quarta-feira, 30 de setembro de 2020

VERDADEIRA HOMENAGEM

Sérgio Vieira de Mello
Foi em agosto de 2003 que um caminhão estacionado nas proximidades do escritório da ONU, em Bagdá, no Iraque, explodiu. Foi mais um ataque terrorista e causou a morte de vinte e dois funcionários. Entre eles, estava o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, alto comissário da ONU para os Direitos Humanos. 
Quatro anos depois, no dia 28 de junho de 2007, a Organização das Nações Unidas inaugurou, em Genebra, um busto de bronze, em homenagem ao diplomata brasileiro. Colocado em um pedestal, constam igualmente ali os nomes dos outros vinte e um funcionários mortos, no trágico atentado. 
Justa, com certeza, a homenagem, a quem se doava em prol dos direitos humanos. 
Enquanto isso, a notícia de que, nos próximos dias, seria enforcado, pela justiça iraquiana, o suposto responsável pelo ataque, chegou aos ouvidos da família de Sérgio. 
A mãe emitiu um comunicado, apelando para que a sentença de morte fosse revista. Também o relator especial da ONU sobre a independência do poder judiciário, emitiu o mesmo apelo ao governo iraquiano. 
Tudo poderia passar como apenas uma notícia a mais, não fosse a justificativa, entre outras, da mãe de Sérgio: 
-Ele sempre foi contra a pena de morte. 
Esta, com certeza, foi a melhor e mais verdadeira homenagem que o brasileiro poderia receber. 
Enquanto, em nosso próprio país, vozes se erguiam para invocar a instauração da pena de morte, uma mãe, em memória de seu filho, a própria vítima, pedia pelo seu algoz. 
Isso nos leva a cogitar o quanto essa mãe ama seu filho, pois que, mesmo após a morte dele, suplantando a dor da separação e da saudade, o respeita e procura fazer valer a sua vontade. Ela poderia deixar tudo transcorrer. Afinal, o Iraque é tão longe e o suposto assassino lhe é desconhecido. Poderia pensar que ela nada tem a ver com isso. Mas, como alguém que ama em profundidade, ela faz o apelo. E recorda os anseios que nortearam a vida do seu filho. Ele lutava por direitos humanos. E a vida é o primeiro direito a ser assegurado. 
Oportuna manifestação de um coração materno. Ela sabe que nada trará seu filho de volta. Ela o guarda em sua memória, colorindo as lembranças com as flores da sua terna e longa saudade. Não pensa em vingança. Tem em mente respeitar o filho amado e, possivelmente, o coração de outra mãe, esposa, filha, irmã, que muito sofrerá com a morte do seu afeto, não importando o que ele tenha feito. 
Seu gesto impactou a sociedade. 
Possivelmente, algumas mentes repensarão as suas posições destrutivas. Outras tantas verão com olhos diversos a delicada questão da pena de morte. Todos, no entanto, não esquecerão, a especial, justa e verdadeira homenagem de uma mãe ao seu filho. 
Um respeito que suplanta a dor da separação, a ausência da presença física do filho amado para se expressar em nome de ideais defendidos por quem teve sua vida ceifada, tão violentamente. 
Um exemplo a ser seguido. 
Redação do Momento Espírita, com base em notícia publicada na pág. 4 (Mundo), do Jornal Gazeta do Povo, de 29.6.2007. Disponível no livro Momento Espírita, v. 6, ed. FEP. 
Em 30.9.2020.

terça-feira, 29 de setembro de 2020

A NOSSA MAIOR CONQUISTA

Tenzing Norgay e Edmund Hillary 
Foi em 1953, que Tenzing Norgay e Edmund Hillary fizeram a primeira subida oficial do Everest, usando a rota sudeste, ou seja, pelo Nepal.
Desde então, anualmente, entre os meses de abril e maio, as autoridades emitem licenças para alpinistas que desejam realizar a grande escalada. Isso tem levado à superlotação da montanha mais alta do mundo. Alpinistas aguardam horas, devido às filas que se formam para chegar ao topo. Esse congestionamento é um grande perigo para os alpinistas e guias, desde que cada minuto é importante, quando dependem de cilindros de oxigênio para sobreviver. Além disso, ficar muito tempo na zona da morte, como é chamada a região de altitude de oito mil metros, aumenta os riscos de queimaduras, doenças da altitude e da própria morte. 
Há quem vença tudo isso, mas acaba sendo derrotado na descida, alcançado por alguma avalanche ou pela exaustão. Nas últimas duas décadas, a taxa média anual de mortos tem sido de seis. Pode parecer um número pequeno, considerando-se tantos que alcançam o cume. No entanto, essa vontade de chegar ao pico da montanha mais alta do planeta, nos leva a pensar. 
Fomos criados para grandes desafios. Não há limites para a nossa criatividade, para nossa tenacidade. Faz parte da nossa natureza. Foi isso que nos fez sair das cavernas e chegar à era da tecnologia. Olhamos para o passado e nos parecem quase uma miragem os registros da História, nos mostrando um mundo sem condições de higiene, sem conforto, sem as tantas comodidades e facilidades do presente. 
Muitos de nós assistimos os passos dos dois primeiros homens na lua. Acompanhamos as sondas espaciais e as imagens espetaculares enviadas, por elas, para a Terra. Temos notícias das estações espaciais, nas quais vivem os astronautas por semanas, meses. 
Sim, somos criaturas excepcionais. 
Isso nos diz que não há nada que nos impeça de sermos seres melhores.
Se temos tanta garra e conseguimos proezas inimagináveis, se chegamos a colocar em risco a própria vida, para alcançar nossos propósitos, por que não investirmos os mesmos esforços na mudança de nós mesmos? 
Há dois mil anos ouvimos a voz do Celeste Cantor com Seu convite irresistível. 
O que nos falta para aderirmos, para nos transformarmos em homens de paz, promotores do bem, altruístas? 
O que nos falta para transpormos os umbrais do comum e nos tornarmos homens que venceram a si mesmos? 
Seria muito importante que o empenho que nos estimula a desejar alcançar as estrelas, fosse o mesmo para a viagem ao nosso cosmo interior. Aos planetas da nossa intimidade, para explorarmos as grandes possibilidades do amor, da coragem. Da perseverança, da renúncia, da doação. 
Então, nos tornaríamos homens portadores da fé que move a montanha, não somente heróis da escalada. 
Homens que alcançam as cumeadas da glória do bem, iluminando mais do que sol de primeira grandeza. 
Deixaríamos de ser homo technologicus e nos transformaríamos em homo amorosus. 
Atenderíamos ao que nos exortou o Mestre Galileu: 
-Sede perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito. 
Aceitaremos o desafio? 
Redação do Momento Espírita. 
Em 29.9.2020.

