sábado, 30 de novembro de 2024

A MATEMÁTICA DAS MIGALHAS

EMMANUEL E CHICO XAVIER
Para onde Ele fosse, a multidão esfaimada de justiça e de aconchego O seguia. 
Eram homens e mulheres esmagados pelo poder arbitrário, pelas leis do dominador, que lhes sugava quase tudo que produziam. 
Por isso achegavam-se a Jesus. 
Ele falava de um Pai pleno de amor que tudo oferece aos filhos e lhes provê as necessidades. 
Para onde fosse o Mestre, O seguia o povo. 
Ao meio daquela tarde, os apóstolos advertiram Jesus de que as horas avançavam. 
Seria oportuno dispensar aquela gente que O escutava embevecido. 
Se fossem logo, daria tempo de chegarem a sítios e aldeias para comprarem alimento, antes que se fechassem as portas.
Jesus se voltou para eles e lhes ordenou que alimentassem a todos. 
Espantaram-se porque nada tinham além de cinco pães e dois peixes. 
A primeira providência do Mestre foi pedir que todos se assentassem na relva verde, em grupos de cinquenta ou cem pessoas. 
Depois, tomou dos pães e peixes, ergueu os olhos ao céu, abençoou aquele alimento e disse aos discípulos que distribuíssem a todos. 
Conta-se que eram cinco mil os homens, além de mulheres e crianças que ali estavam. 
E não somente todos se alimentaram, como ainda sobraram doze cestos de sobras, que foram recolhidas, conforme a orientação de Jesus. 
Perceba-se o cuidado com a natureza. 
Tudo recolhido, deixando o local conforme fora encontrado. 
*** 
Esse fato é conhecido como a multiplicação. 
O primeiro detalhe a ser observado é que Jesus faz questão de contar com a participação dos discípulos. 
Ele os convida a colaborar, dando o que têm, fazendo a distribuição e recolhendo os restos, ao final. 
Esses gestos se constituem em valiosa mensagem aos que desejamos cooperar no bem. 
Onde quer que nos encontremos nos depararemos com a escassez do alimento, a enfermidade que prevalece, o crime que destrói as esperanças, o companheiro que abandona a tarefa. 
Como atender necessidades tão complexas? 
Ante às múltiplas carências, custa-nos acreditar que podemos fazer algo se apenas tivermos fé e boa vontade. 
No entanto, se realmente nos dispusermos a auxiliar, a migalha de luzes de que somos portadores será imediatamente suprida pelo milagre da multiplicação. 
Serão nossas migalhas de boa vontade a se multiplicarem, saciando a sede de amor e esperança das criaturas.
Lembremos de quantas iniciativas singelas, às vezes conduzidas por crianças, se transformaram em instituições portentosas a amparar o semelhante nos mais variados setores da existência corporal. 
As faces do bem são infinitas. 
São como a fonte que busca os campos secos, especialmente os vales do sofrimento, para aliviar a dor e renovar a vida. 
Na matemática divina, quando se divide ou subtrai do que se tem em favor do próximo, multiplicam-se e somam-se bênçãos para nós mesmos e para os irmãos de caminhada. 
É indispensável, no entanto, não duvidar, pois nossas migalhas de boa vontade, na disposição de servir santamente, quando conduzidas ao Cristo, valem mais que toda a multidão de males do mundo. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 91, do livro Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. 
Em 14.08.2024

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

MATAR O TEMPO

EMMANUEL E CHICO XAVIER
Em sua Epístola aos Romanos, Paulo de Tarso discorre sobre a importância do tempo. 
Segundo ele aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz.
Ou seja, quem desvaloriza o dia que vive mostra ingratidão para com Deus. 
A maioria dos homens não percebe ainda os valores infinitos do tempo. 
Existem os que efetivamente abusam dessa concessão divina. 
Julgam que a riqueza de todos os benefícios lhes é devida por Deus. 
Sentem-se na posição de credores do Universo. 
Contudo, fariam bem em interrogar suas consciências quanto ao motivo de semelhante presunção. 
A Criação universal constitui um patrimônio comum, outorgado por Deus aos Seus filhos. 
Consequentemente, é razoável que todos gozem as possibilidades da vida. 
Ocorre que essas possibilidades constituem um investimento da Divindade no bem-estar coletivo. 
Quem as recebe fica na condição de depositário. 
Necessita utilizá-las a benefício próprio e alheio. 
Ao reencarnar na Terra, o homem é investido na condição de usufrutuário de variados tesouros. 
Mediante seu uso sóbrio e útil, deve providenciar seu aperfeiçoamento espiritual. 
Sendo a vida eterna, o homem sempre disporá de algum tempo. 
Mas o que representa o tempo se ele estiver sem luz, sem equilíbrio, sem saúde e sem trabalho? 
São raros os que valorizam o dia, em suas infinitas possibilidades. 
Os que trabalham com seriedade, perdoam, tecem conversações sadias, cuidam de ser agentes da paz e do progresso. 
Em toda parte se multiplicam as fileiras dos que procuram aniquilar o dia. 
A velha expressão popular matar o tempo evidencia o descaso com que esse tesouro é tratado. 
Nos mais obscuros recantos da Terra, há criaturas exterminando possibilidades sagradas. 
São horas gastas em passatempos inúteis. Jogos viciantes, conversações nocivas, leituras que não edificam... 
No entanto, um dia de paz, harmonia e iluminação constitui um bem de valor infinito. 
Mediante o agir humano as Leis Divinas se revelam e executam no mundo. 
Quem logra se tornar instrumento delas cresce em paz e harmonia. 
Os interesses imediatistas do mundo clamam que Tempo é dinheiro. 
Entretanto, os homens, vida após vida, têm de recomeçar obras inacabadas. 
Eles fazem e desfazem, constroem e destroem, aprendem levianamente e recapitulam com dificuldade, na conquista da experiência. 
Em quase todos os setores da evolução terrestre, o abuso das oportunidades complica os caminhos da vida. 
Entretanto, desde muitos séculos, o Apóstolo afirma que o tempo deve ser do Senhor. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 1, do livro Caminho, Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. 
Em 21.7.2020.

