sábado, 31 de dezembro de 2022

FECHAR COM CHAVE DE OURO

Mais um ano chega ao fim. 
Que tal fechá-lo com chave de ouro? 
Como diz o adágio popular. 
Certamente, você já ouviu essa expressão ou mesmo já a utilizou.
Mas sabe de onde ela vem? 
Ela vem dos sonetos, do mundo da poesia. 
O chamado verso de ouro é o último verso de um soneto, aquele que dá sentido à composição, que expõe o que há de mais essencial nela.
O fecho da obra é guardado pelo sonetista para impressionar pela beleza e para não ser esquecido. 
Nossos anos, na Terra, poderiam muito bem ser nossos sonetos.
Nossas composições trabalhosas com as letras, palavras e versos.
Muitos versos tortos, sofridos, incompletos por vezes, é verdade.
Outros tantos emocionantes, alegres, de alívio, de esperança. 
Poesia é assim mesmo. 
Versos soltos, versos de conflito, estrofes que vão se construindo com o tempo, um aprendizado, um esboço de ideias que, um dia, terão sentido e beleza maior. 
Pensemos agora: 
Para o último verso deste ano, o que estamos reservando? 
Qual poderia ser a chave de ouro para fechar este ciclo? 
Poderia, quem sabe, estar na decisão de abandonar um sentimento de ódio ou animosidade por alguém. 
Sim, resolver deixar para trás, iniciando o caminho do perdão. 
Tirar esse peso desnecessário do coração e seguir adiante. 
E que cada um dê conta de sua consciência. 
Fechar com chave de ouro poderia ser visitar alguém que há muito não vemos.
Em tempos de comunicação por smartphones, textos e mais textos, emojis e gifs buscando expressar nossas emoções da melhor forma, que tal resumir tudo num abraço apertado? 
Fechar com chave de ouro poderia ser lembrar de alguém, ligar, perguntar se está bem, colocar-se à disposição por alguns minutos para ouvir, seja um amigo ou um parente. 
Fechar com chave de ouro seria, quem sabe, fazer um acordo com os familiares, para que, em todas as festas e reuniões nesses últimos dias do ano não sejam pronunciadas palavras de pessimismo. 
Isso, decretar que não nos queixaremos dos governantes, que não falaremos mal de ninguém, que não abordaremos nenhum assunto espinhoso. 
Por fim, a chave de ouro deste ano poderia estar numa prece sincera de gratidão, reconhecendo tudo que recebemos, identificando as oportunidades, as lições, o quanto crescemos diante dos desafios vividos. 
Passando uma revista pelos principais acontecimentos, entendendo que tudo serviu para nossa evolução, para nosso aprendizado. 
A prece que agradece não por estarmos vivos, mas por estarmos despertos, conscientes de tudo que ocorre conosco, conscientes dos passos que demos e dos que ainda temos que dar. 
A existência é uma dádiva, sem dúvida, nosso maior tesouro para evoluir. 
Porém, não basta estar encarnado, ou matriculado na escola Terra, precisamos estar frequentando a sala de aula com disposição, com ânimo e certeza de que sairemos daqui melhores do que chegamos.
Fechemos o ano com uma maravilhosa chave de ouro, amando cada vez mais. 
Redação do Momento Espírita 
Em 31.12.2022.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

PALAVRAS POSITIVAS PARA UM ANO NOVO

Roberto Garini
Quando o Novo Ano se aproxima, habitualmente, se escrevem propostas de vida, metas a serem perseguidas nos dias que virão.
Ano Novo é sempre promessa de eventos promissores. 
Ele chega acenando esperança. 
Mesmo que se trate somente de algo convencionado pela Humanidade, tem seu significado. 
Assinala uma etapa nova e, de um modo geral, todos pensam com otimismo no ano que chega. 
É o momento de programar a aquisição do imóvel para residência, fazer a viagem tão sonhada, passar no vestibular, concluir o curso de graduação, ter um filho. 
São muitos os sonhos, as metas escritas na mente, no coração e no papel. 
O que ocorre é que, por vezes, nenhum dos sonhos idealizados se concretiza nos dias que sinalizamos como meta. 
Por que será? 
Naturalmente, muitos são os fatores mas, talvez se começássemos a nos expressarmos com palavras positivas, melhores fossem os resultados. 
De um modo geral, quando algo ruim acontece, são sempre palavras negativas que brotam dos nossos lábios, como: 
-Desse jeito não vai, Assim é impossível, ou Tudo dá errado para mim. 
Expressões desse gênero marcam fortemente quem ouve e, geralmente, muitos ouvem, até mesmo porque as repetimos muitas vezes, narrando o fato a amigos, colegas, familiares. 
E o Não vai dar certo... Isso é impossível... Não vou conseguir... com seu significado negativo, gravam no cérebro exatamente a negação.
E, como se fosse uma bandeira amarela em uma corrida de Fórmula Um, nosso cérebro grava um aviso, um alerta. 
Assim, toda vez que uma situação se assemelhar à que resultou nas expressões negativas, nosso cérebro fará link com o fato que as determinou e aquelas marcas ou expressões surgirão imediatamente:
-Não vai dar... Impossível... ou Errado. 
Trata-se de um sistema de proteção de nosso cérebro contra o que pode vir a acontecer, semelhante ao movimento instantâneo de levantar os braços que qualquer um faz quando uma bola, por exemplo, venha em sua direção. 
Mesmo que as condições desse novo fato sejam distintas do fato que deu errado, nosso cérebro acionará, em primeiro lugar, de forma inconsciente, as expressões negativas, anteriormente registradas.
Portanto, que tal começar o Novo Ano modificando algumas das expressões habituais como Assim não dá para Como posso fazer isso dar certo, ou Assim é impossível para Preciso descobrir como fazer isso, ou ainda, Está tudo errado para Deve haver um jeito de dar certo
* * * 
É uma realidade a força da palavra. 
É do conhecimento geral que uma simples palavra dita em certo momento pode desencadear crises individuais e coletivas de proporções imensuráveis. 
A palavra é o veículo do nosso pensamento e, portanto, do nosso magnetismo pessoal. 
No mundo individual, cada um de nós tem que conhecer a força que pode desencadear através da língua e dar apenas o bom uso para ela, lembrando a sabedoria do rabi Galileu 
–“Do que sai pela boca está cheio o coração.” 
Dessa forma, comecemos o Novo Ano, com disposição renovada.
Este ano será melhor! 
Conseguirei vencer! 
Trabalharei para conseguir o almejado! 
Serei feliz, eu, minha família, meus amigos! 
Façamos isso. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Empresa positiva precisa de palavras positivas, de Roberto Garini, do site www.sonoticiaboa.com.br e no cap. 14, do livro A carta de Tiago, de L. Palhano Jr., ed. Fráter. 
Em 30.12.2022.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