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

FAROL IMENSO

Ela ainda não completara trinta anos, mas tinha uma aparência triste, cansada. Chegou ao quarto, andando devagarzinho, e aproximou-se do berço do filho. Olhou para aquele corpo tão pequeno e tão limitado. Suspirou, sentindo uma dor muito grande em sua alma. O menino completara oito anos, mas tinha o tamanho de uma criança de três. Com lágrimas, que eram verdadeiras pérolas, a rolar pela face, perguntava a si mesma: 
-Por que, meu Deus, por que meu filho não representa o meu sonho? Não fala, não anda, nem mesmo pode se sentar, não ouve e mal enxerga vultos. 
O menino se mexeu, gemendo. Ela afastou os lençóis bordados, suspendeu-o nos braços e o colocou de encontro ao próprio coração.
Quanto amor naquele gesto! 
Quanta ternura no beijo que lhe depositou na face pequenina. 
Seu pensamento continuou a questionar ao Pai Celestial: 
-Por que, senhor, não acontece um milagre, para que eu possa ver meu filho perfeito, como os de minhas amigas? 
Entre súplicas e lágrimas, o carinho materno, em manifestação sublime, envolvia a ambos, unindo-os num amplexo de imensa luz. Devagarzinho, ela sentiu acalmar o coração. Sentou-se e elevou uma prece simples, revestida de humildade, pedindo aos céus a bênção para seu menino. Rogou a Deus lhe desse muita força e resistência, para completar sua tarefa junto àquele anjo que recebera de suas mãos. E fez o propósito, pela enésima vez, de sustentar seu rebento como se fora um tesouro celeste. Com o coração aliviado pelo novo rumo dos pensamentos, sentiu envolver-se em serenidade e confiança. Então, prometeu a si mesma que quanto mais o pequeno precisasse, mais ela se doaria para tornar os seus dias cheios de amor e paciência. 
 * * * 
Existem mães e pais muitos especiais. 
Criaturas que idealizam um filho saudável, perfeito. E recebem uma criatura necessitada de tudo para tudo. 
Deus sabe perfeitamente a quem confiar essas Suas criaturinhas. 
Quando uma criança portadora de necessidades especiais reencarna, esse lar passa a ser centro de atenções espirituais. 
Um farol imenso ilumina o lar e os familiares, expandindo-se, alcançando os corações sensíveis e amorosos. 
E todos os que se prontificarem a auxiliar, de alguma forma e em algum momento, estarão também envolvidos e refletindo essa luz. 
Aqueles que elevarem suas preces a Deus rogando amparo e assistência ao necessitado, seus familiares e cuidadores, estarão em sintonia com os ensinos de Jesus. Sempre que houver dor e sofrimento sob um determinado teto, é porque Deus, através das leis maiores da vida, assim o permitiu. 
Sua vontade é soberanamente justa e repleta de sabedoria. 
Sempre que vemos dificuldades e nos dispomos a ajudar, espalhando fraternidade, nos tornamos os agentes da Providência Divina que age, no mundo, através das pessoas de boa vontade. 
Somente o amor verdadeiro, o amor luz, pode remover as dificuldades que se enfrenta, no decorrer da vida na Terra. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 23.7.2016.

domingo, 27 de setembro de 2020

O FAROL

RAUL TEIXEIRA
Em meio ao mar, surge a construção de pedras, solene. 
É um farol, destinado a orientar o rumo dos viajores, nas noites escuras.
Quem quer que viaje em alto mar se sente seguro quando, em meio à escuridão, vê surgir o farol. Ele está lá para servir, para advertir, para salvar. A sua luz se projeta a distâncias enormes e, espancando a escuridão, permite que os que navegam possam perceber a proximidade dos recifes, os perigos imersos na noite. O mar investe contra ele, noite e dia. Lança sobre ele as suas ondas, com furor. Vagas enormes lambem as pedras que se erguem, majestosas. No fluxo e refluxo das ondas, o farol continua a iluminar, imperturbável. Seu objetivo é servir. Noite após noite, ele estende a sua luz. Não se incomoda com os continuados e perigosos golpes que o mar lhe desfere. Se, em algumas noites, ninguém se aproxima, desejando a sua orientação, também não se perturba. Solitário, ele lança sua luminosidade, sem se preocupar com o isolamento. Ele continua a postos para qualquer eventualidade, quando a necessidade surja, quando alguém precise dele. 
 * * * 
No mar das experiências em que nos encontramos, aprendamos a trabalhar e cooperar, sem desânimo. 
Permaneçamos sempre a postos, prontos a estender as mãos a quem necessite. 
Poderá ser um amigo, um irmão ou simplesmente alguém a quem nunca vimos. 
Com certeza não solucionaremos todos os problemas do mundo. No entanto, podemos contribuir para que isso aconteça. 
Se não podemos impedir a guerra, temos recursos para evitar as discussões perturbadoras que nos alcançam. 
Se não conseguimos alimentar a multidão esfaimada, podemos oferecer o pão generoso para alguém. 
Se não dispomos de saúde para doar aos enfermos, podemos socorrer alguém que sofre dores, oferecendo a medicação devida. Talvez possamos ser o intermediário entre o doente e o hospital, facilitando-lhe o internamento. 
Se não podemos resolver a questão do analfabetismo, podemos criar condições propícias para que alguém tenha acesso à escola. Mais do que isso. Podemos nos interessar pelos filhos dos que nos servem, buscando saber se não lhes faltam cadernos e livros, para a continuidade dos estudos básicos. 
Enfim, o importante é continuarmos a fazer a nossa parte, contribuindo com a claridade que possamos projetar, por mínima que seja.
Imitemos o farol em pleno mar. 
Aprendamos a fazer luz. 
 * * * 
A maior glória da alma que deseja ser feliz é transformar-se em luz na estrada de alguém. O raio de luz penetra a furna, levando claridade. Estende-se sobre o vale sombrio e desata o verdor da paisagem. Atinge a gota d'água e a transforma em um diamante finíssimo. Viaja pelo ar e aquece as vidas. Como a luz, podemos desfazer sombras nos corações e drenar pântanos nas almas. 
Podemos refazer esperanças e projetar alegrias. 
Enfim, como raios de luz espalhemos brilho e calor, beleza, harmonia e segurança. 
Redação do Momento Espírita, com base nos caps. 19 e 20, do livro Rosângela, pelo Espírito homônimo, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter e no cap. CLVI, do livro Vida feliz, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