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

ÍCARO E AS ASAS

Dédalo e Ícaro, pai e filho, estão presos. 
No alto de uma grande torre, Dédalo, artesão e arquiteto incomparável, elabora um plano de fuga para ambos. 
O virtuoso genitor tem a ideia de construir asas a partir de penas de pássaros de diversos tamanhos, fios de cobertores e cera de abelha. 
Como bom pai, Dédalo passa seguras instruções ao filho: não voar nem muito baixo, para que a umidade do mar não danificasse as asas, nem muito alto, para que o calor do sol não as derretesse. 
Ícaro se encanta com a possibilidade de voar, afasta-se do pai durante o voo, esquece de suas orientações. 
Consumido por certa arrogância, voa muito perto do sol, a cera derrete e todo o trabalho e o coração do pai são destruídos. 
Cai no mar Egeu num mergulho de morte. 
A queda de Ícaro foi representada por pintores e escultores.
Em algumas dessas obras, está retratado também o desespero do pai, de asas, vendo o filho despencar, depois de não ter ouvido suas orientações. 
Os mitos guardam ensinos valiosos. 
Quando jovens, idealizamos as asas de Ícaro, as asas da liberdade, da autonomia, aquelas que nos permitem seguir os próprios caminhos. 
É a ordem natural das coisas. 
Somos Espíritos diferentes de nossos pais. 
Não devemos ser cópias deles nem viver à sua sombra por toda a existência. 
No entanto, quando nos encantamos com as muitas asas que o mundo nos oferece, acabamos esquecendo as preciosas orientações dos que vieram antes. 
Nem muito baixo para não ter as asas molhadas. 
Nem muito alto para não tê-las derretidas. 
Quando as asas ainda são novas elas são mais frágeis, elas não têm as devidas horas de voo, não resistem. 
Isso não significa que o jovem deva viver uma vida morna, sem emoções ou mesmo sem desafios. 
De forma alguma. 
É uma idade de tentativas e erros, de experiências, de conhecer-se. 
Por isso o voo. 
O voo que deve ser na altitude mediana. 
Por que correr grandes riscos quando se acaba de aprender a voar? 
Quando a personalidade está imatura, apenas sendo construída? 
Quando ainda não se é forte o suficiente para resistir a certas investidas do mundo? 
Eis aí a orientação segura do construtor das asas. 
Nem muito baixo, nem muito alto. 
Pelo menos agora, no começo, paciência. 
O mito nos fala da importância da obediência, uma virtude esquecida e mal interpretada. 
Principalmente, quando jovens, não gostamos de ouvir essa palavra. 
Soa como algo infantil ou até aprisionante. 
É onde reside o nosso erro. 
A obediência nos liberta, pois ela nos faz seguir pelo caminho das orientações seguras daqueles que viveram mais, que conhecem mais. 
Quando um pai ou mãe, que nos amam mais que tudo no mundo, diz: 
-Não volte tarde. Não beba e depois dirija. Não aceite nada de estranhos – são como o pai de Ícaro falando do voo baixo e do voo muito alto. 
Eles estiveram lá. 
Eles sabem o que pode acontecer. 
Eles nos conhecem e conhecem o mundo ao redor. Não é implicância. 
Não é chatice de gente velha. 
É amor vestido de previdência, de cuidados. 
A escolha é nossa. 
Voar um bom tempo no céu ou cair no oceano a qualquer momento? 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita 
Em 28.11.2024

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

AS VERDADES MAIS SIMPLES

As verdades mais simples 
Longe das verdades mais simples da natureza, 
O homem se perde em mil inquietações. 
Longe do abraço caloroso do bem e da beleza, 
Somos complexa coleção de ilusões. 

Eis, então, que vive em pranto a Humanidade,
Apartada do que é eterno. 
Sem saber que é a afetividade 
Que separa o céu do inferno.
* * * 
Criamos nosso próprio estado de inferno interior quando nos apartamos das verdades mais simples da natureza.
Insistimos, pelas viciações morais, em criar necessidades falsas, e projetar em ilusões passageiras alguma possível felicidade. 
Quantas inquietações no mundo atual... Vejamos quanto a alta exposição das nossas vidas tem nos custado. Em nome de uma vida em sociedade mais ativa, de criar mais conexões, acabamos escravos das redes sociais. 
Temos que aparecer. 
Temos que postar. 
Temos que dizer isso ou aquilo a todo instante. 
Temos que emitir opinião sobre tudo. 
Ao mesmo tempo, precisamos saber o que os outros estão dizendo, postando, escrevendo sobre todos os temas e até sobre nós mesmos. 
Eis uma grande preocupação: será que estão falando sobre nós? 
Se não falam, se não aparecemos nos comentários alheios, nos deprimimos. 
Se não recebemos número expressivo de visualizações é porque há algo de errado conosco. 
Então, nos entristecemos. Parece absurdo quando descrevemos assim... 
Pois é... 
Chega a nos parecer algo estranho, doentio. 
Há uma grande distorção do que é uma vida em sociedade, uma vida de relação. 
O problema não está nos instrumentos, na internet, nas redes sociais, de forma alguma. 
Está na maneira como temos nos servido deles. 
Imaginemos se, numa roda de amigos, numa conversa informal, toda vez que expuséssemos uma ideia, as outras pessoas fossem obrigadas a levantar placas com aprovação.
Imaginemos se cada vez que saíssemos de casa, cada pessoa que cruzasse conosco precisasse dizer: 
-Que lindo! Que elegante! Que charme! 
Por que precisamos ser sempre o centro das atenções mesmo sem motivos significativos? 
Por que não basta estarmos bem com nós mesmos? 
Aí entram as verdades mais simples. 
Aquelas que ainda não foram compreendidas. 
Relações se constroem com trocas. 
Vínculos são laços de fraternidade. 
Pensemos: em nossas relações, o que temos oferecido aos outros? 
Afetividade verdadeira se constrói com o tempo e não com curtidas. 
Afetividade real se constrói no silêncio. 
-Hoje só vou escutar. Sei que você não está bem e precisa. Não vou falar de mim. 
Afeto de verdade é feito com auxílio. 
-O que posso fazer para ajudar? 
-Deixe que hoje eu faço isso por você. 
São pequenos exemplos que mostram como se edifica algo em bases sólidas, altruístas. 
São as verdades mais simples: amar é doar-se, em ações, em palavras, em oração. 
Amar é construir laços permanentes. 
É suportar. É perdoar. 
É saber que estamos ao lado daquele outro ser por uma razão especial. 
O amor nos retira de uma vida egocêntrica, pois quem deve estar no centro de tudo não é o ego, mas sempre o amor.
Redação do Momento Espírita, com versos do poema As verdades mais simples da natureza, de Nei Garcez e Andrey Cechelero. 
Em 27.11.2024

