quinta-feira, 29 de outubro de 2015

ATENTADO À VIDA

Ninguém sabe o porquê. Tudo parecia bem. A jovem senhora estava com viagem marcada para o Exterior. Miami era seu destino. No roteiro, passeios, praia, sol, muitas compras. Compras para o seu guarda-roupa, para a filha, para o neto a caminho. Naquela manhã, bela, bem vestida, ela chegou da rua, almoçou e pediu à sua secretária que a despertasse no cair da tarde. Tinha um compromisso social à noite. Iria repousar, preparando a cútis para estar bonita, radiante para o evento programado. O relógio foi somando os minutos, arrastando as horas. Caía a tarde de outono quando a funcionária foi chamar a senhora. Envolvida em tarefas, deixara transcorrer o tempo. O que viu, ao entrar nos aposentos de dormir, a deixou em choque. A senhora estava banhada em sangue. Atirara contra o próprio coração. Amigos, familiares, todos se surpreenderam. O que levou a senhora a gesto tão tresloucado? Pôr fim à própria vida. Por que, se tinha família, pessoas que a amavam, beleza física, juventude, dinheiro? 
* * * 
Em outro lar, o adolescente de treze anos diz à mãe que irá acampar com amigos, no feriadão. A mãe não o autoriza. Ele terá várias provas na semana. Precisa estudar. Além disso, o local e os pretensos amigos são motivo de preocupação para ela. O garoto insiste. Bate o pé. Diz que irá assim mesmo. Na discussão, a mãe lhe ordena que se recolha ao quarto, que se acalme. Por ora, a conversa está encerrada. Ele se retira. Com raiva, entra no quarto. Bate a porta com violência e grita: A senhora vai se arrepender por ter feito isso comigo! Duas horas depois, a mãe procura o filho. Entra no quarto. A janela está aberta. Lá embaixo, uma multidão se aglomera em torno de um corpo no asfalto. O jovem saltara para a morte, do décimo oitavo andar do edifício. Desespero. Consternação. 
Perguntas sem respostas. Por quê? Por uma simples negativa a um passeio? Mas ele tinha um lar, pais, irmãos, amigos. Por quê? Ninguém pratica um ato extremo como o de lançar-se no abraço da morte, sem algum motivo. E sem, em algum momento, ter dado mostras de desequilíbrio, de insatisfação. O que acontece que não se apercebem os familiares, amigos, colegas? É que olhamos muito pouco para os olhos das pessoas. Esquecemos de verificar os vincos na testa, anotar os rompantes de humor, a insatisfação demonstrada em mil reclamações. O passeio nunca é bom. O restaurante estava muito cheio. O filme não atendeu à expectativa. A roupa nova não agradou. O amigo falhou. A namorada se foi. O dinheiro está curto. E os sinais vão se tornando mais expressivos. Às vezes, a pessoa chega a se tornar quase desagradável, no relacionamento pessoal. São sinais. São alertas. Fiquemos atentos a esses pedidos inconscientes de socorro. E ajudemos. Utilizemos o diálogo, aconselhemos ajuda terapêutica, à prece, à mensagem positiva da crença em Deus. Incentivemos à busca de um apoio espiritual. Falemos da vida que nunca morre. Da imortalidade do Espírito. Enfim, façamos o que esteja ao nosso alcance, evitando lágrimas de arrependimento e dor, para o futuro. Pensemos nisso. E nos façamos mais atentos em nossa vida. Coloquemos nosso coração nos olhos, a fim de olhar com olhos de ver. E de sentir. Olhos de irmão. Olhos de quem se importa com todo ser vivente sobre a Terra. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 6, ed. FEP. Em 14.1.2014.

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