sexta-feira, 27 de junho de 2025

MEU PRÓXIMO, MEU IRMÃO!

Conta-se que um monge e seus discípulos iam por uma estrada e, ao cruzarem uma ponte sobre um rio, perceberam um escorpião sendo arrastado pela correnteza. 
Mais do que depressa, o monge entrou na água e apanhou o animalzinho, que estava na iminência de se afogar.
Entretanto, ao tentar retirá-lo da água, o escorpião picou o monge e, devido à dor, este o deixou cair novamente no rio.
Sem desanimar, o monge correu até a margem, tomou um galho de árvore e novamente entrou no rio, colheu o escorpião e o salvou. 
Em seguida, juntou-se novamente aos discípulos, os quais haviam acompanhado tudo e agora olhavam para o monge, assustados e perplexos. 
Um dos discípulos, exteriorizando a curiosidade de todo o grupo, exclamou: 
-Mestre, deve estar doendo muito! 
-Sim, está, redarguiu o mestre, comedido como sempre.
Indignado, prosseguiu o aprendiz: 
-Então, por que o senhor retornou para salvar esse bicho ruim e venenoso? Deixasse que ele se afogasse! Veja como ele respondeu à sua ajuda! Picou a mão que o salvara! Não merecia sua compaixão! 
O mestre, sereno e brando, olhando para o grupo afirmou: 
-O escorpião agiu conforme a natureza dele e eu de acordo com a minha. 
* * * 
Desde que nascemos, todos somos incluídos na sociedade, criamos laços familiares e, aos poucos, vamos assumindo nossos papéis sociais. 
Somos pais, filhos, irmãos, tios, primos, sobrinhos. 
E também patrões, empregados, voluntários, prestadores de serviço, profissionais liberais. 
Nem sempre tais relações são livres de desavenças, discórdias, mágoas, decepções. 
Aqueles que buscamos exercer o convívio social, de forma profícua, muitas vezes caímos na cilada de querer que o outro se modifique conforme nossa própria maneira de compreender o mundo. 
Esperamos que, para o bem da relação, o outro faça os devidos ajustes morais, pois é ele quem permanece no erro.
Esperamos sempre que o próximo se modifique, para que, dessa forma, talvez nós possamos fazer alguns ajustes.
Entretanto, devemos nos lembrar de que todos nós somos Espíritos imortais em busca da elevação intelecto-moral. 
Os erros que apontamos no outro, com tanta veemência, podem estar, de forma ainda mais acentuada, gravados em nós e, por isso, temos tanta facilidade para os detectar no próximo. 
Ademais, somos todos caminheiros do progresso e temos nossas parcelas de erros e de acertos. 
Aquele que ora nos fere e que nosso coração custa a perdoar, é tão passível de se equivocar quanto nós. 
Cada um age de acordo com seus preceitos morais. 
A única certeza que temos é que não somos os donos da verdade. 
Antes, estamos em sua busca através de Jesus, que teve a oportunidade de dizer: 
-Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. 
Na dúvida, procuremos seguir as recomendações do Cristo, que nos sugere que não julguemos o nosso próximo, que perdoemos setenta vezes sete vezes, que oremos e que vigiemos - não o outro, mas a nós mesmos. 
Redação do Momento Espírita, com conto inicial de autoria ignorada. 
Em 12.3.2013.

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Antes de voltar

Andrey Cechelero
Prometemos tantas coisas
Quando na grande estação.
Um tanto mais de bom senso
Senso melhor para ser bom.
Um juiz menos intenso
Mais sol, sim, no coração.


Vida um bocado mais simples
Sem apego ao que não se leva.
Juízo depois dos vinte
Pernas após cada queda.

Prometemos tantas coisas
Ainda antes de voltar.
Faríamos diferente
Amando, amando toda gente
Sem medo de errar
* * * 
Planejamos, sim, cada nova encarnação. 
Aqueles que têm alguma cota de lucidez, tomamos parte ativa nesse planejamento. 
Fazemos, como Espíritos, uma análise complexa, profunda. Um estudo das nossas necessidades.
Levamos em conta a lei de causa e efeito, a cobertura, os méritos e os méritos. 
Existem Espíritos generosos, nossos anjos de guarda, responsáveis por nos orientar nas escolhas. 
Em que família irá nascer? 
Qual o momento mais adequado? 
Como será o novo corpo? 
Alguma característica marcante, mais necessária? 
Se nos deixarmos à vontade, sem orientação, solicitaríamos a beleza e a perfeição do corpo físico. 
Mas essa será a melhor opção para quem precisa aprender neste momento da vida? 
É preciso considerar ainda que temos as condições de moldar um corpo perfeito, sem qualquer mazela, sem restrições ou danos.
Aprendemos que não basta querer. 
Somos o reflexo do nosso ontem. Se tratarmos nosso corpo anterior como um escravo de nossos desejos, se o exaurirmos sem dó, deixando de lado os cuidados com a saúde, poderemos portar algumas dificuldades. 
É possível que possamos renascer em um lar rico, berço de ouro. 
Mas será essa a opção que vai nos fazer crescer? 
Ou isso apenas faria com que perdêssemos num mar de gozos e interesses materiais? 
É por isso que precisamos ser avaliados nesse planejamento delicado. 
Quando não temos plenas condições de escolher o que nos é melhor, deixamos para quem sabe mais, para quem nos conhece melhor que nós mesmos. 
Cada nova encarnação é uma oportunidade ímpar. 
Não pode ser desperdiçado ou desprezado em algum momento. 
De um modo geral, não temos ideia de quantos trabalharemos para que aqui estivéssemos, quantos continuaremos trabalhando para nos manter no programa planejado. 
São nossos amores do passado, benfeitores designados por Deus, amigos que conquistamos em alguma fase de nossas vidas. 
Recorramos, sempre que possível, pelas vias da oração, aos amigos espirituais. 
Eles nos lembrarão, em forma de intuição, aquilo que planejamos juntos, aquilo que prometemos, as metas que devem ser cumpridas. 
Não podemos voltar do jeito que vemos. 
Temos que retornar maiores, mais lúcidos, com mais amor no coração. 
Não nos preocupemos tanto em desenvolver a inteligência. 
O mundo ainda exalta os mais inteligentes. 
Ocupamo-nos da moral, das virtudes, da caridade, que é a maior de todas elas.
Agradeçamos, diariamente, uma alegria de viver, uma alegria de existir, e a dedicação de todos esses que corroboram para que construamos em nós o verdadeiro homem de bem.
Aproveitemos intensamente esta vida. 
Redação do Momento Espírita, com base no Ainda poema antes de voltar, de Andrey Cechelero. 
Em 26.06.2025

