem, não lhe interrogaria sobre os fracassos enfrentados nem desejaria saber sua profissão. 
Ele simplesmente o abraçaria, giraria o corpo em direção contrária e caminharia com você em direção ao mar. 
Ali sentaria ao seu lado, na praia. 
E, por longos minutos, você e Ele ficariam lado a lado, absorvidos e extasiados pela majestade do oceano sem fim. 
Ligeiro cochilo lhe retiraria desse mundo de barulho e frenesi.
Quando sua consciência voltasse ao pleno funcionamento, Ele já não estaria ao seu lado. 
Na areia onde Ele sentara, um verbete estaria para sua edificação:
-Ama. 
Apenas isso. 
Três letras maiores que todo o oceano. 
-Ama. 
Se estas três letras forem postas em ação, nossa vida terá outro sentido existencial. 
Redação do Momento Espírita, inspirada em mensagem do Espírito Marta, psicografia de Marcel Mariano, em Juazeiro/BA, em 11.10.2022. 
Em 28.11.2022.

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

INSTRUMENTO PRECIOSO

DIVALDO PEREIRA FRANCO
É bastante comum se ouvir referências à busca da fortuna. 
Pensando assim, há os que agem com loucura e perdem os bens em jogos diversos, desejando possuir mais e mais. 
Pensa-se em loterias e outras formas fáceis de angariar valores, porque todos desejam ter um grande tesouro. 
Entretanto, para todos os que nascem na Terra, o Divino Pai concedeu um tesouro inestimável. 
É o corpo físico. 
Carinhosamente concebido na intimidade da mulher, partindo de um ovo minúsculo, ele se transforma num complexo de sessenta trilhões de células quando adulto. 
Dentre os tantos órgãos espetaculares que o compõem, o cérebro, e só ele, é formado por mais de setenta bilhões de neurônios. 
Ele comanda todas as funções do organismo. 
Se desejamos atravessar a rua, em um local onde não haja semáforo, olhamos para um lado e outro. 
Se verificamos que um carro aponta na rua, rapidamente é nosso cérebro que calcula, sem que nos demos conta, em fração de segundo, a distância do veículo, a distância que temos para atravessar e determina o ritmo do nosso passo ou nos diz que devemos aguardar a passagem do veículo. 
Por se tratar de uma máquina e uma máquina muito especial, o corpo é dotado de um sistema de autorreparação. 
Pede-nos repouso quando necessita, determinando o número de horas para a recuperação devida.
Pede-nos combustível em forma de ar puro, alimento sadio, acionando mecanismos próprios. 
Temos um estômago de tal forma disposto que, se sentimos fome e pensamos em comer uma pizza, logo o estômago se prepara para receber e realizar a digestão de uma pizza. 
Se, ao contrário, sentimos o aroma de um bife em preparo, todo ele se dispõe de forma diferente, ao ponto de sentirmos água na boca. 
O sangue, que corre por todo o nosso organismo, viaja por quase cento e setenta mil quilômetros de artérias, veias e vasos para levar alimento a todas as células. 
Tal instrumento valioso é forte, para vencer grandes lutas e desafios.
Possui uma incrível elasticidade de adaptação. 
Ao mesmo tempo, se mostra frágil, podendo perecer e se decompor com rapidez. 
Por isso mesmo, nos exige cuidados. 
Nutri-lo sem exageros. 
Vitalizá-lo com pensamentos dignos, elevados, para que ele não se impregne de toxinas que lhe minariam as energias e envenenariam as possibilidades vitais. 
Respeitá-lo em público ou a sós, não o exibindo de forma vulgar, porque ele é a casa temporária do Espírito. 
Utilizá-lo bem, permitindo-lhe longas caminhadas e exercícios físicos, que o ajudem a se manter em forma, contudo não o desgastando em noitadas de loucura. 
Não o destruamos pelo vício de qualquer natureza, mesmo aqueles que a sociedade considera toleráveis, aceitáveis. 
Sirvamo-nos dele de tal forma que nunca tenhamos de nos arrepender, quando a doença o atingir por nossa própria imprudência.
Um dia, quando o deixarmos na Terra, haveremos de agradecer a Deus pela dádiva que ele foi, pelo tanto que nos permitiu progredir, fazer e realizar. 
Amemos, pois, esse instrumento divino, e nos tornemos através dele, um ser de intensa luz, vivendo e aprendendo sempre.
* * *
O corpo é instrumento valioso que o Criador concede ao Espírito para lhe facilitar o progresso, pelos milênios afora. 
Amar o corpo, respeitá-lo, usá-lo com sabedoria é o que nos compete. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 19, do Livro Sendas luminosas, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 18.7.2016.

domingo, 27 de novembro de 2022

INSTRUMENTO NAS MÃOS DE DEUS

Paulo Sérgio da Graça
Torres Pereira
Qual é a minha missão? 
Não é esta uma pergunta que, por vezes, nos vem à mente?
Gostaríamos de saber para que estamos aqui, em que contribuímos para a melhoria das pessoas ou do mundo. 
Quando nos extasiamos com a performance de um grande músico, dizemos que a sua música nos alimenta a alma, nos traz recordações, nos emociona. 
Contudo, o primeiro violinista da Orquestra Sinfônica do Paraná, maestro convidado e maestro adjunto por alguns anos, descobriu o maravilhoso sentido da sua vida, de forma surpreendente. De uma família de músicos, ele é Doutor em artes musicais pela Universidade Estadual de Michigan. É sobrinho-neto do maestro Bento Mossurunga, compositor do hino do Paraná. Pode-se dizer, portanto, que a música lhe está no sangue. Mais do que isso, na alma. Confessa que abraçou o violino porque suas três irmãs tocavam piano e ele cansou de ouvir tantas horas diárias desse instrumento. Certo dia, visitando uma tia hospitalizada, levou seu violino e tocou para ela. A música atraiu muitos pacientes. Ele percebeu o benefício da música e passou a tocar, voluntariamente, em hospitais, clínicas e presídios. 
Ele narra surpreendentes fatos. 
Ouvindo-o, constatamos, verdadeiramente, como Deus se serve dos homens de boa vontade. 
Certa feita, tocando no corredor de um hospital, ao chegar em frente ao quarto de um senhor, se deteve. Quando concluiu a execução musical, viu que o enfermo estava em pé, na porta entreaberta. Paulo Torres o olhou e lhe desejou que Deus estivesse com ele. Ouviu a fala, entre lágrimas: 
-Acredite, maestro, Deus acabou de me fazer uma visita. 
O violinista fala do poder da música e como se sente feliz em realizar o que faz. Em um dos hospitais de Curitiba, toca semanalmente, enquanto peregrina por vários outros. Emociona-se ao narrar que, entrando em um quarto, viu uma menina que dormia, enquanto sua mãe, sentada ao lado, mantinha a bíblia aberta. Ele tocou um hino, com alma e coração e verificou que a menina abriu os olhos. Parecia querer falar sem que palavras compreensíveis lhe saíssem da garganta. A mãe se precipitou sobre a filha, em choro convulsivo. Médicos, enfermeiros invadiram o quarto. O maestro ficou preocupado. 
O que acontecera? O que ele provocara? 
E foi saindo do quarto, de mansinho. 
Então, a mãe foi até ele, o abraçou e lhe disse: 
-Obrigada. Minha filha estava em coma há três anos. Sua música a despertou. 
Em suas entrevistas, ele fala dos benefícios da arte musical e como se descobriu instrumento nas mãos de Deus. Uma senhora lhe disse que, na UTI, teve o diagnóstico de morte breve. Religiosa, orou intensamente a Deus: 
-Senhor, dá-me uma prova de que não Te esqueceste de mim. 
Na manhã seguinte, o maestro visitou a UTI. Tomou do seu instrumento e executou o hino Não me esqueci de ti. Lágrimas romperam dos olhos da enferma. Duas semanas depois, recuperada, encontrando o maestro no corredor do hospital, lhe beijou as mãos, dizendo que ele fora o mensageiro do recado divino. Instrumento nas mãos de Deus. 
Oxalá nós mesmos possamos descobrir como podemos nos tornar esse instrumento dócil, nas mãos divinas. 
Redação do Momento Espírita, com dados colhidos em entrevistas do maestro paranaense Paulo Sérgio da Graça Torres Pereira. 
Em 15.2.2022.

