quarta-feira, 30 de outubro de 2024

MÃOS ESTENDIDAS

CHICO XAVIER
Quando caminhamos pelas estreitas passarelas da vida, observamos, com pesar, milhares de mãos estendidas em nossa direção. 
São mãos que rogam pão para alimentar o corpo faminto...
Mãos que pedem carinho... 
Mãos distendidas em busca de luz espiritual, capaz de espancar as trevas da consciência culpada... 
Mãos que rogam o amparo de outras mãos, que lhes sequem as lágrimas amargas vertidas pela dor da separação das mãos queridas que a morte arrebatou... 
São tantas mãos distendidas pelas vielas da vida, que nos fazem sentir impotentes, incapazes de nos candidatarmos ao serviço do bem, diante de tanta necessidade... 
Todavia, vale a pena buscarmos, na natureza, fatos que nos renovem o ânimo e mudem nossa maneira de pensar. 
O fio de cobre, por exemplo, quando largado na via pública, não passa de objeto insignificante. 
Mas, ligado ao poder da usina, é transmissor de luz e força. 
O pequeno cano, abandonado à poeira, é tropeço na estrada.
Contudo, se ajustado ao reservatório, é condutor de água pura. 
A argila, dormindo no charco, é simples porção de lama.
Todavia, entregue aos cuidados do oleiro, converte-se em vaso nobre. 
A pedra, solta no campo, é calhau pobre e esquecido. 
Mas, se unida à construção, é alicerce do lar. 
A lagarta, na amoreira, é triste animal de aspecto repelente.
No entanto, levada à indústria do fio, produz a seda brilhante.
A tripa de carneiro, estendida ao sol, é realmente algo desprezível. 
Quando transformada na corda do violino, é meio eficaz para que a música possa surgir. 
Entretanto, para servir é preciso esforço e disciplina. 
O fio de cobre, para iluminar, padece a tensão da energia elétrica. 
O cano necessita ajustar-se para ser útil. 
A argila experimenta a alta temperatura do fogo. 
A pedra aceita o anonimato para se tornar sustentáculo. 
A lagarta deve morrer para auxiliar, e a tripa de carneiro passa por longo processo renovador a fim de responder, com segurança, aos sonhos do musicista. 
* * * 
Em verdade, ainda somos corações frágeis, almas culpadas, e Espíritos endividados, diante das Leis Divinas. 
Mas, ligados ao Espírito de nosso Divino Mestre Jesus, podemos ser instrumentos do eterno bem. 
Não basta, porém, salientar as nossas fraquezas, a nossa falta de capacidade, a preguiça ou a falsa modéstia para estender socorro eficiente na direção das mãos estendidas em nossa direção. 
É preciso abraçar a verdadeira humildade, com obediência e disciplina, ante os desígnios do Senhor, porque, aprendendo e servindo; amando e ajudando; lutando e sofrendo em Sua causa sublime, será possível modificar a triste realidade do nosso planeta. 
* * * 
É sempre fácil servir perante o céu azul e ensinar nos dias dourados, cheios de tranqüilidade e de sol. 
Cabe-nos aprender a servir sob a noite tormentosa, e ao longo das sendas repletas de dores e dificuldades de toda sorte. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 42, do livro Vozes do grande além, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb, e no verbete Servir, do livro Dicionário da alma, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. 
Em 22.07.2008.

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