quarta-feira, 25 de junho de 2025

EVANGELHO E ALEGRIA

Grande injustiça comte quem afirma encontrar no Evangelho a religião da tristeza e da amargura. 
Foram os costumes, ao longo dos séculos, que impregnaram as páginas de luz com nuvens sombrias, etiquetas de culto exterior e o peso desproporcional da culpa sobre os ombros dos adeptos. 
Eram os homens que praticavam rituais, idolatrias e práticas exteriores, a partir de seus vícios, interesses e sombras. 
O Cristianismo, em sua essência, é uma revelação da profunda alegria do céu entre as sombras da Terra.
Recordemos que a vinda do Mestre é precedida pela visitação de anjos , que nada mais são do que Espíritos de luz. 
Maria, jubilosa, conversa com o mensageiro divino que a esclarece sobre a chegada do Embaixador Celestial. 
Nasce Jesus na manjedoura humilde, que se deslumbra ao claro de estrela inesperada. 
Nasce em meio à alegria de alguns animais, de uma natureza que cantava a emoção de sua chegada. 
Tratadores rústicos são chamados por um emissário espiritual, repentinamente materializado à frente deles, declarando-se portadores das “notícias de grande alegria” para todo o povo.
No mesmo instante, vozes cristalinas entoam cânticos na altura, glorificando o Criador e exaltando a paz e a boa vontade entre os homens.
Começam a reinar o contentamento e a esperança... 
Quando o Mestre inicia o Seu apostolado, Ele faz uma festa nupcial, assinalando as alegrias da família. 
Sabendo das limitações de qualquer templo de pedra , o Senhor principia como Suas pregações à beira de um lago, em pleno santuários da natureza. 
Multidões lhe ouvem uma voz balsamizante. 
Doentes e aleijados ficam tocados de infinitas consolações.
Pobres e aflitos entreveem novos horizontes no futuro.
Mulheres e crianças acompanham aquele Rabi, alegremente.
O apostolado da Boa Nova não apresenta clima de alegria perfeita. 
Mesmo no instante doloroso das lágrimas da cruz, o Senhor Jesus faz que flua o gerenciamento da vida vitoriosa para o mundo inteiro, com o sol da ressurreição a irradiar-se para a Humanidade. 
Diante de tudo isso, como não associar o Evangelho a uma proposta de alegria em nossos dias?
Como não iniciar uma prece sorrir, mesmo que seja um sorriso interior?
Somos um pouco, perto do que podemos ser, é certo. 
O mal ainda assusta, tomando espaço em nosso coração.
Entretanto, o Evangelho de Jesus é um convite constante à alegria, uma mensagem diária dizendo: 
É possível fazer diferente! 
É possível ser mais! 
É possível deixar as sombras e passar a caminhar pela luz. 
A vida de quem realmente compreendeu Jesus jamais foi igual. 
Mudam de lentes, muda a forma de perceber tudo e também de perceber a si próprio. 
O verdadeiro parceiro traz uma alma alegre, pois sabe que, embora ainda pequena, será grande, um dia. 
E isso depende apenas dos seus esforços. 
O verdadeiro parceiro traz a alma segura, calorosa, pois conhece o Deus Pai de Jesus. 
E caminha sem medo, com desassombro nos pés e alegria no olhar. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 14, do livro Roteiro , pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEVEREIRO. 
Em 25.06.2025

terça-feira, 24 de junho de 2025

MEU NOME É CARIDADE

GUERRA JUNQUEIRO
Sou emissária de Deus a toda a Humanidade.
Voo por sobre um ser resplandecente e puro, 
Como voo a sorrir por cima de um monturo. 
Desço das vastidões dentro das horas mudas. 
Deixo Cristo na cruz para encontrar com Judas. 
Amo os bons e protejo as almas vis e hediondas. 
Ando por toda a Terra, ando por sobre as ondas do oceano a rugir sob meus pés de névoa, para levar a luz. 
Com ansiedade eu a levo a quem, nas aflições, chama-me em altos brados. 
Para mim, não existe a classe, a seita e as gentes.
Envolvo em meu amor a alma dos Continentes. 
Atravesso o oceano e atravesso os países. 
Vou onde haja a miséria e pranto de infelizes. 
Sou o farol da legião dos pobres sofredores. 
Levo sol, pão e luz, balsamizando as dores. 
Conduzo a lúcida bandeira do bem, que ampara a dor e vela os sonhos da arte. 
Amo o trabalho da ciência e amo a existência honesta do ingênuo lavrador, que, em vez do sono à tarde, enche com o seu trabalho as lindas manhãs claras. 
E quando a tarde chega, produz a paz das searas. 
* * * 
Grande é a caridade! 
Abraçá-la de uma só vez, com nossa vã compreensão, ainda se faz impossível. 
Temos muito a descobrir sobre ela. 
Dizer que a entendemos, que a observamos em todas suas cores, é o mesmo que olhar para uma noite estrelada e proclamarmos, orgulhosos, que conhecemos a Via Láctea!
Porém, se nos deixarmos conduzir por ela, suavemente, ela pode entrar em nossas vidas e tomar conta de uma maneira inimaginável. 
Ela pode guiar nossos passos, inspirar nossos pensamentos, ações, palavras.
Podemos entregar as decisões em suas mãos com plena segurança. 
Respirando caridade não temos medo. 
Não temos medo da vida, não temos medo do outro, não temos medo da morte. 
Ao respirar caridade o errar ainda será uma possibilidade, mas apenas aquela natural, dentro do processo educacional do ser. 
Não haverá o erro proposital.
Respirando caridade passamos a enxergar o mundo com outros olhos. 
Nada mais é meu. 
Nada mais é nosso. 
Tudo que é material é usufruto. 
Respirando caridade o outro é parte de mim e eu sou parte do outro. estamos conectados, independente de nação, crença, raça ou gênero. 
Somos almas irmãs. 
A benevolência nos faz estender as mãos: mãos carregando o pão que atende a fome; mãos levando o toque da esperança, da amizade, do amo você. 
A indulgência dulcifica o julgamento e nos faz enxergar onde está a luz da alma que nos encontra pelo caminho. 
Por fim, o perdão faz cessar o ódio tornando mais fácil a cicatrização das feridas. 
O perdão acalma e confia na Justiça Divina em primeiro lugar.
Benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições dos outros, perdão das ofensas. 
Eis a caridade para Jesus. 
Eis a caridade para nossos dias. 
Pensemos nisso, agora. 
Ajamos assim, neste momento. 
Redação do Momento Espírita, com base no poema Caridade, pelo Espírito Guerra Junqueiro, do livro Parnaso de além-túmulo, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. 
Em 21.10.2016.

