domingo, 26 de junho de 2022

ILUSÕES

Há muito tempo, em Jerusalém, havia uma mulher por muitos desejada: era um vendedora de ilusões. Certa vez, ela caminhava pela cidade quando uma imagem lhe chamou a atenção: um jovem muito bonito, trajando uma túnica alva, sentado na escadaria do templo. Aquela figura a fascinou. Seguida por suas servas, ela se dirigiu para onde estava o moço, firmando nele o seu olhar. Ela parou diante dele e ele a fitou com interesse. 
-De onde vens, forasteiro? 
-De muito longe. 
Ele respondeu. 
-E tu me conheces? 
Disse-lhe a mulher. 
Ele apenas fixou-a nos olhos sem nada dizer. Aquele olhar quase a desconcertou, porém, sentiu-se estimulada e tornou a falar-lhe. 
-Queria convidá-lo para estar em minha casa esta noite, pois é meu aniversário e felicitar-me-ia com a tua presença. 
-Hoje, eu não posso. Outro dia, quem sabe. 
-Ah! -Continuou a bela mulher.-Percebo que não me conheces. Pois saiba que príncipes e reis disputam meus carinhos. Os meus lábios têm o doce do mel e os meus braços a maciez da flor-do-campo. Venha à minha casa esta noite e eu te farei sentir o que nenhum homem jamais sentiu.
-Hoje, eu não posso. Outro dia, quem sabe. 
A negativa do jovem lhe machucava os brios. 
-Vem comigo! Ela insistiu. Jamais me humilhei assim diante de alguém. Percebo em teu olhar uma diferente chama e assim procedo porque te amo! 
-Hoje, eu não posso. 
Disse-lhe o homem, serenamente. 
A mulher saiu dali lançando sobre ele as palavras agressivas do orgulho ferido. 
Alguns anos mais tarde, Jesus estava pregando para o povo quando uma senhora o veio chamar em socorro de sua ama. Ele a atendeu, sem hesitar. Rumaram para uma cabana em ruínas onde, abandonada num canto, ao chão, com o corpo exalando o cheiro pútrido das feridas que se recusavam a cicatrizar, a antiga vendedora de ilusões se escondia. 
Jesus se aproximou e a tomou nos braços. 
-Saia daqui, você não sabe quem eu sou. 
Reclamou a mulher. 
-Vim atender ao teu chamado. 
Falou-lhe com ternura. 
-Trago-te a esperança. 
-Mas, por que insistes, já disse que não quero ser ajudada!
-Vem comigo, percebo em teu olhar uma diferente chama e assim procedo porque te amo! 
A mulher infeliz reconheceu que o jovem de antes viera finalmente ao seu encontro. 
* * * 
Assim é a máscara da ilusão. 
Sentimento passageiro e fútil que nos toma de vez em quando. 
Mas, com Jesus, a luz cairá sobre todos os que nos encontramos iludidos com o mundo e conosco mesmos, acordando para a realidade e a felicidade, servindo e amando verdadeiramente, sempre. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 23.7.2012.

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