domingo, 2 de abril de 2017

AS CRUZES DO CAMINHO

Você já deve ter reparado, no curso das rodovias federais e estaduais, um sem fim de cruzes espalhadas ao longo dos inúmeros quilômetros que ligam as pontas de nosso país. Em geral, elas assinalam um acontecimento trágico ocorrido naquele trecho da estrada: um atropelamento, um choque entre veículos, um tombamento de caminhão, cujo desfecho é a morte de uma ou mais pessoas. Elas também registram, de forma singela, a tristeza, o pesar daqueles que padecem a saudade da ausência física de seus amores. Estradas, tantos quilômetros... e tantas cruzes. Silenciosas, discretas... Ali está o memorial em respeito à lembrança de alguém. Para nós, um desconhecido, mas que foi muito amado por ser filho, filha, esposo, esposa, pai, mãe. Erigidas em meio à pressa, à velocidade, erguem-se em respeito à saudade, às recordações, às lágrimas. 
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Quantas cruzes deixamos às margens do nosso caminho? Quantas lágrimas deixamos correr soltas, quantos arrependimentos sepultados, amarguras, desilusões, frustrações? Jesus, o Mestre Nazareno, sentenciou: Se alguém quiser me seguir, negue a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Cada cruz que deixamos em nossos caminhos, ainda que referenciem as dores e os sofrimentos pelos quais passamos, ajudam a contar os passos que demos para chegar onde estamos e para sermos o que somos. As cruzes deixadas representam a morte de um antigo eu, a fim de que possamos renascer mais experientes, mais sábios, mais preparados para os novos desafios. Na Epístola aos Efésios, colhemos: Renunciai à vida passada, despojai-vos do homem velho. Renovai sem cessar o sentimento da vossa alma e revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade. 
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Para cada cruz em nossa jornada, uma despedida. Ainda que com lágrimas, pouco a pouco damos adeus ao nosso orgulho, à nossa maledicência, à vaidade, ao desamor, à falta de caridade e fé. Em toda cruz, paulatinamente, vamos deixando para trás o homem velho, os velhos hábitos, os antigos preconceitos. A cada cruz, a exemplo do Rabi da Galileia, entregamos nas mãos do Pai nosso Espírito em marcha, o qual ruma em direção à verdade, ao bem e à felicidade. As cruzes, ao longo das rodovias, representam apenas um breve adeus, uma vez que a vida jamais cessa, os laços fraternos jamais se desfazem e não há dúvidas quanto ao reencontro com nossos amores, no outro plano da existência. Da mesma forma, as cruzes que deixamos no curso de nosso caminho representam lágrimas passageiras, dores que não são eternas, visto que o norte de nossa jornada é a felicidade, o bem, a paz. * * * Tomemos as nossas cruzes, os nossos desafios, os nossos medos, os nossos infortúnios e sigamos o Cristo. As cruzes às margens de nossas jornadas e as que carregamos são os desafios que a Providência Divina sabe sermos capazes de superar. Com elas aprendemos e através delas nos renovamos. Pensemos nisso! Confiemos! 
Redação do Momento Espírita, com citações do Evangelho de Lucas, cap.9, versículo 23 e da Epístola aos Efésios, cap. V, vers. 22 a 24. Disponível no CD Momento Espírita, v. 31, ed. FEP. Em 22.3.2017.

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