terça-feira, 11 de agosto de 2015

APATIA

DIVALDO PEREIRA FRANCO
e
JOANA DE ÂNGELIS
Olhando só para o chão, percebeu apenas o movimento das sombras sem cor. Sem coragem de olhar para o céu, deixou de ver o voo azul das borboletas. 
* * * 
Apatia é doença da alma. Congela a vontade, paralisa os movimentos, faz-nos estátuas vivas. Vivos-mortos que perdem o sentido de viver, que cedem ao automatismo dos dias, que adquirem visão monocromática de tudo e de todos. Indiferença. Os apáticos sofrem do vício da indiferença. Acostumaram-se com as notícias ruins, as desgraças, os flagelos destruidores, e tais fatos nem mais lhes tocam o coração. Não são capazes nem de enviar bons pensamentos às vítimas. Uma prece? Não. Prece é coisa de religioso fanático. 
– Dizem ou pensam. Acostumaram-se com o jeitinho, esquecendo que tal maneira de negociar ou resolver as questões é apenas corrupção disfarçada. Acostumaram-se com as lágrimas dos outros e elas não mais os emocionam. Foram obrigados a represar suas emoções. Expressar emoções é para os fracos. 
– Cochicham. Acostumaram-se com o mal... inacreditavelmente. 
* * * 
Acostumamo-nos a olhar mais para o chão do que para o céu, esta é a verdade, e depois de um tempo nem achamos o chão tão ruim assim... Isso é gravíssimo, pois se perde a referência de algo melhor, de algo maior, e todos precisamos mirar alto para poder crescer. A apatia nos aprisionou em estruturas de pensamentos absurdas, nos aprisionou à falta de emoções e em comportamentos robóticos insensíveis. Ela nos fez pensar que não somos capazes de mudar nada, que tudo sempre foi assim, que a Humanidade não tem jeito e que nosso futuro é desesperador. O apático é alguém que perde a batalha antes mesmo de enfrentá-la. 
* * * 
Elimina do teu vocabulário as frases pessimistas habituais, substituindo-as por equivalentes ideais. Não digas: "Não posso"; "Não suporto mais"; "Desisto". Faze uma mudança de paisagem mental e corrige-a por outras: "Tudo posso, quando quero"; "Suporto tudo quanto é para o meu bem" e "Prosseguirei ao preço do sacrifício, para a vitória que persigo". A apatia é doença da alma, que a todos cumpre combater com as melhores disposições. Na luta competitiva da vida terrestre, não há lugar para o apático. Receando o labor bendito ou dele fugindo, mediante mecanismos de evasão inconsciente, a criatura se deixa envenenar pela psicosfera mórbida da autopiedade, procurando inspirar compaixão antes que despertar e motivar amor. Reage com vigor à urdidura da apatia, do desinteresse. Ora e vence o adversário sutil, que em ti procura alojamento, utilizando-se de justificativas falsas. A lei do trabalho é impositivo das leis naturais que promovem o progresso e fomentam a vida. Não é por outra razão que a tradição evangélica nos informa: “Ajuda-te e o céu te ajudará”, conclamando-nos à luta contra a apatia e os seus sequazes, que se fazem conhecidos como desencanto, depressão, cansaço e equivalentes. 
Redação do Momento Espírita, com base no poema Apatia, de Adélia Maria Woellner, e no cap. 35, do livro Alerta, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Em 21.7.2015

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