CELSO MARTINS |
As manchetes falam de jovens que assassinam seus pais, de outros que colocam fogo em índios e mendigos, que espancam pessoas pelas ruas e daqueles que ficam perambulando, quebrando telefones públicos, pichando muros ou destruindo praças públicas.
Entretanto, por volta das seis horas da tarde, quando o sol, em pleno inverno, há muito se recolheu, e, no verão, ainda mostra a exuberância de sua forma, observa-se um belo tumulto de jovens de ambos os sexos, pelas ruas.
Eles saem, em grupos, de escritórios, lojas, bancos, repartições públicas e se dirigem para escolas e faculdades, a fim de estudar, até lá pelas onze horas da noite.
Enfrentaram um dia todo de atividades e, muita vez, por salários baixos, quando não como estagiários, sem remuneração, e agora se dispõem a uma jornada de estudos.
Embaixo do braço levam sua pasta, recheada de apostilas, cadernos e livros. Ou a mochila, nas costas.
Fazem um lanche rápido, nem sempre substancial e tomam um ou mais ônibus, com rapidez, a fim de não perderem a primeira aula.
Isso, a tevê não mostra.
Como também não dá o devido destaque à Paraolimpíada, que é um dos eventos esportivos mais entusiasmantes.
Durante as Olimpíadas, em Sydney, na Austrália, enquanto nenhuma medalha de ouro foi conquistada pelos nossos atletas olímpicos, os nossos atletas paraolímpicos ganharam seis medalhas de ouro.
A tevê também não destaca e ninguém acaba dando atenção a histórias de vida como a daquela senhora de setenta e cinco anos de idade, que perguntou a um transeunte onde ficava um abrigo de idosos.
Julgando ser um parente rejeitado pela família, só porque viveu tão longamente, o informante lhe indicou uma casa assistencial, num bairro distante.
E ela, foi explicando:
-Meu filho, preciso encher de coisas boas o meu tempo. Quero ir conversar com os velhinhos abandonados. Quero que eles me contem coisas de sua juventude.
Ou então, vou procurar uma instituição onde possa ler livros e gravar em cds, para oferecer aos cegos que desejem ouvir.
Quero ser útil porque aos setenta e cinco anos me sinto bem, forte, alegre e não me custa nada dar alguma coisa a alguma criatura envelhecida e que se sinta em solidão.
Isso, a tevê não alardeia.
O jornal não destaca.
Mas jovens entusiastas, trabalhadores e estudiosos existem às centenas, em todas as cidades.
Pessoas portadoras de deficiências físicas ou mentais que superam barreiras, existem em todas as localidades.
E pessoas como a simpática senhora mencionada, enchem de luz a vida de muitas criaturas.
* * *
A Humanidade caminha para a angelitude.
Embora não nos apercebamos, todos os dias muitas criaturas, na Terra, galgam degraus, rumo à perfeição.
E é por isso que, embora muitos ainda detenhamos os olhares nos pântanos da miséria humana, os oásis do bem se multiplicam, diariamente.
Aprendamos a descobri-los.
Redação do Momento Espírita,,com base no artigo Isto o jornal não
diz, de Celso Martins, da revista O espírita nº 115 e na crônica Estou com os
paraplégicos, de Diogo Mainardi, da revista Veja de 6.8.2003.
Em 25.10.2012.
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