sábado, 26 de setembro de 2020

FARDOS

EMMANUEL
E
CHUCO XAVIER
Quando a ilusão o fizer sentir o peso do próprio sofrimento, como sendo opressivo e injusto, recorde que você não segue sozinho no grande roteiro. Cada qual tolera a carga que lhe pertence. 
Existem fardos de todos os tamanhos e feitios. 
O poderoso arca com o peso da responsabilidade de decisões que influenciam grandemente o destino alheio. 
O sacerdote sofre a tortura de um condutor de almas. 
O coração materno angustia-se com a sorte de seus filhos. 
O enfermo desamparado carrega as dores de sua indigência. 
A criança sem ninguém sofre seu pavor. 
Aprenda a entender o serviço e a luta dos semelhantes para não se supor indevidamente vítima ou herói. 
No campo das provações, todos são irmãos uns dos outros, mutuamente identificados por semelhantes dificuldades, dores e sonhos. Suporte com valor o peso de suas obrigações e caminhe. 
Do acervo de pedra bruta nasce o ouro puro. 
Do cascalho pesado emerge o diamante. 
Do fardo que transportamos de boa vontade procedem as lições de que necessitamos para a vida maior. 
Talvez você se pergunte qual a carga transportada pelos maus e levianos, que aparentemente passam pela vida isentos de provações. Provavelmente eles, sob uma falsa aparência de vitória, vivem sob encargos singularmente mais pesados do que os seus. Impunidade e injustiça são conceitos estranhos às Leis Divinas. 
O céu não é um local físico predeterminado, mas um estado de consciência. Ele somente é acessível, com seus tesouros de paz e luz, para quem está em harmonia com as Leis Divinas. 
Nada há para invejar de quem ainda nem começou a se recompor com essas Leis, por leviandade ou preguiça. Pior ainda é a situação de quem, pela desdita de praticar o mal, está adquirindo débitos perante a vida. 
Se o suor alaga sua fronte e se a lágrima lhe visita o coração, isso é um sinal de que a sua carga já está sendo aliviada. 
Quem desempenha corajosamente, sem murmurações, as tarefas que lhe competem está caminhando para a plenitude de sua consciência. Provas bem suportadas, sem desânimo ou preguiça, convertem-se de forma gradativa em tesouros de entendimento, paz e luz para a ascensão da criatura. Lembre-se do madeiro injusto que dobrou os ombros doloridos do Cristo. Sob as vigas duras no lenho infamante jaziam ocultas as asas divinas da ressurreição para a Imortalidade. 
Deus criou o mundo estruturado por Leis perfeitas, belas e justas. Nesse harmônico concerto, por certo você não foi esquecido. Sua vida não é regida por acasos. As provações que o visitam visam a fortificá-lo, lapidá-lo, despi-lo de inferioridades que o infelicitam há longo tempo.
Não imagine, sequer por um momento, que o Pai Amoroso que Jesus nos revelou possa ser cruel. As provas duram o tempo estritamente necessário para ajudá-lo a adquirir os valores e aprender as lições de que necessita.
Reduza sua quota de dores, dedicando-se ao bem com determinação e vigor. 
Dê um basta nas reclamações e nos vícios, alegrando-se ao executar as tarefas que a vida lhe confiou. 
Fardos e dificuldades não são desgraças, mas desafios a serem vencidos e superados, com otimismo e esperança. 
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no capítulo O fardo, do livro Segue-me!..., pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. O clarim. 
Em 02.08.2010.

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

NOS DIAS DIFÍCEIS

CHICO XAVIER E EMMANUEL
Quem é que, vivendo sobre a face da Terra, pode dizer que jamais passou por um dia difícil? 
Desde que estejamos gozando de perfeita lucidez, não poderemos negar que já superamos, não um só, mas muitos dias de dificuldades. Portanto, nos dias difíceis que se apresentam, lembremo-nos de outros semelhantes que vencemos. 
Depois de superadas as lutas, que nos pareciam insuperáveis, não sabemos explicar a nós mesmos de que modo vencemos. Nem mesmo de que fonte retiramos as forças necessárias para nos sustentar, durante e depois das problemáticas sofridas. 
Vimos a doença no ente amado assumir gravidade estranha e, sem que lográssemos penetrar o fenômeno em todos os detalhes, surgiram a medicação e a providência ideais que o livraram da morte.
Experimentamos a visita do desânimo, à frente dos obstáculos que se agravaram à nossa frente, mas, sem que nos déssemos conta do amparo recebido, deixamos o desalento das trevas e regressamos à luz da esperança. 
Crises dos sentimentos que pareciam invencíveis, pelo teor de angústia com que nos alcançaram a alma, desapareceram como por encanto sem que conseguíssemos definir a intervenção libertadora que nos restituiu a tranquilidade. 
Sofremos a ausência de seres imensamente queridos, chamados pela desencarnação para tarefas inadiáveis em outras faixas da experiência. 
No entanto, sem que tivéssemos que empreender qualquer esforço, outras almas abençoadas apareceram, nutrindo-nos o coração com edificante apoio afetivo. 
Contudo, pensemos que tudo isso aconteceu porque persistimos na fé aguardando e confiando, trabalhando e servindo, sem nos entregarmos ao desespero ou à derrota, permitindo que a bondade de Deus agisse em nosso benefício. 
Dessa forma, ante as tormentas que estejamos atravessando, consideremos as dificuldades já vividas e compreenderemos que Deus, cujo infinito amor nos sustentou ontem, nos sustentará hoje, e nos sustentará amanhã. Para isso, somente é preciso que tenhamos a alma receptiva, para entender a ajuda que Deus nos direciona. E, por fim, que nos mantenhamos fiéis no cumprimento de nossas obrigações. 
 * * * 
Um dia, quando pudermos vislumbrar, do Alto, todos os caminhos percorridos durante a existência, talvez possamos perceber que a maior parte do percurso estará marcada por dois pares de pegadas. Serão as nossas e as do Amigo Jesus, caminhando ao nosso lado, sustentando-nos as forças. Mas, nos dias difíceis, naqueles em que as dificuldades se fizeram mais cruéis, notaremos apenas um par de pegadas. Talvez nos perguntemos: 
-Teremos caminhado sozinhos, nesses momentos? O Mestre nos terá abandonado? 
Então, Ele, o Amigo fiel de todas as horas, nos responderá: 
-Não, meu filho, jamais o abandonei. É verdade que nos dias mais difíceis da sua existência só há um par de pegadas... Mas é porque, naqueles momentos, Eu o carreguei nos Meus braços. Sou o Bom Pastor e carrego a ovelha ferida, em Meus ombros. 
Pensemos nisso.  
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 58, do livro Rumo certo, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. 
Em 25.9.2020.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

A GRATIDÃO SEMPRE NOS ALCANÇA

Francine Christophe
Ela era uma menina de oito anos de idade, quando os nazistas invadiram a França. 
Judia, ela foi obrigada a levar no peito uma enorme estrela amarela, para que todos soubessem a sua origem. 
Francine Christophe, com sua família, foi enviada para o campo de concentração Bergen-Belsen, na Alemanha. 
Conta que, por serem filhas de prisioneiros de guerra, tinham o direito de levar consigo uma pequena bolsa. Tão pequena que poderia ter em seu interior um torrão de açúcar, um punhado de arroz, um pedaço de chocolate. Sua mãe optou por levar dois pedaços de chocolate e disse que quando a pequena Francine estivesse destroçada, acabada, talvez aquela porçãozinha de chocolate tivesse o condão de reerguê-la. 
Certo dia, chegou ao campo uma mulher. Estava grávida. Mas, tão magra, que mal dava para ver-lhe a silhueta. 
Chegou o dia do parto. 
A mãe de Francine, que era chefe de barraca, a acompanhou até um certo local tido como enfermaria. Quando estava para sair da barraca, foi até sua filha e lhe perguntou se ela ainda tinha um dos pedaços de chocolate. Ante a afirmativa da menina, lhe disse que um parto naquelas condições traria, com quase certeza, a morte para a parturiente. Quem sabe se ela oferecesse aquele chocolate, poderia ajudar. A garota entregou a sua preciosidade. A mulher deu à luz um bebê minúsculo. Nem ela morreu, nem o bebê que, no entanto, jamais chorou. Nunca deu sequer um gemido. 
Seis meses depois, quando aconteceu a libertação, ao ser desenrolada aquela coisinha minúscula, ela gritou. Foi emocionante. Segundo Francine, foi naquele dia que o bebê verdadeiramente nasceu. 
Muitos anos depois, casada, Francine foi indagada por sua própria filha se tudo não teria sido diferente se os prisioneiros dos campos de concentração, ao retornarem para seus países, tivessem tido o apoio de psicólogos. 
-Como teria sido? - se perguntou Francine. 
E, resolveu organizar uma conferência, aberta a quem desejasse: sobreviventes, psicólogos, psiquiatras, jovens, idosos. 
O tema era: Se tivesse havido psicólogos quando voltamos dos campos de concentração, como teria sido? 
No dia da conferência, pouco antes de iniciar a sua fala, uma psiquiatra, residente na cidade francesa de Marselha, se aproximou. Disse que tinha um presente para lhe oferecer. Mexeu no bolso e retirou de lá um chocolate. Entregou-o, emocionada, para a palestrante e disse somente: Eu sou o bebê. 
* * * 
Todo bem que façamos, por mais insignificante nos possa parecer ou por mais grandioso tenha sido, não passa em branco. 
Numa alma nobre, a gratidão fica registrada. 
Podem passar os dias, a alegria retornar, a vida ser refeita, para quem viveu o caos da fome, da miséria, do quase esquecimento de ser gente, de ser uma criatura humana. Tudo pode ser deixado para trás, na tentativa de buscar o sentido para a própria vida. Para encontrar caminhos para seguir em frente. Nada disso fará com que a gratidão se apague. Por vezes, difícil se torna agradecer pessoalmente ao benfeitor. No entanto, alguns de nós, como a psiquiatra francesa, tem ocasião de conseguir isso. 
Sim, a gratidão sempre nos alcança. 
Redação do Momento Espírita, com base em relato oral de Francine Christophe, no vídeo HUMAN, produzido por Bettencourt Schueller Foundation e Good Planet Foundation. 
Em 24.9.2020.