segunda-feira, 23 de junho de 2025

COMO DEUS NOS ATENDE

CHICO XAVIER E EMMANUEL
Como pais na Terra, mesmo com nossas deficiências, damos boas dádivas aos nossos filhos. 
Imaginemos quanto mais oferecer o Pai Celestial, absolutamente justo e bom, para os Seus filhos. 
É dessa maneira que Jesus busca explicar aos discípulos o respeito da Providência do Criador, quando eles falam sobre a oração. 
Um deles pede para eles ensinarem a orar. 
Jesus, então, eles trazem a linda oração do Pai Nosso. 
Em seguida, permanece no tema da prece com mais orientações. 
Pedi e obtenhai. 
Procurai e achareis. 
Batei e abri-se-vos-á. 
Prossegue afirmando: 
-Se vós que sois ainda maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o pai celestial ! 
Já nos detivemos a pensar nas dádivas que recebemos, na qualidade de filhos de Deus? 
O devotamento paternal do Supremo Senhor nos rodeia em toda parte. 
Lembremo-nos, no entanto, de que a Providência Divina opera invariavelmente para o bem infinito. 
Manifesta-se de formas muito mais amplas e inteligentes do que, por vezes, entendemos ou sequer imaginamos. 
Vejamos alguns exemplos: 
Liberte a atmosfera asfixiante com os recursos da tempestade. 
Defende a flor com espinhos. 
Protege a plantação útil com adubos lucrativos. 
Sustenta a verdura dos vales com a dureza das rochas. 
Assim também, nos círculos de lutas planetárias, acontecimentos que nos parecem desastrosos, para a atividade particular, representam escoras ao nosso equilíbrio e ao nosso sucesso. 
Fenômenos que interpretamos como calamidades na ordem coletiva, com enormes benefícios públicos. 
Parece-nos difícil entender no primeiro momento. 
Somos limitados, somos imediatistas, buscamos sempre o que julgamos ser melhor, o conforto e nada mais. 
Ampliamos a percepção. 
Enxerguemos a nossa própria existência no longo prazo e percebamos experiências experimentais, aparentemente desastrosas, moldaram quem somos hoje. 
Há homens que vêm para o bem. – Diz o ditado popular.
Na verdade não são homens. 
Nós enxergamos assim, devido às lentes que ainda não nos permitem interpretações mais complexas. 
Entendamos que, quando rogamos ao Senhor as vitórias da Luz Divina para o nosso coração, seremos atendidos.
Estejamos, porém, abertos às respostas. 
Humildes e atentos para perceber que nem sempre atendem às nossas expectativas ou desejos imediatos, mas suprirão a nossa necessidade maior. 
Além disso, começaremos a notar tudo o que recebemos sem o mesmo pedido. 
Tudo o que nos nutre o corpo e a alma e permite que nos preocupemos dia após dia nesta encarnação. 
Lembremos: o Pai deseja que os filhos aprendam, cresçam, amadureçam, conquistem autonomia e sejam homens de bem. 
Não se apresenta a bajular os rebentos satisfazendo seus caprichos ou demonstrando Seu poder fazendo estardalhaço.
Como filhos, saibamos aproveitar o que recebemos. Aguardemos as respostas daquilo que pedimos. 
Entendemos os métodos de ensino do grande educador e confiamos no socorro da Providência que jamais nos desampara. 
Redação do Momento Espírita, com base no boné. 63, do livro Pão nosso , pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEVEREIRO. 
Em 23.6.2025

domingo, 22 de junho de 2025

MEU IRMÃO MEU ÍDOLO

Ainda não sei falar... 
Não através das línguas tradicionais do mundo, mas acho que você me entende, não entende? 
Acho que você compreende, quando o observo com atenção, correndo ao meu redor, e meus olhos brilham, meu sorriso nasce e minha gargalhada ressoa por toda casa. 
Só para você eu sorrio assim pois, de alguma forma, acho que me lembro de você, e essa lembrança me traz paz, me traz segurança, me traz alegria. 
Sim, alegria. 
Você tem me ensinado muito sobre ela, pois nunca vejo você triste. 
E saber que esta nova vida pode ser assim, alegre, me deixa mais tranquila perante os desafios que terei de enfrentar. 
Você é maior do que eu, chegou antes neste lar, e me contaram que estava lá para me receber quando cheguei. Você é grande e já fala tantas coisas! 
Às vezes não para de falar, inclusive. 
Eu fico tentando imitá-lo, vendo os movimentos de sua boca, de seu rosto. 
Acho que já estou começando a entender alguns sons, embora seja difícil para mim ainda. 
Você pula para lá e para cá e eu já pulo com você. 
Você dança com as músicas e eu fico observando os seus pés, atentamente, para ver os movimentos engraçados que eles fazem, pensando: será que os meus podem fazer o mesmo? 
Estou tentando andar... 
Tenho me esforçado muito, pois meu tempo é um pouco diferente do das outras crianças, e você é minha maior inspiração, pois você anda de um jeito muito engraçado e veloz. 
E você tem paciência comigo... 
Não me compara, não exige de mim mais do que consigo neste momento. 
Sabe que conseguirei fazer tudo, mas no meu ritmo. 
Não tenho pressa. 
Você escolhe os videozinhos de que eu mais gosto, você assiste comigo filmes que não assistia mais, por não serem para a sua idade. 
Você é calmo comigo... 
E eu preciso que tenham calma comigo. 
Você não reclama quando eu quase arranco seus cabelos ou seu nariz ou suas orelhas... 
Você nunca protestou por eu pegar seus brinquedos e jogá-los para cima, fazendo bagunça em seu quarto. 
Acho que todos tinham que ter um irmão mais velho como você! 
Você é o máximo! 
Suas baterias duram mais do que qualquer um dos meus brinquedos! 
E eu sei que você não vai dormir sem antes vir se despedir de mim... 
Eu sinto, mesmo quando já fui para o mundo dos sonhos.
Meus pais disseram que você vai estar sempre ao meu lado, e eu acredito nisso, pois sinto, de alguma forma, e não sei explicar ainda, que já ouvi isso antes. 
Meu irmão, meu ídolo, que possamos crescer juntos nesta nova vida, de mãos dadas, pois segurando em suas mãos, não terei nada a temer. 
* * * 
Os laços de família são fortalecidos pela reencarnação. 
Os Espíritos formam no espaço grupos ou famílias, unidos pela afeição, simpatia e semelhança de tendências. 
Felizes por estarem juntos, procuram-se. 
A encarnação apenas os separa momentaneamente, pois, após sua volta à erraticidade, reencontram-se como amigos que retornam de uma viagem. 
Às vezes, uns seguem a outros na encarnação, reunindo-se numa mesma família, ou num mesmo círculo, trabalhando juntos para seu mútuo adiantamento. 
Os mais adiantados procuram fazer progredir os que se atrasam. 
Cada vez menos ligados à matéria, seu afeto é mais vivo, por isso mesmo mais puro, e não é mais perturbado pelo egoísmo, nem pelo arrastamento das paixões. 
Podem, assim, percorrer um número ilimitado de existências corporais sem que nada afete sua mútua afeição. 
Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais do item 18, do cap.4, do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB. Disponível no CD Momento Espírita, v. 29, ed. FEP. 
Em 22.03.2016.

