sábado, 16 de novembro de 2019

PÁTRIA - UM LUGAR PARA AMAR!

Giuseppe Fortunino Francesco Verdi
Giuseppe Fortunino Francesco Verdi foi um compositor de óperas do período romântico italiano. Considerado, então, o maior compositor nacionalista da Itália. Foi um dos compositores mais influentes do século XIX. Suas obras são executadas com frequência em Casas de Ópera em todo o mundo e, transcendendo os limites do gênero, alguns de seus temas estão, há muito, enraizados na cultura popular. Entre esses, Va, pensiero, o coro dos escravos Hebreus, da ópera Nabucco. 
Nabucco é uma ópera em quatro atos, escrita em 1842. Conta a história do rei Nabucodonosor da Babilônia. Por ter sido escrita durante a ocupação austríaca no norte da Itália, dadas as tantas analogias que apresenta, suscitou o sentimento nacionalista italiano. O coro dos escravos hebreus, no terceiro ato da ópera, tornou-se uma música-símbolo do nacionalismo italiano da época. No mês de março de 2011, no Teatro da Ópera de Roma, esse coro levou os cantores e músicos à muita emoção. E o público presente, ao delírio, numa grande demonstração de fé patriótica.
Riccardo Muti
O maestro Riccardo Muti acabara de reger o célebre coro dos escravos, Va, pensiero. O público aplaudia incessantemente e bradava bis! O maestro, então, se volta para a plateia e recorda o significado patriótico do Va, pensiero que, além de sua intrínseca beleza, que é inexcedível, tem enorme apelo emocional, até hoje, entre os italianos. Riccardo pede ao público presente que o cante agora, com a orquestra e o coro do teatro, como manifestação de protesto patriótico contra a ameaça de morte contida nos planejados cortes do orçamento da cultura. Ele rege o público, enquanto a orquestra e o coro se irmanam na execução do hino, cujos versos podemos assim traduzir: 
-Voa, pensamento, com tuas asas douradas. Voa, pousa nas encostas e no topo das colinas, onde perfumam mornas e macias as brisas doces do solo natal! Cumprimenta as margens do rio Jordão, as torres derrubadas de Jerusalém... Oh, minha pátria tão bela e perdida! Oh, lembrança tão cara e fatal! Harpa dourada dos grandes poetas, por que agora estás muda? Reacende as memórias no nosso peito, fala-nos do bom tempo que foi! Traduz em música o nosso sofrimento, deixa-te inspirar pelo Senhor para que nossa dor se torne virtude! 
As câmeras passeiam pela plateia, mostrando a emoção, a unção. Quem sabia a letra, cantou. Quem não a sabia, acompanhou a melodia. Foi uma verdadeira prece. Prece ao Senhor, rogativa às autoridades. Um exemplo de patriotismo. Um maestro que clama, chora e concita o povo a bradar pela manutenção do bom, do belo, da cultura. Alguém que, consciente da sua cidadania, vai além do seu dever como artista. Serve-se do palco, da plateia, para esclarecer, para despertar consciências, para lutar pelo ideal que defende. Que se repitam no mundo, em todas as nações, tal grandioso exemplo para que não se percam as raízes, para que se preserve a cultura, a arte, o belo. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 33, ed. FEP. 
Em 15.11.2019.

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