Ninguém sabe o porquê. Tudo parecia bem.
A jovem senhora estava com viagem marcada para o Exterior. Miami era seu destino.
No roteiro, passeios, praia, sol, muitas compras.
Compras para o seu guarda-roupa, para a filha, para o neto a caminho.
Naquela manhã, bela, bem vestida, ela chegou da rua, almoçou e pediu à sua secretária que a despertasse no cair da tarde.
Tinha um compromisso social à noite.
Iria repousar, preparando a cútis para estar bonita, radiante para o evento programado.
O relógio foi somando os minutos, arrastando as horas.
Caía a tarde de outono quando a funcionária foi chamar a senhora. Envolvida em tarefas, deixara transcorrer o tempo.
O que viu, ao entrar nos aposentos de dormir, a deixou em choque.
A senhora estava banhada em sangue. Atirara contra o próprio coração.
Amigos, familiares, todos se surpreenderam.
O que levou a senhora a gesto tão tresloucado? Pôr fim à própria vida.
Por que, se tinha família, pessoas que a amavam, beleza física, juventude, dinheiro?
* * *
Em outro lar, o adolescente de treze anos diz à mãe que irá acampar com amigos, no feriadão.
A mãe não o autoriza. Ele terá várias provas na semana. Precisa estudar.
Além disso, o local e os pretensos amigos são motivo de preocupação para ela.
O garoto insiste. Bate o pé. Diz que irá assim mesmo.
Na discussão, a mãe lhe ordena que se recolha ao quarto, que se acalme.
Por ora, a conversa está encerrada. Ele se retira. Com raiva, entra no quarto. Bate a porta com violência e grita:
A senhora vai se arrepender por ter feito isso comigo!
Duas horas depois, a mãe procura o filho. Entra no quarto. A janela está aberta.
Lá embaixo, uma multidão se aglomera em torno de um corpo no asfalto. O jovem saltara para a morte, do décimo oitavo andar do edifício.
Desespero. Consternação.
Perguntas sem respostas.
Por quê? Por uma simples negativa a um passeio? Mas ele tinha um lar, pais, irmãos, amigos. Por quê?
Ninguém pratica um ato extremo como o de lançar-se no abraço da morte, sem algum motivo.
E sem, em algum momento, ter dado mostras de desequilíbrio, de insatisfação.
O que acontece que não se apercebem os familiares, amigos, colegas?
É que olhamos muito pouco para os olhos das pessoas.
Esquecemos de verificar os vincos na testa, anotar os rompantes de humor, a insatisfação demonstrada em mil reclamações.
O passeio nunca é bom. O restaurante estava muito cheio. O filme não atendeu à expectativa.
A roupa nova não agradou. O amigo falhou. A namorada se foi. O dinheiro está curto.
E os sinais vão se tornando mais expressivos. Às vezes, a pessoa chega a se tornar quase desagradável, no relacionamento pessoal.
São sinais. São alertas.
Fiquemos atentos a esses pedidos inconscientes de socorro. E ajudemos.
Utilizemos o diálogo, aconselhemos ajuda terapêutica, à prece, à mensagem positiva da crença em Deus.
Incentivemos à busca de um apoio espiritual. Falemos da vida que nunca morre. Da imortalidade do Espírito.
Enfim, façamos o que esteja ao nosso alcance, evitando lágrimas de arrependimento e dor, para o futuro.
Pensemos nisso. E nos façamos mais atentos em nossa vida.
Coloquemos nosso coração nos olhos, a fim de olhar com olhos de ver. E de sentir.
Olhos de irmão. Olhos de quem se importa com todo ser vivente sobre a Terra.
Redação do Momento Espírita.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 6, ed. FEP.
Em 14.1.2014.
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