terça-feira, 19 de janeiro de 2021

DEIXAR CRESCER

A tradição bíblica ensina que antes da chegada de João Batista houve um grande silêncio profético. Por aproximadamente quatrocentos anos, nenhum profeta falou ao povo. 
Finalmente, João Batista começou a pregar e causou grande comoção. Muitos até achavam que ele era o Salvador longamente esperado. Contudo, quando Jesus o procurou para ser batizado, João foi enfático em apontá-lO como O que haveria de vir. Em um momento posterior, surgiu certa crise envolvendo os discípulos de João, a respeito da figura de Jesus. O Batista novamente não titubeou e afirmou com clareza: 
-É necessário que ele cresça e que eu diminua. 
É interessante observar que o famoso profeta não estava procurando um caminho fácil para seguir. Ele não se tornou inerte, não fugiu de seus testemunhos. Continuou a pregar com desassombro, até que seu falar claro fez com que os poderosos da época decidissem assassiná-lo. Mas nem por isso deixou de reconhecer o lugar que lhe cabia na concretização de um ideal superior. 
Essa postura de João Batista pode suscitar saudáveis reflexões. 
Muitas criaturas se dispõem a fazer o bem ou a trabalhar por um ideal. Entretanto, exigem ocupar lugares de importância. Desejam servir, sim. Mas, desde que isso lhes propicie brilho e reconhecimento. Quando se apresenta alguém mais capacitado para o desempenho de uma tarefa considerada importante, relutam em ceder o lugar. Se uma nova liderança surge, com grande potencial, tratam de boicotá-la. Fazem-se severos críticos de tudo e de todos que podem lhes fazer sombra. É como se o bem somente pudesse se realizar através delas. 
Tal gênero de conduta sinaliza que a vontade de servir-se de uma causa é maior do que o desejo de servi-la. 
Entretanto, na tarefa de construção de um mundo melhor há espaço para todos. 
A verdadeira recompensa pelo amor do belo e do bem é a paz interior.
O reconhecimento do mundo é transitório e costuma representar principalmente um fardo a ser suportado. 
Não compensa viver em função dele. Importa aprender a servir, onde e como se fizer necessário. 
Se a tarefa exigir alguma exposição, manter a modéstia. 
Quando o momento de brilho passar, permanecer no serviço, ainda que em posição singela. 
Assimilar que o bem não tem dono e que sua concretização é uma conquista da Humanidade inteira. 
Rejubilar-se com o aparecimento de pessoas com grande potencial e desejosas de trabalhar. 
Deixar que cresçam e alegrar-se mesmo com o crescimento delas. 
No momento certo, saber tornar-se obscuro, a fim de que uma luz maior brilhe, em benefício de todos. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 18.1.2021.
http://momento.com.br/pt/index.php

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