Richard Simonetti |
Preparou uma armadilha infalível, como somente os maus podem conceber.
Tomou de um pássaro e o segurou nas mãos, imaginando que iria até o idoso e experiente mestre, formulando-lhe a seguinte pergunta:
-Mestre, o passarinho que trago nas mãos está vivo ou morto?
Naturalmente, se o mestre respondesse que estava vivo, ele o esmagaria em sua mão, mostrando o pequeno cadáver. Se a resposta fosse que o pássaro estava morto, ele abriria as mãos, libertando-o e permitindo que voasse, ganhando as alturas.
Qualquer que fosse a resposta, ele incorreria em erro aos olhos de todos que assistissem a cena.
Assim pensou. Assim fez.
Quando vários discípulos se encontravam ao redor do venerando senhor, ele se aproximou e formulou a pergunta fatal.
O sábio olhou aquele homem, profundamente, em seus olhos. Parecia desejar examinar o mais escondido de sua alma. Depois respondeu, calmo e seguro:
-O destino desse pássaro, meu filho, está em suas mãos.
* * *
A história pode nos sugerir vários aspectos.
Podemos analisar a maldade humana, que não vacila em esmagar inocentes para alcançar os seus objetivos.
Podemos meditar na excelência da sabedoria, que se sobrepõe a qualquer ardil dos desonestos.
Recordamos das tantas vezes em que os soberbos do Seu tempo prepararam armadilhas para o próprio Mestre dos mestres.
Sabemos como, pela Sua sabedoria, soube dar a resposta mais condizente, em todas as oportunidades.
Alertou para o respeito às leis dos homens, evitando, como Ele mesmo o disse, criar escândalos.
Também analisou leis injustas, criadas por homens injustos e assinalou a condição excelente do perdão, da segunda chance.
No caso em pauta, podemos sobretudo falar a respeito da destinação humana, ainda tão mal compreendida.
Normalmente, tudo atribuímos a Deus, à Sua vontade: as doenças, a miséria, a ignorância, a desgraça...
Ora, se Deus é infinito amor e bondade, conforme nos revelou Jesus, como conceber que Ele seja o promotor do infortúnio?
A vida nos é dada por Deus.
Importante tenhamos sempre em mente que a qualidade de nossa vida é fruto das nossas ações.
Se o mal impera, é porque os bons permanecemos silenciosos, de forma tímida, permitindo o avanço desdenhoso daquele.
A mão que liberta o homem da desgraça é a do seu semelhante, o mais próximo que se lhe situe.
Assim, o destino de nossa sociedade é o somatório de nossas ações.
Filhos de Deus, criados à Sua Imagem e Semelhança, exercitemos a vontade, moldando nossa destinação gloriosa.
Influenciemos positivamente as vidas dos que nos cercam.
É nosso dever providenciar algo de bom ao nosso semelhante.
Para uma sociedade sadia é indispensável a solidariedade, que significa prestar ao semelhante todo o cuidado que gostaríamos de receber dele, caso fôssemos nós os necessitados.
Exatamente como nos prescreveu o amigo de Nazaré:
-Faça ao outro o que gostaria lhe fosse feito.
Redação do Momento Espírita, com base no artigo
O sábio e o pássaro, de Richard Simonetti, publicado
na revista Reformador, de março/1998, ed. FEB.
Em 10.6.2022.
Nenhum comentário:
Postar um comentário