quarta-feira, 28 de outubro de 2015

ATENTADO À DIGNIDADE

Espírito Vianna de Carvalho
Quando você comete um equívoco qualquer, o que espera dos outros, com relação ao seu ato infeliz? Salvo os casos patológicos, as pessoas esperam que os outros tolerem e desculpem seus erros, ou, então, que as ensinem a fazer o certo, não é verdade? Todavia, mesmo com esse entendimento, não é assim que agimos com relação aos equívocos das outras pessoas. Um exemplo disso é o infeliz sistema de recuperação de presidiários, vigente em nosso país e em outras nações da Terra. É um sistema que atenta contra a dignidade humana e dificulta a recuperação do delinquente, tornando-o ainda mais rebelde e mais criminoso. Abandonado pela sociedade, o presidiário busca apoio naqueles que lhe inspiram ódio contra esta, que lhe parece injusta, acumulando sentimentos de agressividade e ressentimento para descarregar, mais tarde, naqueles que considera responsáveis pelo seu encarceramento. Ao invés de entender a prisão como uma forma de reparação do mal praticado, nela vê somente um instrumento de punição e de crueldade, que mais o degrada e enlouquece. Não raro, indivíduos que cometem pequenos delitos são obrigados à convivência com pessoas inescrupulosas, em pequenas celas, onde aprendem, com requinte de detalhes, a criminalidade. Nesses casos, em vez de se resolver o problema, se cria um ainda maior, aumentando o número e o grau da delinquência. Já é tempo de se pensar em resolver problemas e não agravá-los com métodos remanescentes dos tempos medievais, de torturas e degradações contra o ser humano. De um modo geral, isso se dá por causa do conceito que se faz do mal, sob seus vários aspectos, confundindo-se o mal, propriamente dito, com aquele que o pratica. Talvez seja por isso que não temos sido eficientes nesse combate. Para agir corretamente em prol do saneamento moral, é preciso não confundir o crime com o criminoso, o vício com o viciado, a rebeldia com o rebelde, do mesmo modo que não confundimos o doente com a doença. Do mesmo modo que se combatem as enfermidades e não os enfermos, assim também se deve combater o crime, o vício, a rebeldia, e não o criminoso, o viciado, o rebelde. O mal não é intrínseco no indivíduo, não faz parte da natureza íntima do Espírito, mas é uma anomalia, como são as outras enfermidades. O bem, tal como a saúde, é o estado natural inerente ao ser. Um corpo doente constitui um caso de desequilíbrio, precisamente como um Espírito transviado, rebelde, viciado ou criminoso. Portanto, os distúrbios psíquicos devem ser tratados com o mesmo cuidado que se tratam as doenças do corpo. Assim como não resolvemos o problema das doenças batendo no enfermo e punindo-o, também não devemos combater os problemas morais espancando e punindo o delinquente. Pode-se e deve-se envidar esforços para que o criminoso se restabeleça e se integre na sociedade como um cidadão sadio, cumprindo as penas estabelecidas pelas leis, com dignidade e confiança, e não como um ser imprestável, pois ele também é filho de Deus. Agindo assim daremos o devido valor às palavras do Cristo quando recomenda que amemos os nossos inimigos e façamos o bem aos que nos fazem mal, porque Ele não proclamou somente um preceito de alta humanidade, proferiu uma sentença profundamente pedagógica e sábia. A benevolência, contrastando com a agressão, é o único processo educativo capaz de corrigir e regenerar o equivocado. 
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Num tempo, não muito distante, os processos arbitrários e injustos cederão lugar a mecanismos de educação e de reeducação, assim como de crescimento moral, através dos quais aqueles que delinquirem encontrarão misericórdia e amor, conduzindo-os ao equilíbrio e à paz. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. O criminoso e o crime, do livro Em torno do Mestre, de Vinícius, ed. Feb e na pergunta 78, do livro Atualidade do pensamento espírita, pelo Espírito Vianna de Carvalho, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 13.09.2010.http://momento.com.br/

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