terça-feira, 26 de novembro de 2024

MÁSCARAS

Será que nosso comportamento é sempre o mesmo diante das pessoas que convivem conosco no lar e aquelas com quem convivemos vez ou outra? 
Os fatos nos demonstram que assim não é. 
Mas, a quem estamos enganando: aos familiares ou aos outros? 
Ou será que enganamos a nós mesmos? 
Muitos de nós temos comportamentos diferenciados diante de pessoas diferentes. 
É o nosso departamento de marketing. 
Por vezes, no inter-relacionamento pessoal, dissimulamos sentimentos, afivelamos a máscara correspondente a cada momento e variamos o seu uso conforme as circunstâncias, ocasiões e pessoas com as quais nos comunicamos. 
Se queremos parecer bem para a pessoa com quem nos relacionamos, usamos a nossa aparência agradável. Vendemos uma imagem nem sempre verdadeira. 
Simulamos um comportamento de acordo com a imagem que queremos passar. 
Dessa forma, prejudicamos a nós mesmos, gerando conflitos íntimos, fazendo esforços para parecer quem na realidade não somos. 
Se quisermos descobrir quem somos de fato, basta que nos observemos no trato com os familiares. 
Portas adentro do lar, demonstramos nossa verdadeira face. 
É comum ouvirmos elogios a pessoas que convivem conosco, por parte de amigos, que só as encontram de vez em quando.
São essas que, querendo parecer bem, afivelam a máscara da afabilidade, da doçura, e vendem uma imagem falsa.
Homens gentis, patrões educados, nem sempre são maridos e pais amorosos, dedicados junto aos familiares. 
Mulheres caridosas, exemplos de polidez, não raras vezes se mostram mães indiferentes, esposas nervosas, sem consciência de que, quem realmente tem o direito ao afeto, são os próximos mais próximos, que se encontram sob o mesmo teto. 
Jovens sorridentes, que se desdobram em gentilezas com os amigos, transformam-se em criaturas irritadiças, nervosas, no convívio com pais e irmãos. 
Essa postura somente nos faz mal porque, afinal, a vida não é um baile de máscaras. 
Mais cedo ou mais tarde, nossa consciência nos cobrará fidelidade entre o pensar e o agir. 
Um dia teremos que nos despojar de todas as máscaras e nos mostrar tal qual somos, sem dissimulações. 
Por esse motivo, vale a pena começar sem demora o empenho por sermos verdadeiros, fazendo com que cada vez que coloquemos a máscara da bondade, ela possa deixar em nós marcas indeléveis. 
Quando usarmos a máscara da gentileza, nos permitamos influenciar por ela. 
Quando nos servirmos da máscara da fidelidade, deixarmos que ela nos penetre. 
Dessa forma, a pouco e pouco estaremos nos tornando autênticos, mudando a nossa paisagem íntima, de forma definitiva. 
* * * 
Paulo de Tarso, o grande Apóstolo da gentilidade nos advertiu de que sempre nos encontramos rodeados por uma nuvem de testemunhas. 
Trata-se dos Espíritos que nos veem, observam. 
Alguns são bons, nos amam e se entristecem com nossa forma incorreta de proceder. 
Eles nos desejam construtores da própria felicidade. Aguardam que nos tornemos verdadeiros. 
Comecemos, ainda hoje, a nossa real modificação. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 3, ed. FEP. 
Em 28.9.2020.

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

A MÁSCARA DO MAL

Bertolt Brecht
Em minha parede há uma escultura de madeira japonesa. Máscara de um demônio mau, coberta de esmalte dourado. Compreensivo observo as veias dilatadas da fronte, indicando: como é cansativo ser mau! 
* * * 
Os versos de Bertolt Brecht, importante dramaturgo e poeta alemão do Século XX, trazem de uma forma descomprometida, quase ingênua, uma verdade grandiosa.
Certamente ele percebeu, nos traços fortes e sérios daquele rosto, a marca do cansaço, do peso de se carregar um cenho cerrado por tanto tempo. 
E quem é capaz de aguentar esse fardo por tanto tempo?
Carregar a máscara do mal extenua e consome as forças inevitavelmente. 
Carregar a máscara do ódio, do ressentimento, da revolta, dilata-nos as veias da fronte; envenena-nos as células; faz adoecer, dia após dia, o corpo e a alma. 
O mal é extremamente desconfortável, eis a verdade. 
Mais uma das razões pelas quais entendemos que ele não tem como prevalecer na Terra. 
Embora possa trazer aparentes vantagens num primeiro momento, com o passar do tempo ele nos cansa, nos enfraquece. 
A essência do bem, pelo contrário, nos torna mais leves e nos concede prazeres duráveis e autênticos. 
Foi-se o tempo em que precisávamos responder violência com violência. 
Foi-se o tempo em que o ataque era a melhor defesa, lembrando certas técnicas bélicas tão cultuadas. 
Foi-se a Era da lei do mais forte. 
São chegados os tempos do reino do amor, de colocar em prática, sem medo, o ensino do Ofereça a outra face. 
E a outra face da máscara do mal é a essência do bem, que todos temos em nosso íntimo. 
Tal como pedra a ser lapidada, a essência divina habita a intimidade de nosso Espírito imortal, e aguarda chance de luzir para nunca mais se apagar. 
Se, em outras épocas, os guerreiros que mais resistiam aos inimigos eram aqueles que carregavam a máscara do mal, do ódio fulminante, hoje, tal sucesso se dará para os que optarem pelo bem e, em nome do bem, se opuserem ao mal.
A todo instante caem os guerreiros do mal, entendendo finalmente que o bem há de reinar. 
E o que parece derrota num primeiro momento, mostra-se como vitória, logo em seguida. 
Vitória do homem sobre ele mesmo. 
Vitória da virtude sobre a imperfeição. 
Da luz sobre a treva. 
Na obra A Gênese, Allan Kardec discorre sobre a temática da origem do bem e do mal, e apresenta o seguinte raciocínio: 
-Deus, todo bondade, pôs o remédio ao lado do mal, isto é, faz que do próprio mal saia o remédio. Um momento chega em que o excesso do mal moral se torna intolerável e impõe ao homem a necessidade de mudar de vida. Instruído pela experiência, ele se sente compelido a procurar no bem o remédio, sempre por efeito do seu livre-arbítrio. Quando toma melhor caminho, é por sua vontade e porque reconheceu os inconvenientes do outro. A necessidade, pois, o constrange a melhorar-se moralmente, para ser mais feliz, do mesmo modo que o constrangeu a melhorar as condições materiais da sua existência. 
Redação do Momento Espírita, com citação do item 7, do cap. III, do livro A gênese, de Allan Kardec, ed. FEB. Disponível no livro Momento Espírita, v. 8, ed. FEP. 
Em 6.10.2020.

domingo, 24 de novembro de 2024

QUANTOS DESAFIOS

JOANNA DE ÂNGELIS
E
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Quantos desafios a vida nos apresentou no dia de hoje?
Desde o momento do despertar até agora. 
Para alguns o sair da cama diariamente é um grande desafio.
Não falamos daqueles que temos a conhecida preguiça da manhã, mas dos que sofrem distúrbios psicológicos como depressão, pânico ou alguma de suas vertentes. 
O desafio seguinte é o da convivência diária, de resolver as primeiras questões, lidar com os humores nem sempre previsíveis desta ou daquela pessoa e mesmo o nosso. 
Lidar com horários, compromissos, pessoas estranhas, trânsito, má educação. 
E seguem os desafios se sucedendo... 
Alguns, mal acordamos e já precisamos cuidar de alguém doente. 
E outros nem dormimos bem à noite, velando o sono de outra pessoa. 
A vida é feita de desafios. 
Já percebemos isso?
A alma sábia, ao invés de perguntar: 
-Meu Deus, por quê? 
Questiona: 
-Meu Deus, para quê? 
O primeiro questionamento usualmente é o da revolta, da falta de fé daqueles que nos acreditamos vítima dos acontecimentos da existência. 
O segundo questionamento, alterando a devida entonação, é o do Espírito resignado, que quer entender os objetivos de tudo que se passa consigo, para aprender. 
Resignação e aceitação não são posturas passivas. 
São posturas inteligentes e ativas. 
Buscamos entender o que nos acontece, relacionamos isso com as nossas necessidades, dando o devido peso a cada acontecimento, a cada fato e dali retiramos a lição preciosa. 
O imperador romano Marco Aurélio, grande filósofo estoico, afirmou: 
-Tudo aquilo que nos incomoda é ensinamento. Os desafios da vida são provas, são lições, e precisam ser tratados dessa maneira. 
Quase sempre os consideramos fardos, estorvos, que precisamos eliminar o quanto antes para voltar ao nosso estado de conforto ou felicidade. 
Se fizermos isso e a lição não for aprendida, é como entregar uma prova em branco na escola. 
Ou faltar no dia da avaliação. 
Somente através dos desafios é que as experiências se apresentam valiosas, significativas, porque cada um deles se transforma em impedimento que foi transposto, vencido, dando-nos direito a uma real conquista. 
Pode parecer estranho, mas ninguém deve aspirar por tranquilidade antes de conseguir os valores que a proporcionem, sendo natural que as dificuldades caminhem lado a lado com as conquistas evolutivas. 
Toda marcha, por si mesma, impõe esforço, obediência ao programa, paciência para vencer os trechos a percorrer.
Naquela que diz respeito à conquista dos tributos espirituais, mais complexos e variados são os testes que vamos encontrar à frente. 
Por isso, não maldigamos os desafios, nem fujamos deles antes da hora. 
São eles que estão nos tornando maiores. 
São eles que estão robustecendo nossa força moral. 
A árvore que se nega à tempestade não enrijece o tronco, da mesma forma que os metais que se recusam às altas temperaturas, na umidade são devorados pela ferrugem e a oxidação. 
Que venham os desafios. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 6, do livro Vitória sobre a depressão, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 22.11.2024