sábado, 21 de junho de 2025

MEU FILHO E AS MANHÃS

Hoje pela manhã, como de costume, antes de sair para trabalhar, visitei o quarto de meu filho. 
Considero uma espécie de ritual sagrado de todas as manhãs: chegar bem perto de seu berço, ajeitar sua coberta com cuidado, aninhá-lo com carinho para que não se descubra.
Passo então minhas mãos, algumas vezes, sobre seus cabelos macios, e digo em pensamento: 
-“Como eu te amo!” 
Ele normalmente se move com suavidade, como se reagisse de alguma forma ao estímulo externo durante o sono.
Continua ali, em silêncio, em paz, preparando seu corpinho e sua alma para mais um dia de descobertas felizes. 
Despeço-me, procurando não fazer ruídos, e saio porta afora com a alma leve, pronto para enfrentar mais um dia no mundo. 
Da próxima vez que o vir, mais tarde, ele já estará desperto, correndo pela casa, brincando com seus carrinhos, e irá me conceder mais uma alegria: a de receber seu sorriso, que sem dizer nada, diz tudo. 
Por mais que alguns dias sejam difíceis, por mais que as batalhas sejam ferrenhas e desgastantes, tudo se acalma, tudo se conforta naquele sorriso. 
Os sorrisos de criança têm um poder quase mágico, e os de nossos filhos mais ainda. 
Eles parecem querer nos fazer perceber que, por mais que a vida seja tormentosa, cheia de pequenos e grandes espinhos que provocam dor, muita alegria ainda existe. 
Por mais que neste exato instante existam “n” pessoas desejando não mais viver, se enfraquecendo nas lutas, desejando desistir, existem outras tantas almas agradecendo pela vida, num júbilo contagiante. 
E tenho certeza de que “ser pai” é mais um desses motivos de alegria plena, de gratidão a Deus, e mais uma das muitas razões que temos para continuar sempre, sem desistir. 
Meu filho e as manhãs me ensinam sempre esta lição preciosa, a da renovação, do renascimento da água e do Espírito. 
* * * 
Muitos pais se queixam de não terem visto seus filhos crescerem. 
Passa tão rápido! 
-Não me lembro mais! – 
São expressões que ouvimos com frequência. 
Será que estamos atentos aos nossos filhos como deveríamos estar? 
Será que passa tão rápido assim, a ponto de guardarmos tão poucas lembranças? 
Ou há alguma coisa errada com o tempo, ou há alguma coisa errada conosco. 
Seria tão bom poder ouvir de um pai, de uma mãe:
-Lembro-me de cada nova conquista, de cada dia da infância, de cada nova palavra... 
Seria tão bom poder ouvir:
-Curti cada dia ao seu lado, meu filho, quando você era pequenino, como se fosse o último. Não perdi oportunidade alguma junto a você. 
Aproveitemos o tempo junto a eles, em qualquer idade, em qualquer condição de vida. 
Curtamos a existência ao seu lado, anotando no coração cada beleza, cada nova descoberta, tirando fotografias com a alma, registrando no íntimo do ser cada sorriso em seu rosto.
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 14, ed. FEP. 
Em 20.06.2018.

sexta-feira, 20 de junho de 2025

GENEROSIDADE PLENA

       
Já nos indagamos até onde vai a nossa capacidade de doação? 
Até onde temos a disposição de nos fazermos de alguma coisa que nos pertença, algo de que nos servimos? 
Habitualmente, pensando em fazer, fixamos-nos em valores amoedados que podem ser direcionados a instituições beneficiárias que mal fornecem se mantêm. 
Doamos roupas, livros, móveis, eletrônicos, alimentos. Inscrevemo-nos para doações mensais, transformando em rotina o gesto, nem nos exige mais pensar a respeito.
De modo geral, deixamos nossas vontades expressas em testamento, dizendo a quem legaremos nossa casa, apartamento, terreno, o carro.
Há quem estabeleceu cotas entre os herdeiros naturais e obras de assistência social, médica ou de pesquisas. 
Encontre pessoas que, mesmo antes de sentirem a proximidade da morte, em pleno vigor de sua maturidade, optam por realizar doações de imóveis excedentes. 
Ou seja, uma casa na praia, pouco utilizada, o sítio pouco frequentado. 
E a entrega desses bens se dá por doação direta, pessoal, a quem seja agraciado. 
As instituições têm sido contempladas, vez ou outra, com doações desse gênero. 
Existem outras ações que podemos realizar na vida, e mais de uma vez. 
Por exemplo, uma doação periódica de sangue, que pode salvar muitas vidas. 
Providencialmente, a Divindade localizada que temos essa capacidade. 
Muitos de nós temos explicitada a vontade de doação de alguns de nossos órgãos, quando ocorrer a nossa morte física, proporcionando uma nova chance de vida para outras pessoas. 
Recentemente, no entanto, soubemos de uma doação inusitada de duas senhoras extremamente comprometidas com o bem. 
Uma delas afirmou que nada na Terra tem valor permanente. 
Que o que importa é depositar fundos no cofre da alma, pois tudo o que ali está guardado tem valor imperecível. 
Eles tomaram conhecimento, em seu Estado, da escassez de cadáveres para os estudantes da área da saúde. 
Embora os avanços da atualidade, ainda não existam modelos sintéticos que possam substituir um corpo real para pesquisas e estudos. 
De acordo com especialista em anatomia humana, não é possível reproduzir o cadáver em termos de textura, profundidade, localização e relação das estruturas.
Os corpos são, portanto, essenciais para as técnicas de cirurgia, pois o requerimento precisa conhecer a anatomia mais comum, considerada padrão, e suas variações. 
Foi assim que as senhoras, irmãs consanguíneas e irmanadas no mesmo ideal do bem servir, optaram por doar seus corpos, quando se lhes extinga a vida. 
Sem preguiça alguma, buscamos os instrumentos legais para testemunhar a doação. 
Diga-se, colheram inclusive o consentimento dos outros irmãos, a fim de que nada possa, de futuro, perturbar as suas vontades. 
Pois é, alguns de nós pensamos em fazer o bem, em nos doarmos enquanto peregrinamos pelo planeta. 
Pessoas altruístas pensam futuro. 
Indagam a si mesmas: 
-O que mais posso fazer? 
E encontramos, sempre, maneiras de servir, muito além do pensado e do imaginado. 
Seguidores do Cristo são assim. 
Redação do Momento Espírita, em homenagem a Maria Cristina Radke e Maria Eulália Radke, doadoras de imóveis para o Centro Espírita Joanna de Ângelis, em São José dos Pinhais/PR. 
Em 20.06.2025.

quinta-feira, 19 de junho de 2025

SEMENTES INCENDIÁRIAS

Augusto Cury
Alguém escreveu, certa vez, que existem duas maneiras de se fazer uma fogueira: com sementes ou com lenha. 
-Como assim, com sementes? - Diria nosso espanto.
Sementes são preciosos repositórios de produção, de multiplicação. 
Mas foi exatamente com sementes que um Mestre inigualável produziu chamas que jamais se extinguem. 
Se usasse lenha para fazer uma fogueira, depois de consumida a madeira, nada mais restaria. 
Teria oferecido calor, brilho, iluminação por um período que poderia ser breve ou um pouco mais longo. 
Por isso, Ele resolveu usar sementes para atear fogo à Terra.
Ele se chamava Jesus
Viera das bandas de Nazaré, e alterou a face do mundo de tal sorte que, até hoje, surpreende. 
Numa época em que a imprensa não existia, nem as mídias sociais, nem sofisticados instrumentos de comunicação, Ele se serviu da Sua voz, do Seu exemplo para espalhar as Suas sementes. 
Seu objetivo era atear fogo nas mentes, nos corações.
Pensava a longo prazo. 
Ele não tinha pressa, semeava por onde passava. 
Nem todas as sementes frutificavam de imediato. 
Ou, como Ele mesmo falou, produziam segundo sua qualidade, a trinta, sessenta ou cem por cento. 
Nunca se preocupou com os aplausos do mundo, com as labaredas momentâneas de soluções imediatistas. 
Sabia que o plantio requer paciência. 
A semente cai na Terra, adormece na escuridão do solo. 
No tempo certo, brota, e cresce, produz copa frondosa, folhas e frutos. 
Ele subiu a um monte e despejou sementes de luz e sabedoria. 
Os que O ouviram se inebriaram. 
Porém, não falou para Seu tempo, com exclusividade. 
O vento da paixão das almas levou as Suas sementes para os mais longínquos lugares, transformando vidas. 
Algumas, de imediato. 
Pescadores deixaram suas redes e foram realizar a pescaria no oceano das almas. 
Como Ele, saíram a distribuir sementes de paz, de liberdade, de amor a todos os campos. 
Ele não desejou transformar Seus seguidores em heróis, para as honras do mundo. 
Nem exigia o que não podiam oferecer. 
Por isso, nada cobrou de qualquer deles. Conhecia a fragilidade humana. 
Abandonado na hora da prisão, negado por um amigo, traído por outro, jamais retornou para acusar ninguém. 
Ressurgindo da morte, demonstrou que a vida é imperecível.
E voltou para fortalecer os que haviam ficado receosos, na Terra. 
Com Sua ressurreição, depositou nas almas dos Seus seguidores a certeza imorredoura da vida imortal. 
As sementes que plantou criaram raízes profundas, fortes, que nem a perseguição, nem a tortura nem a morte tiveram a capacidade de abalar. 
Os Seus seguidores mudaram a face do mundo. 
Jesus foi a fagulha que nasceu numa gruta, cresceu numa região desprezada, foi silenciado pela cruz, incendiou a história humana. 
As sementes que espalhou continuam incendiando o mundo, com ideias de amor, fraternidade, vitória sobre si mesmo. 
As lágrimas, o sangue e a dor dos Seus seguidores se tornaram precioso adubo para o cultivo de nova safra de sementes. 
Jesus, Divino e Sábio semeador de chamas imperecíveis.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 2, do livro O Mestre da sensibilidade, da coleção Análise da Inteligência de Cristo, de Augusto Cury, ed. Academia de Inteligência.
Em 19.06.2025

