segunda-feira, 6 de junho de 2016

O CÉU ESTÁ NA ALMA

A crença mais difundida entre os homens identifica o céu como um local determinado no espaço. Para lá seguiriam as almas dos eleitos. O aspecto e o conteúdo desse lugar refletem ideais de prazer material das diversas culturas existentes na Terra. Algumas dessas culturas afirmam que cada homem terá diversas virgens à sua disposição. Outras sustentam que o paraíso é repleto de anjos tocando harpas. Em eterna contemplação, as almas se refestelariam no ócio. Tais concepções refletem o desejo de saciar inúmeros vícios, como gula, preguiça e sensualidade. Contudo, não é possível conceber que almas sublimes encontrem alegria em nada fazer ou em satisfazer paixões. O que caracteriza os grandes homens é a sua dignidade e o seu incansável labor em favor dos semelhantes. Não é crível que a morte física os degenere. E que a partir dela se tornem rematados desocupados cheios de vícios. Consequentemente, o paraíso não pode ser um local de ócio e desfrutes. Na verdade, o céu não é um lugar delimitado. A evolução científica evidencia a impossibilidade dele se situar no alto das nuvens, como durante certo tempo se concebeu. O homem gradualmente explora recantos cada vez mais longínquos, sem perigo de encontrá-lo. Tendo em mente que o que sobrevive à matéria é o Espírito, suas recompensas e penúrias devem ser todas imateriais. A rigor, o céu é um estado de consciência. Não é preciso desencarnar para estar no céu ou no inferno. Cada homem traz, nas profundezas do próprio ser, a grandeza ou a miséria resultantes de seus atos. Um homem honrado experimenta plenitude interior onde quer que se encontre. Já um celerado permanece em sobressalto mesmo no mais luxuoso dos palácios. O céu é um estado de harmonia com as Leis Divinas. Tais Leis são reveladas pela natureza e encontram-se inscritas na consciência de cada ser. A semelhança em face da dor, da doença e da morte revela que todos os homens são essencialmente iguais. As diferenças de caracteres refletem o bom ou mau aproveitamento das anteriores encarnações. Todos os Espíritos foram criados em estado de total simplicidade. E todos fatalmente se tornarão anjos de amor e sabedoria. As desigualdades são transitórias e retratam o esforço individual. Quem gastou bem o tempo acumulou tesouros intelectuais e morais. Aquele que se permitiu viver na leviandade ressente-se das oportunidades que desperdiçou. Os vícios e paixões que porta são a herança que preparou para si. A igualdade essencial dos seres indica um dever de solidariedade. O homem mais avançado precisa auxiliar os que seguem na retaguarda. Trata-se de um dever elementar de humanidade, não de um favor. Esse auxílio não se cinge a esmolas, muitas vezes humilhantes. Nem reflete conivência com equívocos. A criatura consciente necessita dar exemplos de dignidade e trabalho. Também precisa demonstrar compaixão com os semelhantes. Auxiliá-los a perceber os próprios equívocos e a repará-los. Quem é honesto, trabalhador e solidário realiza a tarefa que lhe cabe no concerto da vida. Harmoniza-se com sua consciência e vive em estado de plenitude. Acerta-se com o passado e descobre a alegria que é trazer uma larga faixa de céu no coração. 
Redação do Momento Espírita. Em 31.7.2013.

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