sábado, 23 de novembro de 2024

A GRANDEZA DA AMIZADE

Você já pensou na grandeza da amizade? 
Diz um grande pensador que quem encontra um amigo, encontra um tesouro valioso. 
A amizade verdadeira é sustentáculo para muitas almas que vivem sobre a face da Terra. 
Ela está presente nos lares e fora deles, na convivência diária das criaturas. 
A amizade é tão importante que já foi comparada com muitas coisas de valor. 
Um pensador anônimo compara a amizade com as estrelas, e aqueles que não têm amigos, ele compara com os cometas, que vêm e vão, mas não permanecem, nem iluminam como as estrelas. 
Diz ele mais ou menos assim: 
-Há pessoas estrelas e há pessoas cometas. Os cometas passam. Apenas são lembrados pelas datas que passam e retornam. As estrelas permanecem. O sol permanece. Passam-se anos, milhões de anos e as estrelas permanecem. Os cometas desaparecem. 
Há muita gente como os cometas, que passa pela vida da gente apenas por instantes. 
Gente que não prende ninguém e a ninguém se prende. Gente sem amigos. 
Gente que apenas passa, sem iluminar, sem aquecer, sem marcar presença. 
Assim são as pessoas que vivem na mesma família e que passam um pelo outro sem serem presença. 
O importante é ser como as estrelas. Permanecer. Clarear. Estar presente. 
Ser luz. Ser calor. Ser vida. 
Ser amigo é ser estrela. 
Podem passar os anos, podem surgir distâncias, mas a marca da amizade fica no coração. 
Corações que não querem se enamorar de cometas, que apenas atraem olhares passageiros e passam. 
São muitas as pessoas cometas. 
Passam, recebem as palmas e desaparecem. 
Ser cometa é ser companheiro apenas por instantes. 
É explorar os sentimentos humanos. 
A solidão de muitas pessoas é consequência de não poderem contar com alguém. 
É resultado de uma vida de cometa. 
Ninguém fica. 
Todos passam uns pelos outros. 
Há muita necessidade de criar um mundo de pessoas estrelas. 
Aquelas com as quais todos os dias podemos contar. 
Todos os dias ver a sua luz e sentir o seu calor. 
Assim são os amigos estrelas na vida da gente. 
Pode-se contar com eles. 
Eles são presença. 
São coragem nos momentos de tensão. 
São luz nos momentos de escuridão. 
São segurança nos momentos de desânimo. 
Ser estrela neste mundo passageiro, neste mundo cheio de pessoas cometas, é um desafio. 
Mas, acima de tudo, uma recompensa. 
É nascer e ter vivido. 
E não apenas existir. 
E você? É cometa? Ou é estrela? 
* * * 
Enquanto o desejo é chama que se consome e deixa um vazio nas almas, a amizade é bênção que alimenta e sustenta em todos os momentos da vida. 
Quem compartilha apenas do desejo, corre o risco de ficar só, tão logo o desejo cesse, mas quem divide a amizade tem a certeza de que nunca estará sozinho. 
É por essas e outras razões que a amizade é sempre comparada às coisas belas e de grande valor. 
Pode ser comparada a um tesouro... 
A uma flor perfumada que jamais fenece... 
A uma estrela que aquece e vivifica, ou com a luz que jamais se apaga... 
O importante mesmo é ter amigos ou ser amigo de alguém, porque só assim teremos a certeza de que nunca estaremos desamparados. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada. Disponível no CD Momento Espírita, v. 5 e no livro Momento Espírita, v. 1, ed. FEP. 
Em 23.11.2024.

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

O MÁRMORE DO SENTIMENTO E O CINZEL DA BOA VONTADE

Conta-se que, nos primeiros dias do ano trinta, após algum tempo de meditação profunda no deserto da Judeia, Jesus foi visto em Jerusalém, próximo ao templo. 
Sentado, como um peregrino, o Rabi foi notado por um grupo de sacerdotes, que se sentiram atraídos pelos Seus traços de formosa originalidade e pelo Seu olhar lúcido e profundo.
Alguns deles logo se afastaram, porém Hanan, que seria mais tarde o juiz inclemente de Sua causa, aproximou-se do desconhecido e disse com orgulho: 
-Galileu, que fazes na cidade? 
-Passo por Jerusalém, buscando a fundação do reino de Deus!-Exclamou o Cristo, com modesta nobreza. 
-Reino de Deus? – Tornou o sacerdote com acentuada ironia. E que pensas seja isso? 
-Esse reino é a obra divina no coração dos homens! – Esclareceu Jesus, com grande serenidade. 
-Obra divina em tuas mãos? – Revidou Hanan, com uma gargalhada de desprezo. 
E continuou com várias observações irônicas. 
-Tu te propões realizar uma obra divina. Por acaso, já viste alguma estátua perfeita modelada em fragmentos de lama?
-Sacerdote – replicou-lhe Jesus, com energia serena – nenhum mármore existe mais puro e mais formoso do que o do sentimento, e nenhum cinzel é superior ao da boa vontade sincera. 
O sacerdote ainda se debateu entre um e outro aparte vaidoso, porém, acabou se retirando irritado, esbravejando.
O momento passou, o sacerdote passou... 
A lição, no entanto, permaneceu imortalizada. 
Jesus deixava claro, desde as primeiras pregações, qual era o reino que desejava construir. 
Era Ele o escultor experiente que se sujeitara a nascer entre nós, os aprendizes das mãos, disposto a nos mostrar o caminho para aformosearmos nossas próprias almas, nossas obras maiores. 
Era o professor e, ao mesmo tempo, a bela estátua, esculpida, tornada perfeita através das eras, através da lei do progresso. 
O sentimento do homem era ainda o bloco bruto, duro, aguardando o melhor cinzel para começar a lhe revelar a bela imagem que carrega em seu interior. 
Esse instrumento seria a boa vontade, que o Mestre usaria para esculpir e nos mostraria como utilizar essa poderosa ferramenta para nosso próprio aprimoramento. 
Dentro da boa vontade está o trabalho, a dedicação, a persistência e o tempo. 
Tornar formosa a alma é ofício não apenas para uma vida. 
* * * 
O mármore do sentimento e o cinzel da boa vontade – lembremos disso. 
Escultores milenares que somos, aprendizes do grande artífice que foi Jesus, estamos aqui para desenvolver os bons sentimentos. 
Os sentimentos inferiores, aqueles que ainda nos fazem sofrer tanto, esses vão caindo no chão naturalmente, como as sobras do mármore que o cinzel vai retirando. 
Boa vontade para conosco, paciência, persistência e seriedade na tarefa são fundamentais. 
Boa vontade para com o próximo, benevolência, indulgência e perdão, completam nosso ferramental precioso para construir essa tão importante obra. 
Somos a nossa maior obra. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 3, do livro Boa Nova, pelo Espírito Humberto de Campos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. 
Em 15.5.2017.

