ALBERTO ALMEIDA |
Uma das queixas maiores de toda a população é do índice crescente de violência. Não existe mais segurança, comentam as pessoas, alarmadas.
Escolas, empresas, os governos estabelecem campanhas contra a violência, utilizando-se de palestras, seminários e da mídia em geral. Cartazes são afixados em pontos estratégicos, pessoas colocam bótons no próprio peito, afixam adesivos nos carros. Contudo, a violência parece não diminuir.
Talvez não estejamos nos dando conta do ciclo que percorre a violência.
Conta-se que certo general passou a noite inteira sem conseguir pregar o olho. Pela manhã, estava muito irritado e chegando ao quartel, mal viu o coronel, dirigiu-lhe palavras rudes de admoestação, por coisa nenhuma.
O coronel engoliu em seco a própria raiva, pois não podia externar o que lhe ia na intimidade ao seu superior. Saiu da sala e, encontrando o tenente no corredor, gritou com ele, falando da sua incompetência em resolver questões de somenos importância no quartel.
O tenente ficou vermelho. Sentiu o sangue quase explodir no cérebro, mas mordeu a língua para não se alterar com o seu comandante. Bateu continência e foi para o pátio, onde encontrou o sargento, que se preparava para os exercícios com seus subordinados.
Asperamente se dirigiu a ele, deixando-o com muita raiva. O sargento esperou que o tenente se afastasse, rodou sobre os calcanhares e se encaminhou até o cabo, que lhe recebeu toda a agressividade guardada.
O cabo não gostou de ser xingado por algo que não fizera. E acabou despejando a sua ira no primeiro soldado que encontrou, a caminho do seu alojamento. Reclamou de tudo, deixando o pobre homem arrasado.
Como o soldado estava em final de expediente, saiu do quartel e se dirigiu ao terminal de ônibus. Quando subiu no coletivo, perdeu a calma com o cobrador que disse não ter troco para a nota que ele apresentou.
O motorista do ônibus assistiu tudo, tomou as dores do cobrador mas, com medo de reagir porque a pessoa em questão era um militar, se calou.
Contudo, quando chegou em casa, trazia dentro de si toda a raiva que segurara durante as últimas horas de trabalho e, porque a esposa demorasse em colocar a comida à mesa, ele lhe dirigiu palavras inadequadas, grosseiras e ofensivas.
O motorista era um homem grande e ela miúda, por isso ela achou mais prudente ficar quieta. Entretanto, ao passar pelo seu quarto, viu a filha de oito anos mexendo no seu estojo de maquiagem. Era algo que ela fazia sempre.
Mas, naquele dia, a mulher se encolerizou, brigou com a garota, e a mandou para o quintal. A menina não entendeu a reação da mãe e foi despejar toda a sua raiva num cão que estava amarrado, nos fundos da sua casa.
O pobre animal sentiu o pontapé e recebeu a carga negativa que a criança despejou.
Como não tinha nada mais a fazer, externou a sua vontade de morder, de reagir, uivando a noite inteira.
Adivinhem quem morava na casa ao lado? Isso mesmo! O general do começo da história.
* * *
Pensemos nisso! Deter o ciclo da violência deve ser nosso maior desafio. No todo é muito prático: basta agir em vez de reagir.
Pensar antes de falar. Contar até dez, antes de responder mal a quem quer que seja. Não revidar ofensa, desaforo ou má educação.
Pensemos nisso! A estatística da violência é marcada por cada um de nós.
Redação do Momento Espírita, com base no estudo Respeito,
desenvolvido por Alberto Almeida, em março de 2002, na cidade
de Matinhos/PR.
Em 26.3.2014.
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