O garoto cursava a oitava série quando o professor pediu para a classe uma redação que homenageasse alguém que lhes merecia respeito.
A sala ficou silenciosa.
Cabecinhas pensando, caneta entre os dedos, como aguardando uma ideia.
A impressão inicial era de que cada qual buscava na memória a figura a quem devotava merecido respeito.
Paulo foi o primeiro a baixar a cabeça e começar a usar a caneta, registrando no papel a sua veneração por alguém cuja imagem lhe acudira à memória.
Como se estivesse ligado em uma bateria, escrevia e escrevia.
O assunto borbulhava em sua mente e tudo ia despejando nas folhas à sua frente:
-Respeito é tudo o que quero merecer um dia. Não um respeito qualquer.
Quero ter o mesmo respeito que tenho por ele, o meu exemplo de vida, de homem de bem, digno, honrado.
Sim, porque se eu conseguir ser a metade do que ele representa para mim, poderei me considerar um homem afortunado.
Ele nasceu em uma família pobre, conhecendo as dificuldades desde cedo.
Sua mãe dizia que ele era tão bom que parecia ter nascido com uma estrela na testa.
Enquanto seus coleguinhas corriam brincando pela rua, ele engraxava sapatos na porta do hotel próximo, para conseguir alguns trocados, que auxiliavam nas despesas do lar.
Nunca perdeu um dia de aula e, tanto quanto possível, ajudava o pai em seu trabalho autônomo.
Cresceu longe das diversões da maioria dos rapazes e, ao encontrar aquela que seria sua companheira de vida, fundou seu próprio lar.
Quando lhe nasceu o primeiro filho, dizem, parecia ter ganhado a maior loteria, tal a alegria que registrou e o amor que lhe dedicou.
Dois anos depois, ei-lo aguardando o final da gestação da esposa.
Uma complicação no parto dos gêmeos impediu a permanência da sua amada junto a si e, ainda ao seu lado, ele prometeu fazer tudo o que estivesse ao seu alcance pelos seus meninos.
Nunca pensou em tornar a se casar, dedicado de maneira integral aos seus pequenos.
Com sua presença, seu afeto, procurou suprir a ausência da mãe.
Tinha tempo para brincar com eles, jogar bola, andar de bicicleta e verificar a lição da escola, mesmo que nem tudo entendesse.
Educou-os dentro de uma moralidade ímpar, dando exemplo de como fazer as coisas da maneira mais correta.
Sempre cultivou, em casa, o amor e o respeito pela esposa que partira, assim como pelo bem viver em sua homenagem.
Narrava aos filhos seus momentos de alegria e felicidades enquanto ela estivera ao seu lado.
E, com tudo isso, ainda arrumava tempo para auxiliar sua mãe idosa, sempre que ela apresentasse alguma necessidade.
Esmerava-se, nessas horas, em levar os três meninos consigo a fim de que aprendessem o cuidado e o apoio que são devidos aos pais idosos.
Por mais tempo que eu fique na Terra, escreveu, por fim, quero me tornar o que ele é e representa para mim.
O homem a quem devo meu respeito. Mais do que tudo, meu amor e minha gratidão.
Esse homem, que busco imitar, chama-se meu pai!
Redação do Momento Espírita
Em 10.7.2021.
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