domingo, 12 de junho de 2022

IGNORÂNCIA

O drama do Calvário é pleno de significados. 
Nele são retratadas a grandeza e a miséria humanas. 
Tem-se o exemplo da mãe que não abandona o filho, mesmo em meio aos maiores perigos. 
Há os companheiros de ideal que fogem no momento do testemunho. 
Eles representam a fragilidade humana, sempre em combate com as exigências do dever. 
A ex-prostituta permanece junto ao Mestre, a simbolizar a força transformadora da fé genuína. 
Outra preciosa lição dessa passagem evangélica é que a responsabilidade cresce com a evolução. 
Em face do populacho ignorante, que vibrava com Seu martírio, Jesus rogou: 
-Perdoa-os, pai, pois não sabem o que fazem. 
Percebe-se a grandeza do Cristo que, mesmo no momento da dor mais atroz, permaneceu lúcido e cheio de compaixão. 
Mas do episódio também se extrai o ensinamento de que a ignorância atenua a culpa. 
Tratava-se de pessoas rudes e influenciadas pelos poderosos a quem a figura de Jesus incomodava. 
A narrativa evangélica mostra Jesus em alguns momentos de severidade, mas nunca em relação ao povo simples e rude.
Foram os poderosos e os letrados que experimentaram a contundente chamada para a vida reta. 
A hipocrisia, a vaidade e a cupidez foram repreendidas pelo Mestre. 
Mas a simplicidade, mesmo no erro, sempre foi objeto de sua delicada e doce compaixão. 
Convém refletir sobre essa lição, tendo em vista o tempo transcorrido. 
Após dois mil anos, o Cristianismo não constitui mais novidade. 
As lições de Jesus encontram-se largamente difundidas. 
A cultura mundana também se expandiu bastante. 
A evolução intelectual revela-se nas inovações tecnológicas, que fazem circular informações com rapidez vertiginosa.
Embora não de modo uniforme, é inegável o grande avanço intelectual da Humanidade. 
Entretanto, sob o prisma moral, ela tarda em evoluir. 
A ampla maioria da população brasileira afirma-se cristã. 
Mas a sua conduta não reflete os exemplos e os ensinamentos do Cristo. 
Após dois milênios de difusão do Cristianismo, pessoas genuinamente virtuosas ainda são uma raridade. 
Ocorre que a ignorância já não serve de desculpa. 
Ninguém pode dizer que desconhece a lição segundo a qual é preciso tratar o próximo como se gostaria de ser tratado, se estivesse no lugar dele. 
Cada qual tem um encontro marcado com a própria consciência. 
Mais cedo ou mais tarde, ele se produzirá. 
Chegará o momento de olhar para trás e analisar o que foi vivido. 
Nesse momento, serão só pesadas as possibilidades e o que se fez com elas. 
Ciente dessa realidade, preste atenção em suas atitudes e ajuste-as a seus ideais cristãos. 
Afinal, no momento crucial de seu acerto de contas, não poderá dizer que não sabia o que fazia. 
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 14.1.2020.

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