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

SINAL DOS CEUS

Por vezes, em nossa vida, nos sentimos como se estivéssemos em uma encruzilhada. 
Vários caminhos se apresentam à nossa frente e não conseguimos nos decidir qual deles devemos tomar. 
Nessa hora é comum desejarmos que algo inesperado aconteça. Algo como um sinal dos céus que nos auxilie a definir nossa escolha. Em verdade, ele sempre se manifesta. Uma ideia nos surge, de repente, como que inspirada, vinda de algum lugar. Ou um acontecimento nos envolve, levando-nos a nos decidirmos por uma ou outra estrada. 
Acontece que, nem sempre, esse sinal dos céus pelo qual rogamos nos aponta alguma direção, que nos seja agradável. 
Por isso mesmo o desconsideramos e caminhamos na direção contrária. 
Convenhamos, nem sempre a melhor, nem a mais acertada, ou ética, ou coerente. 
Isso nos recorda que o professor de neurologia Viktor Frankl, que vivia na Áustria, assistiu à invasão nazista, com todas as suas amargas consequências. Esperando há anos por um visto para viajar para os Estados Unidos, de forma inesperada, foi convocado a comparecer ao Consulado para receber a autorização. Foi então que sua mente começou a fervilhar. Teria ele o direito de ir embora de seu país, deixando sozinhos os seus pais, exatamente naquele período nevrálgico? Que destino os aguardaria senão a deportação e o campo de concentração? Indeciso, resolveu sair para caminhar. Foi então que pensou que aquela era uma ocasião em que um sinal dos céus era tudo de que ele precisava. Quando voltou para casa, viu um pedaço de mármore sobre uma mesa. Seu pai o encontrara em um monte de destroços, onde antes se erguia a sinagoga, agora queimada. A pedra era parte das tábuas dos Dez Mandamentos. Tinha uma letra cinzelada e seu pai, de forma inesperada, lhe disse que sabia exatamente a qual mandamento pertencia aquela letra hebraica. Isso porque só havia um mandamento com aquela inicial, que era:
Honra teu pai e tua mãe para que se prolonguem os teus dias na Terra.
Frankl reconheceu que aquele era o sinal dos céus que ele pedira. Resolveu ficar em sua Terra, junto dos seus pais. O visto para a viagem aos Estados Unidos caducou. Ele foi aprisionado e ficou três anos em campos de concentração, nas situações mais adversas. Submetido a trabalhos forçados em escavações e construções de ferrovias, ao ser libertado pesava apenas vinte e cinco quilos. Perdeu sua esposa. Seu pai morreu de exaustão e sua mãe foi enviada para a câmara de gás. Mas, ele atendera ao sinal que lhe fora enviado. Atendera à piedade filial, que estabelece que ao amor se devem juntar o respeito, as atenções. A obrigação que implica de se cumprir com eles, de modo ainda mais rigoroso, tudo o que a caridade ordena em relação ao próximo. 
Viktor Frankl fez sua escolha. 
Um exemplo que nos merece reflexões e algumas indagações pessoais: 
Como temos nos comportado em relação aos nossos pais? 
Como temos recebido as intuições que nos chegam, alertando-nos de deveres a cumprir, de tarefas a executar? 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com citação do item 3, do cap. XIV, do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 22.9.2020.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

PARA O CORPO E PARA A ALMA

MÃE MÁRCIA E FILHAS
Neste mundo, que reconhecemos, apresentam-se muitos problemas e dores multiplicadas, Deus providenciou compaixão, auxílio. 
Não há quem não sofra e não se dê conta disso. 
Um socorro providencial aparece aqui, uma brecha de solução sinaliza acolá. 
Médicos se embrenham em lugares longínquos para atender necessidades de crianças, idosos, gente de toda sorte. Instituições de benemerência se abrem para providenciar o alimento em época de carestia, o medicamento quando a enfermidade se instala, abrigo ante as intempéries. Homens de boa vontade se unem para resolver o problema de moradia de desabrigados. Mil doações se apresentam quando a tormenta varre uma determinada localidade. De uma forma quase milagrosa, aparecem doadores de quase tudo: colchões, cobertores, lonas, madeiras, telhas, água potável, leite. Tudo aparece como que por encanto, ao lado de centenas de mãos que se oferecem para triagem, acolhimento, cozinha, limpeza. Ou, simplesmente, dois ouvidos que se dispõem a escutar a lamentação de quem perdeu tudo. Ou duas mãos que enxugam as lágrimas que escorrem pelas faces em desespero. 
Sim, Deus criou o homem à Sua Imagem e Semelhança. 
Essência espiritual, imortal. Também perfectível, com um cofre especial no coração cheio de joias raras. Basta abrir para encontrar o ouro da compaixão, o rubi da misericórdia, a safira da doação, a esmeralda do auxílio. Joias... 
Dentre todos os seres, no entanto, Deus ofereceu ao mundo um ainda mais especial. 
Todos costumamos chamar, simplesmente, mãe. 
Mãe é um ser deliciosamente exagerado. 
O filho vomita, ela corre para o médico, faz sopa. Corre para dar colo e depois chorar escondida. Chora ao ver o filho ser vacinado, como se o mundo fosse acabar. Seu pequeno sente dor. No entanto, quando um problema grave se apresenta, vira uma perfeita leoa. Ninguém mais forte do que ela. Ela se transforma, rapidamente, no abraço que aconchega, no leito que aquece, nas mãos que alimentam, na armadura que protege e no beijo que cura. Essas características as tornam insubstituíveis, seja fazendo um curativo no joelho, beijando o esfolado, seja enfrentando gessos e cirurgias ou uma doença incurável do filho amado. 
Sim, Deus é Pai. 
Todo amor, bondade e justiça. 
Que pai confiaria seus filhos a uma pessoa que não fosse altamente qualificada para cuidá-los? 
Anjos existem na Espiritualidade. 
Anjos designados por Deus para cuidar de Seus outros anjos, na Terra, também. 
Anjos que esperam que o seu pequenino logo se recupere, possa tornar a correr, a fazer suas artes, sem precisar voltar ao hospital logo mais.
Anjos que desejam, do fundo dos seus corações que os únicos dodóis que tenham esses filhos que Deus lhes confiou, sejam aqueles necessários para aprender e crescer. 
Deus permita que haja sempre, em meio à dor, um desses anjos por perto. Afinal de contas, ainda não inventaram um remédio melhor para o corpo e para a alma do que um colo de mãe. 
Será que lembramos da última vez que nos aninhamos no colo de nossa mãezinha? 
Redação do Momento Espírita, a partir de texto escrito por Luciana Goldschmidt Costa, em homenagem às mães que têm seus filhos nos hospitais. 
Em 21.9.2020.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