INTUIÇÃO

Peter Mercurio, Danny Stuart e Kevin
Quando Danny achou aquele bebezinho de pele morena, com cerca de um dia, enrolado em um moletom preto enorme, no chão, atrás das roletas, no metrô de Nova Iorque, chamou a polícia. 
A Vara de Família assumiu a custódia do bebê e Danny passou a repetir a história muitas e muitas vezes para os canais de TV locais, amigos, parentes, conhecidos. 
Três meses depois, ele compareceu à Vara de Família para dar seu depoimento sobre o precioso achado. 
De repente, a juíza o interpelou: 
-Você estaria interessado em adotar essa criança? 
A pergunta o surpreendeu, espantou mesmo, mas, sem pestanejar respondeu: 
-Sim, mas sei que não é fácil. 
Ali mesmo, a juíza deu ordens para fazer dele um futuro pai. 
Ele jamais cogitara se tornar pai e, ademais, sua situação financeira não era boa. 
Vivia num apartamento com Peter e, para auxiliar no aluguel, haviam locado um pedaço da sala a um inquilino. 
Danny era um assistente social respeitado, porém, mal pago. 
Peter trabalhava como digitador. 
Enquanto tramitava a documentação, foram visitar o bebê em seu lar provisório. 
E os dois se apaixonaram por aquela coisinha tão delicada, tão dependente. 
O assistente social, que os atendeu, disse que os passos para a adoção poderiam demorar em torno de nove meses. 
Nesse tempo, eles poderiam reorganizar a casa e a vida, a fim de bem receberem o bebê. 
Era dezembro e uma semana depois, a mesma juíza lhes indagou se gostariam de ter o bebê para o Natal. 
Ante a afirmativa de ambos, ela sorriu e ordenou a transferência do bebê para a custódia deles. 
A preparação do lar que deveria se dar em nove meses, não levou mais que trinta e seis horas. 
Na última audiência, quando a juíza assinou o documento de adoção, Peter pediu a palavra. 
Ele tinha uma pergunta que o atormentava. 
Será que a juíza sabia que Danny era assistente social e achou que ele daria um bom pai? 
Por que, afinal, ela lhes havia permitido a adoção daquele bebê? 
E, então, questionou: 
-Meritíssima, gostaria de saber por que a senhora perguntou a Danny se ele estava interessado na adoção. 
-Tive uma intuição. – Respondeu ela. Eu estava errada? 
Doze anos depois, o bebê se tornou um sorridente menino e os pais, felizes, agradecem àquela mulher que lhes mudou e enriqueceu as vidas. 
O menino desejou conhecer a juíza que o presenteara para aqueles pais maravilhosos. 
E perguntou: 
- A senhora lembra de mim? 
-Como não, disse ela. 
A história estava na sua memória e ela se interessou em indagar ao pequeno Kevin sobre a escola, seus passatempos favoritos e amigos.
* * * 
Intuição: quantos de nós poderíamos ser mais felizes e proporcionar felicidade a outros, se seguíssemos nossas boas intuições. 
Nosso anjo de guarda tanto quanto os bons Espíritos que atendem à Humanidade, a mando de Deus, sempre se encontram a postos. 
Mas, eles dependem de que os homens lhes ouçam as vozes que transmitem e que são registradas sob o nome de intuição ou inspiração. 
Fiquemos atentos e ouçamos as boas ideias que nos são sugeridas por esses guardiães do bem e nos tornemos, na Terra, os homens de ação, contribuindo para o mundo melhor do Terceiro Milênio.
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Destino, fé e paternidade, de Peter Mercurio, de Seleções Reader´s Digest, de agosto 2013. 
Em 15.10.2013.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

BUSQUE O HORIZONTE

Conta-se que, certa vez, um homem se aproximou de Deus e pediu para que Ele lhe esclarecesse sobre algo na Criação que, segundo seu ponto de vista, não tinha nenhuma utilidade, nenhum sentido... 
Deus o atendeu e perguntou qual era a falha que ele havia notado na Criação. 
-Senhor Deus, disse o interessado, Sua Criação é muito bonita, muito funcional, cada coisa tem sua razão de ser... Mas, embora me esforce para compreender sua finalidade, tem algo que me parece não servir para nada. 
-E o que é isso que não serve para nada? Perguntou Deus. 
-É o horizonte, respondeu o homem. Afinal, para que serve o horizonte? Se eu caminho um passo na direção do horizonte, ele se afasta um passo de mim. Se caminho dez passos, ele se afasta outros dez passos... Se caminho quilômetros na direção do horizonte, ele se afasta os mesmos quilômetros de mim... Isso não faz sentido! O horizonte não serve para nada. 
Deus olhou para Seu ingênuo filho, sorriu e disse: 
-Mas é justamente para isso que serve o horizonte... Para fazê-lo caminhar. 
* * * 
Tantas vezes nos acomodamos em nossos estreitos limites, e nos esquecemos de andar alguns passos na direção do horizonte, que nos convida incessantemente a caminhar. 
Quando nos esforçamos para ultrapassar nossos próprios limites, novas oportunidades surgem para que avancemos na direção do infinito que Deus nos reserva como meta de perfeição. 
Assim, se você está paralisado pela falta de perspectivas que o incentivem a ir adiante, em busca do autoaperfeiçoamento, olhe para frente e ouça o chamamento do horizonte. 
Contemple as estrelas e deseje alcançá-las: isso não é um sonho impossível. 
Você é filho de Deus, portanto, herdeiro do Universo. 
Herdeiro das estrelas, dos mundos que gravitam nos espaços infinitos, convidando-nos a seguir em frente, vencendo os obstáculos naturais que se apresentam na caminhada evolutiva. 
Mas para conseguir esse intento, é preciso esforço e perseverança. 
É preciso vontade de romper com as amarras que, ao longo dos séculos, nos mantêm presos aos baixos planos da experiência carnal.
E lembre-se, sempre, de que cada passo que você der na direção do horizonte, esse mais se afastará para que você continue caminhando.
E, quando você conseguir alcançar o horizonte, é porque terá alcançado a linha máxima da perfeição que a escola chamada Terra pode lhe oferecer. 
Nesse instante, novos horizontes se abrirão, desafiando sempre e sempre aqueles que têm coragem de avançar, de seguir na direção da luz, da perfeição a que o Mestre de Nazaré nos convidou, dizendo:
-Sede perfeitos como perfeito é vosso Pai Celestial. 
* * *
Lance seu olhar para o infinito e, mesmo que as nuvens ou as lágrimas não lhe permitam ver as estrelas, diga como quem tem certeza: 
Sou herdeiro das estrelas, 
 Eu sou filho do Senhor, 
 Cultivo sonhos de beleza, 
 Na grandeza do amor. 

Com as estrelas eu sempre sonho 
E nelas vejo brilhar 
A viva esperança de um dia, 
Junto a elas poder estar. 

Ver coisas tão sublimes 
Da pátria espiritual, 
Morada verdadeira 
Do Espírito imortal. 

Não importa o quanto espere 
Eu sei que não vou perdê-las, 
Pois sou filho do Senhor, 
E herdeiro das estrelas. 
Redação do Momento Espírita, com versos finais de Edson Agostinho, da cidade de Umuarama, PR. Disponível no CD Momento Espírita, Coletânea v. 8 e 9 e no livro Momento Espírita, v. 4, ed. FEP. 
Em 28.12.2022.

