quarta-feira, 24 de outubro de 2018

TRABALHO E AMOR

O poeta das delicadezas, Khalil Gibran, assim escreve a respeito do trabalho: 
Todo trabalho é vazio exceto se houver amor. E quando trabalhais com amor estais a ligar-vos a vós mesmos, e uns aos outros, e a Deus. E o que é trabalhar com amor? É tecer o pano com fios arrancados do vosso coração, como se os vossos bem amados fossem usar esse pano. É semear sementes com ternura e fazer a colheita com alegria, como se os vossos bem amados fossem comer a fruta. O trabalho é o amor tornado visível.
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Com alegria, a doce professora adentrava à classe. Seu sorriso contagiante, sua bondade, a paciência para explicar os difíceis conteúdos da matemática faziam com que sua aula fosse uma das mais esperadas. Entre números, sorrisos. Entre equações, incentivo. Entre fórmulas, a alegria do ensinar, que se convertia na alegria do aprender. Por escolha popular, tornou-se diretora da escola na qual lecionava. Em sua sala, recebia alunos e pais dos mais diversos matizes. Tantas histórias, tantas dificuldades. Para cada um deles, uma palavra de estímulo, um voto de confiança. O auxílio abnegado em nome da educação e também em nome da fé em Deus que, otimista, cultivava em seu coração. Tudo transcorria bem até que, um dia, recebeu a chocante notícia: um câncer de difícil tratamento tomava-lhe o organismo. Ela não contava nem quarenta anos e, contra a doença, por meses, embrenhou-se em profunda batalha. Por vezes, sentiu o coração temeroso. Por vezes, sentiu-se só. Em alguns instantes, revoltou-se: três filhos pequenos esperavam-lhe os cuidados. Em momento algum, porém, deixou de sorrir, deixou de ser otimista, deixou de oferecer palavras gentis àqueles que a procuravam. Por mais rude que fosse o tratamento, enquanto tinha forças, trabalhou alegremente. Preocupava-se com o bem-estar de seus alunos e da escola sob sua gestão. Quando os cabelos lhe caíram, durante os jogos escolares, todos os alunos, de forma solidária, utilizaram lenços em sua homenagem. Todavia, a doença avançou a passos rápidos e a professora alegre e festiva, que gostava de ensinar tanto quanto gostava de dançar, retornou às moradas celestes. Após o falecimento, pais, alunos e colegas de trabalho solicitaram ao núcleo de educação a mudança do nome da escola. Numa cerimônia emocionante, em 1º de setembro, dia do aniversário da professora, o colégio ganhou nova denominação: Colégio Estadual Professora Kamilla Pivovar da Cruz. 
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Ao longo de nossas jornadas, Deus nos confia missões as mais diversas, de acordo com nossas aptidões: ensinar, curar, projetar, construir. De que maneira temos nos portado diante do trabalho? Trata-se apenas de meio para adquirirmos os recursos financeiros necessários à sobrevivência ou nele encontramos possibilidades de ajudarmos a transformar o mundo? Em todas as coisas percebemos o agir do Criador. Em tudo encontramos a divina assinatura. O trabalho realizado com amor é forma de deixarmos nossa assinatura no curso da evolução. É forma de participarmos ativamente da atuação divina que, a todo instante, por inesgotável amor, cria e trabalha, sempre e sem cessar. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base na biografia da professora Kamilla Pivovar da Cruz e com citações iniciais do cap. Sobre o trabalho, do livro O Profeta, de Gibran Khalil Gibran, tradução de Mansour Challita, ed. Acigi. 
Em 24.10.2018.

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