NEIO LÚCIO |
O rapaz fora despedido e ficou muito magoado com o seu chefe. Pegou um papel e grafou sua ira com palavras agressivas e o enviou ao seu ex-gerente.
Quando esse leu o bilhete, assimilou o seu conteúdo venenoso e ficou muito irritado. Chegando em casa para almoçar, com aquela carga pestilenta, xingou a esposa porque seus sapatos não estavam bem lustros. Transferiu o veneno para a esposa, que sentiu necessidade de agredir alguém.
E a vez foi da auxiliar doméstica. A patroa descarregou toda sua ira na pobre moça, porque não havia deixado os sapatos do patrão com o brilho desejado.
A serviçal, no entanto, não tinha ninguém para descarregar sua raiva. Saiu esbravejando e viu logo à sua frente um velho cão que tirava um cochilo tranquilamente deitado no chão. Não teve dúvidas. Extravasou toda sua ira em um pontapé no pobre bicho.
O cão saiu em disparada e mordeu a primeira pessoa que encontrou no caminho. Era a vizinha.
Essa, com a mordida recebeu a carga que havia sido emitida pelo funcionário despedido. Tomada de dor e muito irada, acabou por agredir o rapaz que a atendeu na farmácia.
Esse, por sua vez, ao adentrar o lar, furioso, começou a esbravejar contra a mãezinha que o aguardava para o jantar.
Que vida miserável! A senhora é culpada por eu ter que trabalhar feito um condenado naquela farmácia. Não aguento mais tantos problemas!
A mãezinha, calmamente, o envolveu num abraço afetuoso e falou suavemente: É verdade, filho, você tem razão.
E passando a mão nos seus cabelos com carinho, amortizou a ira e fez com que se dissipasse ali, aquele veneno letal que já havia prejudicado a tantos.
A força do amor! Não há arma mais capaz do que o amor!
Ninguém resiste à força do amor. Se uma pessoa chega furiosa, agredindo-nos com palavras e lhe respondemos com calma, ela fica como que imobilizada e sem ação.
É como jogar água sobre o fogo. Enquanto o revide, a ira, são como o elemento inflamável jogado na fogueira.
Ghandi foi um exemplo vivo da força do amor. Enquanto os ingleses portavam armas pesadas, aparentemente invencíveis, ele, com a força do amor, logrou libertar seu povo do jugo da Inglaterra.
Se temos usado a tática do revide, tentemos agora a tática do amor. Basta que respondamos ao mal com o bem, à violência com a não violência, ao ódio com a paciência.
O ensino do Mestre de Nazaré é sábio quando recomenda que se alguém nos bater na face direita lhe apresentemos a outra. Pois bem, quando se nos apresente a ira, a revolta, mostremos a outra face, a face da paciência, da concórdia, da tolerância.
Agindo assim, com certeza, não seremos propagadores da revolta, da ira, da cólera, e de tantos outros males que poderiam ser aplacados com apenas algumas gotas de tolerância.
* * *
CHICO XAVIER |
Quando ficamos irados, os batimentos cardíacos aceleram-se e o sangue flui para as mãos, tornando mais fácil pegar uma arma ou golpear o inimigo.
Por isso, é que, às vezes, temos notícias de pessoas que agridem o semelhante por motivos irrelevantes. É que foram dominadas pela cólera.
Assim, é importante que treinemos diariamente para vencermos a ira a qualquer custo, para o nosso próprio bem.
Redação do Momento Espírita com base no cap. 26,
do livro Alvorada cristã, pelo Espírito Neio Lúcio,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
Em 23.06.2010.
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