É comum, quando falamos a respeito de otimismo e pessimismo, citarmos a questão de quem olha o copo e diz estar meio cheio ou meio vazio.
Em se tratando de nossas próprias vidas, quando fazemos o balanço das dificuldades que nos envolvem e as bênçãos que nos alcançam, não se faz diferente o panorama.
Lemos que um famoso escritor, numa tarde em que o atormentavam certos pensamentos, escreveu:
-No ano passado, precisei fazer uma cirurgia para a retirada da vesícula biliar. Tive que ficar de cama por um bom tempo.
Completei sessenta anos e precisei renunciar ao meu trabalho favorito: a redação de um editorial.
Eu havia permanecido, nessa tarefa, durante trinta anos.
Foi ainda nesse ano que experimentei a dor pela morte de meu pai.
Meu filho sofreu um acidente de automóvel e ficou hospitalizado por vários dias. A destruição do carro foi total. Outra grande perda.
E, triste, concluiu:
-Foi um ano muito mau!
Sua esposa entrou na sala e o viu, mergulhado em imensa tristeza.
Aproximou-se. Leu o que ele havia escrito.
Saiu da sala em silêncio para, algum tempo depois, retornar com uma folha de papel, que colocou ao lado daquela que seu marido escrevera.
Nessa, ela havia redigido o seguinte:
-No ano passado, finalmente me desfiz de minha vesícula biliar, depois de passar anos com dor.
Completei sessenta anos com boa saúde e me retirei do meu trabalho. Agora posso utilizar meu tempo para escrever com maior paz e tranquilidade.
No mesmo ano, meu pai, aos noventa e cinco anos, sem depender de nada e sem nenhuma condição crítica, realizou a grande viagem de retorno à Espiritualidade.
Ainda, nesse mesmo ano, Deus abençoou o meu filho com uma nova oportunidade de vida. Meu carro foi destruído, mas meu filho ficou vivo, sem nenhuma sequela.
Em resumo: esse ano que passou foi uma grande bênção!
* * *
Essa mulher, de forma sábia e ponderada, reescrevera tudo o que seu marido considerara tragédia, agora sob outro ponto de vista.
O ponto de vista do que poderia ter acontecido, de forma pior, e não aconteceu.
Ela viu bênçãos onde somente estavam relacionados problemas.
Esta é uma lição que precisamos aprender. Olhar para cada acontecimento que nos atinge e avaliar o quanto fomos protegidos.
O acidente que poderia ter sido fatal e não foi além de perda de bens materiais.
A cirurgia que nos liberou de um problema grave, permitindo-nos a continuidade da vida.
A aposentadoria que nos possibilita renovar propósitos, realizar o que antes a falta de tempo não nos permitia.
A morte, que nos arrebatou um ser querido, que lhe permitiu abandonar o corpo de carne e retornar, livre, para a Espiritualidade.
A morte, que nos fere, pela ausência física dos amores mas que nos confere a certeza de que eles prosseguem a viver, de pé, no mundo do Espírito.
Dificuldades. Problemas, bênçãos. Tudo depende do nosso ponto de vista, da forma como encaramos cada senão que nos alcança.
Pensemos a respeito. Reflexionemos de uma forma diferente.
E aprendamos a ser mais gratos ao Senhor da Vida por tudo que nos confere, a cada dia, a cada hora.
Redação do Momento Espírita, com base
em relato de fato de autoria ignorada.
Em 20.11.2019.
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