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

A liberdade de expressão é conquista recente na história da Humanidade. 
Não vão longe os tempos onde expressar o pensamento podia ter como consequência a condenação à morte. 
Déspotas, tiranos, assim como religiões, doutrinas, oprimiram e cercearam a livre expressão do pensamento. 
Hoje ainda insistem alguns a fomentar seus rincões de intolerância e de proibições. 
Porém, cada vez mais ganham espaço as conquistas da liberdade de refletir e de expor as ideias. 
Quando esse direito é respeitado por todos, temos a possibilidade de sermos coerentes entre pensar e falar, dando ao outro, da mesma forma, tal direito. 
Cabe a cada um de nós entender que pensamos de maneira diferente porque temos valores, conceitos e visão de mundo muito próprios. 
E, na medida que respeitamos o próximo, podemos rogar para nós esse mesmo respeito. 
Nesses termos, cabe-nos perguntar: 
-Qual seria a melhor religião para alguém? 
Certamente, a resposta não é única. 
Na diversidade de pensar e agir em que mergulha a Humanidade, poderíamos eleger uma religião como a melhor? 
Certamente, se nos fosse imposta uma religião com a qual não concordamos, que não aceitamos, não nos iríamos sentir confortáveis. 
Isso acontece com qualquer pessoa para a qual insistirmos em impor nossa crença. 
A melhor religião deve ser aquela que não nos torna hipócritas, que nos transforma em pessoas de bem, corretas, seres humanos melhores. 
Portanto, a respeito desse assunto cabe a cada um optar, a mais ninguém. 
Será somente nesse entendimento entre a criatura e Deus que se poderá escolher a melhor forma de chegar até Ele. 
Toda doutrina ou religião que conduza o homem ao bem, deve ser digna de respeito. 
Isso porque, quando se trata das coisas de Deus, o importante não é o caminho que tomamos, mas sim, a direção para a qual caminhamos.
E são muitos os entendimentos e as expressões que nos conduzem ao Pai. 
Nesses termos, infrutífera, quando não desrespeitosa, qualquer imposição de crença a outrem. 
Para alguns, Deus está na natureza. 
Para outros, a convivência está dentro do Seu templo. 
E tantos O cultivam na intimidade do coração. 
Uns O têm como Pai amoroso. 
Outros, talvez O percebam mais como um Pai severo. 
São estágios evolutivos. 
Alguns se atêm fervorosos às suas crenças religiosas. 
Outros preferem viver a seu modo a sua relação com Deus. 
Para o Criador do Universo, o importante não é o que sai da boca, dos gestos, ou onde isso é feito. 
Para o Pai Maior, o grande significado está naquilo que se passa no coração. 
Dessa forma, há que respeitar-se toda e qualquer crença, quando nos conduz e nos faz bem. 
Afinal, Deus, acima disso tudo, entende que nós, Seus filhos, ainda estamos tateando, dando os primeiros passos, na busca de entender a Sua grandiosidade e bondade. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 6.6.2015.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

A PAZ QUE TRAGO EM MEU PEITO

A paz que trago hoje em meu peito é diferente da paz que eu sonhei um dia... 
Quando se é jovem ou imaturo, imagina-se que ter paz é poder fazer o que se quer, repousar, ficar em silêncio e jamais enfrentar uma contradição ou uma decepção. 
Todavia, o tempo vai nos mostrando que a paz é resultado do entendimento de algumas lições importantes que a vida nos oferece.
A paz está no dinamismo da vida, no trabalho, na esperança, na confiança, na fé... 
Ter paz é ter a consciência tranquila, é ter certeza de que se fez o melhor ou, pelo menos, tentou... 
Ter paz é assumir responsabilidades e cumpri-las, é ter serenidade nos momentos mais difíceis da vida. 
Ter paz é ter ouvidos que ouvem, olhos que veem e boca que diz palavras que constroem. 
Ter paz é ter um coração que ama... 
Ter paz é brincar com as crianças, voar com os passarinhos, ouvir o riacho que desliza sobre as pedras e embala os ramos verdes que em suas águas se espreguiçam... 
Ter paz é não querer que os outros se modifiquem para nos agradar, é respeitar as opiniões contrárias, é esquecer as ofensas. 
Ter paz é aprender com os próprios erros, é dizer não quando é não que se quer dizer... 
Ter paz é ter coragem de chorar ou de sorrir quando se tem vontade...
É ter forças para voltar atrás, pedir perdão, refazer o caminho, agradecer... 
Ter paz é admitir a própria imperfeição e reconhecer os medos, as fraquezas, as carências... 
A paz que hoje trago em meu peito é a tranquilidade de aceitar os outros como são e a disposição para mudar as próprias imperfeições.
É a humildade para reconhecer que não sei tudo e aprender até com os insetos... 
É a vontade de dividir o pouco que tenho e não me aprisionar ao que não possuo. 
É melhorar o que está ao meu alcance, aceitar o que não pode ser mudado e ter lucidez para distinguir uma coisa da outra. 
É admitir que nem sempre tenho razão e, mesmo que tenha, não brigar por ela. 
A paz que hoje trago em meu peito é a confiança nAquele que criou e governa o Mundo... 
A certeza da vida futura e a convicção de que receberei, das Leis soberanas da Vida, o que a elas tiver oferecido. 
* * * 
Às vezes, para manter a paz que hoje mora em teu peito, é preciso usar um poderoso aliado chamado silêncio. 
Lembra-te de usar o silêncio quando ouves palavras infelizes.
Quando alguém está irritado. 
Quando a maledicência te procura. 
Quando a ofensa te golpeia. 
Quando alguém se encoleriza. 
Quando a crítica te fere. 
Quando escutas uma calúnia. 
Quando a ignorância te acusa. 
Quando o orgulho te humilha. 
Quando a vaidade te provoca.
O silêncio é a gentileza do perdão que se cala e espera o tempo, por isso é uma poderosa ferramenta para construir e manter a paz.
Redação do Momento Espírita, com frases finais, de texto de autoria ignorada. Disponível no CD Momento Espírita, Coletânea v. 8/9 e no livro Momento Espírita, v. 5, ed. FEP. 
Em 26.12.2022.

domingo, 25 de dezembro de 2022

ELE NOS DEU NOVAS MANHÃS

Incrível como a cada nova manhã a natureza acorda em festa! 
Há um ânimo, uma expectativa, uma alegria nas Criações Divinas, que contagia os que têm olhos de ver. 
A natureza entende o quanto a vida é grandiosa. 
No entanto, houve um amanhecer, há muito tempo, que superou todos os outros. 
Havia raiado o dia, quando Ela deixou a estalagem, carregando nos braços uma pequena trouxa de panos. 
Uma jovem mãe, passos lentos, cuidadosos, contemplava o céu claro e respirava o ar fresco, com expressão de gratidão. 
Trazia junto ao colo o Filho que já fazia brotar o amor em toda sua magnificência, em Sua alma menina. 
Retirou o tecido que protegia o rosto delicado da criança, para que Ela também fosse beijada pelo frescor matinal. 
Havia sido agraciada com a oportunidade de ser mãe, um presente sem igual. 
A mãe Gaia, nosso lar planetário, igualmente, recebia ali o Maior tesouro de todos os tempos. 
Como se a escultura trouxesse na palma das mãos o Escultor.
Curioso ainda é que o astro rei lançava os primeiros raios vitalizantes sobre aquelas terras do Oriente Médio terreno. 
A areia do deserto, as casas, os utensílios domésticos, os tecidos claros das roupas: tudo refletia a grandeza solar. 
Porém, quando a claridade alcançou Aquele Menino, algo surpreendente ocorreu. 
Não se sabe ao certo que fenômeno foi aquele. 
Não se sabe ao certo se foi a pele alva do Menino que resplandeceu a luz amarela do sol, ou se havia um outro sol dentro do Recém-nascido que iluminou, dominante, o astro-rei de nosso sistema planetário. 
Pela primeira vez, disseram alguns, Febo, o deus romano, condutor do carro do sol, curvou-se diante de outra claridade, muito maior que a sua própria. 
E o amanhecer nunca mais foi o mesmo depois daquele dia. Ele nos deu novas manhãs. 
* * * 
Aquela alvorada foi mais uma prova do amor do Criador para com todos nós. 
Se ainda não entendemos Deus como a Inteligência Suprema, Causa de todas as coisas, soberanamente justo e bom, pensemos na dádiva daquela manhã. 
A Terra recebeu um Espírito que havia alcançado o mais alto grau de perfeição. 
Recebeu um Mestre e também um Amigo. 
Alguém que veio orientar mas, acima de tudo, consolar os que ainda não entendiam do que se tratava a experiência terrestre e todas suas nuances educativas. 
Alguém que trazia a certeza de um Criador bondoso e não vingativo.
E que regia o Universo com leis igualmente seguras. Abraçou, ergueu, serviu. 
Atendeu sem reclamar. Incompreendido, compreendeu. Maltratado, cuidou de todos. 
Odiado, amou sem reservas. 
Ele nos deu novas manhãs, ensinando-nos a olhar a natureza em festa, aproximando-nos do Pai como filhos que sabem agradecer e compreender 
Sua grandeza infinita. 
Conduziu nosso olhar aos campos, aos lírios, às aves. Também ao próximo desconhecido, ao irmão de jornada que nos oferece oportunidade de servir. 
Ele nos deu novas manhãs... 
Que saibamos aproveitá-las em toda sua exuberância e energia. 
Que cada manhã seja um renascimento. 
Redação do Momento Espírita 
Em 24.12.2022.

