sexta-feira, 21 de outubro de 2022

APENAS UM SORRISO!

Tudo aconteceu na feira livre da cidade, onde eram disponibilizadas frutas, legumes, especiarias, grãos e produtos coloniais. 
As barracas se alinhavam umas ao lado das outras e o movimento era intenso. 
Algumas pessoas se concentravam naquelas que ofertavam pastéis ou pequenos lanches para consumo local. 
Entre tantas pessoas, de repente, uma senhora se pôs a chorar. 
E o fez em tão altos brados, quase a gritar, que atraiu a atenção de muitos, que a rodearam. 
Sua bolsa estava aberta e o dinheiro para as compras sumira. 
Entre lágrimas, ela explicou que trabalhava em casa de uma família, nas proximidades. 
Viera para as compras, conforme o fazia semanalmente. 
Não sabia se fora roubada ou se fora descuidada e o dinheiro caíra da bolsa, que descobrira aberta. 
Lamentava-se, sem parar, porque dizia que jamais seus patrões acreditariam que ela perdera o que lhe fora dado para adquirir as provisões para a família. 
Então, um garotinho se aproximou e mostrou um rolo de notas. 
-Aqui está o seu dinheiro. Achei no chão, ali atrás. – Falou ele. 
Era um menino, desses que costumamos ver nas ruas. 
E os olhares que se voltaram para ele, variavam da acusação de furto à incredulidade do achado. 
Fosse como fosse, a senhora secou as lágrimas, tomou as notas nas mãos e disse, agradecida: 
-Salvou meu dia e meu emprego, garoto. Sinto muito não poder lhe dar uma gratificação porque nenhum centavo desse valor me pertence. 
-Não precisa, foi a resposta espontânea do menino, nem um pouco incomodado com os olhares desconfiados, que continuavam sobre ele. 
E completou: 
-A senhora já me agradeceu. Está sorrindo. 
Em seguida, rapidamente, da mesma forma que surgira, desapareceu entre as barracas e as pessoas.
* * * 
A preciosidade de um sorriso. 
Para um menino simples, essa gratificação lhe encheu a alma. 
Para cada um de nós, quanto pode significar um sorriso? 
Quando nos encontramos constrangidos ante um equívoco cometido, e percebemos que alguém nos sorri, sentimo-nos amparados.
É como se aquela pessoa, mesmo não estando próxima, esteja a nos dizer: 
-Não se preocupe. Todos nos equivocamos, vez ou outra. 
Ou talvez queira dizer: 
-Tenha calma. Ninguém nem percebeu seu pequeno ato falho. 
Um sorriso. 
Quando desembarcamos no aeroporto ou na rodoviária, é acolhedor descobrirmos um rosto amigo que se destaca na multidão e nos sorria.
Sentimo-nos, de imediato, bem-vindos e seguros.
Um sorriso. 
Quebra o gelo da antipatia, rompe o silêncio do constrangimento. Pode significar um perdão, um acolhimento. 
Uma comemoração, um triunfo. 
Um momento inigualável de alegria. 
Permitamo-nos sorrir mais. 
Ofertemos nosso sorriso, a cada manhã, quando nos despedimos para ir à escola, ao trabalho. 
Ofertemos nosso sorriso a quem retorna ao lar, depois do dia exaustivo. 
A quem está no leito, enfermo. 
A quem nos aguarda a visita, para preencher sua solidão. 
Um sorriso. 
Um pouco mais de uma dúzia de músculos acionados para essa gentileza.
E os benefícios se refletem em nós, para nós e para quem nos esteja próximo. 
Não nos cansemos de sorrir. 
Redação do Momento Espírita 
Em 21.10.2022.

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