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

MARIE CURIE

Maria Sklodowska Curie
Toda grande vida é uma conquista.
Em toda grande vida, há lutas e sofrimentos procurados e aceitos com vista a um triunfo determinado.
As vidas comuns conhecem apenas as lutas e os sofrimentos impostos pelas circunstâncias. Uma dessas grandes vidas é a da polonesa Maria Sklodowska.
Nascida 1867, em Varsóvia. 
No mês de abril de 1995, as suas cinzas foram transladadas ao Panteão, em Paris. Junto, também as do seu marido, Pierre Curie. 
No Panteão francês se encontram ilustres personalidades como Vítor Choelcher, iniciador da abolição da escravatura nas colônias francesas, em 1848. 
Também Jean Moulin, líder da Resistência Francesa aos nazistas, que morreu sob tortura. 
O Presidente François Mitterrand falou do significado do evento. 
É a primeira vez que uma mulher repousa no santuário republicano, através do qual a França honra seus grandes homens. 
Assim se expressa a gratidão da França aos dois principais sábios da época moderna e se concede às mulheres o lugar que ocupam em nossa sociedade. 
Foram as palavras do Presidente francês. 
Os nomes de Pierre e Marie Curie estão associados para sempre ao de todos os fiéis e sábios do mundo que participaram da descoberta da radioatividade e de todas suas aplicações, civis e militares. 
O rádio é empregado em todos os tratamentos do câncer por quimioterapia. 
Marie Curie chegou a Paris para continuar seus estudos na Universidade da Sorbonne. 
Casou com um francês, Pierre Curie, professor da Universidade. 
Nas suas pesquisas, descobriu o polônio, nome que deu em homenagem à sua terra natal. 
Em 1902, ela conseguiu isolar um decigrama de rádio puro e medir o peso atômico do novo elemento. 
Foram anos de exaustivo trabalho. 
Ela passava por vezes o dia inteiro mexendo em massa fervente, com uma barra de ferro quase do seu tamanho.
Quando, em 1906, morreu seu marido, ela ocupou sua cátedra na Sorbonne. 
Foi a primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel. 
Em 1903, o Nobel de Física, que dividiu com Henri Becquerel e seu marido, Pierre. 
Em 1911, recebeu sozinha o Prêmio Nobel de Química. 
Teve duas filhas. 
Uma delas, Irene, também foi Prêmio Nobel, em 1935. 
Sua morte se deu a 6 de julho de 1934, uma sexta-feira. 
A vida de Madame Curie demonstra muito bem como agem os Espíritos, quando desejam auxiliar a Humanidade. 
Tomam um corpo de carne, tornam-se homens ou mulheres e legam à Humanidade o produto da sua dedicação pessoal.
Como dizia Thomas Edison: 
-Um gênio é um por cento de inspiração e noventa e nove por cento de transpiração. 
Inquebrantável fibra é o que demonstrou Marie Curie. 
A sua vida foi uma trajetória de formidáveis realizações.
Realizações capazes de deixar para o mundo o que há de mais belo, em termos de exemplo de enfibratura moral, talento intelectual e uma expressiva sensibilidade. 
* * * 
Muitas conquistas, que hoje nos parecem simples, exigiram anos e anos de sacrifício e perseverança dos seus criadores e inventores. 
Assim foi com Vital Brasil e a descoberta do soro antiofídico.
Com Giuseppe Marconi e o telégrafo sem fio. 
Com Thomas Edison e suas mil e noventa e três invenções.
Vidas que são firmeza e fé e se apresentam como mensagens de trabalho e perseverança. 
Redação do Momento Espírita, com base no livro Grande vidas, grandes obras, de Seleções Reader´s Digest; do cap. 22, do livro Vida e mensagem, pelo Espírito Francisco de Paula Vítor, psicografia de José Raul Teixeira, ed. Fráter e pensamentos do livro Areia e espuma, de Khalil Gibran, ed. Associação Cultural Internacional Gibran. 
Em 12.11.2012.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

MARIA DE NAZARÉ

Nossa Senhora 
da Luz dos Pinhais. 
É com esta denominação que a Mãe de Jesus foi eleita para ser a protetora de Curitiba, a capital paranaense. 
E existem outras tantas denominações com que ela é lembrada. 
De acordo com o local, as circunstâncias, recebe o adjetivo.
Nossa Senhora de Fátima, de La Salete, dos Navegantes, Imaculada Conceição, Nossa Senhora Aparecida. 
Algumas das denominações têm a ver com aparições de Espíritos luminosos. 
Apresentando-se com características femininas e excelsa beleza, foram tomados pela própria Mãe de Jesus. 
Foi somente na segunda metade do século IV que Maria passou a ser objeto de culto. 
Na Armênia, na Gália e na Espanha, os documentos do século VI registram um dia consagrado à Maria. 
Em Roma, as festas em sua homenagem aparecem só no século VII. 
Não se sabe ao certo se as aparições eram realmente da Mãe de Jesus. 
No entanto, todas as religiões cristãs reverenciam a figura ímpar de Maria de Nazaré. 
No Espiritismo aprendemos a reconhecer em Maria uma entidade muito evoluída. 
Há mais de dois mil anos já havia conquistado elevadas virtudes que a tornaram apta a desempenhar, na crosta terrestre, a elevada missão de receber nos braços o emissário de Deus. 
Emissário que se fez menino para se transformar no modelo de perfeição moral que a Humanidade pode pretender sobre a Terra. 
Após o episódio da crucificação do filho, Maria permanece um curto período em Bataneia. 
Depois se transfere, com João Evangelista, para Éfeso. 
Ali estabelece um pouso e refúgio aos desamparados. 
Com João, passa a ensinar as verdades do Evangelho. 
Em poucas semanas, a casa de João se transforma num ponto de assembleias adoráveis. 
Maria fala das suas lembranças. 
Fala sobre Jesus com maternal enternecimento. 
Decorridos alguns meses, grandes fileiras de necessitados passam a frequentar o sítio generoso. 
São velhos e desenganados do mundo que vêm ouvir as palavras confortadoras. 
São enfermos que invocam sua proteção. 
Infortunados que pedem a bênção de seu carinho. 
Sua morada passa a ser conhecida como a Casa da Santíssima. 
Assim foi até sua morte. 
Ao libertar-se do vaso físico, ela deseja rever a Galileia. 
Fora ali que seu filho apresentara as mais belas canções da Imortalidade. 
Em seguida, visita os cárceres de Roma, repletos de discípulos do Mestre, que aguardam a morte. 
Conforta-os e lhes transmite bom ânimo. 
Na Espiritualidade, Jesus lhe confia a assistência aos suicidas. 
Esses Espíritos, em profundo sofrimento no Além, são atendidos pela legião dos Servos de Maria. 
Maria é, pois, a sublime acolhedora desses Espíritos que se arrojaram aos abismos da morte voluntária. 
Todas as petições que a ela são dirigidas, são acolhidas pelos seus emissários. 
Examinadas e atendidas, conforme o critério da verdadeira sabedoria. 
Maria de Nazaré prossegue amparando com imenso amor maternal a Humanidade inteira. 
Os espíritas a reconhecem como ser sublime que, na Terra, mereceu a missão honrosa de seguir, com solicitude maternal, Aquele que foi o redentor dos homens, nosso Mestre e Senhor Jesus. 
Redação do Momento Espírita, com base em dados históricos colhidos no verbete Maria, na Enciclopédia Mirador, v.13, ed. Encyclopaedia Britannica do Brasil. 
Em 13.5.2014.