FANATISMO E TOLERÂNCIA

É natural que nas nossas escolhas, nas nossas andanças, encontremos essa ou aquela filosofia de vida que mais nos pareça adequada. 
É compreensível que a escolha religiosa de cada um de nós tenha um caráter próprio e pessoal, que mais concorde com nossa visão de mundo e de Deus. 
Assim também escolhemos o partido político, o time de futebol, o esporte preferido para praticar, o hobby para os momentos de lazer, que nos pareça o melhor, e que tenha mais significado para nós. 
Como temos histórias de vida diferentes, percepções de mundo, valores, capacidades intelectuais e emocionais muito pessoais e individualizadas, cada um de nós faz suas escolhas externas em coerência com aquilo que já conquistou intimamente. Dessa forma, mesmo que não concordemos com a opção de vida de outrem, mesmo que tal ou qual situação jamais possa ser nossa escolha, para alguém isso pode ser o melhor. 
Portanto, compreender que não serão todos que aceitarão a nossa religião como a melhor, que verão nossa profissão como a mais acertada escolha ou que conseguirão entender nossas opções, tudo isso faz parte da vida.
Todas as vezes que tentarmos forçar alguém a pensar como nós, entraremos em campo perigoso. 
Quando somos intolerantes com as opções distintas das nossas, quando não vemos com naturalidade outros caminhos trilhados por tantos, estamos demonstrando nossa inflexibilidade com a diversidade do pensar e do agir alheios. 
O próximo passo, seguido à intolerância, será certamente o do fanatismo.
Quando não conseguimos aceitar as opções alheias, não conseguimos ver outros caminhos para trilhar, tendemos a impor nossas escolhas como a única verdade e a única opção lícita e saudável. 
Seremos aqueles que tentaremos impor nossa religião, nossa filosofia de vida, nosso esporte ou nosso hobby aos que nos cercam, para que eles se convençam da nossa certeza, esquecendo-nos de que ela é nossa e de mais ninguém. 
Disso concluímos que não nos cabe impor a ninguém nossa crença, seja religiosa, seja de vida, ou de qualquer matiz. 
 * * * 
Se convidados a opinar sobre o que seja, que possamos expor nosso ponto de vista com naturalidade e tranquilidade, mas sem pretensão ou arrogância, como se o nosso caminho fosse o único que conduz para a felicidade, para o bem-estar. 
Quando temos necessidade de impor o que pensamos, mostramos não só a fragilidade e incertezas que carregamos, como a necessidade constante de autoafirmar nossas crenças. 
Numa sociedade tão diversificada como a nossa, pratiquemos a tolerância e a compreensão para com o próximo. 
Mesmo as opções errôneas que o outro, porventura, tenha feito, serão lições preciosas para seu aprendizado, que talvez não ocorressem se não fosse de tal maneira. 
Permitamos a cada um a liberdade do pensar e do agir, fazendo, de nossa parte, as opções que nos levem à felicidade, à paz e à consciência tranquila. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 25.08.2012.

domingo, 20 de setembro de 2020

FAMÍLIAS FELIZES

Elas existem. Não são exceção. 
Ao contrário, mais e mais proliferam nesta Terra bendita de todos nós.
São famílias de pessoas felizes que fazem a outros felizes. 
As pessoas que as compõem se reencontram na Terra, pelos laços do afeto e do bem querer. 
Amam-se: pais, irmãos. 
E os que vêm de fora, para alargar esse Universo familiar, genros, noras, são da mesma nobre estirpe. 
Não são pessoas incólumes ao sofrimento. 
Não. 
Pelo contrário, nelas registramos pesadas cargas expiatórias. 
Em algumas dessas famílias, é um filho que nasce como esperança de muitas alegrias para logo mais demonstrar a enfermidade de que é portador, envolvendo todo o conjunto familiar em redobradas preocupações. 
Em outras, é o filho que nasce portador de alguma deficiência, necessitando de especiais cuidados. E todos se reúnem para isso lhe proporcionar. 
Famílias assim superam tragédias que as atingem, em forma de morte súbita de um ente querido, ou reveses de qualquer outra ordem. Sustentam-se mutuamente pela força do amor e transmitem energias uns aos outros pela proposta de afetividade que registram. 
Nessas famílias cultua-se a ciência ou a religiosidade ou a arte ou tudo como um conjunto. São famílias nas quais os membros tendem para as carreiras de um mesmo ramo ou ramos diferentes, mas em que todos estudam e alcançam títulos universitários, de graduação, demonstrando seu grande potencial intelectivo. Elas se envolvem com a arte e cada membro apresenta uma qualidade específica na execução de instrumentos musicais, no canto, na composição, na arte dramática. 
Por vezes, parecem compor uma fenomenal orquestra, pois que cada um tem uma especial habilidade. E, quando à ciência, ou à arte, reúnem a religiosidade, transformam as comunidades onde se demoram. Atuam em benefício da dor que se espalha, erguendo instituições de amparo aos sofredores. Esmeram-se na ilustração das mentes alheias, erigindo escolas, oferecendo-se em voluntariado. O dinheiro que circula em suas mãos, simplesmente circula, direcionado para o bem geral. E parece que quanto mais oferecem, tanto mais lhes chega às mãos. Famílias felizes. Vivem a alegria do reencontro dos amores de muitas vidas. Vivem a união de ideais e de beleza. Chegam a causar, por vezes, uma certa inveja por neles se descobrir tantas bênçãos, tantas alegrias. Contudo, quem preste atenção, verificará que, em meio às marcas abençoadas dos sorrisos, as faces também registram a chibata da dor, em vincos dolorosos. São felizes por terem aprendido que na Terra tudo é transitório e que cada minuto deve ser vivido em plenitude. São felizes, acima de tudo, por terem descoberto que a Divindade que lhes permitiu o renascer, abençoados pelos amores próximos e pelas venturas da beleza, de talentos variados e de bens da Terra, lhes exige apenas que façam felizes a outros que cruzam seus caminhos. 
Famílias felizes. 
Famílias que amam e estendem seu amor para além das fronteiras do próprio lar, da própria cidade. 
Desde cedo, aprenderam que todos, afinal, somos cidadãos do mundo e herdeiros do Universo. Por isso, não retêm riquezas em seus cofres. Somente multiplicam pérolas de luz em seus corações. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no Cd Momento Espírita, v. 30, ed. FEP. 
Em 6.9.2016.

