domingo, 16 de outubro de 2022

INGRATIDÃO

Você já teve o sentimento de que alguém lhe foi ingrato alguma vez? 
Já sentiu a decepção congelando seus sentimentos e tomando-lhe a intimidade de maneira intensa, como que afogando-lhe o coração em fel?
Das dores da alma, talvez a ingratidão seja uma das mais profundas, dando-nos a sensação de ser capaz de dilacerar o coração. 
Ora foi o amigo que nos traiu a confiança, não sendo digno da intimidade que compartilhamos em segredo. 
Outra feita o vizinho, incapaz de aquilatar os esforços que fizemos para lhe amenizar as dificuldades e os problemas. 
Outras tantas, surgem no seio familiar as relações de ingratidão, com filhos tratando aos pais como se esses lhe fossem criados com a obrigação de os servir. 
Ou esposos tratando com indiferença a dedicação e o desvelo da companheira. 
Quando a ingratidão nos atormenta a alma é porque o sentimento da decepção está acompanhando-o, indicando que esperávamos outra atitude do próximo. 
Afinal, só nos decepcionamos quando criamos uma expectativa que não se cumpriu. 
E quando a decepção vinda da ingratidão nos toma de súbito, não é raro pensarmos que não valeu a pena fazer o bem, agir no bem, agir de maneira correta e acertada.
Magoados pela decepção, muitos de nós nos atormentamos, fazendo juras de que nunca mais ajudaremos e alegamos, ainda, que seremos mais felizes não nos incomodando mais com o próximo. 
Fazer o bem nunca pode ser considerado um erro. 
Jamais alguém que esteja pensando no bem do próximo, no bem estar alheio, pode estar errado, desde que agindo desinteressadamente. 
Se o outro é incapaz de reconhecer nossos esforços, se lhe faltam valores morais para entender a bondade alheia, que a sua limitação não seja fonte de nosso desestímulo. 
Só agem assim porque, no egoísmo em que mergulham, ficam impedidos de perceber a bondade no coração do outro, iludidos na sua limitação de que o mundo está para lhes servir. Imaginar que seremos mais felizes não fazendo o bem porque não nos decepcionaríamos, é iludir-se na felicidade do egoísta, de quem se fecha em si mesmo, a fim de não correr o risco da decepção. 
A Providência Divina permite esses embates, apenas nos faz experimentar o amargor das decepções, para testar nossa perseverança no bem. 
Afinal, o bem deve bastar-se por si mesmo, sendo desnecessário vir acompanhado pelo reconhecimento, louvores e dádivas. 
 * * *
No exercício do bem, jamais deixemos que o não reconhecimento do próximo seja motivo para abandonar os propósitos de fazer o bem. 
Ao perceber que os que hoje semeiam ingratidão ainda precisam percorrer longas estradas na vida, a fim de amadurecer suas relações para com o próximo, desperta em nós um sentimento de compaixão por eles, que substitui a decepção, nos dando ânimo e coragem, para continuar no esforço necessário de crescimento pessoal. 
Redação do Momento Espírita, com base nos itens 937 e 938 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec,ed. Feb. 
Em 11.12.2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário