terça-feira, 28 de julho de 2020

A FACE DO AMOR

Ataques terroristas, independente de onde sejam realizados, são violências contra a Humanidade inteira. 
Assombro, destruição, medo. Ameaças invisíveis que levam para longe a pouca paz de que dispomos, instaurando um reinado de insegurança. Representam o que há de mais triste e baixo no ser humano. É o mal representado em ações, o mal que ainda encontra guarida em tantas almas no globo. 
Ao longo dos tempos, tentamos combater o mal com outro mal maior. Vimos que não deu certo. A dor só aumentou. Vestimos a vingança de justiça e saímos por aí como loucos, cheios de justificativas, tentando aplacar nossa sede de paz, de amor, repletos de ódio no coração. 
Ainda hoje, tanto no plano material, como no mundo espiritual, grande quantidade de Espíritos se enraiza na raiva, na indignação e na mágoa, acreditando ser o revide a solução que irá lhes acalmar o íntimo desequilibrado. 
Não... Esse não pode ser o único caminho. 
Causar dor ao outro nos traz paz? 
Anula ou faz desaparecer o que nos fizeram? 
Acalma o coração desesperado? 
Será que séculos e séculos de sofrimento não nos fizeram enxergar a verdade ainda? 
Os que tentaram nos dar as respostas foram calados de súbito. Ouvir falar em perdão, compreensão e bem, quando estamos feridos, chega a ser ofensivo. 
Escondemo-nos da verdade. 
A verdade pode ser difícil num primeiro instante. 
Lutar contra nossos ímpetos e tendências milenares exige esforço fora do comum. Porém, compensa, tenhamos certeza. 
A verdade liberta. Ela sempre esteve ao nosso alcance. 
O caminho alternativo sempre esteve em nossas rotas, nos chamando. A outra face. 
A outra face... 
A face do amor frente ao ódio. 
A face dos braços abertos que aceitam, frente à intolerância que repudia. 
A face da caridade que constrói frente às bombas que despedaçam. 
A outra face. 
Não a face da indiferença, mas a da ação inteligente no bem, pois se o mal é ardiloso, perspicaz, sorrateiro, o bem é articulado, amoroso e vigilante. 
Assim, quando atacados, de que forma for, apresentemos uma face diferente daquela que nos atingiu. 
O ódio e a violência podem persistir por um tempo, mas não resistem ao poder absoluto e superior do amor. 
Quando do terrível ataque sofrido pela cidade de Paris, em 2015, foram muitos que resolveram oferecer a face do amor. 
Um pianista anônimo ousou trazer seu piano de cauda para a rua, posicionou o instrumento em frente a um dos locais onde diversas pessoas haviam morrido, e tocou lindamente para todos que passavam. Ao som de Imagine, de John Lennon, lágrimas se misturavam a sorrisos através da arte. A música, como oração e canto de esperança, convidava todos a refletirem sobre seu futuro, sobre suas vidas e objetivos maiores. Nos dedos do pianista misterioso não havia ódio nem desejo de vingança. Havia empatia para com a dor de seus conterrâneos e um profundo desejo de paz. Naquele lugar de tanta aflição, ao som dos tiros e bombas, que ainda ecoavam cruéis pelas construções, misturava-se agora a melodia do amor. 
* * * 
Imagine todas as pessoas 
partilhando todo o mundo. 
Você pode dizer que eu sou um sonhador, 
mas não sou o único.
Espero que algum dia você se junte a nós. 
E o mundo viverá como um só. 
Redação do Momento Espírita, com citação de versos da música Imagine, de John Lennon. 
Em 7.3.2016.

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