A história é fictícia e objetiva o entretenimento virtual.
Só isso.
Ela nos remete a um momento de intensa dor e destruição.
É ao êxtase do amor, que sobrevive ao tempo, ao sofrimento e ao afastamento.
Uma mente audaciosa e crioula, especializada em inteligência artificial.
Ela não é real, mas bem pode traduzir o padecimento de muitas almas e o encanto de um reencontro.
Num show fictício de talentos, apresenta-se um homem de noventa e oito anos.
Diz que se chama Haruki.
Conta que ele e sua amada, Amiko, eram jovens estudantes de música em Hiroshima.
No dia seis de agosto de 1945, descreveu que viu uma luz branca tão clara que parecia ter sido apagada.
E desapareceu o tempo.
Lembra de abrir os olhos e não entender o que acontecera.
Seria aquilo a morte?
Foi enterrado por horas.
Quando foi resgatado, tinha as mãos queimadas, o olho esquerdo destruído.
Foram-se os sonhos, a melodia que ele e a amiga Amiko estavam compondo.
Igualmente, a chance de um amor ser declarado.
Afinal, ele se dispôs a declarar-se naquele dia.
Por setenta longos anos,
Haruki carregou a dor da perda, a sombra de Amiko em cada nota musical silenciada.
Ele acreditava que ela havia partido, vítima proveniente de luz branca que apagou o tempo.
Amiko, por sua vez, também conviveu com a ausência, marcada pelas cicatrizes físicas e emocionais daquele dia terrível, admitindo que seu amado amigo não havia sobrevivido.
No entanto, oitenta anos depois, através de um grupo de apoio aos sobreviventes da bomba fatídica, os dois corações se reencontraram.
Marcados pela história, frente a frente, apoiando no olhar um do outro o mesmo drama, a mesma resiliência.
Em meio à fragilidade da velhice, a música renasceu.
Amiko se lembrou da melodia, da canção que estavam criando juntos, o eco de um tempo de inocência.
E eles voltaram para tocar.
As mãos trêmulas, talvez enferrujadas pela inatividade de décadas, mas o coração pulsando no ritmo daquela melodia juvenil.
Uma tempestade musical após a seca da saudade.
A voz do amor que sobreviveu à catástrofe, a emoção do reencontro na velhice, a celebração de uma melodia que resistiu ao tempo e à ausência.
A canção de dois jovens que não tiveram a chance de dizer adeus.
A melodia nos fala da força da memória e da beleza de um amor que se perpetua, mesmo diante das maiores tragédias.
***
Dois personagens criados pela mente humana.
Mas quantas histórias semelhantes aconteceram e se reprisaram no mundo?
A chama do amor brotando, o afastamento de anos por diferentes razões, o reencontro, mesmo no findar dos anos, reativando uma chama que ficou latente, no peito, aguardando...
Porque o amor é assim, sobrevive à dor, ao tempo, às tragédias, à morte.
Se o reencontro não for sobre a Terra, concretizará a imortalidade.
Porque o mais extraordinário dom com que a Divindade nos brindou se chama imortalidade.
Isso nos identifica como filhos de um Deus eterno, que nos criaram semelhantes a ele: imortais.
Pensamos nisso.
Redação do Momento Espírita
Em 17.06.2025
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