terça-feira, 16 de outubro de 2018

A ÚLTIMA BEM-AVENTURANÇA

AMÉLIA RODRIGUES
É muito conhecida a passagem bíblica nominada de Sermão da montanha. Nela, Jesus anuncia as bem-aventuranças. Ele enaltece a conduta dos mansos, dos humildes e dos sedentos de justiça, dentre outros, afirmando que são bem-aventurados. Entretanto, o Cristo anunciou mais uma bem-aventurança, que costuma passar despercebida. Após sua ressurreição, Ele apareceu a várias pessoas, mas o discípulo Tomé não estava entre elas. Ao saber do evento, Tomé afirmou que somente acreditaria se visse os sinais do martírio em Jesus e neles pudesse colocar a mão. A oportunidade não se fez tardar e o Mestre logo lhe apareceu. Após se mostrar, Jesus sentenciou: 
-Porque me viste, Tomé, creste. Bem-aventurados os que não viram e creram. 
É interessante observar que se tratava do momento em que os testemunhos dos apóstolos principiariam. Estava finda a época do aprendizado direto junto ao Messias divino. Ocorre que na luta pela implantação de um ideal nem sempre tudo corre à maravilha. Costuma haver resistências e vários incomodados se fazem adversários da obra. Para perseverar, nos momentos de dificuldade, é preciso ter fé. Sem uma crença firme de que o bem vencerá torna-se fácil desistir no meio do caminho. É necessário crer na efetivação do ideal antes de vê-lo concluído. Feliz de quem possui a força íntima necessária para lutar sem esmorecer. De quem acredita no bem, mesmo quando o mal aparentemente vence. Quem precisa ver para crer hesita e desfalece com frequência. Porque a corrupção parece crescer, duvida da vitória final da honestidade. Porque são muitos os cruéis, acha que a compaixão talvez nunca vença. Se o bem demora a se instalar, acredita que não compensa lutar por ele. Bem se vê o quanto a fé é necessária em um projeto de longo prazo. Sem essa certeza das coisas esperadas, a força esmorece e a luta é abandonada. Nesses tempos turbulentos, convém refletir a respeito da firmeza da própria fé. Acreditar firmemente na vitória do bem ajuda a jamais corromper a própria essência. Sem essa convicção, pode-se ficar tentado a levar vantagem e a dar um jeitinho, em prejuízo da própria dignidade. Ocorre que a dignidade e a fidelidade aos próprios valores são extremamente preciosas. Elas propiciam paz de consciência e tornam possível andar de cabeça erguida em qualquer ambiente. Bem-aventurado quem crê antes de ver e por isso tem a força de viver e construir o bem. 
Pense nisso. 
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Redação do Momento Espírita, com base no cap. XXI, do livro A mensagem do Amor Imortal, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 16.10.2018.

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