Não houve povo, até hoje, que ignorasse a existência da Divindade.
A ideia dessa Força Superior expressou-se, ao longo do tempo, conforme a cultura e os valores de cada comunidade, de cada época.
Assim, na Antiguidade, alguns, como ainda ocorre, concebemos a existência de um grupo de deuses.
Conforme a cultura greco-romana, eles eram quase humanos e, embora seus grandes poderes, eram considerados portadores dos mesmos sentimentos e imperfeições de qualquer mortal.
Algumas culturas lhes atribuíam atitudes tão brutais, que chegavam a lhes oferecer sacrifícios humanos, a fim de aplacar os achaques e destemperos das temidas divindades. Mais tarde, concebemos a ideia do Deus único, Criador de tudo e de todos.
Embora a evolução do conceito monoteísta, permanecia a ideia do Criador a vigiar as criaturas, pronto a castigá-las e enviar Sua ira Divina pelos menores erros humanos.
Assim, apenas temíamos a Deus, pois acreditávamos que quaisquer desvios de conduta eram severamente punidos.
Foi somente com Jesus que a concepção da Divindade ganhou outro caráter.
Pela primeira vez, a relação com Deus se tornou filial. O Mestre, ao orar, no-lO apresentou como o Pai Nosso que está nos céus.
Foi Jesus também quem nos explicou sobre a amorosa Justiça Divina, Sua Providência, seja com as aves dos céus, os lírios do campo, ou para conosco, Seus filhos.
Porém, poucos fomos aqueles que compreendemos essa proposta cristã.
Confundimos o próprio emissário com o Criador, imaginando-os como uma figura única.
E, em nome de um ou de outro, perseguimos, matamos, torturamos, ao longo dos séculos.
Por isso, muitos passaram a negá-lO, questionando a razão da existência de um Deus, que cometia injustiças.
Vários foram os filósofos, principalmente a partir do Século XIX, que se empenharam em destruir, em matar a ideia de Deus, em enterrá-lO, negando-O.
Entronizar a razão em Seu lugar era a atitude mais lúcida, defendiam.
De certa forma, tais filósofos tinham razão. Se esse era o Deus existente, melhor seria negá-lO a aceitar Seus disparates.
Porém, se esqueceram de analisar as alterações que os próprios homens introduziram no cristianismo nascente, tornando-o, muitas vezes, bem distante da proposta do Cristo.
Necessário, portanto, que resgatemos o Deus que Jesus nos apresentou.
Não o Deus a ser adorado em templos suntuosos, mas o Pai que mora em nossa intimidade.
Não o Deus tribal, que protege aos Seus, castigando os supostos inimigos, mas o Deus que ama a todos.
Não o Deus que se incomoda com o que vestimos, com a música que escutamos, com o que nos alimentamos ou com a religião que praticamos, mas o Deus do Universo, Criador das galáxias infindas e belezas incomuns.
É necessário fazermos as pazes com Deus. Desatar os nós emocionais que carregamos com relação ao nosso Pai Celestial.
Compreendê-lO, efetivamente, como o Pai, que não castiga, mas ensina; que não nos pune, mas oferece caminhos nem sempre agradáveis para nosso melhor aprendizado.
E entender que acima de tudo Deus nos ama, provendo a todas as nossas necessidades, dia após dia, conforme nos ensinou Jesus.
Redação do Momento Espírita.
Em 6.4.2017.
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