sábado, 26 de novembro de 2022

ORAÇÃO NOSSA

CHICO XAVIER E EMMANUEL
Senhor, ensina-nos: 
A orar sem esquecer o trabalho; 
A dar sem olhar a quem; 
A servir sem perguntar até quando; 
A sofrer sem magoar seja a quem for; 
A progredir sem perder a simplicidade; 
A semear o bem sem pensar nos resultados; 
A desculpar sem condições; 
A marchar para a frente sem contar os obstáculos; 
A ver sem malícia; 
A escutar sem corromper os assuntos; 
A falar sem ferir; 
A compreender o próximo sem exigir entendimento; 
A respeitar os semelhantes, sem reclamar consideração; 
A dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever, sem cobrar taxas de reconhecimento. 
Senhor, fortalece em nós a paciência para as dificuldades dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros para com as nossas dificuldades. 
Ajuda-nos para que a ninguém façamos aquilo que não desejamos para nós. 
Auxilia-nos, sobretudo, a reconhecer que a nossa felicidade mais alta será, invariavelmente, aquela de cumprir-Te os desígnios onde e como queiras, hoje, agora e sempre. 
 * * * 
Por que ainda relutamos tanto em seguir o Modelo seguro de conduta e sentimento que nos foi ofertado há mais de dois milênios? 
Por que O chamamos de Mestre e Senhor, compreendendo Sua grandeza e superioridade, mas teimamos em agir de acordo com nossa acanhada compreensão das coisas? 
Por que somos tão relutantes... Tão fracos e frágeis?
Não nos parece ser tempo de despertar? 
De seguir adiante? 
De utilizar a tal inteligência que, supostamente temos, em pleno século XXI, e fazer opções mais felizes? 
Julgamos que conquistamos tanto desde que saímos das cavernas, pois vivemos com mais conforto e facilidades. 
Mas será esse nosso único objetivo na Terra? 
Seriam essas as únicas conquistas que deveríamos alcançar? 
É curioso, pois saímos das cavernas, mas em alguns aspectos as cavernas ainda não saíram de nós. 
Há escuridão na alma que não encontra o sentido existencial. 
Há breu no íntimo dos que tornaram a existência uma luta apenas pela sobrevivência material. 
Há um escuro enorme no espelho dos que ainda não se conhecem.
Por isso a oração nossa pede auxílio ao mais sábio que já existiu, ao que nos conhece como ninguém mais, ao que esteve entre nós e percebeu nossas mazelas de muito perto. 
Senhor, que Tuas lições ecoem pelo mundo íntimo de todos nós, que nos lembrem dos caminhos do amor e nos tragam a coragem de mudar. 
Senhor, recita em nosso coração o canto das bem-aventuranças mais uma vez, pois ele nos acalma, nos consola e nos impulsiona. 
Senhor, olha-nos com Teus olhos de compreensão, mas também de motivação, fazendo-nos entender que somos frágeis, mas que podemos ser grandes! 
Diz-nos mais uma vez que somos a luz do mundo, a luz do mundo de dentro em primeiro lugar, que depois explode para fora, levando a manhã ensolarada a quem ainda vive na madrugada. 
Diz-nos, por fim, uma vez mais: 
-Não vos deixareis órfãos; voltarei para vós. 
Guardemos isso em nossa mente e em nosso coração. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 20 do livro A Semente de Mostarda, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. GEEM. 
Em 25.11.2022.

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

ESQUECENDO AS OFENSAS

Amir e Farid eram dois mercadores árabes muito amigos. 
Sempre viajavam juntos. 
Cada qual com seus camelos, mercadorias, escravos e empregados.
Numa das viagens em que o calor se apresentava abrasador, pararam às margens de um grande rio. 
Farid resolveu tomar um banho e para isso mergulhou nas águas caudalosas. 
Um momento de distração e acabou sendo arrastado pela correnteza do rio. 
Amir, pressentindo o risco que corria o amigo, atirou-se no rio e o salvou, embora com esforço. 
Muito agradecido, Farid chamou um dos seus escravos e lhe ordenou que escrevesse numa pedra próxima, em letras grandes e profundas:
Aqui, com risco de perder sua própria vida, 
Amir salvou o seu amigo Farid. 
A viagem prosseguiu. 
Os negócios se realizaram e no retorno, pararam no mesmo local para um descanso rápido. 
Recomeçando a conversar, iniciaram uma discussão por divergência de opiniões. 
Com os ânimos acirrados, Amir esbofeteou Farid. 
Então Farid se aproximou da margem do rio, escolheu uma pequena vara e escreveu na areia: 
Aqui, por motivos tolos, Amir esbofeteou Farid. 
O escravo, que escreveu na rocha a frase anterior, ficou intrigado e perguntou: 
-Senhor, quando fostes salvo, mandastes gravar o feito numa pedra. Agora escreveis na areia a ofensa recebida. Por que agis assim? 
Farid olhou para o escravo e respondeu com sabedoria: 
-Os atos de bondade, de amor e de abnegação devem ser gravados na rocha para que todos os que tiverem oportunidade de tomar conhecimento deles, procurem imitá-los. Porém, quando recebermos uma ofensa, devemos escrevê-la na areia, bem perto das águas, para que seja por elas levada. Assim procedendo, ninguém tomará conhecimento dela. E, acima de tudo, para que qualquer mágoa desapareça de pronto do nosso coração.
* * * 
Sábia ponderação de Farid. 
Se agíssemos todos desta forma teríamos menos ódio e malquerenças no mundo. 
A gratidão seria a nota constante nos relacionamentos humanos. Ninguém esqueceria o bem recebido. 
Igualmente, os gestos de bondade se espalhariam, pois seriam causa de imitação por muitos. 
Em contrapartida, menos doenças e indisposições seriam geradas pelos homens, pois não alimentando mágoa, nem rancores, viveriam mais serenamente, o que equivale a menos propensão a enfermidades. 
A mágoa é sempre geratriz de infortúnios para si e de infelicidade para os outros. 
* * * 
Você sabia que foi por ser o mais Sábio Terapeuta que recomendou o perdão aos inimigos? 
E mais: que Ele recomendou pagássemos o mal com o bem? 
Isso porque o bem felicita sempre aquele que o pratica. 
Redação do Momento Espírita, com base em história publicada no Jornal Correio Fraterno do ABC, de janeiro/1997. Disponível no CD Momento Espírita, v. 2, ed. FEP. 
Em 23.11.2022.

