sábado, 1 de abril de 2017

OLHAR PARA AS ESTRELAS

Mikhail Bulgakov
O que efetivamente é permanente em nossa existência? O que vai durar para sempre? Se esses questionamentos parecem fáceis de serem analisados em dias tranquilos, em dias tormentosos dificilmente eles nos chegam à mente. Por isso, será sempre nos dias de calmaria que conseguiremos construir a certeza de que tudo é passageiro em nossas vidas. Glórias, conquistas, tesouros, tudo se esvai com o tempo. Assim como dificuldades, dores, carências. Atormentados com uns, iludidos com outras, comumente nos perdemos nos acontecimentos da vida, esquecendo-nos de que, efetivamente, isso tudo não é a vida em si. Mikhail Bulgakov, escritor e dramaturgo ucraniano do Século XX, ao concluir seu romance O Exército Branco, escreveu: 
"Tudo passa – sofrimento, sangue, fome, peste. A espada também passará, mas as estrelas ainda permanecerão quando a sombra de nossa presença e nossos feitos se tiverem desvanecidos na Terra. Não há homem que não saiba disso. Por que então não voltamos nossos olhos para as estrelas? Por quê?"
 Dessa forma reflexiona o escritor sobre as coisas do cotidiano, sobre como são efêmeras, como nada perdura. E elege as estrelas como símbolo de permanência. Também como símbolo de sonho e da capacidade de olhar além dos problemas do dia a dia, essas coisas pequenas que, por vezes, nos atormentam tanto. Essa deve ser a proposta da nossa vida: que passemos por suas lições, que aprendamos com elas, que guardemos para sempre em nossa intimidade o que de melhor elas possam nos ensinar. Nenhum de nós é condenado pela Providência Divina a eternos suplícios, a dificuldades intermináveis. Deus não nos castiga nem nos impõe severas punições desnecessárias. Na verdade, todas as situações da vida têm um propósito e acontecem como boas oportunidades de aprendizado, sejam na alegria, nas conquistas ou na tristeza. Se o sucesso, o dinheiro, a fartura se fazem presentes, em nossos caminhos, significam oportunidades de aprendermos parcimônia, justiça, empatia e generosidade. Porém, se é a dor a nos alcançar, seu objetivo é que alimentemos a fé, a esperança, a paciência. Se é a dificuldade financeira que nos encontra, exercitemos a perseverança, a coragem. Se os conflitos familiares se fazem mais intensos, são momentos para exercitar um tanto mais a humildade, a compreensão, o entendimento. Em todas as situações há aprendizado. Não nos percamos com os excessos que nos chegam, pois tudo passa e eles se perderão, se dissiparão no tempo. Tampouco nos martirizemos em demasia com as dores e dificuldades porque essas também logo mais nos deixarão. Portanto, em momentos de felicidade ou de rudes dificuldades, olhemos para o Alto. As estrelas nos afirmarão que tudo passa, tudo se desvanece com o tempo; que somente permanecem as lições construtivas, diante das quais tenhamos tido a boa vontade de aprender ao longo da nossa jornada terrena. E que esses aprendizados constituirão as verdadeiras e perenes estrelas que iremos colecionando, no mais profundo da alma, a fim de evoluirmos. Por enquanto, olhemos as estrelas que nos iluminam as noites e prossigamos caminhando, firmes, aprendendo sempre, enquanto espalhamos as nossas próprias e pequeninas luzes pelas veredas da Terra. 
Redação do Momento Espírita. Em 31.3.2017.

Nenhum comentário:

Postar um comentário