EMMANUEL E CHICO XAVIER |
Você já participou de algum duelo?
A pergunta parece um tanto fora de época, considerando-se como duelo a luta entre duas pessoas, com armas iguais, com o propósito de lavar a alma com o sangue do semelhante.
Sabemos que esse tipo de prática teve seu tempo, mas atualmente já foi banido da legislação dos países civilizados.
Todavia, se considerarmos o duelo como qualquer forma de combate, de desafio, duelo de idéias e entre tendências opostas, nossa pergunta tem muita atualidade.
Dizemos isto porque se fizermos uma análise mais profunda dos nossos pensamentos e atos, perceberemos que o duelo ainda faz parte do nosso dia-a-dia.
Quando queremos impor nossas idéias a qualquer custo, não respeitando a opinião dos outros, somos o protótipo do duelista, que quer vencer por força, mesmo que a arma empregada sejam as suas idéias.
Nas ocasiões em que nos reunimos para discutir e resolver problemas nem sempre estamos desarmados, e a maioria das vezes, fazemos do momento um campo de batalha.
Ao invés de haver harmonia com vistas a solucionar problemas, somando forças, colocamo-nos em posição de defesa e nos prevenimos para o ataque a qualquer momento.
Isso acontece até mesmo portas adentro dos lares. Quando o diálogo entre os familiares deveria ser fraterno e caloroso, os ânimos se inflamam e quase sempre acontece o enfrentamento, a disputa.
Uma outra forma de duelo é o da sonegação de informações, quando vemos no companheiro um adversário que poderá roubar o nosso cargo, a nossa posição, que julgamos mais importante para a empresa.
Ao invés de somarmos esforços para o bem geral, queremos deter mais cartas na manga para, no caso de uma avaliação do patrão, sejamos nós os escolhidos.
No duelo das aparências, então, as pessoas compram o que não precisam com o dinheiro que não têm, para exibir uma posição de aparente vantagem sobre quem consideram um concorrente.
Analisando sob esses e outros tantos aspectos, se nos perguntassem se já participamos de algum duelo, certamente a maioria de nós responderia que vive um duelo constante.
E o que impede a mudança dessa situação desastrosa é a cortina do eu, que se interpõe entre nós e a comunidade da qual fazemos parte.
É o alto muro do egoísmo que se coloca entre o egoísta e os interesses comuns.
É o espelho do orgulho que reflete somente a vontade do orgulhoso, mantendo-o numa atitude narcisista e caprichosa, pensando em ser sempre o melhor dos melhores, aquele que sempre leva vantagem, diz a última palavra.
Enfim, é o primeiro a sacar a arma e a abater seu adversário que, em realidade, é seu irmão, desejoso de uma oportunidade de crescer para Deus.
* * *
Em todos os passos da luta humana, encontramos a virtude rodeada de vícios e o conhecimento dignificante sufocado pelos espinhos da ignorância, porque, infelizmente, cada um de nós, de modo geral, vive a procura do "eu mesmo".
Redação do Momento Espírita, com pensamento final extraído do
cap. 101, do livro Fonte viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
Em 17.10.2008.
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