sábado, 19 de setembro de 2020

FAMÍLIA ESPIRITUAL

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
É comum se escutar, em especial por parte dos adolescentes e jovens, queixas a respeito de sua família. 
Afinal, a família do amigo, do vizinho é sempre melhor. A mãe do amigo é compreensiva, o pai ouve o filho. Alguns chegam a dizer que se sentem estranhos no seu lar, que prezariam imensamente serem filhos dessa ou daquela família. E levam tão a sério suas afirmativas, que não é raro se encontrar meninos e meninas a passar dias e dias em casa de amigos. 
Porque é lá, naquele ambiente, que se sentem muito bem. 
Por que isso acontece? 
Primeiro, temos que considerar que os pais, como responsáveis pela educação dos seus rebentos, de contínuo estão a chamar a sua atenção para os seus deveres, suas obrigações. É a escola, o dever de casa, as pequenas tarefas do lar, a limpeza do quarto. Tais questões habitualmente fazem que o jovem se sinta pressionado em seu lar, enquanto no do amigo, nada lhe é exigido, desde que ele é visita. E visita merece tratamento especial, mesmo porque a sua educação não é dever dos seus anfitriões. 
Outro detalhe a se considerar é que alguns de nós, verdadeiramente nascemos em famílias não muito simpáticas a nós. Tal ocorre como parte do nosso aprendizado, dentro da lei de causa e efeito, pois que, provavelmente em anteriores experiências na carne, descuramos dos afetos familiares, menosprezamos o seu convívio. Retornamos assim, para viver entre seres indiferentes ou até antipáticos. Mas, se imaginam que, em tais circunstâncias, deve-se desconsiderar a família atual, enganam-se. Para nossa própria edificação, é importante que essa família, hoje somente unida pelos laços corporais, se transforme em uma família verdadeira, unida pelos laços do afeto. 
Cabe-nos, portanto, trabalhar para isto. 
Quando a situação parecer meio difícil, dentro do lar, recorrer à oração.
Se a conversa se encaminha para uma discussão, sair um pouco, esfriar a cabeça e retornar depois para um diálogo ameno. 
Se um ou outro membro da família nos é antipático, meditemos que não é o acaso que nos reúne, que motivos muito graves nos levaram a estar juntos no hoje e comecemos a olhá-lo, buscando descobrir suas virtudes.
Se, ao sairmos desta vida, pudermos levar como trunfo em nossa bagagem espiritual, o termos conquistado um ou mais membros da nossa família, com certeza teremos realizado algo muito proveitoso para nossa vida, como Espíritos eternos. 
Porque conquistar um Espírito indiferente ou antipático, transformando-o em amigo é algo que jamais se perderá.
 * * * 
A fraternidade é sol para as almas e um roteiro para a vida. Ela começa sempre no lugar onde estamos, para que possamos alcançar a região que desejamos. Exercitar a fraternidade é deixar-se envolver pela lição de amor de Jesus Cristo, libertando o Espírito e enriquecendo os sentimentos. 
Redação do Momento Espírita, utilizando, ao final, pensamento extraído do livro Repositório de sabedoria, verbete Fraternidade, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Disponível no livro Momento Espírita, v. 6. ed. FEP. 
Em 9.1.2014.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

SEMEADURAS E COLHEITAS


Plantaremos todos os dias. 
É a lei. 
Até os inativos e ociosos cultivam, mesmo que seja o joio da imprevidência. 
É necessário reconhecer, porém, que diariamente também colheremos. 
Há vegetais que produzem em poucas semanas. Outros, no entanto, só revelam frutos na passagem laboriosa de muito tempo. 
Em todas as épocas, uma multidão cria complicações de natureza material, acentuando o labirinto das próprias vidas, demorando-se em dolorosas dificuldades. Ainda hoje, temos notícia dos que pretendem curar a honra com o sangue alheio e lavar a injustiça com a vingança. 
Daí, o ódio de ontem gerando as guerras de hoje, a ambição pessoal formando a miséria que há de vir, os prazeres fáceis que irão acarretar retificações no amanhã. 
Vivemos nesse processo de constante semeadura e colheita. 
Infelizmente, até hoje, a maioria de nós tem semeado com descaso, sem se preocupar com a qualidade das sementes que atiramos no solo das múltiplas existências. 
Vida após vida, então, somos surpreendidos por colheitas amargas, ingratas, que geram em nós indignação e tristeza. 
Como alterar esse curso doloroso?  
Semeando melhor, semeando bem. 
Pensemos, nos anos de nossa vida aqui na Terra, sejamos jovem, maduro ou idoso, quantas coisas boas semeamos? 
Quantas vidas mudamos para melhor? 
Que papel importante desempenhamos na sociedade à nossa volta? 
O que de louvável construímos? 
Como somos para nossa própria família? 
São todas possibilidades ímpares de semeaduras felizes. 
Pensemos nos caminhos que seguimos, desde que nascemos. 
Quantos deles foram de sementeiras conscientes e maduras? 
Se percebermos que foram poucas as boas sementes cultivadas, não entremos em desespero. 
Ainda há tempo. 
Sempre estamos aptos a semear. 
Hoje mesmo, daqui a alguns minutos, podemos tomar uma decisão importante, podemos encontrar-nos com alguém e mudar os rumos de uma história. 
Hoje mesmo podemos perdoar, podemos começar uma tarefa nova, nos engajarmos em alguma causa valorosa com responsabilidade.
Comecemos qualquer semeadura nova hoje mesmo, a qualquer instante.
Somos capazes. 
E não nos preocupemos com as colheitas penosas, reflexos de outros tempos. 
Façamos a colheita resignados, aprendamos e semeemos melhor de agora em diante. Tornemo-nos um melhor semeador, o que seleciona as sementes que espalhará no solo do mundo. 
* * * 
Passados séculos sobre o Cristianismo, apenas alguns de nós, que nos afirmamos seguidores do Cristo, compreendemos a necessidade da sementeira da luz espiritual em nós mesmos. Dessa forma, se desejamos plantar na lavoura divina, cabe-nos fugir do velho sistema da semeadura do mal, optando por cultivar o bem. São muitos os que padecemos, no mundo, por equívocos do ontem. Se desejamos criar nossa felicidade, importante que não percamos tempo, prosseguindo em caminhos escusos. A luz veio ao mundo há séculos. Milênios se passaram. 
Optemos pela reconstrução de nós mesmos. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 18.9.2020.

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

O QUE VOCÊ FARIA?

 


Que tal imaginarmos que, por alguma circunstância qualquer, recebamos a notícia da certeza de que em oito dias, num mês ou num ano o mundo chegará ao fim.

Nenhum indivíduo sobreviverá.

Que faríamos nós?

Trabalharíamos por nosso próprio progresso, por nossa instrução?

Entregar-nos-íamos ao trabalho, à profissão?

Continuaríamos respeitando os direitos, os bens, a vida do nosso semelhante?

Será que nos submeteríamos a alguma lei ou autoridade, por mais legítima que fosse?

Haveria para nós, nessa situação terminal, qualquer dever?

Possivelmente não, se ainda vivermos de acordo com o materialismo.

Nossa tendência seria a de aproveitar a vida não medindo consequência alguma.

Por que fazer algum esforço, por que fazer sacrifício? Por que buscar conquistar algo de valor, se tudo logo se perderá com o fim inevitável?

Curiosamente, e por mais estranho que possa parecer, grande maioria de nós vive dessa forma, mesmo sem perceber.

Mergulhados no agora, no imediato, no gozar a qualquer custo e na busca pelo prazer, custe o que custar, agimos de acordo com essa perspectiva niilista.

O niilismo se configura numa negação da vida.

A palavra niilismo vem do latim nihil e significa nada. Comumente ligado ao comportamento e à ética, pode se classificar como uma corrente ou doutrina filosófica.