sábado, 24 de dezembro de 2022

NATAL EM NÓS

Eis que vos trago uma boa nova de grande alegria: na cidade de David acaba de vos nascer, hoje, o Salvador, que é Cristo, Senhor...
Glória a Deus nas alturas, paz na Terra aos homens de boa vontade.
Assim foi anunciado, aos pastores de Belém, por um mensageiro celeste, o grande acontecimento. 
Nas palavras vos nascer está toda a importância do Natal.
Jesus nasceu para cada um em particular. 
Não se trata de um fato histórico, de caráter geral. 
É um acontecimento que, particularmente, diz respeito a cada um.
Realmente, a obra do Nazareno só tem eficácia quando individualizada. 
A redenção, que é obra de educação, tem de partir da parte para o todo. 
Do indivíduo para a coletividade. 
Enquanto esperamos que o ambiente se modifique não haverá mudanças. 
Cada um de nós deve realizar a sua modificação. 
Depende somente de nós. 
O Natal, desta forma, é aquele que se concretizará em nós, com a nossa vontade e colaboração. 
O estábulo e a manjedoura da cidade de David não devem servir somente para composições poéticas ou literárias. 
Devemos entendê-los como símbolos de virtudes, sem as quais nada conseguiremos, no que diz respeito ao nosso aperfeiçoamento. 
O Espírito encarnado na Terra não progride ao acaso, mas sim pelo influxo das energias próprias, orientadas por Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida. 
Assim, toda a magia do Natal está em cada um receber e concentrar em si esse advento. Jesus é uma realidade. 
Ele é a Verdade, a Justiça e o Amor. 
Onde estes elementos estiverem presentes, Ele aí estará.
Jesus não é o fundador de nenhum credo ou seita. 
Ele é o revelador da Lei eterna, o expoente máximo da Verdade, da Vontade de Deus. 
Jesus é a Luz do mundo. 
Assim como o sol não ilumina somente um hemisfério, mas sim toda a Terra, assim o Divino Pastor apascenta com igual carinho todas as ovelhas do Seu redil. 
O Espírito do Cristo vela sobre as Índias, a China e o Japão, como sobre a Europa e a América. 
Não importa que O desconheçam quanto à denominação. 
Ele inspira aos homens a Revelação Divina, o Evangelho do Amor.
Aqui lhe dão um nome, ali um outro título. 
O que importa é que Ele é o mediador de Deus para os homens, e intérprete da Sua lei. 
Onde reside o Espírito do Cristo, aí há liberdade. Jesus jamais obrigou ninguém a crer desta ou daquela forma. 
Sábio educador, sabia falar ao íntimo da criatura, despertar as energias latentes que ali dormiam. 
Esta a Sua obra: de educação. 
Porque educar é pôr em ação, é agitar os poderes anímicos, dirigindo-os ao bem e ao belo, ao justo e ao verdadeiro. 
Este é o ideal de perfeição pelo qual anseia a alma prisioneira da carne. Jesus nasceu há mais de vinte séculos... 
Mas o Seu natalício, como tudo o que dEle provém, reveste-se de perpetuidade. 
O Natal do Divino Enviado é um fato que se repete todos os dias. Foi de ontem, é de hoje, será de amanhã e de sempre. 
Os que ainda não sentiram em seu interior a influência do Espírito do Cristo, ignoram que Ele nasceu. 
Só se sabe das coisas de Jesus por experiência própria. 
Só após Ele haver nascido na palha humilde do nosso coração é que chegamos a entendê-lO, assimilando em Espírito e Verdade os Seus ensinos. 
* * * 
Neste Natal lhe desejamos muita paz. 
Em nome do Celeste Menino, o abraçamos irmão, amigo. 
Jesus lhe abençoe a vida e lhe confira redobradas oportunidades de servir no bem. 
Que Sua mensagem de amor lhe penetre a alma em profundidade e que juntos possamos, em nome dEle, espalhar sementes de bondade, pela terra árida e sofrida dos que não creem, porque ainda não O conhecem. 
Feliz Natal! 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 4, do livro Na seara do Mestre, de Vinícius, ed. FEB. 
Em 22.12.2016.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

TODOS QUE O CONHECERAM

Khalil Gibran
Ana, a avó de Jesus, lembrando do nascimento do primogênito de sua filha Maria, contava, emocionada: 
-Sei que, quando Ele nasceu, foi visitado por homens do Oriente. Eram persas que vieram com suas caravanas. Quando entraram na casa em que se encontravam Maria e seu filho, tiraram ouro de suas bolsas, além de mirra e incenso, e colocaram tudo aos pés do bebê. Depois, caíram de joelhos e oraram num idioma estranho. Partiram ao raiar do dia, seguindo por outros caminhos, soubemos depois, porque foram avisados em sonho de que não deveriam informar ao rei Herodes onde se encontrava o Menino. Antes, porém, disseram:
-Vimos a luz de nosso Deus nos olhos do Pequeno e o sorriso de nosso Deus em Seus lábios. Pedimos que nosso Deus O proteja, e Ele protegerá a todos nós. 
Em seguida, montaram em seus camelos, e se foram, retornando aos locais de suas origens. Maria parecia mais maravilhada e surpresa com Seu primogênito do que alegre. Ficava um bom tempo olhando para o Filho, e então virava o rosto para a janela e fitava o céu, à distância, como se estivesse tendo visões. O Menino cresceu em corpo e Espírito, e era diferente das outras crianças. Arredio e obstinado, eu não conseguia controlá-lO. Mesmo assim, Ele era amado por todo mundo em Nazaré, e, no fundo, eu sabia porquê. Muitas vezes, Ele pegava da nossa comida para dar aos transeuntes, ou entregava a outras crianças os doces que eu lhe dera, antes mesmo de prová-los. Subia nas árvores do pomar para colher os frutos, mas nunca com a intenção de comê-los Ele mesmo. Quando apostava corrida com os outros meninos, por ser mais veloz, demorava-se, para deixar que eles chegassem antes. E, às vezes, quando eu O levava para a cama, falava:
-“Diz para a minha mãe e para os outros que só o Meu corpo dormirá. Meu Espírito estará com eles, até que o Espírito deles venha a Mim de manhã.” 
E Ele disse muitas outras coisas maravilhosas na infância, mas estou velha demais para lembrar. Dizem-me que não O verei mais. Mas, como posso acreditar no que eles dizem? Ainda ouço Sua risada e o som de Seus passos, correndo pela casa. E sempre que beijo minha filha no rosto, Sua fragrância regressa a meu coração, e é como se Seu corpo preenchesse meus braços. 
* * * 
Todos que O conheceram levaram algo para sempre em suas almas.
Ainda hoje os poetas buscam explicar o inexplicável, procuram encaixar nas palavras o que era grande demais até para os sentimentos. 
Se você O tivesse encontrado, já imaginou como seria? 
Se tivesse a chance de ser um dos visitantes do primeiro dia, como os pastores; ou dos magos de distantes terras, posteriormente, que presente lhe entregaria? 
E nos dias de hoje, o que você poderia oferecer para homenagear a comemoração da Sua chegada a este mundo? 
Tudo que é do mundo certamente é passageiro... 
Então, o que poderia ser? 
Alguns já lhe entregamos o coração; outros, o serviço; e dizem que alguns poucos, raríssimos, conseguiram presenteá-lO, todos os dias, com o amor em servir. 
E você? 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Ana, mãe de Maria, do livro Jesus, O Filho do Homem, de Khalil Gibran, ed. Martin Claret. 
Em 23.12.2022.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