quarta-feira, 18 de junho de 2025

BATATA NÃO É FEIJÃO

Duas meninas, uma de cinco, outra de sete anos, estavam sentadas à mesa, saboreando sua refeição da noite. 
A menorzinha encontrou um grão de feijão na sopa, e disse para a outra: 
-Quando eu tiver um grão de feijão, vou plantar no meu canteiro. 
A outra acabou de engolir a suada, passou a colher na boca, e esclareceu: 
-Feijão não tem sementes. A semente é ele mesmo. 
A pequenina não entendeu. E disse: 
-Então, como é que ele pode nascer, sem semente? 
Depois de pensar um pouco, explicou a maiorzinha: 
-Eu acho que é mesmo a terra que, um dia, vira feijão.  
-Mas sem ter sorte nenhuma semente, antes? 
-É, mesmo sem ter sorte. Ela vai se juntando, juntando, juntando, e fica assim... num grão. 
E procurou pelo prato, para ver se encontrasse mais algum. 
A menorzinha não se conformou muito com essa transformação abstrata. 
Fui tomar uma sopa e pensar. 
Depois de um pedaço de silêncio, reatou uma conversa: 
-Olha, também pode ser assim: um homem faz uma bolinha pequenina, pequenininha de massa... Depois, pinta por cima. Fica o primeiro feijão. Depois, os outros nasceram... 
A outra menina disse imediatamente: 
-E como é que ele faz a massa? 
-Pode ser com... batata. 
-Mas batata não é feijão! – Concluiu a maior, voltando a tomar sua sopa, pensando um pouco mais no tema proposto. 
As duas acompanhadas ali, sentadas, comendo devagar, sem solução para sua dúvida, e com as cabecinhas quentes, de tanto pensar, imaginar e questionar. 
*** 
Seria salutar se pudéssemos manter, na idade adulta, essa curiosidade saudável e investigadora, que não se contenta com respostas superficiais. 
Como nos faríamos bem se pudéssemos guardar na alma o hábito de fazer perguntas, de querer saber mais sobre tudo o que nos rodeia. 
Qual o nome da árvore plantada em frente à nossa casa?
Quando florescem os ipês? 
A que horas despertam os sabiás? 
Em que época do ano o João-de-barro faz a sua casa? 
Por que ele é um símbolo da Argentina? 
E, principalmente, nos perguntamos para que nascemos? 
Por que estamos neste planeta? 
Por que existem tantas diferenças sociais? 
E depois de se viver tanto tempo por aqui, para onde vamos?
Continuamos a existir? 
Quem sabe, se a idade dos porquês nunca teve passado, teria evitado aceitar tantas verdades fabricadas , através dos anos.
Muitos nos deixam de questionar, de perguntar, aceitando tudo sem o processo indispensável do julgamento. 
Outros fomos coagidos a não pensar, a simplesmente concordar com tudo, violentos naquilo que há de mais belo no Espírito: a liberdade de pensamento. 
Sócrates foi proclamado um dos homens mais saudáveis de todos os tempos. 
Ele tinha o hábito de questionar, de descobrir o que estava por trás das coisas e das ideias. 
Precisamos conquistar essa sabedoria e desvendar o mundo de forma madura, encontrando as verdades eternas que nos farão cada vez mais felizes. 
Se continuarmos aceitando que os feijões podem ser feitos de batata, estamos condenados à estagnação do intelecto e, por consequência, ao engessamento moral. 
Pensar, indagar, buscar respostas, aprender sempre. 
Redação do Momento Espírita, com base sem limite. Como as crianças pensam, do livro Crônicas de educação, de Cecília Meireles, ed. Nova Fronteira. 
Em 16.06.2025

terça-feira, 17 de junho de 2025

Essas ao Pai

A história é fictícia e objetiva o entretenimento virtual. 
Só isso. 
Ela nos remete a um momento de intensa dor e destruição. 
É ao êxtase do amor, que sobrevive ao tempo, ao sofrimento e ao afastamento. 
Uma mente audaciosa e crioula, especializada em inteligência artificial. 
Ela não é real, mas bem pode traduzir o padecimento de muitas almas e o encanto de um reencontro. 
Num show fictício de talentos, apresenta-se um homem de noventa e oito anos. 
Diz que se chama Haruki. 
Conta que ele e sua amada, Amiko, eram jovens estudantes de música em Hiroshima. 
No dia seis de agosto de 1945, descreveu que viu uma luz branca tão clara que parecia ter sido apagada. 
E desapareceu o tempo. 
Lembra de abrir os olhos e não entender o que acontecera.
Seria aquilo a morte? 
Foi enterrado por horas. 
Quando foi resgatado, tinha as mãos queimadas, o olho esquerdo destruído. 
Foram-se os sonhos, a melodia que ele e a amiga Amiko estavam compondo. 
Igualmente, a chance de um amor ser declarado. 
Afinal, ele se dispôs a declarar-se naquele dia. 
Por setenta longos anos, 
Haruki carregou a dor da perda, a sombra de Amiko em cada nota musical silenciada. 
Ele acreditava que ela havia partido, vítima proveniente de luz branca que apagou o tempo. 
Amiko, por sua vez, também conviveu com a ausência, marcada pelas cicatrizes físicas e emocionais daquele dia terrível, admitindo que seu amado amigo não havia sobrevivido. 
No entanto, oitenta anos depois, através de um grupo de apoio aos sobreviventes da bomba fatídica, os dois corações se reencontraram. 
Marcados pela história, frente a frente, apoiando no olhar um do outro o mesmo drama, a mesma resiliência. 
Em meio à fragilidade da velhice, a música renasceu. 
Amiko se lembrou da melodia, da canção que estavam criando juntos, o eco de um tempo de inocência. 
E eles voltaram para tocar. 
As mãos trêmulas, talvez enferrujadas pela inatividade de décadas, mas o coração pulsando no ritmo daquela melodia juvenil. 
Uma tempestade musical após a seca da saudade. 
A voz do amor que sobreviveu à catástrofe, a emoção do reencontro na velhice, a celebração de uma melodia que resistiu ao tempo e à ausência. 
A canção de dois jovens que não tiveram a chance de dizer adeus. 
A melodia nos fala da força da memória e da beleza de um amor que se perpetua, mesmo diante das maiores tragédias. 
*** 
Dois personagens criados pela mente humana. 
Mas quantas histórias semelhantes aconteceram e se reprisaram no mundo? 
A chama do amor brotando, o afastamento de anos por diferentes razões, o reencontro, mesmo no findar dos anos, reativando uma chama que ficou latente, no peito, aguardando... 
Porque o amor é assim, sobrevive à dor, ao tempo, às tragédias, à morte. 
Se o reencontro não for sobre a Terra, concretizará a imortalidade. 
Porque o mais extraordinário dom com que a Divindade nos brindou se chama imortalidade. 
Isso nos identifica como filhos de um Deus eterno, que nos criaram semelhantes a ele: imortais. 
Pensamos nisso. 
Redação do Momento Espírita 
Em 17.06.2025