Também como uma postura, uma atitude frente à vida.

Pela crença no nada, concentramos todos os nossos pensamentos, forçosamente, na vida presente.

Na postura niilistaencaramos a vida com indiferença. Criticamos o que há à nossa volta, afirmando que tudo é falso porque é tudo artificial.

Para o pensador Nietzsche, por exemplo, o niilismo é o sintoma do adoecimento do homem.

Poderíamos perguntar então: qual seria a outra opção?

O oposto de tudo isso é a ideia de uma vida futura, já trazida por tantos e tantos sábios ao longo das eras. E enaltecida pelo Mestre Jesus.

O entendimento de uma vida futura mostra que a morte só destrói o corpo e que o Espírito sobrevive.

Implica também em saber que seremos na vida futura aquilo que nós mesmos fizemos de nós nesta vida.

Que as qualidades morais e intelectuais adquiridas permanecerão conosco.

Que nos livrarmos de alguma imperfeição aqui será um passo a mais para a felicidade.

*   *   *

nossa felicidade ou infelicidade depende da utilidade ou inutilidade da presente existência, esta breve passagem pelo planeta.

Vejamos, assim, que a perspectiva é totalmente outra.

Isso não nos impede de aproveitar a vida atual, com todos os seus momentos importantes.

A perspectiva da vida futura propõe mudarmos os valores, propõe que você e eu questionemos o que realmente queremos para nós.

Propõe que entendamos o que é aproveitar a vida, verdadeiramentecom todas as suas nuances de beleza, de progresso, de construção para o bem.

Que tal pensar o que você faria se soubesse que o mundo está no fim?

Redação do Momento Espírita, com base no cap. I do
livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 16.9.2020.

http://momento.com.br/pt/index.php

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

A FAMÍLIA EM PRIMEIRO LUGAR

Stephen Kanitz
O administrador Stephen Kanitz, colunista da revista Veja, escreveu em edição de fevereiro de 2002 mais ou menos o seguinte: 
"Há vinte anos presenciei uma cena que modificou radicalmente minha vida. Foi num almoço com um empresário respeitado e bem mais velho que eu. O encontro foi na própria empresa. Ele não tinha tempo para almoçar com a família em casa, nem com os amigos num restaurante. Os amigos tinham de ir até ele. Seus olhos estavam estranhos. Achei até que vi uma lágrima no olho esquerdo. “Bobagem minha”, pensei. Homens não choram, especialmente na frente dos outros. Mas, durante a sobremesa, ele começou a chorar copiosamente. Fiquei imaginando o que eu poderia ter dito de errado. Supus que ele tivesse se lembrado dos impostos pagos no dia. “Minha filha vai se casar amanhã”, disse sem jeito, “e só agora a ficha caiu. Percebo que mal a conheci. Conheço tudo sobre meu negócio, mal conheço minha própria filha. Dediquei todo o tempo à minha empresa e me esqueci de me dedicar à família.” Voltei para casa arrasado. Por meses, me lembrava dessa cena e sonhava com ela. Prometi a mim mesmo e a minha esposa que nunca aceitaria seguir uma carreira assim. Colocar a família em primeiro lugar não é uma proposição tão aceita por aí. Normalmente, a grande discussão é como conciliar família e trabalho. Será que dá? O cinema americano vive mostrando o clichê do executivo atarefado que não consegue chegar a tempo para a peça de teatro da filha ou ao campeonato mirim de seu filho. Ele se atrasou justamente porque tentou conciliar trabalho e família. Só que surgiu um imprevisto de última hora, e a cena termina com o pai contando uma mentira ou dando uma desculpa esfarrapada. Se tivesse colocado a família em primeiro lugar, esse executivo teria chegado a tempo. Teria levado pessoalmente a criança ao evento. Teria dado a ela o suporte psicológico necessário nos momentos de angústia que antecedem um teatro ou um jogo. A questão é justamente essa. Se você, como eu e a grande maioria das pessoas, tem de conciliar família com amigos, trabalho, carreira ou política, é imprescindível determinar quem você coloca em primeiro lugar. Colocar a família em primeiro lugar tem um custo com o qual nem todos podem arcar. Implica menos dinheiro, fama e projeção social. Muitos de seus amigos poderão ficar ricos, mais famosos que você e um dia olhá-lo com desdém. Nessas horas, o consolo é lembrar um velho ditado que define bem por que priorizar a família vale a pena: “Nenhum sucesso na vida compensa um fracasso no lar.” Qual o verdadeiro sucesso de ter um filho drogado por falta de atenção, carinho e tempo para ouvi-lo no dia a dia? De que adianta ser um executivo bem-sucedido e depois chorar durante a sobremesa porque não conheceu sequer a própria filha? "
* * * 
O lar constitui o cadinho redentor das almas. Merece nosso investimento em recursos de afeto, compreensão e boa vontade, a fim de dilatar os laços da estima. Os que compõem o lar são os marcos vivos das primeiras grandes responsabilidades do Espírito encarnado. Assim, acima de todas as contingências de cada dia, compete-nos ser o cônjuge generoso e o melhor pai, o filho dedicado e o companheiro benevolente. Afinal, na família consanguínea, temos o teste permanente de nossas relações com toda a Humanidade. 
Redação do Momento Espírita, baseado no artigo de Stephen Kanitz, Revista Veja, seção Ponto de vista, de 20 de fevereiro de 2002 e no cap. 19 do livro Conduta Espírita, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Waldo Vieira, ed. FEB. 
Em 15.1.2018.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

FAMÍLIA CORPORAL E ESPIRITUAL

CHICO XAVIER E EMMANUEL
Você já se deu conta de que seu afeto não é o mesmo para com todos os membros da sua família? 
Uns nos são muito caros, outros menos, alguns nos são indiferentes, podendo, até mesmo, haver aqueles que nos são antipáticos. 
E você já pensou nos motivos dessas diferenças? 
Quando nos questionamos sobre o assunto, muitas dúvidas nos vêm à mente. 
Ora, se somos filhos dos mesmos pais, se somos os pais de vários filhos, porque não nutrimos o mesmo sentimento por todos, de igual forma?
Indagando-nos, com sinceridade, chegaremos à conclusão de que há duas espécies de famílias: as famílias espirituais e as famílias pelos laços corporais. Concluiremos, ainda, que não são os da consanguinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de ideias. Ou seja, os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. 
Para entender essas disparidades na relação de afeto ou desafeto, é preciso que lancemos mão da Lei da reencarnação. 
Reunidos na mesma família, pelas Leis Divinas, encontram-se Espíritos simpáticos entre si, ligados por relações anteriores que se expressam por uma afeição recíproca. 
Mas, também pode acontecer que sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo. 
Com a teoria da reencarnação, entenderemos porque é que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos, pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. 
Nessa mesma linha de raciocínio, compreenderemos a animosidade alimentada por irmãos consanguíneos, fato muito comum que se observa todos os dias. 
A Lei da reencarnação também esclarece sobre os objetivos pretendidos por Deus para Seus filhos: o progresso intelectual e moral. 
Se Deus nos permite o reencontro com afetos e desafetos do passado é que está a nos oferecer uma nova oportunidade de aperfeiçoamento. Enquanto a convivência com os desafetos nos dá oportunidade de estabelecer a simpatia, os afetos são o sustentáculo em todos os momentos. 
Entendemos, assim, que as múltiplas existências estendem os laços de afeto, ampliando nossa família espiritual, enquanto a unicidade da existência os limita ou rompe definitivamente após a morte. 
Não fosse a abençoada porta da reencarnação e não teríamos a chance de amar os nossos inimigos, conforme recomendou Jesus. 
Dessa forma, repensemos a nossa postura com relação à família. 
Olhemos para os parentes difíceis e percebamos neles a bendita oportunidade de estabelecer a simpatia para, logo mais, amá-los efetivamente, conforme a recomendação do Cristo. 
 * * * 
O instituto familiar é uma organização de origem Divina, em cujo seio encontramos os instrumentos necessários ao nosso próprio aprimoramento para a edificação de um mundo melhor.  
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 2 do livro Vida e sexo, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier e no cap XIV do livro O evangelho segundo o espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb. Em 10.08.2009.