UM NOVO NATAL

Aproxima-se o Natal. 
As ruas se vestem de luz, as árvores têm contornos de alegrias, com enfeites variados. 
A Terra se prepara para rememorar a chegada da Sua maior autoridade. 
Não se trata de nenhum potentado, do comandante de país de destaque ou de alguma cabeça coroada. 
Esse suplanta a qualquer um deles. 
Existente antes que a Terra se tornasse um planeta que nos pudesse abrigar, Ele era. 
Assim falam as escrituras. 
Cocriador com a Divindade, providenciou um verdadeiro mar de delícias para o ser humano que desejasse andar pelas trilhas do dever e da justiça. 
Colocou alguns calhaus pelo caminho, para assegurar que a jornada fosse mais exitosa, contemplasse maiores méritos. 
Esculpiu cumes nevados e montanhas altaneiras, desafiando a escalada humana.
Estabeleceu correntes sinuosas de rios e cascatas na descida das alturas, com véus alvíssimos, parecendo noivas em dia de matrimônio. 
Semeou matas verdejantes e teceu mantos de verdura, entremeados de flores miúdas, coloridas, para deliciar a vista das gentes cansadas das lutas cotidianas.
Anunciou Sua chegada, milênios antes. 
E os que O aguardaram, no suceder dos séculos, cantaram Sua vinda, anunciando-O como o Rei dos reis, o mais Sábio dos sábios, o Governador planetário. 
Rei Solar, chegou numa noite quase fria e o Pai Celeste providenciou para que um coro angélico anunciasse que Ele chegara. 
Uma mensagem da rede social dos céus. 
O Senhor dos Espíritos deixara as estrelas para tomar um corpo de carne e viver entre os Seus protegidos. 
Pastor, vinha ao encontro das Suas ovelhas, que deseja conduzir às seguras veredas da felicidade e da paz. 
Uma estrela diferente brilhou nos céus. 
Não era um cometa, nem uma nova. 
Era a conglomeração de vários Espíritos, emitindo Suas próprias luzes. 
Por isso, ela brilhou tão intensamente, que atraiu a atenção dos estudiosos, que contemplavam os céus, aguardando um sinal da Excelsa Chegada. 
Eles organizaram suas caravanas e viajaram meses até encontrá-lO e O honrar com significativos presentes. 
Ouro, incenso e mirra foi o que trouxeram. 
Presentes que testificavam da Sua realeza, da Sua grandeza e da Sua Humanidade.
Ouro para o Rei. Não qualquer rei, mas o Rei dos reis, o Senhor dos senhores.
Incenso para Aquele que era Um com o Pai, a Divindade Suprema. 
E a mirra dizendo da Sua Humanidade, considerando que era utilizada amplamente pelos homens, como um item cosmético. 
Também com propriedades medicinais, algo para tornar a dor menos cruel. 
* * *
Estamos retornando, após a grave crise pandêmica, a um Natal presencial.
Honremos o Rei com os presentes da nossa boa vontade, da nossa compaixão, da nossa doação ao semelhante. 
Ofertemos a Ele o ouro da nossa caridade, o incenso das nossas boas ações e a mirra do auxílio ao nosso semelhante. 
É Natal! 
Vivamo-lO com alegria plena. 
Agasalhemos essas vibrações em nosso coração para que todos os dias que ainda nos cabem viver neste planeta abençoado, sejam de glorificação a Deus nas alturas e de boa vontade para com os homens, nossos irmãos. 
Redação do Momento Espírita 
Em 22.12.2022.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

APENAS UM VOLTOU

Explicar as parábolas de Jesus, para crianças, requer arte nas palavras, requer linguagem própria e muito cuidado. 
Recentemente, encontramos texto com tal iniciativa nobre, que alcança o seu objetivo com muita propriedade. 
Diz assim: 
Certa vez Jesus andava pelo caminho, quando uns homens se aproximaram dEle. Aqueles homens estavam doentes. Eles eram vítimas de hanseníase, uma terrível doença de pele, na época, chamada lepra. Naquele tempo, não havia tratamento para esse tipo de doença e as pessoas que ficavam enfermas eram retiradas da cidade, e tinham que ficar longe de suas famílias, de sua casa. Quando alguém se aproximasse, elas deveriam gritar bem alto: 
-“Imundo, imundo...”, que quer dizer “sujo, impuro”, para que as pessoas se afastassem. 
Já pensou que vida triste? 
Não poder abraçar seus pais e amigos, dormir em sua cama confortável e ter de viver isolado de todo mundo?... 
Pois é... 
Aqueles homens viviam assim. Mas eles ouviram falar de Jesus, e esperavam ansiosamente o dia em que pudessem encontrá-lO. Quando ouviram dizer que Jesus se aproximava, não ligaram para as regras, nem para os homens, e correram até o Mestre. Eles sabiam que Jesus tinha o poder de curar os doentes e sarar suas feridas. Eles sabiam que Jesus era amoroso e bom. Ao se aproximarem daquele Homem de semblante tranquilo, se ajoelharam e falaram bem alto: 
-“Senhor, cura-nos!” 
Jesus ficou muito comovido ao ver aqueles homens, pois o Senhor conhece nosso coração e nossos sentimentos. Ele sabia o quanto eles eram infelizes. Então, Jesus ordenou que fossem curados e a doença imediatamente desapareceu. Aquela pele machucada e cheia de cicatrizes foi transformada em uma pele lisinha e limpa igual à pele de uma criança. Os homens ficaram tão felizes que começaram a se abraçar e pular de felicidade. 
* * * 
O que você faria se acontecesse um milagre assim em sua vida? 
Você sairia correndo para comemorar? 
Você iria correndo agradecer a Jesus? 
Pois é. 
Nove homens pensaram da primeira forma, nem se lembraram de agradecer ao Mestre. 
Só um voltou correndo, ajoelhou-se diante de Jesus e agradeceu tão grande amor. 
 * * * 
Podemos refletir sobre a mesma questão proposta à alma infantil: 
Como temos agido em nossos dias, perante os tantos gestos de carinho que recebemos? 
Desde a ajuda mais simples, os pequenos favores e cortesias às grandes dádivas que recebemos, como a saúde, o corpo perfeito ou não, a oportunidade da vida.
Será que estamos nos comportando como os nove que nem sequer voltaram para um simples agradecimento? 
Ou já conseguimos valorizar tudo o que recebemos, e cultivamos em nós a virtude da gratidão? 
Se pararmos para pensar, perceberemos que são tantas coisas para agradecer!
Tantas coisas, que talvez, se as percebêssemos mais frequentemente, teríamos menos espaço nos pensamentos para as reclamações, as queixas, as tristezas.
Reflitamos se estamos sendo suficientemente gratos em nossas vidas... 
Redação do Momento Espírita. 
Em 21.12.2022.

