domingo, 17 de janeiro de 2021

FILHO MEU QUE NÃO É MEU

Filho meu, que não é meu, de quem és? 
 Precisamos ser de alguém para fazer sentido, 
para dar sentido, para sentir? 
 Se nada daqui levamos, por que possuir? 
Qual o sentido da posse? 
 Filho meu, que não é meu, de quem serás? 
Por que serás? 
 Por que possuir? 
Não basta ser? 
* * *
Vivemos ainda os tempos da posse que nos encanta os olhos. 
Existimos para possuir coisas, para possuir pessoas, para fazê-las nossas, contando com isso para que nosso viver tenha sentido. 
Mas já paramos para pensar qual o sentido da posse? 
Por que possuir? 
Por que essa ânsia em ter, se o ter não nos faz melhores ou maiores? 
O materialismo é, certamente, o maior dos vilões dessa história, junto ao egoísmo. 
Se conseguirmos viver baseados nos princípios do Espiritualismo, isto é, sabendo que somos Espíritos e que a vida do Espírito é imorredoura, mudamos o foco, mudamos a visão sobre tudo. 
Nós, Espíritos, só levamos daqui, da Terra, as conquistas da moralidade e da intelectualidade. 
Essas são nossas. 
Não são posses propriamente ditas, são, sim, lapidações em nossa alma.
Espíritos não possuem Espíritos, isto é, não possuímos os outros e não há tal necessidade uma vez que amadurecemos. 
Caminhamos juntos, criamos laços de amor profundo e, pela lei de afinidade, sempre estaremos próximos. Assim, não há necessidade de possuir. 
O amor verdadeiro liberta, deixa espaço para que o próximo cresça, se desenvolva, alce voos outros que, por vezes, planarão sobre planícies distantes das nossas. 
Isso não significa uma perda, mas um espaço saudável, fundamental para o desenvolvimento de todos nós. 
Não possuímos nossos filhos. 
Não possuímos nossos amores. 
Estão ombreando conosco, nestes dias de transformação da Humanidade, para que juntos sejamos mais fortes. 
O amor cria um laço muito forte, sem dúvida. 
Por vezes não conseguimos vislumbrar como seriam os dias sem eles, os nossos amados, mas a vida precisa ter sentido com ou sem eles. 
Somos individualidades, Espíritos em evolução, e nossa vida deve fazer sentido sem precisar da posse, de coisas ou pessoas. 
Assim, reflitamos diariamente: 
Por que possuir? Não basta “ser”? 
 * * * 
Desapego. 
Pensemos profundamente sobre essa ideia. 
A ideia de usufruir das coisas, mas não criar esse laço excessivo da posse para com elas. 
É um exercício diário desapegarmo-nos das coisas e também das pessoas, amando e libertando a cada dia. 
Deixemos de usar os pronomes meu, minha, com tanta ênfase, para nossos familiares – é um exercício interessante. 
Nosso filho não é nosso, no sentido de que o possuímos – é nosso companheiro, nosso amigo, nosso amor – mas, nunca nossa propriedade.
Pensemos nisso... 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 27, ed. FEP. 
Em 30.3.2015.

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