Que tal fechá-lo com chave de ouro?
Como diz o adágio popular.
Certamente, você já ouviu essa expressão ou mesmo já a utilizou.
Mas sabe de onde ela vem?
Ela vem dos sonetos, do mundo da poesia.
O chamado verso de ouro é o último verso de um soneto, aquele que dá sentido à composição, que expõe o que há de mais essencial nela.
O fecho da obra é guardado pelo sonetista para impressionar pela beleza e para não ser esquecido.
Nossos anos, na Terra, poderiam muito bem ser nossos sonetos.
Nossas composições trabalhosas com as letras, palavras e versos.
Muitos versos tortos, sofridos, incompletos por vezes, é verdade.
Outros tantos emocionantes, alegres, de alívio, de esperança.
Poesia é assim mesmo.
Versos soltos, versos de conflito, estrofes que vão se construindo com o tempo, um aprendizado, um esboço de ideias que, um dia, terão sentido e beleza maior.
Pensemos agora:
Para o último verso deste ano, o que estamos reservando?
Qual poderia ser a chave de ouro para fechar este ciclo?
Poderia, quem sabe, estar na decisão de abandonar um sentimento de ódio ou animosidade por alguém.
Sim, resolver deixar para trás, iniciando o caminho do perdão.
Tirar esse peso desnecessário do coração e seguir adiante.
E que cada um dê conta de sua consciência.
Fechar com chave de ouro poderia ser visitar alguém que há muito não vemos.
Em tempos de comunicação por smartphones, textos e mais textos, emojis e gifs buscando expressar nossas emoções da melhor forma, que tal resumir tudo num abraço apertado?
Fechar com chave de ouro poderia ser lembrar de alguém, ligar, perguntar se está bem, colocar-se à disposição por alguns minutos para ouvir, seja um amigo ou um parente.
Fechar com chave de ouro seria, quem sabe, fazer um acordo com os familiares, para que, em todas as festas e reuniões nesses últimos dias do ano não sejam pronunciadas palavras de pessimismo.
Isso, decretar que não nos queixaremos dos governantes, que não falaremos mal de ninguém, que não abordaremos nenhum assunto espinhoso.
Por fim, a chave de ouro deste ano poderia estar numa prece sincera de gratidão, reconhecendo tudo que recebemos, identificando as oportunidades, as lições, o quanto crescemos diante dos desafios vividos.
Passando uma revista pelos principais acontecimentos, entendendo que tudo serviu para nossa evolução, para nosso aprendizado.
A prece que agradece não por estarmos vivos, mas por estarmos despertos, conscientes de tudo que ocorre conosco, conscientes dos passos que demos e dos que ainda temos que dar.
A existência é uma dádiva, sem dúvida, nosso maior tesouro para evoluir.
Porém, não basta estar encarnado, ou matriculado na escola Terra, precisamos estar frequentando a sala de aula com disposição, com ânimo e certeza de que sairemos daqui melhores do que chegamos.
Fechemos o ano com uma maravilhosa chave de ouro, amando cada vez mais.
Redação do Momento Espírita
Em 31.12.2022.