Consciência de culpa: severa companheira dos corações amargurados.
Acusadora cruel, que devora qualquer paz que deseje nos acariciar o rosto, mesmo que por alguns segundos.
Quantos... Quantos de nós carregamos na alma a vergonha de atos do passado. Quantos escondemos segredos no íntimo assombrado pelas guerras conscienciais...
Quantos desses fantasmas nos atemorizam, muitas vezes, sem que percebamos...
Certas palavras que ouvimos, quando nos lembram do que guardamos na alma, parecem mais punhais incandescentes querendo nos torturar.
Queria voltar o tempo;
Quisera ter agido de outra forma;
Se soubesse o que sei agora...
Todas são expressões típicas da consciência culpada.
Mas, e se ela, do alto de seu reinado de fogo em nossa intimidade, um dia ouvisse a seguinte expressão: Há uma chance de ser bom novamente.
Tamparia os ouvidos, certamente, num primeiro momento. Mas a frase continuaria ecoando. Não há mais como não ouvi-la. Ela brada com força e doçura, irresistível.
O reinado da dominadora culpa está ameaçado. Existe uma chance de liberdade para aqueles que se consideravam prisioneiros de si mesmos.
Agora há uma chance... Uma chance da paz voltar, e voltar maior do que era...
Que chance é essa? É a chance da prática do bem.
Tudo que destruímos, um dia poderá ser reconstruído, através desta ação.
Cobrindo a multidão de pecados, o amor, através da prática do bem, nos concederá a liberdade que tanto sonhamos.
As ações do passado não se apagam, é certo, feito mágica, mas as novas atitudes, quando alicerçadas no bem, produzirão tanta luz, que o pretérito de sombras não mais nos assustará.
As leis de Deus, perfeitas e amorosas, sempre nos dão exemplos desta possibilidade.
Almas que traímos, que maculamos, que transviamos, retornam ao convívio diário, através da reencarnação, para que agora as amemos.
Se no passado destruímos, se fomos exemplo de descaso, indiferença e violência, voltamos para construir, e exemplificar a conduta pacífica e agregadora.
Se apresentamos condutas indignas, se faltamos com a honestidade, sempre há tempo de recuperar a dignidade, e de sermos honestos, de agora em diante.
Não existe condenação eterna na legislação divina.
Então, por que insistimos em nos condenar ao sofrimento infinito no íntimo?
Auto-perdão não é sinônimo de condescendência, mas sim oportunidade de uma nova chance.
O perdão divino se funda nesta realidade: dar uma nova chance de acertar.
Assim, se Deus nos concede tal chance, por que não nos permitimos recomeçar?
A consciência de culpa tem sua utilidade apenas como mola propulsora, no início, para nos fazer verificar o erro, e nos motivar à correção.
Caso faça ninho na alma, passa a ser veneno perigoso e paralisante, atrapalhando o desenvolvimento do ser, rumo ao seu encontro com a felicidade.
* * *
Há uma chance de ser bom novamente.
Uma chance de iluminar a sombra.
Há no bem a força de romper as grades.
Há no amor a libertação da culpa.
Redação do Momento Espírita
Em 23.04.2008.
Nenhum comentário:
Postar um comentário