terça-feira, 19 de novembro de 2024

ORDEM E PROGRESSO

Protótipo da Bandeira Nacional,
feito por 
Décio Villares em 1889.
Foi roubado da 
Igreja Positivista em 2010.
O lema em nossa Bandeira Nacional é a divisa política do positivismo. 
Ou seja, a forma abreviada da frase de autoria do francês Auguste Comte: 
-O amor por princípio e a ordem por base. O progresso por fim. 
É a expressão dos ideais republicanos de respeito aos seres humanos, salários dignos, educação e instrução para os cidadãos, melhoramentos para nosso país, em todos os aspectos. 
Oferecer a melhor escola para fomentar o progresso intelectual, que deve ser seguido pelo progresso moral. 
A expressão foi idealizada por Raimundo Teixeira Mendes e a bandeira pintada pela primeira vez pelo artista Décio Villares.
Ordem e Progresso é uma síntese da lei. 
Ambas as palavras indicam o cumprimento das leis estabelecidas nos relacionamentos e ocorrências sociais.
Assim, as leis existem como demonstração do progresso da legislação humana, estabelecendo a ordem na vivência nacional. 
Mas se desejarmos olhar além das leis humanas, que são mutáveis, e adentrarmos pelo campo das leis divinas, verificaremos como o lema nacional enfeixa todas elas. 
Se examinarmos as leis divinas de reprodução e de igualdade, constataremos a presença da ordem que respeita a gestação e não provoca o aborto. 
A ordem que permite o nascimento de um novo cidadão, para o progresso de si mesmo e contribuindo para o progresso geral. 
A igualdade que atesta que todas as criaturas são iguais perante Deus, sem privilégios ou preferências está estabelecida na ordem e no progresso que preside aos relacionamentos. 
Ordem e Progresso estão presentes no devido uso da liberdade, que não é absoluta, mas relativa. 
Liberdade de ir e vir, de expressar suas opiniões, de viver sob as luzes do Cruzeiro do Sul, em harmonia e paz. 
Por outro lado, a lei de trabalho é a própria expressão da ordem e do progresso.
Pelo trabalho, os cidadãos asseguram seu sustento, adquirem seus bens, sustentam seus filhos, contribuem para o progresso da nação. 
As relações interpessoais são reguladas pela lei de sociedade. 
O homem foi criado para viver em sociedade e, auxiliando-se mutuamente, conjugam ainda e sempre a lei do progresso. 
A própria lei de destruição, entendida como transformação, também se enquadra perfeitamente no lema, pois tudo se transforma no transcorrer dos dias, os seres orgânicos, a paisagem, os locais. 
A lei de conservação e as leis de amor, justiça e caridade, traduzem por si mesmas o pleno entendimento da Ordem e Progresso. 
E, claro, o dever moral de autoaprimoramento completa o quadro, ao lado da lei natural que estabelece o equilíbrio do Universo. 
Notável perceber isso! 
A inspiradíssima frase resume a lei. 
Se a observássemos não teríamos tantos equívocos sociais.
As leis divinas são imutáveis, as humanas vão sofrendo alterações conforme o amadurecimento da mentalidade, mas são leis que devemos observar e respeitar. 
Ordem significa respeito, dignidade, solidariedade e as virtudes em geral, inclusive trabalho, que se desdobram fatalmente no progresso para todos. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Ordem e Progresso, de Orson Peter Carrara, publicado em O Espírita Fluminense, do Instituto Espírita Bezerra de Menezes, de Niterói, RJ, em março/abril de 2014. 
Em 19.11.2024

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

MARCHEMOS

Jorge Elarrat e Samia Awada
É comum escutarmos que o mundo não tem jeito, que a sociedade enlouqueceu e que é difícil manter a fé presenciando tantas atrocidades. 
Se considerarmos tudo que vemos apenas sob a ótica da vida material, essa afirmação não chegaria a ser uma insensatez.
Mas se mudarmos o ponto de vista para perceber o que é verdadeiramente a vida, essa ótica logo se desfaz. 
Nós somos seres espirituais vivendo uma experiência humana, e não seres humanos vivendo uma experiência espiritual. 
Isso significa que, criados por Deus, somos seres imortais.
Vivemos várias existências corporais, conforme nos comprovam os inúmeros relatos de experiências de quase morte e das terapias de vidas passadas, que nos são informados por renomadas instituições de estudo e pesquisa.
Assim, o mundo em que vivemos é reflexo de nós mesmos, das nossas qualidades e defeitos, do estágio evolutivo que alcançamos enquanto coletividade. 
Presentemente, estamos vivendo a transição de um mundo de provas e expiações, que convulsiona e gradualmente se apaga, para a aurora do mundo de regeneração. 
Duas realidades antagônicas que se entrechocam. 
Os Evangelistas, sobretudo Mateus e Lucas, escreveram que, no final dos tempos, ou seja, no final de uma era velha e início de uma nova, haveria fome, guerra e rumores de guerra, além de toda sorte de iniquidades. 
Esta é a realidade que ora vivemos. 
Qual, então, o caminho a seguir?
Como manter a fé e a esperança vivendo nestes tempos permissivos e desafiadores? 
Quando Moisés deixou o Egito liderando seu povo para a liberdade, em certo momento, viu que estavam acampados defronte ao Mar Vermelho, tendo o exército do faraó na retaguarda e, nos flancos, o deserto inclemente. 
O povo se inquietou e perguntou ao líder o que seria feito deles, culpando-o por tê-los arrastado para a morte e dizendo que teria sido melhor permanecerem escravos no Egito. 
Foi quando a voz que falava com Moisés, lhe ordenou: 
-Diga ao povo que marche. 
E, obedecendo à ordem, marcharam... 
O cenário atual da Terra assemelha-se em muito, mas em uma escala maior, àquele momento único do povo hebreu. 
Em nossos flancos vemos os desertos da desesperança. 
Na nossa retaguarda encontramos toda sorte de dificuldades materiais e emocionais, causadas pelo egoísmo e pelo orgulho. 
Resta-nos apenas a oportunidade de marchar à frente, com destemor. 
E marchar à frente é fazer a nossa parte neste novo mundo, construindo o reino de Deus no coração, afinando-nos com a nova realidade de paz e harmonia. 
Permanecendo fiéis aos propósitos superiores do bem com Jesus, independentemente da loucura que grassa no mundo, estaremos engrossando a fileira dos bons. 
E onde o bem se estabelece, o mal deixa de existir, pois um fósforo ou uma pequena chama acesa na escuridão dissipa toda a treva. 
* * * 
Comecemos o mundo de regeneração por nós mesmos e sejamos a luz da esperança, da fé, da bondade, da gentileza, da humildade e da brandura, onde quer que estejamos.
Marchemos. 
Jesus nos espera logo adiante, ainda e sempre, de braços abertos. 
Redação do Momento Espírita, com base no Programa Pinga Fogo, de 19.2.2024, da Web Rádio Fraternidade, com os participantes Jorge Elarrat e Samia Awada. 
Em 21.5.2024.
https://momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=7126&let=&stat=0