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

FUNDADORES DE REINOS

J. Herculano Pires
Existiu na Mesopotâmia, um reino. 
Localizado em rota estratégica, era um importante e próspero lugar, centro de comércio e comunicações. 
Chamava-se Mari e era diferente de todos os demais reinos da Antiguidade. 
Seu rei não usava espada. 
Ao contrário, ele estendia a mão em sinal de bênção e paz. 
Um estranho mundo, com certeza, onde predominava o amor e a bondade, em meio aos ferozes domínios que o cercavam. 
Mais impressionante do que esse reino, que foi destruído em 1742 a.C., um outro fora antes fundado, mais justo e mais fascinante. 
Seu fundador foi um jovem carpinteiro. 
Ele o proclamou num sábado, numa cidade quase insignificante, chamada Nazaré. 
Naquele dia, judeus ansiosos pela salvação de Israel ocupavam a sinagoga. 
O Carpinteiro passou entre eles e se sentou. 
Sua túnica brilhava, causando assombro entre os presentes. 
Como podia brilhar tanto? 
Quando lhe permitiram falar, levantou-se, tomou nas mãos o rolo da Torá e o abriu, nos escritos de Isaías. 
Com voz serena, leu: 
-O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres. Enviou-me para proclamar a libertação dos cativos e a restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos e apregoar o ano aceitável ao Senhor.
Concluindo a leitura, fechou o livro, e tornou a se sentar. 
Ele estendeu o olhar por todos os presentes, e afirmou: 
-Hoje se cumprem estas palavras do profeta. 
De início, houve um grande silêncio. 
Depois, se manifestaram alguns gestos de impaciência. 
Os protestos se fizeram mais fortes, abafando a voz calma, que falava de um reino de amor e de justiça. 
A multidão avançou para Ele, 
O agarrou e arrastou para fora. 
Levaram-nO para o alto de um monte, desejando precipitá-lO dali para baixo, entre rochas pontiagudas e muitas pedras. 
Ele, no entanto, desembaraçou-se, tranquilamente, daqueles punhos de ferro e desceu a encosta, rumo à cidade.
E foi para outras bandas pregar o Seu reino. 
* * * 
Um reino. Quem pode fundar um reino? 
Em verdade, qualquer um de nós pode fundar um reino porque cada homem tem o poder de criar o que quiser. 
O reino terá as características que desejarmos. 
Pode ser um reino de guerra ou de paz, de amor ou de ódio, como o fizermos. 
Por isso, ainda hoje, na Terra, se multiplicam os reinos da mentira, da violência, da maldade, da subjugação do outro. 
Podemos fundar o reino da descrença, um reino árido, estreito e seco.
Um reino sem luz, que não consegue estabelecer fronteiras muito além de si mesmo. 
Ou o reino da injustiça, da ganância, um reino de intrigas e abusos de toda ordem. 
No entanto, podemos aderir ao reino proclamado há dois mil anos e fundar, onde nos encontrarmos, o nosso reino. 
Um reino de paciência, que suporta as tolices dos demais e apenas esclarece, desejando fazer luz. 
Um reino de amor, que ampara o próximo, que admira a natureza e a protege, que zela pelo bem-estar do outro. 
Um reino de concórdia, de entendimento, o reino de Deus. 
O local, todos o temos, enorme, inigualável, o nosso coração.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 1, do livro O reino, de J. Herculano Pires, ed. Edicel, com transcrição do Evangelho de Lucas, cap. 4, vers. 18 e 19. 
Em 24.11.2022.

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

INSTRUMENTO DIVINO

CHICO XAVIER
E
MADRE TERESA DE CALCUTÁ
Deus, com Sua infinita bondade e misericórdia, de tempos em tempos, envia, à nossa morada, pessoas que representam o Seu amor. Ele canta para todo o mundo através de artistas que nos mostram uma beleza inimaginável em suas vozes e composições. 
Wolfgang Amadeus Mozart tinha somente quatro anos quando compôs seu primeiro concerto e aos doze anos de idade, tinha composto uma ópera completa. Verdadeiro prodígio infantil, dava recitais para reis e imperadores na sua época. Foi rapaz irreverente,mas de sua alma saíam as mais belas notas jamais tocadas. Em suas composições há uma mistura de sons onde os instrumentos harmonizam o conjunto com imenso encanto. Criou uma música carregada de inquietação e de muita emoção e através dessa melodia, celebrava a glória Divina. 
Nos braços de Madre Tereza de Calcutá, pobres abandonados de todo o mundo encontraram conforto e esperança. Deus oferecia o Seu abraço. Ela escolheu viver com sacrifício e renúncia, doando-se ao próximo e servindo a Jesus em muitos lugares. Não importava a qual religião pertenciam as pessoas que ajudava, pois ela sabia que todas as religiões que nos ligam verdadeiramente ao Alto, são como flores de um mesmo jardim. 
Através do exemplo de vida de Francisco Cândido Xavier, Deusmostrou ao mundo a humildade, a paciência e a esperança. E na vida de outro Francisco, o de Assis, na Itália, o Pai Celestialnos apresentou a grandeza da fé. Através de Jesus Cristo, nosso Divino Amigo, Deus nos mostrou o roteiro seguro a seguir, caminho para a verdadeira felicidade. 
* * * 
Há muitas pessoas anônimas que transitam pelo mundo espalhando bênçãos Divinas. 
Todas as vezes que nossos sorrisos ensinam alguém a sorrir, que nossos abraços transmitem afeto, que nossa ajuda ao próximo é desinteressada, estamos nos permitindo ser instrumentos do Criador.
Eleage através de cada um de nós. 
Podemos ser, a todo instante e em qualquer lugar, uma dessas pessoas que representa a bondade Divina na Terra. 
Basta que deixemos que o Seu amor nos permeie totalmente e comande nossa vontade com sabedoria. 
Mesmo que não tenhamos grandes talentos para encantar o mundo, nem dons espetaculares, todos têm algum bem espiritual para oferecer à Humanidade e, dessa forma, ajudar a construir um mundo melhor e uma sociedade mais feliz. 
Busquemos descobrir os valores que possuímos e os coloquemos em benefício do próximo. 
Deus nos presenteia com inúmeras bênçãos, procuremos também oferecer-lhe os mimos da nossa conduta. 
Há quem caminhe pelo mundo necessitando de companhia. Sejamos nós a oferecer a amizade sincera. 
Encontramos com frequência alguém a quem podemos estender a mão. 
Uma palavra gentil sempre será bem-vinda. 
Um sorriso sincero pode iluminar o dia de um caminhante solitário.
Não permitamos que as pessoas se afastem de nós sem levar algo bom de nossa presença. 
Com atitudes simples e exemplos singelos, pautados nos ensinamentos cristãos, nos tornamos um valioso instrumento para Deus.
Redação do Momento Espírita. 
Em 20.4.2013.