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

INTIMIDADE

O psiquiatra americano Howard Cutler, na obra A arte da Felicidade, que assina juntamente com o líder espiritual tibetano, o Dalai Lama, afirma que, praticamente, todos os pesquisadores no campo dos relacionamentos humanos, concordam que a intimidade tem importância crucial em nossa existência. 
Concordando com essa ideia, o psicanalista budista, John Bowlby, escreveu que as ligações íntimas com outros seres humanos são o eixo em torno do qual gira a vida de uma pessoa. 
Dessas ligações íntimas, a pessoa extrai sua força e seu prazer de viver. 
E, através de suas contribuições, essa pessoa transmite força e prazer de viver aos outros. 
Está claro que a intimidade promove o bem-estar físico e psicológico. 
Ao examinar os benefícios à saúde, proporcionados por relacionamentos íntimos, pesquisadores em medicina concluíram que aqueles que têm boas amizades, pessoas a quem podem recorrer em busca de apoio, solidariedade e afeto, têm maior probabilidade de sobreviver a desafios de enfermidades, como ataques cardíacos e cirurgias de grande porte, e têm menor chance de apresentar doenças como o câncer e infecções respiratórias.
Essas constatações valem igualmente para a saúde emocional, considerando que o Espírito é sempre a fonte de todo bom ou mau funcionamento orgânico. 
Dessa forma, aquele que mantiver laços equilibrados com outras pessoas também viverá mais feliz, mais animado, mais esperançoso.
É simples de entender: somos almas sociais, inseridas na lei de sociedade, que nos mostra a necessidade do convívio com o próximo para a permuta de energias, de sentimentos que, acima de tudo, levam a um lugar comum: à necessidade de nos amarmos uns aos outros. 
O que Jesus trouxe há mais de dois milênios, através de palavras, de emoções e sentimentos, a ciência hoje começa a comprovar através da razão: que o amor é o sustentáculo de nossa integridade física e espiritual. 
É essa a razão de ressaltarmos o valor da intimidade, de se estar em contato com os outros, de ouvir o que fala em seu íntimo e de revelar o que ecoa no nosso. 
Precisamos aprofundar nossas relações. 
As tribulações dos dias modernos nos fizeram escravos da correnteza, e conferiram às nossas relações um caráter extremamente superficial. Isso precisa ser modificado. 
Precisamos valorizar o diálogo fraterno, as conversas em que recebemos e damos conselhos aos amigos. 
Precisamos nos importar mais com os outros. 
Com essas ações jamais estaremos sós, abandonados, pois em todos os momentos poderemos contar com alguém. 
Alguém que nos conheça mais a fundo, e que estará de braços abertos para nos receber na intimidade de seu coração. 
Você sabia... que um estudo de mais de mil pacientes cardíacos, em uma Universidade americana, concluiu que aqueles que não tinham cônjuge ou algum confidente próximo, apresentavam uma probabilidade três vezes maior de morrer dentro de cinco anos após o diagnóstico da doença cardíaca, do que os que eram casados ou tinham um amigo íntimo? 
É a ciência alcançando as profundezas do Espírito! 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. V do livro A arte da felicidade, Dalai Lama e Howard C. Cutler. 
Em 17.12.2012.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

ÍNTIMA CONVERSA COM DEUS

A oração deve ser a expansão da alma para com Deus. 
É uma conversa muito íntima, uma meditação. 
É, por excelência, o refúgio dos aflitos e de todos os corações magoados. 
Nas horas de tristeza, de pesar, quem já não encontrou na prece a calma e o alívio? 
É nesses momentos que acontece um diálogo profundo entre a alma que sofre e a Divindade. 
A alma fala das suas angústias, dos seus desânimos, pede socorro. 
Então, no altar da consciência, uma voz responde. 
É a voz do Pai de onde vem as forças para a luta, o medicamento para as feridas abertas e a luz para os caminhos escuros. 
Essa voz consola, reanima, traz coragem. 
Depois dessa conversa tão profunda, a alma se ergue menos atormentada e menos triste. 
É como se um raio de sol trouxesse a esperança, modificando a paisagem de sombras. 
A linguagem da prece varia conforme as necessidades do Espírito.
Pode ser um grito, um lamento, um desabafo, um balanço geral dos próprios atos. 
Um simples pensamento, uma lembrança, um olhar dirigido para o Céu. 
Não existem horas determinadas para a prece. 
Toda vez que sentirmos a alma emocionada, agitada por um sentimento profundo, é o momento de orar. 
Podemos orar à beira dos mares, deixando a alma extravasar sua poesia ao ritmo das ondas que morrem na areia. 
Podemos orar na claridade do dia ou à noite, sob o céu estrelado e a luz da lua. 
A nossa prece pode se erguer aos Céus do meio dos campos, entre o trigo que balança as espigas maduras ao vento ou nos bosques, no silêncio das florestas, nas estradas desertas. 
Em verdade, tudo ora e tudo celebra a alegria de viver. 
Se nos dispusermos a ouvir, poderemos unir a nossa prece ao concerto que parte da Terra e busca Deus no Infinito. 
Em toda parte, em todos os lugares, poderemos ouvir o cântico da terra que se dirige ao Criador. 
Os oceanos erguem suas vozes e os desertos murmuram. 
A profundeza dos bosques, o farfalhar das folhas do arvoredo tudo entoa um cântico de gratidão à vida. 
Agradecidos pelo dom da vida, que possamos pedir a Deus que nos dê amor ao trabalho, que é o dever de todos sobre a Terra; que ajude a nos esclarecer sobre as nossas imperfeições, essas que enfeiam a nossa alma e adiam o nosso progresso, para que fortalecidos pela Sua generosidade, vençamos os obstáculos que impedem a vitória da verdade sobre o erro, da fraternidade sobre o egoísmo. 
* * * 
A prece feita em conjunto é como um feixe de vontades, de pensamentos e perfumes que se dirige para o Criador. 
Se pudéssemos avaliar o verdadeiro efeito produzido pelas preces sinceras, oraríamos muito mais porque orar com amor pelos infelizes é uma das mais eficazes formas de caridade. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 51 do livro Depois da morte, de Léon Denis, ed. FEB. Disponível no CD Momento Espírita, v. 25, ed. FEP.
Em 9.9.2013.

domingo, 18 de dezembro de 2022

INTERRUPÇÃO CRIMINOSA

As discussões a respeito dos anencéfalos terem ou não o direito de nascer, a cada dia nos traz novas facetas. 
Religiosos, médicos, políticos, mulheres que lutam por direitos opinam. 
Uns contra, outros a favor da interrupção da gravidez em tais casos.
Nada mais oportuno, portanto, do que tornarmos a enfocar a delicada questão do abortamento que, sempre que provocado, e não tendo por objetivo salvar a vida da mãe, é criminoso. 
Embora a lei humana estabeleça o contrário, a Lei Divina diz que está se matando uma vida. 
O embrião não é apenas uma promessa de vida. 
É uma vida em desenvolvimento, que guarda um viajor da eternidade prestes a iniciar a jornada humana. 
Assim, quando se interrompe artificialmente a gravidez, comete-se um assassinato e, ao mesmo tempo, se fecha a porta da reencarnação para alguém que estava chegando. 
Mesmo que a expectativa de vida seja de poucas horas, por que não lhe permitir a experiência? 
CHICO XAVIER, MADRE TERESA
E O AMOR À VIDA
Nenhuma reencarnação é ocasional. 
Todas obedecem a um planejamento prévio do Espírito, que deseja e tem necessidades de resgatar débitos do passado e prosseguir na escalada do progresso. 
Colocar obstáculos a essa meta é, sempre, ferir a Lei Divina. 
Mesmo porque, quem pode garantir o veredicto de poucas horas de vida? 
O cérebro é tão complexo que os cientistas trabalham incessantemente para lhe descobrir o funcionamento. 
Sabe-se que ele é delicado, que pequenos ferimentos ou choques podem danificá-lo de forma permanente. 
Em sendo danificado, pode-se perder reações, sentidos. No entanto, a literatura médica cita muitos casos de graves lesões cerebrais que não afetaram de forma alguma os pacientes. 
No ano de 1935, em Nova Iorque, um bebê viveu 27 dias no hospital Saint Vincent. 
Sempre pareceu normal e saudável. 
Ele chorava, comia e se movia. 
Somente depois de sua morte é que os médicos descobriram que a criança era destituída de cérebro. 
Caso mais extraordinário é o relatado pelo doutor alemão Hufeland, um especialista em cérebro, ao realizar a autópsia de um homem paralisado, que fora bastante racional até o momento da sua morte.
Ele simplesmente não encontrou o cérebro - somente 310 gramas de água. 
Verifica-se assim que, embora o avanço da ciência médica, a cada dia o homem é convidado a admitir que muito tem ainda a aprender, a descobrir. 
Dessa forma, o filho que está a caminho, sejam quais forem as circunstâncias em que venha ao mundo, deve sempre ser considerado como alguém que necessita da experiência do retorno. 
É alguém enviado por Deus para oferecer à gestante a mais elevada de todas as funções: a de ser colaboradora do Criador na obra da Criação. 
Quem pode afirmar, sem sombra de dúvida, que o bebê não viverá ou que viverá apenas poucas horas? 
Quantas vezes a ciência já se equivocou e necessitou rever apontamentos e deduções? 
Não seria mais coerente, em casos semelhantes, permitir-se o nascimento e deixar que o fio da vida se rompa, de forma natural, quando estabeleça a Justiça Divina? 
* * * 
É no momento da concepção que o Espírito se une ao organismo em desenvolvimento. A reencarnação começa, pois, no momento em que o óvulo é fecundado pelo espermatozóide. 
* * * 
Não ignores a presença de Deus na tua vida. Pensa e age sempre com a certeza de que Ele vela por ti e que não caminhas a sós. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 15.08.2009.