domingo, 17 de novembro de 2024

MARCAS PRECIOSAS

No silêncio de sua tarde solitária, a bisavó, olhando para as próprias mãos, se lembrava da netinha. 
A menina, com quatro anos, questionava sobre a razão de haver tantas marcas nas mãos da bisa.
Agora, como que tudo rememorando, pensava: 
-Aquelas marcas eram pequenas cicatrizes de cortes com a faca de cozinha, com as queimaduras da gordura das frituras.
Sorriu, ao recordar que a pequena comparara as tantas manchas de suas mãos com uma onça pintada. 
Crianças! 
Bênçãos dos céus aos que vivem na Terra! 
Começou a acariciar as próprias mãos, como que desenrolando um filme antigo, que tomava certo colorido nas suas lembranças. 
Imaginou-se bebê, descobrindo as mãozinhas, tentando segurar os dedinhos miúdos, levando-os à boca, como que para lhes testar o sabor. 
Depois, via-se segurando pequenos objetos e brinquedos, acariciando os seios que a amamentavam. 
As recordações fluíam na memória, que muitos julgavam falida, retratando sua infância, curta de folguedos, repleta de pequenos trabalhos no lar. 
Como filha mais velha, desde muito cedo ajudara a cuidar dos irmãos menores. 
Dava-lhes de comer, banhava-os, vestia-os, ninava-os com carinho. 
Não fora à escola, pois seu pai dizia que mulher tinha que aprender as tarefas da casa, para bem servir ao marido.
Velhos tempos. 
Arcaicas concepções. 
Criança ainda, suas mãos esfregavam as roupas sujas da família, no tanque. 
Pegavam no ferro de brasas, para alisá-las, engomar algumas. 
O fogão de lenha fora um dos primeiros desafios para aquelas mãos tenras, que se tornaram ásperas, como estavam hoje. 
A tesoura, a agulha e as linhas nos ajustes e na confecção das roupas para os familiares, também marcaram seus dedos.
O rastelo para limpar o quintal, o machado para rachar a lenha para o fogão, a colher de pau para mexer os grandes tachos de doce, a vassoura, o esfregão... 
Essa rotina, começada tão cedo, se prolongara até quando, há alguns anos, filhas e netas pouparam-na de tais afazeres.
Sem perceber, lágrimas quentes rolaram lentas por sua face, igualmente sulcada pelos anos. 
Como lhe fizera bem a presença da menina naquele dia. 
* * * 
Nossas mãos, instrumentos únicos, sagrados, divinos, insubstituíveis. 
Não existe tecnologia alguma que se compare, tão pouco se iguale, à tamanha bênção. 
Quando utilizadas no trabalho digno, nas tarefas produtivas e positivas, tornam-se raios de luz a iluminar caminhos, nossos e alheios. 
Nossas mãos devem ser tidas como ferramentas divinas a criarem a bênção do trabalho, o esparzir do conhecimento, o carinho e o soerguimento moral aos que nos rodeiam. 
Por mais marcadas estejam, façamos brilhar as nossas mãos!
Paulo de Tarso dizia que trazia em si as marcas do Cristo.
Que nós possamos portar as marcas do trabalho honrado e digno em nossas mãos. 
Será um bom começo para nossa trajetória como Espíritos.
Redação do Momento Espírita. 
Em 30.7.2015.

sábado, 16 de novembro de 2024

MARCAS NO CORAÇÃO

Você já sentiu, alguma vez, a dor causada por uma pancada na quina da mesa, da cama, ou de outro móvel qualquer?
Sim, aquela pancada que quase nos faz perder os sentidos e deixa um hematoma no corpo. 
Em princípio surge uma marca avermelhada, depois arroxeada, e vai mudando de cor até desaparecer por completo. 
Geralmente, o local fica dolorido e sempre que o tocamos sentimos certo desconforto. 
A marca permanece por um tempo mais ou menos longo, conforme o organismo. 
Agora imagine se, por distração, você bate novamente no mesmo lugar do hematoma... 
A dor é ainda maior e a cor se intensifica. 
Se isso se repetisse por inúmeras vezes, o problema poderia se agravar a tal ponto que a lesão se converteria num problema mais grave. 
Com a mágoa acontece algo semelhante, com a diferença de que a marca é feita no coração e é causada por uma lesão afetiva. 
No primeiro momento a marca é superficial, mas poderá se aprofundar mais e mais, caso haja ressentimento prolongado.
Ressentir quer dizer sentir outra vez e tornar a sentir muitas e muitas vezes. É por isso que o ressentimento vai aprofundando a marca deixada no coração. 
Como acontece com as lesões sofridas no corpo, repetidas vezes no mesmo lugar, também o ressentimento pode causar sérios problemas a quem se permite o ressentir continuado.
Se um hematoma durasse meses ou anos em nosso corpo, a possibilidade de se transformar em câncer seria grande. 
Isso também acontece com a mágoa agasalhada na alma por muito tempo. 
A cada vez que nos lembramos do que motivou a mácula no coração e nos permitimos sentir outra vez o estilete na alma, a mágoa vai se aprofundando mais e mais. 
Além da possibilidade de causar tumores, gera outros distúrbios nas emoções de quem a guarda no coração. 
Por todas essas razões, vale a pena refletir sobre esse mal que tem feito muitas vítimas. 
Semelhante a um corrosivo, a mágoa vai minando a alegria, o entusiasmo, a esperança e a amargura se instala...
Silenciosa, ela compromete a saúde de quem a mantém e fomenta ódio, rancor, inimizade, antipatias. 
Muitas vezes a mágoa se disfarça de amor-próprio para que seu portador consinta que ela permaneça em sua intimidade.
E com o passar do tempo ela se converte num algoz terrível, mostrando-se mais poderosa do que a vontade de seu portador para eliminá-la. 
De maneira muitas vezes imperceptível, a mágoa guardada vai se manifestando numa vingançazinha aqui, numa traiçãozinha ali, numa crueldade acolá. 
E de queda em queda a pessoa magoada vai descendo até o fundo do poço, sem medir as consequências de seus atos.
Para evitar que isso aconteça conosco, é preciso tomar alguns cuidados básicos. 
O primeiro deles é proteger o campo das emoções, fortalecendo as fibras dos nobres sentimentos, não permitindo que a mágoa o penetre. 
O segundo é tratar imediatamente a ferida antes que se torne mais profunda, caso a mágoa aconteça. 
O terceiro é drenar, com o arado da razão, o lodo do melindre, que é terreno propício para a instalação da mágoa. 
É importante tratar essa suscetibilidade à flor da pele, que nos deixa extremamente vulneráveis a essas marcas indesejáveis em nosso coração, tornando-nos pessoas amargas e infelizes.
* * *
Agasalhar ódio, mágoa ou rancor no coração é o mesmo que beber veneno com a intenção de matar o nosso agressor.
Pense nisso, e não permita que esses tóxicos se instalem em seu coração. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 17.08.2009.