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

FRATERNIDADE

Desde que o Cristianismo espalhou-se pelo mundo, o grande desafio foi demonstrar nossa condição de discípulos de Jesus. 
Organizamos diversos concílios para estabelecer dogmas e pontos fundamentais de uma doutrina que desejávamos estruturar, esquecidos de que o Mestre fez da natureza Seu templo e dos amigos a Sua igreja.
Promovemos guerras e conquistas, arrasando e impondo medo naqueles que não se dobravam à nossa fé, embora Ele nos tenha prescrito o amar aos inimigos. 
Disputamos Seu sepulcro, como se fora troféu a ser conquistado. No entanto, Ele nos ensinara que Seu reino não é deste mundo. 
Criamos hierarquias, distinções, cargos religiosos, cerimônias e celebrações, em nome dEle, muito embora Suas ações tenham se pautado na simplicidade. 
Construímos belíssimas e imensas edificações em Seu nome, sem lembrar de que Ele afirmara não ter uma pedra para repousar a cabeça.
Inventamos suplícios, impusemos a tortura, acendemos fogueiras para que uma fé fosse imposta, mesmo que de aparência. 
Não obstante, Ele nos alertara para não sermos sepulcros caiados por fora, guardando podridão por dentro. 
Exemplificou, em palavras e atos, que viera para servir. E aquele que desejasse ser o maior, no reino que Ele anunciava, deveria ser o servo de todos. 
* * * 
Prosseguimos, na atualidade, alimentando cismas, divisões, segmentando e segregando aqueles que fogem de nossos padrões, referências ou entendimento, quando falamos de fé, comportamento e religião. 
Porém, o ensinamento de Jesus é claro: os Seus discípulos seriam conhecidos por muito se amarem. 
Nenhuma outra condição. 
Simplesmente amor. 
Nenhuma religião será capaz de nos conduzir à felicidade se abrirmos mão desse preceito ensinado por Jesus. 
Nenhuma doutrina poderá nos plenificar, se esquecermos daquele que está ao nosso lado, de quem caminha conosco. 
O Cristianismo é doutrina de ação e de relação, nos ensinando a agir em favor do outro, sem esperar que o mesmo suceda de retorno.
É o desafio de amar o semelhante, mesmo sendo considerado inimigo e mantendo-se nessa postura sem desejar mudar. 
É doutrina que nos convida a orar por quem nos persegue, sabendo que esses se darão conta da postura equivocada em que ora estagiam, para algum dia, se proporem também a amar. 
Cristianismo é proposta de vida que nos convida a amar e compreender, mesmo aqueles que ainda não possuem condições ou disposição de nos compreenderem.  
É necessário nos exercitarmos no amor ao próximo. 
Compreensão, empatia, abnegação são exercícios que nos marcarão como cristãos. 
Em dias de disputa, de antagonismos ideológicos, políticos ou religiosos, a proposta do Mestre é a mesma. 
Se nos entendemos ou pretendemos nos dizer cristãos, o primeiro e indispensável movimento a ser feito é em direção ao próximo, a fim de aprender a amá-lo. 
Construir em nós o sentimento de fraternidade pura e simples, no amparo de uns pelos outros, sensibilizando-nos pela dificuldade ou carência do outro, de ordem material, emocional ou afetiva. 
Sem isso, nada mais fará sentido. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 14.9.2020.

domingo, 13 de setembro de 2020

FAMÍLIA - USINA DO AMOR!

Os pais são executivos muito requisitados, sempre envolvidos com reuniões, atividades sociais, congressos pelo mundo. 
Quase nunca estagiam em casa, onde mais parecem visitantes que entram e saem a horas certas. 
Dessa forma, dificilmente conseguiam estar junto aos dois filhos, no decorrer dos dias. 
A adolescente se ressentia dessas ausências, enquanto o pequeno parecia administrar um pouco melhor a carência. 
A babá e a doméstica eram as pessoas mais próximas a eles. 
Foi quando se anunciou o inesperado. 
Um vírus se espalhou pelo mundo e a pandemia se instalou. 
Por questões de colaboração, quanto de preservação da própria vida, a quarentena se impôs. 
Os auxiliares domésticos entraram em férias, considerando que também deveriam permanecer em isolamento social. 
Pai e mãe ficaram em casa. 
Foram canceladas reuniões presenciais, viagens para congressos internacionais, as ausências diárias. 
A rotina da casa foi totalmente alterada. 
Foi quando as surpresas começaram a aparecer, com as sequentes admirações mútuas. 
-Mãe, você sabe cozinhar. Acho que nunca comi uma comida tão gostosa. Olha só o papai varrendo o quintal. Pensei que ele nem soubesse segurar uma vassoura. 
-Filha, conseguiu colocar a roupa na máquina sozinha? 
-Filhote, que linda ficou a prateleira dos calçados! 
Mais encantado ficava o pequeno quando a mãe se punha a passar roupas. 
Aquilo era mesmo algo bem diferente. 
E vieram os filmes com pipoca, os doces e bolos que preparavam juntos.  
Também o estudo das matérias escolares acompanhados pelos pais. 
As revelações de amor e carinho ficaram intensas e significativas: 
-Pai, sempre amei você, mas agora aprendi a admirar você. Não sabia que você pudesse ser tão legal em casa e nas brincadeiras. 
-Mãe, agora vi que você também faz o que fazem as mães dos meus amigos. Sempre tive orgulho da executiva que você é. Agora descobri que você é uma mãe muito especial. 
As surpresas se desdobraram, no transcorrer dos dias e das semanas. Pais e filhos se descobriram como criaturas que tinham muito a ser apreciado e valorizado. 
* * *
A família é um ninho de amor, de reconstruções impensáveis. 
Ao conceber a família, Deus nos presenteou com um espaço de construção pessoal, que tem a função de enriquecer a sociedade à qual pertencemos. 
Quando o carinho, o amor, a amizade, o respeito aos direitos e limites acontece dentro do lar, esses valores automaticamente passam a integrar a sociedade. 
Por isso, é sempre útil cultivarmos esses momentos de crescimento entre nossos amores mais próximos, pois o que nesse ninho construímos será para sempre vivenciado.  
Construções de amor espalharão amor. 
Construções de solidariedade espalharão solidariedade. 
Construções de respeito, amizade e lealdade darão seus frutos no momento certo. 
E, se ao convívio, aos processos educativos, associarmos as bênçãos do Evangelho, o lar se transformará em luz, traçando roteiro seguro para todos! 
Redação do Momento Espírita. 
Em 27.6.2020.