Há muito tempo, em Jerusalém, havia uma mulher por muitos desejada: era um vendedora de ilusões.
Certa vez, ela caminhava pela cidade quando uma imagem lhe chamou a atenção: um jovem muito bonito, trajando uma túnica alva, sentado na escadaria do templo.
Aquela figura a fascinou.
Seguida por suas servas, ela se dirigiu para onde estava o moço, firmando nele o seu olhar.
Ela parou diante dele e ele a fitou com interesse.
-De onde vens, forasteiro?
-De muito longe.
Ele respondeu.
-E tu me conheces?
Disse-lhe a mulher.
Ele apenas fixou-a nos olhos sem nada dizer.
Aquele olhar quase a desconcertou, porém, sentiu-se estimulada e tornou a falar-lhe.
-Queria convidá-lo para estar em minha casa esta noite, pois é meu aniversário e felicitar-me-ia com a tua presença.
-Hoje, eu não posso. Outro dia, quem sabe.
-Ah! -Continuou a bela mulher.-Percebo que não me conheces. Pois saiba que príncipes e reis disputam meus carinhos. Os meus lábios têm o doce do mel e os meus braços a maciez da flor-do-campo. Venha à minha casa esta noite e eu te farei sentir o que nenhum homem jamais sentiu.
-Hoje, eu não posso. Outro dia, quem sabe.
A negativa do jovem lhe machucava os brios.
-Vem comigo! Ela insistiu. Jamais me humilhei assim diante de alguém. Percebo em teu olhar uma diferente chama e assim procedo porque te amo!
-Hoje, eu não posso.
Disse-lhe o homem, serenamente.
A mulher saiu dali lançando sobre ele as palavras agressivas do orgulho ferido.
Alguns anos mais tarde, Jesus estava pregando para o povo quando uma senhora o veio chamar em socorro de sua ama.
Ele a atendeu, sem hesitar.
Rumaram para uma cabana em ruínas onde, abandonada num canto, ao chão, com o corpo exalando o cheiro pútrido das feridas que se recusavam a cicatrizar, a antiga vendedora de ilusões se escondia.
Jesus se aproximou e a tomou nos braços.
-Saia daqui, você não sabe quem eu sou.
Reclamou a mulher.
-Vim atender ao teu chamado.
Falou-lhe com ternura.
-Trago-te a esperança.
-Mas, por que insistes, já disse que não quero ser ajudada!
-Vem comigo, percebo em teu olhar uma diferente chama e assim procedo porque te amo!
A mulher infeliz reconheceu que o jovem de antes viera finalmente ao seu encontro.
* * *
Assim é a máscara da ilusão.
Sentimento passageiro e fútil que nos toma de vez em quando.
Mas, com Jesus, a luz cairá sobre todos os que nos encontramos iludidos com o mundo e conosco mesmos, acordando para a realidade e a felicidade, servindo e amando verdadeiramente, sempre.
Redação do Momento Espírita.
Em 23.7.2012.
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