quarta-feira, 3 de março de 2021

NOTÁVEL EXEMPLO

Ela era uma frequentadora da Casa Espírita e seus filhos participavam das aulas de Evangelização. 
Certo dia, após o encerramento da palestra pública, procurou uma das trabalhadoras da Casa desejando conversar em particular. Contou que se descobrira grávida. Isso não a preocupava. Ela amava suas crianças e, mais uma seria um acréscimo de ventura. No entanto, o médico, que a atendia, lhe revelara que havia constatado, pelos exames habituais, que o feto que trazia no ventre era anencéfalo. O mesmo profissional a esclarecera de que, se viesse à luz, o bebê não viveria senão algumas horas. Dessa maneira, apoiado na legislação, lhe ofereceu a possibilidade de abortamento, liberando-a do restante da gestação. Ela se mostrava abalada. Uma tristeza imensa fez com que vertesse muitas lágrimas. No diálogo com o esposo, ele não quisera opinar. Ela que decidisse. Ali estava ela, confusa, dividida. A orientação médica era segura, a lei lhe assegurava o direito ao abortamento. Mas, em sua intimidade, algo a inquietava, não conseguindo aderir à proposta. Ela mesma não sabia o porquê. Parecia o mais racional, o mais lógico. Agora, ela desejava ser orientada. 
O que fazer? 
Naturalmente, quem a ouvia, com especial atenção, sabia que a Lei Divina tem Suas razões para tudo. A Doutrina Espírita, consoladora, ensina que desde a concepção, o Espírito está ligado ao corpo. Portanto, quando se interrompe uma gravidez se bloqueia a chance de uma vida. E toda vida tem um objetivo, mesmo quando possamos imaginar que assim não seja. Naturalmente, tudo isso ela já ouvira nas preleções evangélicas no Centro Espírita. Contudo, a decisão era dela. Ninguém tem o direito de dizer ao outro o que deve fazer, violando o seu livre-arbítrio. Pode-se sugerir, esclarecer, jamais passar disso. Então, foi-lhe dito que depois de ponderar, de tudo pesar, ela deveria optar por levar a termo ou não a gravidez. 
Ela se foi. 
Por algum tempo, deixou de estar presente às reuniões habituais. Que teria decidido era o que pensava a atendente. E suas preces tinham o destino daquela alma, de seus filhos, do ser reencarnante. 
Meses depois, ela retornou. 
Disse estar bem de saúde. Narrou que decidira pela gestação até o final. Seu bebê nascera e não vivera senão algumas horas. Entretanto, o mais impressionante viria, na sequência do seu relato. 
-Eu permaneci todo o tempo com ele em meus braços, acariciando-o e dizendo-lhe que o amava. Disse que estava feliz por ter sido escolhida para aquela missão tão desafiadora. Quando percebi que a vida daquele pequeno ser acabou, fiz uma prece, rogando a Deus recebesse o Espírito de meu filho em Seus braços. 
E concluiu: 
-Em toda minha vida de dificuldades, jamais senti uma paz tão profunda, verdadeira e uma felicidade tão intensa, como naquelas poucas horas. 
***
Quando tantas vozes se erguem para defender direitos humanos, que exemplo admirável de uma mulher simples. 
Uma alma generosa. 
Uma mãe que defendeu os direitos do seu bebê à vida. 
Mesmo que tenha sido apenas uma vida de poucas horas. 
Notável exemplo! 
Redação do Momento Espírita, com base em fatos relatados por João Bogdan Romaniewicz. 
Em 3.3.2021.

Nenhum comentário:

Postar um comentário