domingo, 26 de fevereiro de 2017

CRIANÇAS, NOSSOS MESTRES

Vivemos uma época deveras interessante. Ao lado de muito desamor, sucedem-se exemplos de altruísmo e solidariedade. Independentemente de serem ou não religiosas, as pessoas estão descobrindo que não há como ser feliz ao lado da desgraça alheia; que não há como gozar os bens da Terra, cega e loucamente, enquanto muitos carecem do pouco; que não se pode falar em paz no mundo se não a cultivamos no próprio jardim. Enfim, que o homem somente pode alcançar a felicidade que idealiza se aprender a colaborar, construindo junto. Nesse empenho, com esperança crescente, se veem associações, empresas, instituições investirem em qualidade de vida, em sustentabilidade, em cooperação mútua. Somos, na Terra, um grande ser coletivo. O que a um afeta, ao outro alcança. Foi, portanto, com alegria, que assistimos a uma experiência realizada com crianças de variadas idades. Aos pares, meninos e meninas foram conduzidos a uma mesa, frente à qual se assentaram. A orientação que lhes foi dada é de que receberiam um lanche e, por isso, à sua frente, havia um prato coberto por uma redoma. Assentados, cada qual aguardava a autorização para se servir. Quando, finalmente, retiravam a redoma protetora, descobriam que, em cada dupla, um recebera um prato vazio. As reações foram as mais diversas. Houve quem risse, quem se espantasse. Crianças de poucos meses de idade simplesmente brincaram com a redoma, mais preocupadas em descobrir o que aquela coisa podia fazer do que com a ausência de conteúdo no prato. Uma ação, no entanto, foi constante nas duplas: a divisão do sanduíche. Ninguém brigou. Ninguém chorou. Ninguém reclamou. A divisão foi feita das mais variadas maneiras. Houve quem repartisse o pão, comparasse os pedaços e desse o menor ao companheiro. Mas deu. Houve quem desse o sanduíche ao outro que, então, procedeu à divisão. Pedaços grandes, menores, maiores, irregulares. Mas tudo, entre risos e espontaneidade, oferecido, entregue, compartilhado. E saboreado com prazer. 
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Como será que reagiríamos, os adultos, frente ao prato vazio? Invocaríamos, de imediato, os direitos iguais e faríamos o discurso a respeito da injustiça? Entraríamos em depressão porque fomos deixados de lado, humilhados, esquecidos? Por que o outro foi agraciado com o saboroso sanduíche e nada nos foi ofertado? Como agiríamos ante o prato vazio também nos diz de como recebemos a adversidade quando nos chega. Esbravejamos, dizemo-nos abandonados pela Divindade, desistimos de lutar? Ou, como as crianças, abrimos um sorriso, olhamos para o lado, acreditando que sempre haverá alguém para nos atender a dor, a necessidade? Que um amigo está ao nosso lado e nos ofertará o que tenha. Mudemos nosso foco. Menos reclamação, mais ação. Menos exigências e mais doação. Repartir o pouco, compartilhar o muito. Aprendamos com as crianças e abramos um sorriso, iluminando a face, iluminando a vida. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 27, ed. FEP. Em 30.3.2015.

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