sábado, 7 de maio de 2022

SABEDORIA MATERNA

Todos temos mãe. 
Presente, ausente, bonita ou nem tanto, culta ou analfabeta sempre existe mãe, na vida de cada pessoa. 
É com essa criatura especial que aprendemos lições que nos acompanham vida afora. 
Quando crianças, de um modo geral, consideramos que mãe é aquela pessoa que sabe ser estraga-prazeres muito além da medida. 
É aquela que nos chama para fazer o dever de casa justo na hora em que a brincadeira estava no auge. 
Ou quando estávamos prestes a passar para o próximo nível, no game. 
É aquela que só sabe nos falar de obrigações: ir à escola, estudar para a prova, recolher a roupa espalhada pelo quarto, limpar a cozinha, varrer a calçada. 
Parece que ela tem um computador que somente fica elaborando tarefas e mais tarefas. 
Na adolescência, é a constante vigia das nossas saídas, dos telefonemas, do uso da Internet. 
E sonhamos com o dia em que possamos nos liberar de tudo isso. 
Nem nos apercebemos que para ela corremos, ao menor problema. 
Quando pequenos, qualquer machucado nos faz gritar: Mãe!
Quando uma criança maior nos ameaça bater, corremos na busca de refúgio entre seus braços. 
E quando as primeiras desilusões amorosas nos fazem acreditar que nunca seremos felizes é no regaço dela que encontramos um coração amoroso a nos dizer: 
-Espera, amanhã é novo dia. Espera, o amor chegará e te fará feliz. 
Quando chegamos à idade adulta, nos damos conta do extraordinário ser que é a mãe. 
E, quando temos nossos próprios filhos, repetimos muitas das lições recebidas dela. 
Finalmente, quando a maturidade vai salpicando de prata e neve os nossos cabelos, a memória nos recorda como era sábia nossa mãe. 
O compositor brasileiro Tom Jobim, recordando sua mãe, dizia que ela era uma pessoa sempre de bem com a vida e, por vezes, engraçada. Contava que, certa vez, transitava de bonde pelo Rio de Janeiro, com sua mãe. Sentado, começou a mexer com os pés até que, de repente um dos sapatos soltou-se e caiu. Ele se levantou e ficou olhando o calçado parado, no meio da rua, enquanto o bonde continuava a se distanciar sempre mais. Vendo seu desassossego, a mãe lhe perguntou: 
-O que aconteceu? 
Quando informou o que ocorrera, ela se abaixou, tirou o sapato que ainda estava no pé do filho e o lançou para fora.
-Mãe, por que fez isso? 
-Ora, meu filho, quem encontrar um, encontrará o outro e poderá usar. 
* * * 
Sabedoria das mães. 
Que nós, filhos, a saibamos aproveitar. 
Aprender com elas a amar, disciplinar e, em verdadeiro holocausto, renunciar aos filhos para os doar ao mundo. 
Que as saibamos honrar com nossa presença e nossa gratidão, enquanto conosco. 
E que não as esqueçamos, nos dias da saudade que virão, após sua partida.
Que haja preces subindo aos céus pela joia preciosa que nos deu a vida física, nos amou, educou, ensinando-nos a andar com os próprios pés e desejar alcançar as estrelas. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 11, ed. FEP.
Em 6.5.2022.

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