sábado, 17 de dezembro de 2022

AMOR QUE PERMANECE

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
Num mundo em que muitos relacionamentos afetivos são superficiais e os sentimentos desconsiderados, é bom saber que o amor verdadeiro existe. 
E que, apesar de parecer o contrário para quem, de forma apressada, tome ciência dos noticiários e das manchetes, existem casais que permanecem juntos por toda a existência. 
Um baiano conta que, quando era jovem, morou em uma pensão na cidade de Montes Claros, em Minas Gerais. Embora de forma respeitosa, costumava namorar as moças que moravam na mesma pensão. Certa vez, ele teve um namorico com uma hóspede novata que ficou na cidade por três meses. Ao retornar para a sua cidade de origem, já saudosa por deixar o namorado para trás, ela chamou a filha da dona da pensão e lhe fez um pedido inusitado: 
-Estou voltando para minha terra. Sei que você e Luiz são amigos. Pode tomar conta dele para mim? 
Embora estranhando o pedido, a filha da dona da casa prometeu que atenderia o pedido. 
-Bom, conta Luiz, com um largo sorriso no rosto, ela tomou conta de mim, de verdade. Fiel à promessa, toma conta até hoje, desde o nosso casamento, ocorrido há mais de quarenta anos. 
Uma senhora de São Luís do Maranhão, por sua vez, conta que na infância conheceu um menino. Quando cresceu nunca se interessou por ele, porque era baixinho e do interior. Aos dezoito anos, ela foi para o Rio de Janeiro, onde se casou. Contudo, aos vinte e cinco anos ficou viúva, com quatro filhos pequenos, com idade entre um e seis anos. Resolveu voltar para o Nordeste, para perto de sua família. Empregou-se na secretaria de um hospital. Certo dia, ao levantar a cabeça, viu um homem sorridente, de jaleco branco, que não parava de olhá-la. Como que hipnotizada, ela se levantou e caminhou até ele. O coração batendo depressa, reconheceu nele o antigo companheiro de infância. Dez anos haviam se passado desde a última vez em que se tinham visto. O namoro logo começou. E, apesar da família não concordar que ele se unisse a uma viúva com quatro filhos, o matrimônio aconteceu. 
-Hoje, diz Maria de Jesus, passados mais de trinta anos, temos seis filhos e nove netos. Todos os dias agradeço a Deus por ter me dado esse marido que, apesar dos anos vividos juntos, ainda diz todos os dias que me ama e como sou importante na vida dele. 
* * * 
O romantismo existe. 
O amor persiste. 
O amor é imbatível no seu objetivo e indestrutível na sua constituição. 
O amor é grato e generoso, felicitando as criaturas. 
Santifica e eleva o ser do nível da necessidade ao patamar da abundância. 
Permita-se amar sempre. 
E lembre, por fim, que o amor está sempre aberto e receptivo para as comunicações emocionais. 
Pode ser um olhar gentil, um gesto afável. 
Uma comunhão saudável e plenificadora. 
Faça da sua relação de amor um poema de felicidade. 
Cuide do ser amado com o carinho de quem sabe que o jardim somente floresce se for bem cuidado. 
Ame e compreenderá a bênção do companheirismo, do relacionamento gentil, pelo que você experimente e pelo que transmita ao outro. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Eu, tu... nós, de Seleções Reader’s Digest, de junho/2004 e no cap. 7 do livro Garimpo de amor, do Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 17.12.2022.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

INTÉRPRETE DE DEUS

-Eu e o Pai somos um. – 
Dessa forma, o Suave Rabi da Galileia se identificou, apresentando as Suas credenciais. 
Tal frase, anotada pelo Evangelista João, de forma equivocada(?) serviu de argumentação para alguns considerarem como o próprio Deus ao Mestre Jesus. 
Contudo, o que desejava nos dizer o Cristo é que Ele interpretava o pensamento de Deus sobre a Terra. 
De tal modo comungava com o Pai, que sabia exatamente expressar a Sua vontade. 
Espírito enviado para nos servir de Modelo e Guia, elegeu-se o intérprete de Deus, para isso se servindo de simbologias, parábolas, imagens figurativas. 
Tudo para nos dar aproximada ideia da infinitude Divina. 
A fim de nos oferecer a lição de esperança na Providência Divina, que tudo vê, tudo provê, a tudo está atenta, ergueu Sua voz para declamar: 
-Contemplai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem armazenam em celeiros. Contudo, vosso pai celestial as sustenta. Não tendes vós muito mais valor do que as aves? 
E continuando: 
-Olhai os lírios do campo. Eles não fiam, nem tecem. Eu, todavia, vos asseguro que nem mesmo Salomão, em todo o seu esplendor, pôde se vestir como um deles. Então, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, quanto mais a vós outros, homens de pouca fé. 
Para legitimar a nossa filiação Divina, ensinou: 
-Um só é o vosso pai, o qual está nos céus. 
E para que entendêssemos a qualidade desse Pai, lecionou: 
-Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate se lhe abrirá. Qual pai, dentre vós, se o filho lhe pedir um peixe, em lugar disso lhe dará uma cobra? Ou se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o pai celestial àqueles que lhe pedirem? 
Servindo-se da oportunidade em que um homem correu ao seu encontro e ajoelhando-se, lhe indagou: 
-Bom mestre! O que devo fazer para herdar a vida eterna? 
Replicou: 
-Por que me chamas bom? Ninguém é bom, a não ser um, que é Deus! 
Mestre de todos os tempos, testificou a lei do trabalho como Lei Divina, ao expressar que o Pai trabalha incessantemente e eu trabalho também. Jesus! 
Ninguém maior do que Ele sobre a face da Terra, em todos os tempos. 
Intérprete de Deus, nos lecionou a lei do amor, dizendo-nos que Deus, o Pai, deveria ser amado acima de todas as coisas. 
Em Seu discurso de despedida, sentenciou: 
-Na casa de meu pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Vou à frente preparar-vos o lugar. 
Que lição magnífica: o nosso retorno será para a casa do Pai, que nos criou e alimenta com amor. 
Pai que nos protege, nos guarda e aguarda. 
Aguarda que, filhos pródigos, retornemos à casa paterna, para sermos felizes, no Seu seio, todos nós, os Seus filhos. 
Filhos de todas as raças, todas as nações, todos os credos. 
Filhos do Seu amor. 
Criados para o amor. 
Oxalá apressemos esses dias para nossa própria felicidade. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 31, ed. FEP. 
Em 22.3.2017.
MINHA NOTA: 
Nesse texto verificamos o que é preceito da DOUTRINA ESPÍRITA! 
Entretanto, pela DOUTRINA CATÓLICA, tanto JESUS CRISTO, Filho de Deus, como o ESPÍRITO SANTO, fazem parte da SANTÍSSIMA TRINDADE, ou seja, um DEUS, em TRÊS PESSOAS DISTINTAS!!!!(Dogma)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