terça-feira, 22 de novembro de 2022

A SABEDORIA DO MINISTRO

Aquele rei contava com um Primeiro Ministro bom e sábio, que costumava afirmar: 
-Tudo que Deus faz é bom... 
O rei tinha dois passatempos diários: um deles era trabalhar com madeira, fazendo talhas e esculturas. O outro era cavalgar pela floresta todas as manhãs, em companhia de seu Primeiro Ministro. Durante as cavalgadas, conversavam sobre os mistérios da vida. O rei procurava explicações para suas aflições e, nas palavras de sabedoria do Ministro, encontrava conforto para seu coração. Certo dia, enquanto se distraía, em sua oficina, esculpindo um pedaço de madeira, o rei sofreu um acidente que lhe decepou o dedo indicador. Desesperado e aflito, buscou o Primeiro Ministro para que lhe explicasse o motivo pelo qual Deus havia permitido que isso acontecesse com ele, uma pessoa boa, justa e honesta. Para sua surpresa, em vez de confortá-lo, o sábio limitou-se a repetir: 
-Tudo que Deus faz é bom. 
O rei, irado e desconsolado, mandou que os guardas o levassem para a prisão. Depois disso, sua vida ficou diferente. Não tinha ninguém com quem pudesse confidenciar pensamentos e, suas cavalgadas, pela manhã, se tornaram solitárias. Num desses dias, em que se distanciou em demasia, foi aprisionado por selvagens. Chegando à tribo, viu o monarca como tudo se encaminhava para um grande sacrifício aos deuses. Enquanto estava sendo preparado, o feiticeiro da tribo se aproximou dele e percebeu que ele não possuía um dos dedos da mão. De imediato, ordenou que tudo fosse suspenso e que o prisioneiro fosse libertado. Um ser incompleto, como aquele, não poderia ser oferenda digna para os deuses. Em seu retorno ao castelo, enquanto caminhava pela floresta, pensava sobre o que havia acontecido. Realmente, tudo que Deus faz é bom. Se não tivesse perdido um dedo, teria perdido a vida. Uma questão, porém, ainda lhe perturbava a mente: o que explicaria a permanência do seu fiel Primeiro Ministro na prisão, durante todo aquele tempo? Seria esse Deus justo apenas para com quem comandava o reino e não para com Seus súditos? Ordenando que o Primeiro Ministro fosse solto e trazido à sua presença, pediu que ele lhe explicasse o motivo pelo qual Deus havia sido tão injusto para com ele, homem tão bondoso. Como permitira que fosse aprisionado? 
-Agora compreendo, disse o soberano, que perdi um dedo mas, em compensação, não perdi a minha vida. No entanto, não entendo por que Deus não foi benevolente com você. Como isso pode ter sido bom para você? 
O sábio e paciente amigo então lhe respondeu: 
-Vossa Alteza esqueceu que tínhamos o costume de cavalgar juntos todas as manhãs? O que teria acontecido comigo se eu estivesse em companhia de Vossa Majestade, na floresta? Afinal, eu tenho todos os meus dedos... Deus faz coisas que, em determinados momentos, não podemos compreender e as julgamos erradas, mas no futuro entenderemos que foram em nosso próprio benefício. E por fim concluiu: Tudo que Deus faz é bom. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada. 
Em 21.11.2022.

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

INSTRUMENTO DE DEUS

Simon Birch
Simon Birch era um garoto especial. Ao nascer, surpreendeu pelo tamanho minúsculo e deformidades que o tempo se encarregaria de acentuar. As pernas eram tortas, dificultando-lhe o andar. Os braços curtos apresentavam mãos de dedos pequenos e disformes. Cedo precisou de óculos para a visão deficitária e de aparelho para surdez. Aos doze anos, sua estatura parecia a de uma criança de três anos, com a cabeça um pouco desproporcional ao tronco. Tudo isso equivale a dizer que sua presença não era agradável. Mesmo assim, Simon era um garoto que não se permitia derrotas. Alimentava uma enorme fé em Deus. Acreditava, firmemente, que cada criatura tinha um papel especial a desempenhar no mundo, independente de sua estatura, cor da pele, condição social. Dizia que Deus nada criava inútil. Quando lhe dirigiam gracejos por causa da sua estatura, das suas deformidades ou sua fraca habilidade para os esportes, afirmava categórico que Deus devia ter um motivo muito especial para tê-lo criado tão pequeno. Em algum momento, suas condições físicas haveriam de lhe permitir ser um instrumento dEle para algo positivo. Enquanto os dias se passavam, sem muitas novidades, Simon se esmerava em praticar respiração debaixo d’água. Desejava superar suas próprias marcas e, gradativamente, aumentava o tempo dos exercícios, mesmo nos dias frios do outono ou no início da primavera, com as águas do rio ainda gélidas. Durante o inverno de 1964, no retorno de uma excursão escolar, o ônibus sofreu um acidente. Os freios falharam, o gelo e a neve colaboraram para que o motorista perdesse o controle total do veículo, que caiu nas águas geladas do rio. As crianças entraram em pânico, gritando em desespero. Em meio à gritaria, Simon subiu em um dos bancos, pediu silêncio e calma. As crianças o olharam assustadas e silenciaram. Aquele garotinho minúsculo não tinha medo e dava ordens, como quem sabia o que estava fazendo. Uma a uma as crianças foram retiradas, ao seu comando, por um dos garotos maiores, com auxílio de terceiros que surgiram depois. O longo tempo de exposição ao frio lhe valeria uma enfermidade pulmonar mas, naquele dia, quando o ônibus desapareceu por inteiro no fundo das águas, Simon conseguiu escapulir pela janela lateral, pequena e estreita. 
-Você percebeu como eu tinha razão? disse a um amigo. Deus me fez para ser Seu instrumento. Eu tinha certeza que minha vida tinha um motivo muito especial. 
* * * 
Instrumento de Deus somos todos nós, pois que a Divindade toma das mãos dos homens para concretizar o bem na Terra. 
Ele se serve da boca acostumada a falar o bem para espalhar a esperança entre os desalentados. 
Toma dos braços acostumados às carícias fraternas e envolve o carente no calor do Seu amor. 
Enfim, faz de cada filho Seu um intérprete da Sua bondade, do Seu desvelo e da Sua misericórdia na Terra, a fim de que o mundo tenha o colorido da primavera em pleno inverno de dores. 
Redação do Momento Espírita, com base no filme Simon Birch. 
Em 18.1.2013.