segunda-feira, 16 de junho de 2025

MEU BRASIL DE TANTAS DORES

Pátria amada, no dia em que evocamos a tua Independência dos laços portugueses, desejamos orar por ti. 
Por ti e por todos nós, os teus filhos, aqui nascidos ou adotados por tua grandeza. 
Vemos-te tão sofrida, tão aviltada, que somente podemos nos ajoelhar no altar do coração e rogar ao Governador Planetário por ti. 
Rogar a esse Jesus, todo amor, que se apiade de ti, nação amada. 
Cantamos os hinos que te exaltam e aspiramos a ver-te, verdadeiramente grande entre as demais nações. 
Grande em amor, em esperança, em trabalho e honra.
Entristecemo-nos ao verificar, todos os dias, mesmo ante a pandemia que te castiga, prosseguir a corrupção e os interesses mesquinhos. 
Como é possível, Brasil, que não nos unamos todos para te tornar o maior dentre todos os países? 
Um país honrado, fraterno, pleno de paz. 
Por que não nos esmeramos em sermos honestos nas pequenas como nas grandes coisas? 
Por que nosso interesse deve suplantar o interesse comum?
Por que não nos sentimos todos irmãos e nos auxiliamos?
Quando tantos padecem fome, como podemos pensar em nosso próprio bolso?
Quando o ciclone arrasa a paisagem e causa tantos prejuízos, como podemos prosseguir em nosso egoísmo, engendrando formas de lucrarmos com o caos? 
Quando a morte nos espreita, sorrateira, buscando o próximo alvo, por que ainda insistimos em ajuntar tesouros aqui, sem pensarmos que ela pode estar mirando em nós, para nos levar, logo mais? 
Brasil de todos nós, Brasil de todos os povos, pedimos a Jesus por ti, pelos filhos que ainda não entendemos que o teu propósito é ser o Coração do Mundo e a Pátria do Evangelho.
Destino que somente será efetiva realidade se nós, os teus filhos, deixarmos pulsar os nossos corações irmanados.
Amado Brasil, esperamos que nossa prece alcance as esferas superiores e que bênçãos jorrem do alto sobre ti. 
Energias espirituais elevadas nos alcancem, despertando-nos para esse futuro que podemos construir juntos, bastando que pensemos em nosso irmão. 
Que nos olhemos uns aos outros como filhos de um mesmo torrão e nos esforcemos por te tornar um país diferente. 
Que tenhamos responsabilidade para eleger homens públicos que se importem contigo, que honrem tua História de tantas glórias.
Que tenham compromisso com a verdade, com o bem comum. 
Que nos empenhemos para que a justiça seja para todos, que haja pão nas mesas, que não falte o agasalho a quem padece frio. 
Que nos eduquemos para que nos lares existam pais e mães preocupados em conduzir seus filhos para o bem. 
Que a honestidade não seja uma nota dissonante, soando solitária, mas seja a sinfonia executada por todo o povo, todos os dias. 
Ao ver-te a bandeira tremulando ao vento, Brasil amado, que o verde signifique esperança de dias melhores. 
Que o amarelo nos diga das riquezas do teu solo, das tuas veias. 
Porém, muito mais, da prosperidade deste povo que abrigas.
Que o azul nos fale de dias de céu de anil para todas as vidas.
E que o branco seja nossa bandeira de paz. 
Paz nos lares. 
Paz nas escolas. 
Paz na sociedade. 
Paz em todo lugar. 
Que este dia, Brasil, possa assinalar o teu ingresso no caminho do teu verdadeiro destino. 
Redação do Momento Espírita.
Em 07.09.2020.

domingo, 15 de junho de 2025

O METEORO E A TOUPEIRA

KALIL GIBRAN
Quando nosso amado morreu, a Humanidade morreu, e por um tempo tudo ficou paralisado e cinzento. 
Então, o Oriente escureceu e uma tempestade irrompeu, varrendo a Terra.
Os olhos do céu abriram-se e fecharam-se, e a chuva caiu torrencialmente lavando o sangue que jorrava das mãos e dos pés. 
Também eu morri. 
Mas, nas profundezas do meu esquecimento, Ele disse: 
"Pai, perdoai-os, pois eles não sabem o que fazem." 
E Sua voz buscou o meu Espírito que se afogava e o trouxe à praia. 
Ao abrir meus olhos, vi Seu corpo pálido pendurado a uma nuvem, e Suas palavras tomaram forma no meu corpo e tornei-me um novo homem. 
Não mais me entristeci. 
Quem se entristeceria por um mar que desvela seu rosto, ou uma montanha que ri ao sol? 
Que homem diria tais palavras ao ver seu coração atingido?
Que outro juiz dos homens libertou seus juízes? 
E alguma vez o amor desafiou o ódio com força mais segura de si própria? 
Alguma vez foi tal clarim ouvido entre o céu e a Terra? 
E houve alguma outra vez em que o assassinado tenha se compadecido do seu próprio assassino? 
Ou que o meteoro teria se retardado para poupar a toupeira?
As estações se cansarão e os anos envelhecerão, antes que essas palavras se exauram: 
"Pai, perdoai-os, pois eles não sabem o que fazem." 
E nós, embora gerados por muitas e muitas vezes, as guardaremos... 
* * * 
Jesus não só ensinou pelo discurso. 
Ele foi além, exemplificando, um a um, todos eles. 
Já havia falado sobre o perdão, sobre as setenta vezes sete vezes, e nos instantes derradeiros de Sua vida na Terra, mostrou, com beleza suprema, a prática do perdoar. 
Qualquer outro condenado injustamente estaria se debatendo, acusando seus assassinos, jogando-lhes pragas, prometendo vingança. 
Ele não... 
Ele nunca faria isso. 
Ele compreendia o coração adoecido do homem da Terra e assim percebia que, naquele momento, quem precisava de ajuda, de amparo, não era Ele, mas sim, eles, Seus opositores. 
Não os tinha como inimigos, pois não guardava ódio algum.
Eram opositores momentâneos, opositores da verdade, toupeiras aterradas no solo da ignorância. 
Ele, como meteoro gigantesco, amoroso em grau extremo, identifica a toupeira se debatendo no chão, e retarda sua investida para não prejudicá-la. 
Seu pedido de perdão por elas representa tal sentimento sublime. 
* * * 
Pensemos no gesto do Cristo, grandioso, surpreendente. 
Que ele nos inspire a perdoar, começando pelas pequenas coisas do dia a dia. 
Que sejamos mais tolerantes com os deslizes do nosso próximo. 
Que entendamos que os maus estão doentes, infelizes, e precisam de nossa ajuda, e não de nossa animosidade em retribuição à sua.
Perdoar é livrar-se do peso da mágoa, que consome com o passar dos dias. 
Perdoar é fazer-se leve, elevando-se acima das dificuldades do mundo, assim como Jesus o fez. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Filipe, do livro Jesus, o filho do homem, de Khalil Gibran, ed. EDIOURO.
Em 25.01.2024.