ANTES QUE SEJA TARDE

DIVALDO FRANCO
E
JONNA DE ÂNGELIS
É bastante comum pessoas, no leito de morte, desejarem aliviar a consciência. 
Fazem confissões apressadas de erros passados, pedindo e esperando perdão. 
Acreditam que, por estarem partindo, tudo será perdoado e esquecido. 
Não é verdade. 
Em algumas circunstâncias, revelações das faltas cometidas deixam, nos corações dos que ficam na Terra, muita mágoa e azedume.
Mágoa e azedume que, como vibrações negativas, chegarão ao Espírito liberto, perturbando-o, na vida espiritual. 
Outros, antevendo a proximidade da morte, apresentam suas últimas vontades. 
Dessa forma, os que os assistem nessa hora final, ficam constrangidos a executá-las, gerando-lhes, por vezes, muitos incômodos. 
Moribundos há que desejam falar, mas não dispõem de voz, debatendo-se em aflição. 
Por tudo isso, pensa e age de forma diversa. 
Se sabes que um dia a morte te arrebatará o corpo, providencia já o que acredites necessário. 
Não faças, nem alimentes inimigos. 
Perdoa sempre. 
Desfaz, quanto antes, o mal-entendido, para que, depois da morte, não venhas a te perturbar, por causa de remorsos, que serão tardios.
Se desejas presentear alguém com o que te pertença, ou almejes adquirir, providencia de imediato. 
Não aguardes o tempo futuro. 
Ele poderá não te chegar. 
Faz testamento, regulariza a doação. 
Executa tua vontade, agora. 
Se pensas em reparar erros do ontem, toma logo a atitude. 
Não relegues a outrem o acerto dos teus desatinos. 
E, para que não te arrependas, depois da partida, não economizes palavras e gestos aos teus amores. 
Acarinha, abraça, beija. 
Após o desenlace, poderás desejar o retorno para dar recados e falar do amor que nunca expressastes na Terra. 
Poderá ocorrer que a Divindade não te permita. 
Ou que não tenhas as condições para a manifestação. 
Ou não encontres a quem falar e dizer. 
Por ora, podes falar e agir. 
Faze-o. 
Depois da morte, precisarás contar com quem te interprete o pensamento, quem te deseje ouvir, te sintonize. 
E lembra que se não semeares afeições e simpatias, enquanto no trânsito carnal, não terás frutos a recolher na Espiritualidade. 
Nem quem te recorde no mundo. 
Se almejas fazer o bem, servindo à comunidade, prestando serviço voluntário, engaja-te hoje ainda. 
Não aguardes aposentadoria. 
Dá hoje a hora que te sobra ou conquistas, entre os tantos compromissos agendados, porque poderá acontecer que não venhas a gozar os dias que esperas. 
Ou que, por circunstâncias que independam da tua vontade, necessites alongar a jornada profissional por mais alguns anos. 
Vive intensamente. 
Matricula-te no curso de idiomas, na aula de música, pintura, bordado. 
Esmera-te no aprendizado para que, ao partir, leves contigo uma grande bagagem. 
De braço dado com quem amas, realiza a viagem sonhada. 
E fotografa tudo com o coração, para não esquecer nenhum detalhe.
A máquina fotográfica poderá falhar, por defeito técnico ou inabilidade de quem a manuseia. 
Mas o teu coração não esquecerá jamais o que viveu amorosamente.
Feito tudo isso, se a morte chegar, de rompante ou te abraçar de mansinho, poderás seguir sem traumas, sem medos, em paz. 
E em paz deixarás os teus familiares, os teus amigos, os teus colegas e conhecidos. 
Pensa nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Antes da desencarnação, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 15.12.2022.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

INTERESSE PESSOAL E DEVER

Frequentemente o dever entra em conflito com o interesse pessoal. 
A criatura deseja ardentemente fazer algo, mas sente que não deve.
Ou quer fugir de uma situação, abster-se de determinada conduta, quando a consciência indica não ser essa a melhor solução. 
Surge a dúvida: por que não é possível a satisfação do desejo? 
Qual a razão para o senso do dever contrariar os sonhos e as fantasias? 
Há alguma lógica nisso? 
Há uma lógica, que decorre de uma compreensão mais ampla da vida. 
Os Espíritos reencarnam infinitas vezes. 
A evolução é uma conquista individual, por meio da qual se transita da ignorância para a sabedoria. 
Em suas primeiras experiências terrenas, os Espíritos são grandemente guiados pelos instintos. 
De modo gradual, desenvolvem a vontade e conquistam a liberdade de optar. 
Em decorrência de sua ignorância, as opções que fazem nem sempre são felizes. 
Todos trazem as leis divinas gravadas na consciência. 
Com o tempo, inteiram-se do teor dessas leis.
Equívocos, maldades, leviandades, tudo é registrado na consciência.
Somente goza de perfeita harmonia quem aprendeu a respeitar e valorizar a vida. 
A paz interior é conquista daquele que se acertou com os estatutos divinos. 
Isso apenas é possível mediante a recomposição dos tesouros dilapidados ao longo do tempo. 
Onde se construiu a guerra, impõe-se o trabalho pela paz. 
Quem induziu os outros ao abismo dos vícios, deve auxiliá-los na recuperação. 
Se ontem as bênçãos do trabalho foram desconsideradas, o tempo perdido deve ser recuperado. 
Por outro lado, alguns hábitos da época da ignorância se cristalizam no ser, dificultando a evolução. 
Embora o processo de evoluir seja vagaroso, é necessário fazer esforços para transformar os hábitos viciosos e conquistar virtudes.
Também se impõe o amadurecimento do senso moral. 
A lucidez espiritual se traduz por uma conduta baseada no trabalho, no estudo, na lealdade e na compaixão. 
Essa transição da infância para a maturidade espiritual não se faz sem esforço. 
É preciso romper com o homem velho e seus hábitos infelizes. 
Esse é o propósito da existência terrena. 
Antes de renascer, o Espírito faz um balanço de suas vivências.
Identifica os vícios que necessita vencer, os erros que precisa reparar, e projeta sua nova vida. 
Todo homem traz em seu íntimo o resultado das experiências vividas. 
Falta a lembrança do que ocorreu, mas há intuições e tendências.
Esse o motivo da contradição entre o dever e as fantasias, pois a consciência cobra o dever. 
De um lado há o passado: paixões, interesse, egoísmo, preguiça e vaidade. 
De outro, os projetos para o futuro, na forma de disciplina, renúncia, devotamento ao próximo ou a uma causa. 
Cada qual é livre para escolher seu caminho, mas o trabalho não feito hoje ressurgirá mais tarde, provavelmente acrescido de novos encargos. 
A paz e a plenitude pressupõem o dever cumprido, a tarefa feita, a lição aprendida. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 7.8.2018.