domingo, 20 de novembro de 2022

INSTINTO MATERNO

Era noite e o casal resolveu sair para fazer umas compras no shopping. Embora a esposa tivesse insistido com o marido para irem de carro, temendo a violência das ruas, ele a convenceu que deveriam ir a pé. A rua estava bastante deserta e, logo, o casal avistou uma jovem, andando sozinha, mais à frente. Dois rapazes, visivelmente mal-intencionados, que surgiram não se sabe de onde, passaram a segui-la para, talvez, a assaltar na primeira oportunidade que surgisse. Percebendo a situação, a esposa chamou a atenção do marido para o risco que a garota estava correndo. Sem titubear, segurou o braço do esposo e apressaram o passo. Antecipando-se aos suspeitos, num gesto instintivo, aquela mãe colocou a mão sobre o ombro da moça e a conduziu como se fossem velhas conhecidas. A garota estava amedrontada, pois já havia notado que estava sendo seguida, mas não sabia o que fazer, e por isso aceitou aquela ajuda providencial. Vinda de uma cidade do interior do Estado, para fazer vestibular na capital, a menina não conhecia os perigos de se andar à noite, principalmente numa rua quase deserta. Estava indo ao supermercado comprar alimentos para preparar seu jantar, sem desconfiar dos perigos que a rondavam. 
-Ao ver a moça, lembrei-me de uma de nossas filhas e corri para socorrê-la, disse-nos aquela jovem mãe. 
O instinto materno falou alto e ela evitou que uma jovem, que sequer conhecia, fosse assaltada, agredida, violentada, morta. 
E a mãe da garota, que talvez estivesse em casa, na cidade distante, rogando a Deus que protegesse sua filha na capital, teve atendida a sua oração. 
São tantas desgraças que acontecem, com a onda de violência que assola a sociedade, que certamente os pais ficam preocupados com os filhos distantes. 
Muitos saem de casa para uma festa, para o trabalho ou para outra atividade qualquer, e não retornam jamais aos braços da família... 
É por essa razão que gestos como o dessa mãe, que teve a coragem de se antecipar aos malfeitores e salvar a garota de uma desgraça, são considerados heroicos. 
Num tempo em que cada um cuida de si mesmo e trata de defender a própria pele, sem se importar com os demais, 
Deus tem dificuldade para atender as orações das mães que rogam proteção para seus filhos amados. 
Talvez algumas pessoas pensem que hoje em dia não convém se expor ao perigo, pois se corre riscos também. 
Sem qualquer apologia à temeridade, os pequenos gestos de coragem podem mudar o rumo de uma vida. 
Quando o instinto maternal ou o instinto de fraternidade fala mais alto, podemos conseguir grandes resultados, sem exposição irrefletida ao perigo. 
Basta que andemos atentos, como filhos da luz e não como filhos da indiferença. 
Basta que façamos o que gostaríamos que fizessem conosco ou com um ser amado nosso. 
Muitas vezes Deus nos coloca no caminho de alguém para ajudar, já que é através dos homens que Deus auxilia e socorre o homem.
Importante pensar nisso com carinho, como fez aquela mãe ao ver a jovem correndo perigo: 
-Podia ser minha filha. 
Depois de pensar, agir, movimentando os passos na direção certa, que é sempre a direção do bem. 
Pense nisso! 
Você perceberá que em muitas situações do dia-a-dia uma atitude sua pode fazer a diferença. 
Muita diferença mesmo... 
Redação do Momento Espírita, com base em fato. 
Em 02.10.2012.

sábado, 19 de novembro de 2022

INSTINTO E INTELIGÊNCIA

JOANNA DE ÂNGELIS
DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
CRISTO
É comum presenciarmos, no trânsito, espetáculos lamentáveis de ira e de descontrole. 
Dias atrás, em uma manhã fria e cinzenta de uma capital brasileira, um carro, sem dar o sinal correspondente, simplesmente avançou para a pista da esquerda quase atingindo uma moto que passava ao seu lado. 
Embora o incidente pudesse ter causado danos e prejuízos, em verdade, nada aconteceu. 
Não houve colisão e ninguém se feriu. No entanto, o motociclista visivelmente irritado com o ocorrido, pôs-se a perseguir o veículo de forma nervosa e, quando o alcançou, agrediu verbalmente seu condutor. 
Não considerando isso suficiente, chutou por diversas vezes a lataria do carro, entre berros e xingamentos. 
Foi uma cena deprimente e que só não teve consequências mais nefastas porque o motorista do carro não manifestou qualquer reação, retirando-se, sem revidar a agressão. 
* * * 
Toda vez que o indivíduo reage, dominado por qualquer tipo de violência, os atos que disso decorrem são manifestações dos instintos agressivos que nele predominam. 
Quando, ao invés de revide ou de autodefesa, age com equilíbrio e compaixão pelo opositor, é um resultado de expressão da inteligência. 
O instinto, por vezes se exterioriza armado, em mecanismo de autodefesa, preservando a própria vida. 
E, geralmente, leva ao desespero e suas reações produzem desarmonia mental toda vez que se exalta e se acredita em risco. 
A inteligência, por sua vez, quando liberada dos artifícios do instinto, aclara a situação, mesmo quando desagradável, propondo soluções de bem-estar e de efeitos saudáveis. 
Os instintos são essenciais à vida porque preservam as heranças do desenvolvimento antropológico do ser e continuam agindo com os seus automatismos para a conservação do corpo. 
A inteligência é fundamental para a conquista do infinito, porque oferece recursos que tornam a qualidade de vida muito melhor. 
O instinto, quando desenvolvido e educado, torna-se um sentido a mais, vigilante no organismo em defesa de sua estrutura biológica, e a inteligência é a luz balsâmica a conduzi-lo no labirinto das agressões externas que o ser deve enfrentar. 
Judas, movido por instinto infeliz, de medo e de ambição desmedida, enganou-se, traindo Jesus. 
Maria Madalena, guiada pela inteligência, libertou-se dos instintos vis que a dominavam, encontrando Jesus e libertando-se do vício.
Pilatos lavou as mãos, por instinto, evitando envolver-se na trama da covardia farisaica e, por falta de inteligência lúcida, comprometeu-se de modo vil, desperdiçando abençoada oportunidade que se lhe apresentava. 
Guiado pela inteligência iluminada pelo sentimento de amor, o instinto se transforma em instrumento de felicidade. 
Em todas as circunstâncias da vida, no trânsito, no trabalho, na família, compete-nos recordar que as reações violentas são resultado de um instinto ainda pouco depurado, enquanto que o exercício do verdadeiro perdão é uma demonstração inequívoca de inteligência e de caridade. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 2, do livro Lições para a felicidade, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed.LEAL. 
Em 20.1.2015.