sábado, 14 de junho de 2025

METAS

Maria Helena Marcon
É comum os homens estabelecerem metas a serem alcançadas. 
Nas empresas, todos perseguem metas. 
Na vida particular, quando o ano está para findar ou quando se aproxima a data do aniversário, quase sempre traçamos diretrizes para os meses próximos. 
As metas variam conforme as pessoas. 
Cada qual as coloca no papel ou arquiva na memória, sempre de acordo com os propósitos que tem na vida. 
Há os que estabelecem como diretriz a mudança de emprego.
Uma nova atividade profissional, um salário mais compensador, novos desafios a serem enfrentados. 
Outros falam em mudar de cidade, de casa. 
Afinal, ambiente novo enseja renovado vigor à vida. 
Outros arquitetam matricular-se em um curso, procurar uma escola, ler um livro, a fim de melhorar a condição intelectual.
Outros ainda, que se descobrem distanciados da religião, decidem por retornar a frequentar determinado templo religioso, para se aproximar de Deus.
São sempre metas que visam ao bem-estar, à felicidade da criatura. 
Aqueles que se sentem com alguns quilos a mais, pensam em começar a fazer regimes e dietas para emagrecer. 
Os que se sentem muito magros entabulam questões, buscando fórmulas para adquirir maior peso. 
No entanto, o mais importante de tudo e que, às vezes, esquecemos é que a meta que devemos colocar como prioritária é a de iniciarmos a conquista da perfeição, o que equivale a dizer, a melhoria do próprio caráter. 
Benjamin Franklin, famoso inventor e estadista norteamericano, acreditava que isso poderia ser conseguido se a criatura se impusesse uma disciplina firme. 
Dizia que melhorar o caráter era uma arte que devia ser estudada, exatamente como a pintura e a música. 
Quando jovem, fez uma lista das qualidades dignas de se admirar e se propôs a conquistá-las: ia ser moderado no comer, evitaria a tagarelice, seria sistemático nos negócios, terminaria qualquer tarefa que começasse, seria sincero.
Trataria os outros com justiça. 
Suportaria as injustiças com paciência. 
Evitaria as extravagâncias. 
Não deixaria que as pequenas coisas o afetassem. 
Organizou um pequeno livro para si, separando uma página para cada virtude, a fim de dedicar uma semana de atenção a cada uma delas, de forma sequencial. 
Assim, quando estivermos pensando em metas, pensemos em estabelecer a meta de sermos mais gentis, mais fraternos, mais amigos. 
De cobrarmos menos dos nossos amores e doarmos mais. 
De oferecermos mais carinho, atenção e cuidados e exigirmos menos. 
Estabeleçamos como meta contribuir para a felicidade de alguém, para descobrir a própria felicidade. 
* * * 
DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
Se desejamos realmente melhorar, tracemos um programa simples. 
Tentemos ser pacientes. 
Organizemos todos os momentos sem agitação e ansiedade.
Sejamos caridosos. 
Um coração caridoso é uma ilha onde a felicidade reside. Sejamos amorosos. 
Num mundo carente, todo gesto de amor é como um raio de luz apontando rumos de felicidade. 
Permitamos que o amor nos conduza, fluindo de nós para os demais. 
Cooperemos e confiemos no bem. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. Benjamin Franklin, do livro Expoentes da Codificação Espírita, organizado por Maria Helena Marcon, ed. Fep e no cap. 14 do livro Filho de Deus, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. 
Em 07.07.2012.

sexta-feira, 13 de junho de 2025

A METAMORFISE

RAUL TEIXEIRA
Interessante se observar uma borboleta pousada sobre uma folha nova, especialmente escolhida por ela. 
Uma que não caia antes da saída das lagartinhas do ovo. 
Ela dobra o abdome até sentir a face inferior da folha e ali coloca o ovo. 
Por essas maravilhas da natureza, que somente a Providência Divina explica, cada espécie de borboleta sabe exatamente qual o tipo de planta que deve escolher para colocar o ovo que, graças a uma substância viscosa de secagem rápida, se fixa imediatamente. 
As borboletas são muito admiradas pela leveza dos seus voos e a beleza do colorido de suas asas. 
Elas procuram, nas flores, na areia úmida ou em frutos fermentados, o seu alimento. 
As flores são muito frequentadas pelas borboletas fêmeas, enquanto os machos preferem as areias úmidas. 
Existem algumas espécies que têm a capacidade de permanecer imóveis por tempo considerável, enquanto outras fazem voos curtos, por vezes muito rápidos, indo de uma flor a outra. 
Elas buscam a pradaria, as ramadas das árvores, beijam as folhas farfalhantes e driblam o vento apressado. 
Bailam em meio às gotículas que se desprendem das quedas d'água ou como pétalas voam, balançando no espaço. 
Seu colorido é mensagem de alegria.
 A sua liberdade é um convite à paz. 
No entanto, dias antes de se mostrarem tão belas não passavam de larvas rastejantes no solo úmido ou na casca apodrecida de algum tronco abandonado. 
Lagartas, jamais sonhariam com os beijos do sol ou com o néctar das flores. 
Mas, passam as semanas e após a fase de crisálida, elas surgem maravilhosas, coloridas, exuberantes, plenas de vida.
* * * 
À semelhança da lagarta, vivemos no terreno das experiências humanas. 
Afinal, chega um dia em que somos convidados a adormecer na carne para despertar na Espiritualidade, planando acima das dificuldades que nos afligiam. 
É a morte que nos alcança e nos ensina que a vida não se resume num punhado de matéria que entrará em decomposição. 
Também não é simplesmente um amontoado de episódios marcantes ou insignificantes, promotores de esparsos sorrisos e rios de pranto. 
A vida é a do Espírito, que vive para além da aduana da morte, tendo como destino a vida na amplidão.
Por isso, quando acompanharmos, com lágrimas, aquele afeto que se despede das lutas do mundo, rumando para a Espiritualidade, não lastimemos, nem nos desesperemos.
Mesmo com dores na alma, despeçamo-nos do coração querido com um suave “Até logo” porque exatamente como as borboletas, ele alcançou a liberdade. 
* * * 
Tenhamos em mente que, ao morrer o corpo, o Espírito que dele se utilizava como de um veículo, se liberta. 
Ninguém se aniquila na morte. 
Mudamos, simplesmente, de estado vibratório, sem que aconteça uma mudança nos nossos sentimentos, paixões e anseios. 
Continuamos a ser o que éramos, enquanto no corpo de carne. 
E prosseguiremos, além das fronteiras desta vida, numa outra dimensão, a vida espiritual. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 10, do livro Rosângela, pelo Espírito homônimo, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter; no verbete Morte, do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Angelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL e no verbete Borboleta, da Enciclopédia Mirador, v. 4, ed. Encyclopaedia Britannica do Brasil. 
Em 27.05.2019.

