terça-feira, 5 de novembro de 2024

QUERER É CRER

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Ao lermos os Evangelhos, nos surpreendemos com indagações do Mestre Jesus, para aqueles que lhe vinham rogar a cura de suas enfermidades. 
Ou liberá-los de alguma limitação física. 
Diga-se, questionamentos que nos falam da sabedoria desse Mestre, Modelo e Guia, muito adiante do Seu tempo. 
Profundo conhecedor do psiquismo humano. 
Ao cego que clama por misericórdia, ao ouvi-lO passar, Ele indaga: 
-Que queres que eu te faça? 
Os que estão próximos e ouvem a pergunta, dizem para si mesmos: 
-Não é óbvio o que quer o pobre cego que vive à margem da sociedade, esmolando? Ele quer ver, quer ter ativo o dom da visão. 
Entretanto, no processo da cura, é imperioso que a pessoa queira verdadeiramente o restabelecimento da saúde. 
O querer, em profundidade, sem reservas, altera completamente o quadro psicofísico do indivíduo, auxiliando o organismo na restauração dos seus equipamentos danificados. 
A doença é um estado de desarmonia do Espírito, que se exterioriza no físico. 
Dessa maneira, querer é se decidir a alterar seu estado, a mudar. 
Para quem recebe o terrível diagnóstico da enfermidade que lhe agride a maquinaria física, principia na mudança de hábitos. 
O querer assinala uma disposição nova, o abandonar o que causa o distúrbio que se apresenta na emoção, na mente e no corpo. 
Por isso, escreve o Evangelista Marcos que o cego responde:
-Que eu veja, senhor. 
E a resposta de Jesus é decisiva: 
-Vai, a tua fé te salvou. 
Em outros momentos, depois da resposta à primeira indagação, estabelece uma segunda. 
No caso dos dois cegos que O seguem até a casa na qual Jesus adentra, pergunta:
-Credes que eu seja capaz de vos curar? 
Igualmente parece óbvia a resposta. 
Se eles O seguiram, insistindo pela cura, guardavam a certeza de que Ele poderia processá-la. 
Mas Jesus aguarda. 
E somente depois da resposta positiva de ambos, Ele lhes toca os olhos e conclui: 
-Seja feito conforme credes. 
O crer é uma decisão grave, de maturidade emocional e humana. 
Quando se quer acreditar, sem dúvida, no êxito, é o passo decisivo para alcançar o que se almeja. 
Em termos de restabelecimento da saúde, observamos pacientes que buscam a cirurgia, a terapia, o medicamento, enquanto em sua mente assinalam: 
-Sei que não vai adiantar nada. Vou fazer porque minha família quer. 
E, como é de se esperar, dificilmente conseguem melhorias. 
A enfermidade faz morada em seus corpos. 
Isso porque a mente da criatura agasalha o estado mórbido.
Querer e crer conduzem à luta, mediante a decisão de alcançar o campo do êxito. 
No episódio do paralítico descido pelo telhado e posto ao lado de Jesus, está demonstrada a vontade de voltar a andar, de reaver a mobilidade do corpo. 
De tornar a viver, com liberdade. 
Para isso, Ele pedira auxílio a amigos para que o conduzissem. 
Não se importou com o desconforto ou com o aumento das dores ao ser transportado em uma simples maca, quiçá improvisada. 
Ele queria ser curado. 
E conseguiu. 
Pensemos nisso: querer e crer são essenciais para o restabelecimento físico e psíquico do candidato à cura.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Jesus e sofrimentos, do livro Jesus e atualidade, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Pensamento. 
Em 05.11.2024

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