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

SORRINDO NA TEMPESTADE

PAULO COELHO
Aquela menininha, diariamente, fazia o caminho para a escola sozinha e a pé. Naquela manhã, apesar do mau tempo, do vento forte e das nuvens ameaçadoras, ela seguiu em direção à escola. Ao longo do dia, o vento foi aumentando. Formou-se uma tempestade com muitos raios e trovões. A mãe pensou que sua filha poderia sentir medo de voltar sozinha em meio ao temporal. Afinal, ela mesma estava bastante assustada. Preocupada, entrou em seu carro e dirigiu, em meio à tempestade, para buscar a pequena, na escola. Não demorou muito e ela avistou a sua filha andando pela estrada. Observou que, a cada relâmpago, a criança parava, olhava para cima e sorria. Outro e outro relâmpago. A garotinha parava, olhava para cima e sorria. Finalmente, a menina entrou no carro. A mãe, curiosa, perguntou: 
-Filha, o que você estava fazendo? 
E ela, alegre e despreocupada, respondeu: 
-Eu estava sorrindo. Deus não para de tirar fotos minhas! 
 * * * 
 A inocência da infância.
A lição da simplicidade de descobrir beleza em todas as coisas. 
De confiar em quem é o Criador de todo o imenso Universo, Pai amoroso e bom, que está atento a tudo. Pudéssemos nos recordar, em nossa vida, dos momentos mágicos da infância e nossa vida seria menos complicada. 
Quando os temporais das adversidades nos chegassem, lembraríamos de que Deus tudo sabe e vela por nós. 
Quando os ventos das inquietudes nos balançassem, recordaríamos de que nada de mal nos deverá ocorrer, que não seja do conhecimento de Deus. E se Ele sabe, então, tudo está certo. 
Não haveremos de sofrer além do que esteja dentro das nossas necessidades. 
Quando os relâmpagos das calúnias e das inverdades riscassem os céus dos nossos atos, teríamos em mente que não importa o que os homens digam. 
Deus sabe a verdade. 
E nos preocuparíamos menos em nos defender e mais em prosseguir agindo de forma correta e digna. 
Quando a chuva inclemente do abandono nos fustigasse a alma, teríamos em mente que não estamos sós. 
Deus segue conosco. 
Estabeleceríamos a ponte da comunicação entre Ele e nós, através da prece sincera e devotada, prosseguindo sempre. 
Quando o frio da indiferença de amigos antes devotados nos enregelasse, provocando-nos lágrimas de dor, nos lembraríamos de que Deus nos ama. 
E tornaríamos a pedir que Ele permaneça conosco, a fim de que a noite da solidão não nos perturbe, nem amedronte. 
Enfim, se os verdes anos da infância falassem em nossa vida, seguiríamos pelas veredas do mundo mais tranquilos. Porque sempre teríamos em mente que o bem é superior ao mal, que é transitório e fugaz. 
Que Deus é todo poder, bondade e sabedoria e tudo o que Ele faz traduz essas virtudes em grau infinito. 
Finalmente, seguiríamos, pela estrada, confiantes de que nada escapa ao olhar profundo da Divindade. 
* * * 
Deus existe. 
É infinitamente justo e bom: essa a Sua essência. 
A sua solicitude a tudo se estende. 
Só o nosso bem, portanto, pode Ele querer. 
Disso se conclui que devemos confiar nEle: é o essencial. 
Assim, em meio à tempestade, olhemos para o alto e utilizemos nosso sorriso, avançando sempre, vencendo os percalços. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto Inocência, de autoria ignorada e no cap. 2, item 30, de A gênese, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 18.11.2022.

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

VELHAS ÁRVORES(Soneto)

O
lha estas velhas árvores, mais belas 
Do que as árvores novas, mais amigas: 
Tanto mais belas, quanto mais antigas, 
Vencedoras da idade e das procelas… 

O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas 
Vivem, livres de fomes e fadigas; 
E em seus galhos abrigam-se as cantigas 
E os amores das aves tagarelas. 

Não choremos, amigo, a mocidade! 
Envelheçamos rindo! Envelheçamos 
Como as árvores fortes envelhecem: 

Na glória da alegria e da bondade, 
Agasalhando os pássaros nos ramos, 
Dando sombra e consolo aos que padecem! 

Os versos nos convidam a pensar sobre o envelhecimento.
Envelhecer bem é desejo de todos, no entanto, o que entendemos por envelhecer bem? 
Preservar o vigor e a beleza da época juvenil ou mesmo da vida adulta? 
Recursos não nos faltam para isso, nos dias atuais. 
Seria, quem sabe, manter a saúde intacta, sem doenças, sem grandes distúrbios físicos ou mentais, postergando o momento da partida o máximo possível? 
Ou, seria, talvez, alcançarmos os anos sem nos tornarmos dependentes para as mínimas questões da nossa vida? 
Sem precisarmos que alguém nos alimente, nos higiene, nos transporte, nos acomode? 
Curioso como ainda parecemos os mesmos... 
Aqueles que, desde eras distantes, buscavam o elixir da vida eterna ou as tais fontes da juventude. 
Curioso é que procuramos por algo que sempre esteve conosco... 
A vida do Espírito é imortal. 
Cada ciclo de vida, num determinado planeta, uma encarnação, obedece regras, leis da matéria, que está em constante transformação.
Tudo que surge no planeta, nasce, desenvolve seu papel e depois morre. 
Morre para ser transformado em algo que surgirá novamente, aqui mesmo, de forma distinta.
Por isso, nem mesmo na matéria algo se destrói. Lavoisier, cientista francês do Século XVIII, proclamou com sabedoria que em a natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. 
Assim, envelhecer bem não se trata de evitar o inevitável.
Envelhecer bem diz respeito a cumprir a missão que nos cabe. 
As árvores, quando novas, servem à natureza de uma determinada forma. 
Quando velhas, continuam servindo, apenas de outras maneiras. 
A experiência, a sabedoria, a visão madura das velhas árvores deveriam ser muito mais respeitadas do que são. 
As velhas árvores deveriam ser referências. Deveriam ser admiradas, estudadas. 
Cada árvore nova deveria ter sempre por perto uma pequena floresta de árvores antigas para poder ser visitada sempre que possível. 
As velhas árvores têm condições de agasalhar os pássaros em seus ramos como ninguém mais. 
Podem não mais oferecer abundância de frutos e de flores, mas vejamos quantas outras coisas podem ofertar ao viajante do caminho! 
* * * 
Que possamos enobrecer essa fase tão singular da existência na Terra com mais respeito, gratidão e admiração. 
Uma sociedade que não cuida de seus idosos, com mínima dignidade, não se pode dizer civilizada e, muito menos, se dizer evoluída. 
Que possamos envelhecer bem, com alegria na alma. 
Envelhecer bem, com a consciência em paz. 
Envelhecer bem, cuidando dos que vieram antes e nos ensinaram tanto! 
Redação do Momento Espírita, com base no soneto Velhas Árvores, de Olavo Bilac, do livro Poesias, ed. Martin Claret. 
Em 17.11.2022.