quinta-feira, 12 de junho de 2025

UM DIA DOS NAMORADOS MUITO ESPECIAL

Existem pessoas muito requisitadas, que conquistam amigos com rapidez e, desde os primeiros anos escolares, se tornam muito populares. 
Existem outras que parecem passar ao largo, anônimas, como se as pessoas não as vissem. 
Ana era uma dessas. 
Adolescente comum, sem grandes atrativos. 
No Dia dos Namorados, ela esperava um cartão de alguém que lhe confessasse admiração, amor. 
Mas, nada.
Justamente quando os anseios românticos são mais intensos, quando o desejo por paqueras se torna mais forte, quando um admirador se torna mais necessário do que nunca, nem um único cartão chegou. 
Em momentos assim, as mesmas histórias sobre patinhos feios que se transformam, um dia, em lindas cisnes não aliviam a dor, nem a destruídas. 
Nos anos que se seguiram, Ana foi desabrochando, ficando cada vez mais bonita e fazendo os rapazes virarem a cabeça para olhar-la. 
E quanto mais atenção recebia, passou a se sentir e, portanto, a se tornar realmente linda. 
Muitos anos depois, adulta e mãe de família, ela não se esqueceu daqueles tempos de colapso e tristeza de sua adolescência. 
Hoje, Ana tem dois filhos adolescentes. 
No Dia dos Namorados, o Grêmio Estudantil cobra um dólar para entregar cravos. 
Ela sempre dá dois dólares para cada filho. 
Um dólar para que cada um compre um cravo para a respectiva namorada. 
O outro vem dólar acompanhado da seguinte instrução:
Escolham outra garota, uma que seja simpática, mas comum.
Alguém que, provavelmente, não receberá flor alguma.
Mandem uma flor para ela, anonimamente. 
Dessa forma, ela saberá que alguém gosta dela e se sentirá especial. 
A cada ano, no Dia dos Namorados, Ana repete uma dose.
Neste ano, Laura, uma pessoa linda, mas de aparência comum, recebeu uma dessas flores. 
O filho de Ana contou que Laura ficou tão contente e surpresa, que chorou. 
Carregou aquela flor o dia todo junto com os livros e conversava, feliz, com as amigas, tentando adivinhar quem seria o seu admirador. 
Enquanto ouvia a história, a própria Ana teve de enxugar os olhos. 
Ela ainda se lembrava da solidão que sentia, muitas vezes, no Dia dos Namorados. 
* * * 
Um pequeno gesto pode fazer uma grande diferença na vida de alguém. 
Para quem nunca recebe um cartão, uma flor, um abraço, um sorriso basta para torná-la feliz. 
Seja você quem promove essa felicidade. 
Aprenda a olhar as pessoas com olhos de ver e descubra os infelizes, permitindo-se oferecer algo que os possa alegrar ou preencher o grande vazio de suas vidas solitárias. 
E nem espere o Dia dos Namorados. 
Faça hoje, já. Agora. 
* * * 
Se você quer fazer alguém feliz, não espere o amanhã. 
Se deseja dar uma flor, não espere a morte, manda-a hoje, com amor. 
Se deseja dizer às pessoas de sua casa, ao amigo de perto ou de longe que você se sente feliz com sua presença, faça-o agora. 
Não espere para colocar flores sobre túmulos. 
Enche, antes, de amor, os corações, porque serás muito feliz se aprenderes a fazer felizes todos os que conhecem.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Um admirador para Laura , de autoria e Don Caskey, do livro Histórias para aquecer o coração dos adolescentes , de Jack Canfield, Dark Victor Hansen e Kimberly Kirberger, ed. Sextante e sem tampa. Em vida, irmão, em vida, de Ana Maria Rabatté, do livro Um presente especial , de Roger Patrón Luján, ed. Aquariana. 
Em 12.06.2025.

quarta-feira, 11 de junho de 2025

A ÁRVORE GIGANTESCA

Léon Denis
Em textos épicos da Índia Antiga, encontramos a grande História dos Bháratas. 
Trata-se de um poema, o Maabárata, escrito em sânscrito. 
É considerado o maior poema de todos os tempos, com cerca de duzentos mil versos. 
Acredita-se que eles começaram a ser escritos cerca de quatrocentos anos antes de Cristo e foram finalizados no século dois da Era Cristã. 
A mais famosa passagem dessa obra é o conhecido Bhagavad Gita, lido como uma obra religiosa à parte.
Interessante percebermos que a moral ensinada nesses versos é semelhante à moral cristã, ensinada pelo Mestre Jesus. 
Isso nos diz que certas verdades são universais. 
Versa o poema que os males com que afligimos o próximo nos perseguem, assim como a sombra segue o corpo. 
As obras inspiradas pelo amor aos nossos semelhantes são as que mais pesarão na balança celeste. 
-Se convives com os bons, afirma, teus exemplos serão inúteis. Não receeis habitar entre os maus para os reconduzir ao bem. O homem virtuoso é semelhante a uma árvore gigantesca, cuja sombra benéfica permite frescura e vida às plantas que a cercam. 
Que bela forma de abordar a lei de causa e efeito, que bela maneira de demonstrar que as leis de Deus estão gravadas em nossa consciência. 
Os males que praticamos nos perseguem. 
São trevas que criamos para nós mesmos. 
É a consciência que nos cobra solução, que nos pede ajuste, arrependimento e reparação com as leis maiores. 
Enquanto não houver mudança, permanecem as trevas.
Também fala aquilo que mais nos destaca no tempo e no espaço: as nossas obras inspiradas pelo amor. 
Essa balança celeste também está em nossa consciência.
Igualmente nas consequências naturais de quem abre novos caminhos sendo bom. 
São novos mundos, novas convivências, acesso a novas experiências e conhecimentos. 
E tudo acontece de forma muito natural. 
Os versos também destacam que a convivência apenas com aqueles que pensam como nós nada nos acrescenta.
Precisamos estar entre aqueles que mais necessitam. 
Aí reside o verdadeiro mérito do trabalhador do bem, aquele que vem para servir. 
É com isso que crescemos, adquirimos experiência e depuramos a nossa alma. 
Por fim, apresenta uma belíssima metáfora: 
O homem virtuoso é semelhante a uma árvore gigantesca, cuja sombra benéfica permite frescura e vida às plantas que a cercam. 
É de nos questionarmos: qual o tamanho da nossa sombra benéfica aos que estão ao nosso redor?
Quanto de frescura e vida conseguimos propiciar para aqueles que nos cercam? 
Alguma vez pensamos a respeito disso, sobre o tamanho da nossa árvore? 
Sobre o quão importantes podemos ser para aqueles que convivem conosco? 
Começamos como árvore pequenina, que precisa da proteção de outras maiores. 
Conforme o tempo vai passando, podemos aumentar nossas condições e abrigar muitas criaturas necessitadas. 
Árvores frondosas podem guardar pequenas florestas debaixo de seus galhos seguros. 
Pensemos, então: que tipo de árvore já conseguimos ser?
Redação do Momento Espírita com base no cap. I, pt. I, do livro Depois da morte, de Léon Denis, ed. FEB e citação do Mahabharata, tradução de H. Fauche. 
Em 11.06.2025