Usar, por alguns dias, a pulseira da mãe, era o sonho de consumo do pequeno Rick, de seis anos de idade.
Eles eram pobres e a pulseira não tinha muito valor, mas tanto o garoto insistiu que a mãe lhe entregou, mas recomendou que tomasse cuidado.
Rick colocou o cordão no pulso e se sentiu o homem mais feliz do bairro.
Jogava futebol com os amigos, de pulseira. Ia comprar pão, com a pulseira e na escola ele exibia sua preciosidade sempre que podia.
As semanas se passaram e, como sempre acontece com as crianças, um dia aconteceu com Rick. Uma distração e ele se deu conta de que havia deixado a pulseira em algum lugar.
Procurou por todos os cantos e... nada.
Ele estava sozinho em casa. A mãe estava no trabalho. Mas, e quando ela chegasse, como lhe contaria a tragédia?
Mil preocupações surgiram naquela cabeça infantil. E a mais cruel era a de ter perdido o que ele considerava ser o único tesouro da sua mãe.
Depois de muitas cogitações, ele tomou uma difícil decisão: iria embora de casa.
Jogou algumas roupas dentro da velha sacola e saiu porta afora.
Não foi muito longe e ouviu uma voz bem conhecida... Era o Sr. Severino, um velhinho bom que morava na vizinhança.
-Ei, aonde você vai com essa trouxa nas costas, Rick?
Preocupar-se com os filhos alheios não é muito comum nos grandes centros mas, nos vilarejos de gente pobre, os vizinhos se importam uns com os outros.
-Vou embora. Respondeu, cabisbaixo, o menino.
-Mas a sua mãe não está em casa. É melhor você esperar que ela chegue, senão ela ficará aflita quando não o encontrar.
O garoto costumava ouvir os mais velhos, então voltou, é claro, na companhia do velho Severino.
Quando a mãe chegou já estava escuro. Mal entrou e já sentiu algo no ar, pois as mães sempre sentem quando tem alguma coisa errada com seus filhos.
-O que houve, Sr. Severino? Perguntou logo.
Ele se aproximou e lhe falou baixinho o que havia acontecido. Ela, já em lágrimas, entrou no quarto, onde o pequeno Rick estava escondido e o abraçou com ternura.
-Meu filho, você ia embora sem avisar a mãe?
Por que ia fazer isso, meu anjo?
-Mãe, lembra daquela pulseira que você me emprestou e me pediu para ter cuidado?
-Sim, disse a mãe!
-Eu não sei como aconteceu, mas perdi, mãe.
Quando notei, eu procurei, procurei, mas não achei. Então fiquei com medo e com vergonha, e por isso eu ia embora de casa, pra não ver você triste.
-Ora filho, eu ia ficar muito triste se você tivesse ido. Nunca mais pense nisso!
-E a pulseira? Perguntou, mais aliviado.
-Ah, meu anjo, aquela pulseira tinha pouco valor. Um dia, quem sabe, nós compremos outra.
-Mãe, eu quero lhe dar um belo colar. Você sabe quanto custa um?
-Não faço ideia, mas eu já tenho o colar mais valioso do mundo. E sabe qual é?
-Não, mãe, eu nunca vi você de colar.
-Pois bem, disse a mãe, puxando os bracinhos do filho e os envolvendo no pescoço.
Filho, o seu abraço é o colar mais valioso do mundo, para mim. E eu desejo tê-lo para sempre. Promete que nunca mais vai pensar em ir embora?
Rick sorriu, aliviado, e encheu o rosto da mãezinha de beijos.
* * *
Não há tesouro mais valioso do que os filhos.
Um filho é a prova da confiança de Deus aos pais.
Mas os filhos nem sempre sabem que são valiosos para seus pais. É preciso dizer isso a eles, sempre.
E você, já disse isso ao seu filho, hoje?
Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 11, ed. Fep.
Em 29.07.2011.
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