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

INSTANTE DA MORTE

Allan Kardec
Allan Kardec, Codificador do Espiritismo, perguntou aos Espíritos:
-Qual o sentimento que domina a maioria dos homens no momento da morte: a dúvida, o temor, ou a esperança? 
Os Benfeitores responderam: 
-A dúvida, nos descrentes contumazes; o temor, nos culpados; a esperança, nos homens de bem. 
Em todos os tempos, o homem se preocupou com o seu futuro para lá do túmulo e isso é muito natural. 
Qualquer que seja a importância que dê à vida presente, não pode ele deixar de considerar o quanto essa vida é curta. 
E, sobretudo, precária, pois que, a cada instante está sujeita a interromper-se, nenhuma certeza lhe sendo permitida acerca do dia seguinte. 
Que será dele, após o instante fatal? 
Questão grave esta, porquanto não se trata de alguns anos apenas, mas da eternidade. 
Aquele que tem de passar longo tempo em país estrangeiro, se preocupa com a situação em que lá se achará. 
Como, então, não nos haveria de preocupar a situação em que nos veremos, deixando este Mundo? 
Advindo da vida imortal, o homem guarda vaga lembrança do que sabe e do que viu no plano espiritual. 
Isso faz com que, no instante da morte ele sinta que não estará definitivamente liquidado. 
Chegando, assim, o instante da morte, conforme ensinam os Espíritos, cada um se sentirá de acordo com sua consciência. 
Se traz a consciência culpada, sentirá temor. 
Se foi um homem céptico, descrente, sentirá, inelutavelmente, a dúvida. 
Mas, se foi um homem de bem, um homem bom, a esperança lhe fará companhia, ao despedir-se do corpo que lhe serviu de instrumento para bem viver. 
A questão é simples: morre-se como se vive. 
Tal vida, tal morte, diz a sabedoria popular. 
A razão nos diz que o fato de deixarmos o invólucro carnal, não nos tornará melhores nem piores do que fomos até então. 
A natureza não dá saltos. 
O que podemos, e isso nos é possível, é buscar viver de conformidade com as Leis Divinas desde agora, enquanto estamos a caminho. 
Poderemos, se quisermos, vencer a descrença, buscando estudar as obras que falam de imortalidade, da realidade objetiva que nos aguarda após o decesso carnal. 
Poderemos, ainda, aliviar a consciência culpada através da reformulação de valores, da reforma moral, envidando esforços para melhorar a nossa paisagem íntima, desde já. 
Todavia, isso é de foro íntimo de cada um de nós, de quem depende, exclusivamente, a vontade de conquistar um estado d'alma tranqüilo, não só no instante da morte, mas em todos os instantes da vida, que é eterna. 
* * * 
A idéia do nada no Além-túmulo tem qualquer coisa que repugna à razão. 
O homem, por mais despreocupado seja durante a vida, em chegando o momento supremo, pergunta a si mesmo o que vai ser dele, e sem o querer espera algo mais que o nada. 
A razão nos diz que crer em Deus, sem admitir a vida futura, é um contra-senso. 
O sentimento de uma existência melhor reside em todos os homens e não é possível que Deus aí o tenha colocado em vão. Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base nas questões 958 a 961 de O livro dos espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb. 
Em 04.04.2008.

terça-feira, 15 de novembro de 2022

CREDORES DA NOSSA COMPAIXÃO

Como é possível alguém tão gentil, prestativo, tomar uma decisão tão terrível? 
Como é possível alguém que dedicou sua vida ao próximo, com uma folha impecável de serviço honesto, nobre, decidir partir dessa forma? 
Como pode alguém tão preocupado com o meio ambiente, a ponto de sair à rua recolhendo bitucas de cigarro, jogadas ao chão por quem não se importa com a ecologia, definir-se por uma ação drástica?
Como é possível alguém, que plantou centenas de flores, num jardim de amor, optar por levar consigo a amada de tantos anos? 
Um jardim onde cada vaso, ao lado do nome científico, trazia anotação do significado da espécie, na linguagem das flores:
Lembranças preciosas, Amor puro, Amor imutável, Boas notícias, Consideração no amor, Eu te amo! 
Como pode alguém que orientava os jovens para que não fumassem, a fim de não terem encurtadas as suas vidas, decidir acabar com a sua própria? 
Essas eram as questões que aquele rapaz se fazia, ao encontrar dois corpos, um ao lado do outro, no apartamento silencioso. 
Ao lado do corpo do marido, um bilhete: 
Estamos deixando este mundo juntos. 
Pedimos desculpas aos que vierem tudo limpar. 
Revolta surda o envolveu. 
Para os amigos que decidiram preparar um funeral com muitas honras, disse que aquele homem não merecia. 
Ele desistira da sua vida e ainda levara consigo a esposa que dizia amar. 
Como pode alguém optar pela morte quando se diz cheio de amor?
Foi pesquisando os últimos acontecimentos que o jovem constatou o porquê da dor que conduzira um homem de mais de sessenta anos a esses atos: a esposa estava doente há muito tempo e se dizia cansada; ele fora demitido e recebera diagnóstico de câncer, em estágio avançado. 
Mas, o mais terrível de tudo é que em nenhuma anotação, ele pudera perceber que aquele homem tivesse fé em um Ser Superior. 
Um Ser, que criou a todos, que vela por todos. 
Desconhecia que existe uma justiça apresentada ao mundo por um Mestre Galileu, há milênios: 
-A cada um segundo as suas obras. 
Assim, se o que nos alcança hoje não tem origens no presente, deve-se a reajustes para com a lei divina, decorrentes de outras existências. 
Para aquele homem, tão cheio de gentilezas, faltava exatamente isso: a crença em um Deus, justo e bom. 
Faltava dignificar cada um dos seus dias com o diálogo sincero de um filho com o Pai, a fim de poder lhe sentir a resposta generosa:
-Você não está sozinho. Prossiga lutando. Tudo passa. 
* * * 
Como faz falta Deus nas almas! 
Nestes dias de incertezas e inquietudes, imprescindível a certeza de uma vida além da morte, de leis justas que regem o Universo e nossas vidas. 
Que, depois da morte, prosseguimos a viver e que, os que destruímos o precioso vaso físico, não seremos felizes. 
Ao contrário, dores mais acerbas dos que as que nos atormentam por cá, nos aguardam. 
Para esses seres, que desistem da luta, envolvidos em dores que pretendem amenizar, sejam nossas preces. 
São nossos irmãos, credores da nossa compaixão, de nossas rogativas junto a Doce Mãe de Jesus. 
Lembremos disso, hoje, amanhã, todos os dias. 
Redação do Momento Espírita, com base na série televisiva coreana A Caminho do Céu. 
Em 15.11.2022.

