quinta-feira, 9 de julho de 2020

NOSSA DÁDIVA

O sol buscava a linha do horizonte e o manto escuro da noite já se espalhava pelos campos, quando o trabalhador deixou a lavoura e tomou o caminho de volta para casa. Caminhava a passos largos com a colheita do dia às costas, quando notou que, em sentido contrário, vinha luxuosa carruagem revestida de estrelas. Contemplando-a fascinado, viu-a parar junto dele e, quase assustado, reconheceu a presença do Senhor do Mundo, que saiu dela e estendeu-lhe a mão a pedir-lhe esmolas... 
-O quê? Refletiu espantado. O Senhor da Vida a rogar auxílio a mim, que nunca passei de mísero escravo na aspereza do solo? 
Mas, como o Senhor continuava esperando, mergulhou a mão no alforje de trigo que trazia e entregou ao Divino Pedinte apenas um grão da preciosa carga. O Senhor agradeceu e partiu. Quando, porém, o pobre homem do campo voltou a si do próprio assombro, observou que doce claridade vinha do alforje poeirento... O grão de trigo, do qual fizera sua dádiva, tornara à sacola transformado em uma pedra de ouro luminescente... Deslumbrado gritou:
-Louco que fui!... Por que não dei tudo o que tenho ao Senhor da Vida? 
* * * 
O apólogo retrata um pouco da atual realidade da Terra. Quando o materialismo compromete edificações veneráveis da fé, no caminho dos homens, o Cristo pede cooperação para a sementeira do Seu Evangelho, junto ao Seu rebanho sofrido. No entanto, nós costumamos agir como o lavrador. Não estamos dispostos a ofertar a nossa dádiva em benefício do bem comum. E quando fazemos, damos apenas uma pequena migalha. O Senhor da Vida não necessita das coisas materiais porque todas lhe pertencem, no entanto, solicita a nossa autodoação em prol da edificação de um mundo moralmente melhor. Assim como o verme executa sua tarefa embaixo do solo, a chuva e o vento fazem seu papel no contexto da natureza. Assim como o sol, a lua e os demais astros trabalham para que haja harmonia no Universo... Assim como as abelhas e outros insetos fazem a tarefa da polinização, possibilitando a fecundação da vida... assim também o Senhor da Vida espera de nós a dádiva da polinização do Seu amor junto aos Seus filhos. 
A pequena dádiva da paciência e da tolerância... 
A esmola convertida em salário justo, dignificando o homem... 
Uma migalha de afeto doada com sinceridade... 
O sorriso capaz de despertar a alegria em alguém....
Um minuto de atenção a um enfermo solitário... 
A palavra sincera capaz de esclarecer e consolar...
Uma semente de esperança plantada no coração de alguém que sofre... 
São nossas pequenas dádivas que se converterão em luz a iluminar nossa própria caminhada. 
* * * 
O Senhor da Vida está sempre a solicitar a nossa colaboração para que Seus objetivos nobres se concretizem na face da Terra. Sabedores de que nossas pequenas dádivas se converterão em tesouros eternos, não as economizemos como o lavrador. Agindo assim não teremos que dizer: 
-Louco que fui!... Por que não dei tudo o que tenho ao Senhor da Vida? 
Redação do Momento Espírita com base no cap. Dedicatória, do livro Cartas e crônicas, pelo Espírito Irmão X, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. 
Em 9.7.2020.

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