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

QUANDO CHORO MEU PAÍS!

Quando olho meu Brasil, tão vasto em território e tão pobre em amor dos seus filhos; 
Quando o vejo tão rico de sol, vida e luz e tantos dos seus filhos vivendo em condições precárias, onde lhes falecem o direito à saúde do corpo e da alma, pois que carecem investimentos governamentais específicos; 
Quando contemplo as manhãs brilhantes, gritando esperança, e observo os interesses de poucos sobrepujando o bem-estar de toda uma nação; 
Quando me dou conta de que o país é pleno de riquezas minerais, vegetais, hídricas, que são depreciadas; 
Quando percebo que há filhos de extraordinários dotes intelectuais, artísticos, do coração, nesta terra, e os vejo abandonarem essas fronteiras para conseguirem seu lugar ao sol em distantes terras, eu choro. 
Choro por saber que este país poderia ser o Eldorado dos milhões de seres que aqui vivem. 
Lamento ver criaturas esfarrapadas, quando poderiam estar vestindo a camisa do país, no verdadeiro sentido; lamento ouvir queixumes, críticas e desaires a respeito de uma terra tão promissora e generosa. 
Nesse dia de dores, coloco o hino pátrio para ouvir, bem alto.
E penso como seria bom se ele fosse mais ouvido, mais cantado, mais pensado, mais vivido. 
E, enquanto os versos musicais se sucedem, enaltecendo a pátria-mãe gentil, seus dotes físicos, a riqueza sem par dessas matas, penso que é tempo de nós, brasileiros, despertarmos. 
É hora de sacudir a poeira do comodismo e lutar por um país mais justo, onde seus filhos vivam em plenitude. 
Onde seus filhos nasçam, com a certeza de que a mãe gentil lhes dará abrigo ao corpo, alimento ao Espírito. 
Um país onde se privilegie a instrução, não como algo demagógico, para ser acionado em momentos de estratégia política, mas sim com o objetivo de ilustrar as mentes privilegiadas que somos todos, na qualidade de Espíritos imortais. 
Um país onde se possa ostentar não somente as valiosas medalhas conquistadas no atletismo, no esporte, mas igualmente se coloque no peito dos que o servem com dedicação, as medalhas de ouro da gratidão. 
Um país onde Ordem e Progresso não sejam somente uma legenda na bandeira. 
Mas, sobretudo, uma meta gravada no coração de cada filho seu, nascido em sua terra ou adotado de distantes paragens.
Tudo isso não é utopia. 
É possível no hoje e no agora. 
Será suficiente que cada um de nós ponha em prática sua condição de cidadão consciente dos seus deveres, de forma prioritária. 
Estudar, trabalhar, mostrando que filho desta terra, legítimo herdeiro das suas riquezas, somente é aquele que a dignifica com inteligência e suor.
* * * 
Amemos nosso país, investindo na cultura, no bem, na justiça.
Orgulhemo-nos do verde da esperança, do amarelo que traduz a intelectualidade, do azul da harmonia e do branco da paz. 
Nesse dia, ufanemo-nos, cantando: 
Verás que um filho teu não foge à luta, 
Nem teme, quem te adora, a própria morte. 
Ó, pátria amada Idolatrada... 
És tu, Brasil. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita v. 33 e no livro Momento Espírita v. 9, ed. FEP. 
Em 15.11.2024

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

FAÇO A MINHA PRIMAVERA

Um mês para chegar a primavera. 
Ainda é inverno. 
A paisagem das árvores da cidade, em profundo recolhimento, impressiona. 
Galhos secos, magros, dando a impressão de que nada mais poderá surgir dali. 
Há ruas em que se enfileiram as grandes esculturas vivas que, durante o inverno, hibernam e esquecem qualquer tom de verde. 
Algo curioso, no entanto, por vezes acontece. 
Semanas antes da primavera, algumas espécies começam a florir. 
Foi assim que, numa dessas ruas de galhos secos e quase invisíveis, deu-se o fenômeno inusitado: um ipê amarelo e um ipê roxo, quase que um ao lado do outro, floridos em toda sua potencialidade. 
Observando a via de longe, chamava a atenção a quantidade de árvores secas, ainda na estação invernal. 
E os dois ipês como se já estivessem na estação primaveril.
Sem precisar ir às causas climáticas ou mesmo aos estudos botânicos que explicariam o acontecimento, aproveitamos para refletir sobre as transições do planeta. 
Vivemos um inverno, é certo. 
Uma época de crise profunda dos valores, uma época que clama por mudanças drásticas. 
Os antigos modelos não nos servem mais e ainda não tivemos vontade e força de abraçar os novos. 
Muitos podemos concluir que a Humanidade caminha aos recuos, como comentou Allan Kardec numa de suas questões de O Livro dos Espíritos, perguntando à Espiritualidade se não parece, muitas vezes que estamos andando para trás, do ponto de vista moral. 
Os Benfeitores afirmaram que não, que nos enganamos ao pensar dessa forma, que precisamos observar bem o conjunto.
Ter uma visão mais ampla e concluir que o homem se adianta pois já compreende melhor o que é o mal.
Terminam a resposta ao estudioso de Lyon, afirmando: 
-É necessário que o mal chegue ao excesso, para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas. 
Aí encontramos o estado atual das coisas no mundo. 
Aí encontramos nosso inverno. 
No entanto, basta ter olhos de ver para perceber que, em meio a tantas árvores ainda secas, temos ipês floridos. 
Para aqueles que estão em desespero, em descrença, são exemplos, são a certeza de que as flores virão. 
Esses ipês são aqueles que resolveram ser a mudança e não aguardar as coisas mudarem. 
Eles fazem a sua própria primavera. 
Floresceram no frio intenso para dizer que é possível, para dizer que não podemos esperar pela transição do mundo, e sim que nós somos a transição do planeta. 
Certamente ouvimos frases de efeito como: 
-Seja a mudança que quer ver no mundo! 
Ela é tão óbvia que quase poderia ser uma redundância.
Como poderíamos querer ver qualquer mudança na vida sem trabalhar por ela? 
Sem fazer acontecer? 
Sem dar a nossa contribuição dia após dia? 
Que possamos, sim, dizer, eu faço a minha primavera, cumprindo meus deveres, amando como posso os que estão ao meu redor, cumprindo minhas obrigações, sem esperar que os outros mudem, sem esperar que os outros tomem iniciativas. 
Só assim veremos mais flores nestes dias, desde já. 
Redação do Momento Espírita com citação da questão 784 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEP. 
Em 14.11.2024