quinta-feira, 11 de outubro de 2018

ESPALHANDO O BEM

Quanto bem existirá na Terra? Quando as manchetes nos enchem os olhos e os ouvidos com as histórias de violência e maldade que atingem tantas pessoas, nos indagamos se haverá alguém em quem possamos confiar. Quando ouvimos falar de pessoas simples, que se deixaram enganar, na tentativa de solucionar seus problemas; quando nos relatam tantas ações ruins que ocorrem, todos os dias, quase desacreditamos que haja pessoas boas nesta Terra. E, no entanto, o que falta é a imprensa escrita, falada, televisionada lançar sua atenção para outro lado e focar nas coisas boas deste mundo. E são muitas. Enquanto o mal alcança a mídia e as redes sociais, transmitido, postado e replicado, uma enorme rede de bondade silenciosamente se estende pelo mundo. Basta que uma dificuldade se apresente e muitas mãos, mentes e corações se voltam, na tentativa de auxiliar. E, conforme a exortação evangélica de a mão esquerda não saber o que oferece a direita, tudo fazem de forma anônima, sem alarde. Aquela adolescente, de apenas dezesseis anos, aprendeu isso, por experiência própria. Ela se entregara à prostituição porque entendera ser a forma mais rápida de obter os recursos de que sua família precisava. Assim, conseguia colocar comida à mesa, e medicamentos, e roupas. Ninguém a aconselhara, de forma diferente. Ou lhe sugerira outro caminho. Mesmo quando se descobriu grávida, continuou nas ruas. Embora o ventre fosse mostrando, paulatinamente, a gestação que avançava, ela não viu diminuírem seus clientes. Até o dia em que foi abordada por um policial. Estranhamente, ele a convidou para ir à sua casa. E ali lhe ofereceu abrigo, alimentação, todo o apoio de que precisasse, para ela e para o filho que estava a caminho. De imediato, lhe disse que estava abrindo as portas do seu lar, para que ela abandonasse a prostituição. Que a desejava amparada e ao filho. Deu-lhe as chaves da casa, comprou-lhe roupas, ajudou-a a preparar o enxoval para a criança. O que ele desejava com essa atitude? Somente que ela mudasse de vida. E Marília se deixou ficar ali. Desconfiada, de início, que algo ele exigisse, em troca. No entanto, os dias lhe mostrariam o contrário. O bebê nasceu e ela continuou no lar daquele homem que a vira nas ruas e tivera compaixão dela. Que a vira como uma filha que precisava ser amparada, cuidada. Mais tarde, ela conheceu um jovem, namoraram e ela se consorciou, formando o seu próprio lar, levando o filho consigo. Quando ela contava sua história, dizia que tudo devia àquele homem, àquele policial que a vira, na noite fria, ofertando o corpo a quem desejasse, a barriga saliente, demonstrando a gravidez de meses. Aquele homem fora o bom samaritano em sua vida. Não lhe pedira nada, não lhe exigira nada além de que abandonasse as ruas e se voltasse para o filho, a nascer, em breve. 
* * * 
Sim, existe muito bem espalhado pelo mundo. Pessoas anônimas que amparam aqui, aconselham adiante, sustentam além. Pessoas que reconhecem a necessidade quando a veem. E conseguem vislumbrar o ser humano, além da fachada externa. O ser humano que deseja atenção, apoio, abrigo. Que precisa de um teto sobre a cabeça, alimento à mesa, um aceno de esperança para os dias futuros. Quantos de nós somos dessas pessoas que realizam o bem? Quantos de nós desejamos aderir a esse bem, anônimo, eficiente, propagador de esperança? 
Redação do Momento Espírita, com base em fato. 
Em 11.10.2018.

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