sábado, 23 de julho de 2022

A IMPIEDADE

A falta de piedade e de indulgência na apreciação do comportamento dos outros, tem causado infelicidade e desgosto na vida de muitas pessoas.
Um dia desses uma senhora narrava o seu desconforto, quando percebia os comentários ácidos a seu respeito, quando ela e o marido buscavam os primeiros lugares para se sentar, nos eventos de que participavam. 
Ela, uma senhora muito jovial, sempre sorridente, simpática e cordial, é portadora de uma deficiência auditiva grave.
Mesmo com a ajuda dos aparelhos precisa da leitura labial para entender o que as pessoas falam. 
É esse o motivo pelo qual sempre busca os primeiros lugares, e o esposo lhe faz companhia. 
Na tentativa de evitar os comentários maldosos, ela costumava se justificar, sempre que havia alguém por perto, quando ia se sentar na primeira fila. 
Com o passar do tempo, notou que não bastava dar satisfação a uns, pois sempre restava alguém para comentar maldosamente a sua atitude. 
Como o casal se tornou conhecido em muitos dos lugares que frequenta, é comum encontrar duas poltronas reservadas, bem à frente, para se sentar.
E isso incomoda os impiedosos de plantão. 
Mais uma vez temos que dar razão a Jesus, quando recomendou o "Não julgueis". 
Quem desconhece todos os porquês das atitudes de cada pessoa, e estabelece julgamentos precipitados e maldosos, acaba agindo com impiedade e injustiça. 
Foi o que ocorreu com uma jovem cantora, portadora de deficiência visual, que se apresentava num restaurante. 
Um cliente, que simpatizou com a moça, passou a fazer gestos de aprovação e a lhe mostrar, vez ou outra, um copo com bebida, oferecendo-lhe um drinque. 
Como a moça não demonstrava nenhum sinal de interesse ou agradecimento, ao final da apresentação, ele foi até o palco e despejou um copo de bebida com pedras de gelo sobre os pés dela, e falou: 
-Isto é para você deixar de ser mal-educada e indiferente aos meus galanteios! 
A moça, que não sabia o que estava acontecendo, saiu tateando, assustada, em busca de alguém que a ajudasse a entender a situação. 
E o rapaz, só depois do vexame, se deu conta de que a cantora não era mal-educada, nem indiferente, apenas não podia vê-lo. 
Casos como esses nos levam a refletir sobre como somos impiedosos ao julgar indivíduos que desconhecemos. 
Não seria mais justo e coerente não julgar? 
E o que é mais lamentável é que mesmo percebendo que fomos injustos e impiedosos, dificilmente pedimos desculpas. 
A consciência nos acusa, mas o orgulho nos impede o gesto de humildade. 
E o orgulhoso sofre mais, não há dúvida. 
Ele prefere a autopunição, com enfermidades variadas, a um pedido sincero de perdão. 
É mais fácil para o orgulhoso amargar uma doença, causada pela consciência de culpa, do que reconhecer que falhou na apreciação de pessoas ou situações. 
E como a consciência nos acompanha dia e noite, e não podemos fazê-la calar-se, é preciso ouvi-la com mais atenção. 
* * * 
Procure observar o mundo com olhos de fraternidade, de piedade, de compaixão. 
Considere que as aparências podem nos enganar, muitas e muitas vezes.
Para construir um mundo onde a felicidade esteja mais presente, é preciso corrigir o nosso olhar e a nossa forma de apreciação de pessoas e situações. 
Pensemos nisso, sempre que a tentação de julgar os outros se apresentar.
Redação do Momento Espírita, com base em fatos. 
Em 23.5.2018.

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