domingo, 22 de maio de 2022

HUMILDADE

Foi no século dezenove. 
O arcebispo de Viena resolveu fazer uma visita a alguns dos seus fiéis. Preparada sua comitiva aprestou-se para a viagem. 
O primeiro local que deveria visitar seria o castelo de Vivarais. 
Os donos do castelo avisados antecipadamente passaram a aguardar o ilustre visitante, esmerando-se em detalhes, a fim de que tudo transcorresse sem qualquer transtorno. 
Ao cair da tarde daquele mês de março apresentou-se no palácio um pobre sacerdote pedindo pousada. 
Como todos os aposentos já se encontravam reservados para os visitantes, os donos do castelo pediram aos criados que conduzissem o pedinte a um dos alpendres, junto às cavalariças. 
Algum tempo depois chegaram ao solar os vigários que constituíam a comitiva do arcebispo. 
Foram recebidos, regiamente, pelo fidalgo e família, mas logo se admiraram em não ver Sua Excelência. 
Perguntando por ele, receberam dos senhores do castelo a resposta de que ele ainda não aparecera. 
-Não é possível, falou um dos padres. Fomos obrigados a nos retardar um pouco e ele tomou a dianteira. Devia ter chegado à nossa frente. 
Foi então que os anfitriões se recordaram do sacerdote recolhido próximo às cavalariças. Imaginando que ele poderia ter cruzado, em sua jornada, com o arcebispo, resolveram pedir aos criados que lhe fossem indagar a respeito. 
Quando alguns dos integrantes da comitiva ouviram a referência a um outro sacerdote, perguntaram: 
-Quem é o religioso a quem se refere o nobre senhor? 
-Ora, respondeu o senhor de vivarais, é um sacerdote muito pobre que nos bateu à porta, pedindo agasalho por uma noite. 
A um só tempo, falaram os vigários presentes:
-"É ele." 
Verdadeiramente, o pobre recebido, por caridade, no luxuoso castelo não era outro senão o grande Daivan, o arcebispo de Viena. 
Assim portava-se e tão humilde era, que não se apresentava jamais com seus títulos e roupas elegantes. 
Os homens essencialmente grandes não se importam com honrarias, e suntuosidades. 
Delas não necessitam para mostrarem seu valor, porque que este é intrínseco e aflora, onde quer que se encontrem. 
Assim Jesus, o Divino Mestre, escolheu a quietude de uma noite silenciosa para nascer, num estábulo, tendo como teto a abóbada celeste, como primeiras harmonias as vozes celestiais, e como primeiros visitantes os homens simples que pastoreavam no campo. 
Nada que Lhe denunciasse a glória aos olhos humanos. 
E Ele era a luz, O Modelo, O Guia.
*** 
A humildade legítima não se deixa atingir pela vaidade dos elogios, nem se permite humilhar pela zombaria dos que não a entendem. 
Por isso mesmo é inatingível pelo mal, de qualquer forma que este se apresente. 
Redação do Momento Espírita. (Baseado no livro: Lendas do Céu e da Terra, cap. Humildade) 

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