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

INSPIRANDO A VIDA

Viver é uma experiência enriquecedora. 
É como se seguíssemos todos por uma estrada longa, a perder de vista. 
Cada qual se apresenta na posição conquistada. 
Passando pela estrada, os mais sábios deixam suas marcas positivas, para inspirar os que venham logo depois. 
Os que lideram essa caminhada são experientes no percurso.
Observam os demais com infinito carinho e com o desejo de que saiam vitoriosos depois dos desafios da caminhada. 
Viver é um grande desafio e, se nos mantivermos distantes dos possíveis guias, corremos o risco de nos perdermos. 
Uma das coisas que mais gratifica o nosso viver, tornando a vida especial, é que observamos que ela é um eterno processo de inspirar e ser inspirado. 
Aqui são histórias de alguém que, deixando gravadas as suas experiências, nos estimula a querermos ser melhores. 
Acolá, detalhes de grande sabedoria a nos inspirar o conhecimento de algo mais, que nos enriquecerá. 
Cada passo retratado dessas experiências nos inspira movimentos diversos de elevação em nosso caminhar. 
Talvez seja porque essas criaturas superaram desafios que desconhecemos. 
Algumas fizeram ou descobriram algo inédito. 
Outras demostraram algo considerado impossível, algo menosprezado, ou inovaram a sua maneira de ser. 
São almas valorosas que passaram pelos mesmos caminhos que hoje passamos e deixaram suas marcas para direcionar os nossos passos.
Muitos mestres, que reformularam o pensamento da sua época, nos deixaram exemplos que, seguidos fielmente, só nos felicitarão a caminhada. 
Por nossa vez, utilizemos a inspiração que nos direciona para o Alto e para frente, a fim de também deixarmos registrados os nossos passos positivos como alavanca para outros. 
Essas inspirações acrescentam novos registros e enriquecem os saberes já conquistados. 
Os conhecimentos de que hoje desfrutamos sobre a Imortalidade são pontos de relevância para todas as criaturas. 
Construamos meios de deixarmos esses ensinamentos gravados em nossos exemplos. 
Nada haverá de inspirar mais do que o fato de mostrarmos que esta vida é passageira e que, em qualquer passo da caminhada, poderemos nos separar. 
Sim, nosso caminho pode se bifurcar em determinado ponto, e teremos que nos separar momentaneamente. 
Nem por isso estaremos sozinhos ou desamparados. 
Apenas seguiremos por estrada paralela, por um tempo, certos de que, em algum momento, voltaremos a trilhar a estrada maior, conquistando mais aprendizados. 
Nosso amor e carinho pelos que continuam na mesma caminhada jamais se perderá. 
Em breve, retornaremos. 
Haveremos de nos reunir, em outras formações, sempre nos reencontrando e agregando elementos ao grupo anteriormente formado. 
Com certeza, trazendo mais valores que possam inspirar positivamente aos que nos acompanharem. 
A vida é um eterno aprendizado, que nos torna a uns mestres, a outros, aprendizes dessas lições que nos enriquecem a alma.
Inspirando ou inspirados, sejamos doces aprendizes e defensores das sagradas lições que nos elevam constantemente. 
Aprendendo ou ensinando, sigamos o nosso caminho confiantes.
Redação do Momento Espírita. 
Em 12.2.2022.

domingo, 13 de novembro de 2022

INSPIRAÇÕES ESPIRITUAIS

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
Ninguém avança pela estrada do progresso espiritual sem o auxílio de Deus. 
Muitas vezes esse auxílio nos é oferecido por intermédio dos nobres Espíritos que se transformaram em guias da Humanidade. 
Esses operosos servidores do bem estão sempre próximos de todos aqueles que lhes rogam ajuda ou que, por meio da oração e dos pensamentos elevados, sintonizam com suas presenças. 
São conhecedores de algumas ocorrências que estão delineadas nas existências de seus pupilos e dos desafios que os mesmos devem vivenciar. 
Por isso, inspiram-nos e guiam-nos pelo caminho mais apropriado para o sucesso, ou advertem-nos dos perigos iminentes que os espreitam. 
Através dessa inspiração é que ocorre o pressentimento. 
Ele é uma maneira eficaz da criatura parar e reflexionar em torno do que deve realizar e de como conduzir-se, contornando as dificuldades e avançando sem receio pela trilha do progresso. 
No entanto, caso o ser se deixe levar por atitudes equivocadas e rebeldes, não será capaz de se manter em sintonia com os Espíritos superiores. 
Em virtude das suas opções mentais e comportamentais, ele estará sob a influência de Espíritos infelizes. 
Esses, hábeis na técnica de transmitir ideias deprimentes e de conteúdos perturbadores, atormentam e iludem os imprevidentes. 
E, quando as entidades venerandas buscam de alguma forma orientá-los, esses, pela falta de hábito de assimilar-lhes as nobres ideias, recusam-nas, voltando às mesmas paisagens mentais que os infelicitam. 
Os pressentimentos, desse modo, devem ser analisados com cautela, avaliando-se qual a sua origem e de que tipo de mensagem são portadores. 
Afinal, podem ser valiosas orientações a afastar-nos do mal, ou maléficas sugestões a impelir-nos ao equívoco. 
Cabe-nos o uso do discernimento para avaliar com imparcialidade nossa conduta usual e a natureza da influência que recebemos. 
Há, ainda, a possibilidade de que os pressentimentos sejam ideias do próprio ser, que voltam à tela mental na forma de intuição, mas que nada mais são do que recordações de compromissos anteriormente assumidos. 
Ressurgem do inconsciente pessoal como eficiente maneira de conduzir o ser ao reequilíbrio e, assim, evitar novos tropeços. 
Os pressentimentos são fenômenos que muito podem contribuir para a felicidade das criaturas. 
No entanto, quando negativos ou ameaçadores, devem nos servir de motivo para que nos entreguemos à prece e a elevados pensamentos.
Alterando, assim, nossa faixa vibratória, seremos capazes de nos afastar de influências funestas e infelizes e, por consequência, receber a orientação benfazeja da Espiritualidade superior. 
Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, indagou, certa ocasião, aos Espíritos superiores a respeito da influência dos Espíritos nos pensamentos e nos atos dos seres encarnados. 
Foi-lhe respondido que essa influência é muito maior do que se poderia imaginar. 
Influem a tal ponto que, de ordinário, são eles que vos dirigem – consta na resposta à questão número 459 de O livro dos Espíritos.
Ora, cientes de que tal influência é usual e intensa, cabe-nos aprender a distinguir nossos próprios pensamentos daqueles que nos são sugeridos. 
Além disso, devemos ter em mente que os bons Espíritos sempre nos aconselham para o bem. 
Os Espíritos infelizes, porém, são incapazes disso. Resta-nos, portanto, usar o bom senso para fazermos tal diferenciação e nos valermos apenas das orientações que nos possam levar ao caminho do bem e da verdade. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap.13, do livro Lições para a felicidade, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL e no cap. IX, pt. 2, de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 18.11.2013.