Rick Metzger |
Foi na primavera de 1995. Rick acabara de ganhar sua Medalha de Ouro nas Olimpíadas. Era a sensação do colégio. Depois de uma palestra, o diretor lhe perguntou se ele poderia fazer uma visita a um aluno especial.
O menino se chamava Mateus e não pudera se fazer presente à palestra. No entanto, tinha manifestado interesse em conhecer Rick.
Como o diretor se sensibilizara com o pedido e Rick concordou, eles foram à casa do garoto. No trajeto de quatorze quilômetros, Rick descobriu algumas coisas. O menino era portador de distrofia muscular.
Quando nascera, os médicos disseram a seus pais que ele não viveria até os cinco anos. Depois, que ele não chegaria aos dez. Ele estava com treze anos. Era um lutador.
Queria conhecer Rick porque ganhara a medalha de ouro nas olimpíadas e ele, Mateus, sabia tudo sobre superar obstáculos e correr atrás de sonhos.
Durante uma hora conversaram e, em nenhum momento, Mateus reclamou da sua situação, nem questionou: Por que eu? Falou sobre vencer e alcançar os seus sonhos.
Não comentou que seus colegas de turma gozavam dele, por vezes, porque ele era diferente. Falou apenas de suas esperanças para o futuro e de como, um dia, haveria de conseguir fazer levantamento de peso.
Quando a conversa se encerrou, Rick tirou de sua pasta a Medalha de Ouro que ganhara por levantamento de peso e a colocou no pescoço do garoto.
Disse a Mateus que ele era um vencedor e que sabia mais sobre sucesso e superar obstáculos do que ele próprio.
O menino olhou a medalha, depois a devolveu, dizendo:
Rick, você é um campeão. Mereceu esta medalha. Algum dia, quando for para a Olimpíada e ganhar a minha Medalha de Ouro, vou mostrá-la a você.
Quando chegou o verão, Rick recebeu uma carta dos pais de Mateus. Ele havia morrido, mas escrevera apenas alguns dias antes de partir:
Caro Rick. Minha mãe disse que eu deveria lhe mandar uma carta agradecendo pela foto legal que você me enviou. Eu também queria contar que os médicos disseram que não vou viver muito tempo.
Está ficando muito difícil respirar e eu me canso com facilidade. Mas ainda sorrio o quanto posso. Sei que nunca vou ser tão forte quanto você e que nunca vamos levantar peso juntos.
Um dia eu disse a você que iria à Olimpíada e ganharia uma Medalha de Ouro. Agora sei que nunca vou fazer isso.
Mas sei que sou um campeão. E Deus também sabe. Ele sabe que eu não desisto.
Por isso, quando eu chegar do outro lado, Deus vai me dar uma Medalha de Ouro. E quando você chegar lá, eu vou mostrá-la a você.
Obrigado por me amar. Seu amigo. Mateus.
* * *
Para quem guarda a certeza da imortalidade da alma, todo adeus se transforma em um até logo. E quando percebe que a vida física vai acabar, já arruma toda sua bagagem para a nova vida.
Para quem crê que a alma vive e vibra, para além da tumba, a saudade se dilui no tempo, porque sempre chegará o momento dos reencontros, mesmo que os anos passem, somando-se em décadas e se multipliquem em doce e acalentada espera.
Para quem tem convicção da sua imortalidade, a madrugada do amanhã será logo mais, vencida a sombra da morte e superado o obstáculo de qualquer temor.
Redação do Momento Espírita, com base no cap.
Medalhista de ouro, de autoria de Rick Metzger, do livro
Histórias para aquecer o coração dos adolescentes, de
Jack Canfield, Mark Victor Hansen e Kimberly Kirberger,
ed. Sextante.
Em 26.11.2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário