CHICO XAVIER E DIVALDO PEREIRA FRANCO |
Ninguém consegue viver em paz, desrespeitando os direitos alheios.
Não se vive em paz cultivando na alma os corrosivos da mágoa, da inveja, da prepotência, da ingratidão, do desrespeito.
A paz consciente é incompatível com a ignorância e com o descaso.
Não se pode construir a paz nas bases da indiferença moral, nem nos alicerces da violência íntima disfarçada de autenticidade.
Muita gente deseja viver em paz convivendo, no entanto, com situações que a tornam impossível.
A paz que não está sedimentada na razão e no mais profundo sentimento de amor ao próximo, não é paz, é ilusão.
Quem observa a superfície calma das águas de um charco, por exemplo, pode ter a ilusão de vislumbrar a mansuetude, mas se sondar as profundezas, encontrará miasmas pestilentos e odor fétido de podridão.
Para que a nossa paz não passe de mera ilusão, nossas atitudes precisam ser iluminadas pela luz da razão e aquecidas pelo sol do sentimento.
Certa vez alguém escreveu:
-Paz é suave melodia, extraída da alma pelos dedos invisíveis da consciência tranquila.
É canção que cala a voz da violência, que desperta consciências e dulcifica quem a possui.
A paz tem a singeleza e o perfume de flores silvestres, cultivadas no solo fértil da lucidez, pelas mãos habilidosas da razão e do sentimento.
E é nesse jardim da alma que brotam as sementes da ternura e da compaixão, do afeto e da mansuetude.
Um coração sem paz é como uma orquestra sem tons nem sons, sem flores nem perfumes, sem leveza e sem harmonia.
A vida sem paz é como embarcação que navega sem luz, que desconhece o caminho e se perde na imensidão de breu.
A paz, ao contrário, enobrece os dons da alma e acarinha a vida...
Tem a suavidade da brisa, ao amanhecer...
E os vários tons multicores que despertam a aurora.
Possui o vigor da mais pujante sinfonia e a sutileza entre tons e semitons.
Paz: a sinfonia perfeita cuja maior nota é o amor.
Quando essa sinfonia ecoa nos corações, produz tons e sons na mais perfeita harmonia...
Para extrair da alma a melodia da paz é preciso afinar os acordes da razão e do sentimento, as duas asas que nos guindarão para a luz inapagável, que a todos nos aguarda no limiar do Infinito.
* * *
A paz em nós nasce da compreensão e é mantida pela tolerância para com os erros alheios.
Também pela auto-aceitação dos nossos próprios erros, de modo a sabermos corrigi-los sem tumulto e sem perda de tempo.
Em síntese, é fácil a conquista da paz!
Basta que não tenhamos ambição em demasia.
Que corrijamos os ângulos da observação da vida.
Que amemos e que perdoemos.
Que nos entreguemos às mãos de Deus que cuida das “aves do céu” e dos “lírios do campo” e que, por fim, cumpramos fielmente com nossos deveres.
Falemos de paz.
Cultivemos a paz em nós.
Ofertemos paz aos que nos rodeiam, nos servem, nos amam, nos desejam o bem.
Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais do verbete Paz,
do livro Repositório de sabedoria, v. II, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL e do cap. Paz em nós,
do livro Calma, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco
Cândido Xavier, ed. GEEM.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 5, ed. FEP.
Em 18.11.2020
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