domingo, 30 de abril de 2023

UMA JORNADA QUE CURA

Lisa Collier Cool
Debbie tinha apenas dezesseis anos quando seu professor de inglês a sequestrou e lhe tirou a vida. Sua mãe, Betty, ficou tão deprimida que passou a negligenciar seus outros quatro filhos. Dia após dia ela amaldiçoava o assassino. Ele lhe retirara o hálito de vida. Ele destroçara a vida de uma adolescente risonha e que tecia planos para o futuro. Nada diminuía a sua dor. Nem a ausência de qualquer motivo evidente para aquele crime terrível. Nem a condenação do professor à prisão perpétua. O ódio a consumia. Começou a ter constantes dores de cabeça e nas costas. Depois de algum tempo, mal conseguia ficar de pé. Seis anos se passaram morosos, doloridos. Até que, no funeral de sua irmã, um trecho da oração dominical a impressionou. Uma frase, a respeito da qual nunca meditara: 
-Assim como perdoamos a quem nos tenha ofendido. 
Ela procurou literatura a respeito do perdão. Talvez encontrasse uma resposta para sua vida. Foi visitar o túmulo de Debbie. Pela primeira vez leu com atenção o que estava gravado na lápide: 
-Do que o mundo precisa agora é de amor. 
Logo, Betty estava repetindo em voz alta, como se fosse um mantra: 
-Quero perdoar. 
Meses depois, resolveu escrever ao assassino: 
-Cansei de sentir raiva de você. Posso visitá-lo? 
Onze anos depois da morte de sua adorada filha, ela o visitou na prisão. Disse a ele o que Debbie significava para ela. O quanto ela sofria. Ambos acabaram chorando. Quando deixou a prisão, naquele dia, sentia-se uma pessoa diferente. Seu coração estava leve. Ela lançara fora a mágoa e a raiva que tanto a haviam consumido naqueles longos e arrastados anos. Os amigos, espantados, não conseguiam entender a sua atitude. A sua resposta era: 
-O perdão foi o maior presente que dei a mim e aos meus filhos. 
Passou a trabalhar como mediadora num programa para vítimas de crimes violentos. Em paz consigo mesma, afirma que foi uma incrível jornada de cura que salvou a sua vida. 
E a jornada se chama perdão. 
 * * * 
O perdão substitui sentimentos hostis que destroem a organização física, a paz, por sentimentos positivos que fazem o corpo se acalmar, relaxar, melhorando a saúde.
Agarrar-se a um ressentimento por meses ou anos significa assumir um compromisso com a raiva. 
O perdão pode ser um poderoso antídoto contra a raiva. 
Quem se permite consumir pela raiva faz ligações perigosas com a hipertensão crônica e tem aumentado o risco de doenças cardíacas. 
Além de acarretar benefícios emocionais, purgar a raiva pode ajudar a curar parte do que nos aflige fisicamente. 
O simples fato de pensar em solucionar uma mágoa já pode ajudar. Vale a pena perdoar! 
É uma questão de desejar o bem para si mesmo. 
* * * 
Se não conseguirmos perdoar totalmente, o fato de não estar fervendo de raiva, nem planejando vingança, é um bom começo. 
De toda forma, o perdão é poderoso. 
Embora não possa mudar o passado, o fato de confrontar problemas não resolvidos e as pessoas por trás deles, pode conduzir a um futuro mais saudável e feliz.
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo O poder do perdão, de Lisa Collier Cool, de Seleções Reader’s Digest, de junho/2004. 
Em 12.9.2016.

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